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Lançamentos

Maserati MC20: uma revolução de 630 cv e monocoque de fibra de carbono

Teasers, fotos vazadas… você já esperava por esta revelação, não é mesmo? Até porque a Maserati divulgou que seu novo supercarro seria lançado nesta quarta-feira (9), então aí está ele: o Maserati MC20, o primeiro supercarro de motor central-traseiro da marca desde o MC12. E desta vez ele não é uma Ferrari à bolonhesa.

O MC20, contudo, tem uma missão um pouco diferente de seu antecessor. Ele vem não apenas para devolver à Maserati um supercarro de motor central-traseiro, mas também para simbolizar uma nova fase da marca, que pretende reforçar sua posição como a fornecedora dos esportivos de luxo da FCA. É como se a Ferrari mantivesse os puro-sangue, e a Maserati atendesse os gentlemen drivers.

A Maserati diz que ele foi desenvolvido internamente, mas não esclareceu o quanto do desenvolvimento foi feito pela própria Maserati. Apesar de ele ter uma grande semelhança com a Ferrari SF90 em sua silhueta, o MC20 usa um chassi completamente diferente — trata-se de um monocoque de fibra de carbono inédito na Maserati e não-derivado de nenhum outro carro do grupo, tampouco da Ferrari.

Além disso, o Maserati MC20 também está preparado para receber um powertrain elétrico, embora neste primeiro momento ele seja oferecido com um V6 em vez de um V8. Trata-se do motor Maserati Nettuno, que não é exatamente um motor desenvolvido pela Maserati, como anunciado em julho. Na ocasião a Maserati disse que ele foi desenvolvido por seu próprio departamento de engenharia em Modena, mas um olhar mais atento aos detalhes do bloco do motor revelam que ele tem a mesma origem do V6 da Alfa Romeo: o motor V8 F140 da Ferrari.

Contudo, não se trata de uma mera versão anabolizada do V6 do Giulia GTAm. Este V6 Netuno tem um cabeçote próprio com um sistema de pré-câmara de combustão que foi patenteado em 2019 pela FCA usando como base a próxima geração do motor V12 da Ferrari. Esse tipo de cabeçote visa reduzir o nível de emissões na fase fria do motor, além de ajudar a reduzir o consumo de combustível sem sacrificar a produção de potência (veja como ele funciona em detalhes nesta matéria).

Com essa tecnologia e uma ajuda do sistema de injeção dupla (direta e no coletor) ele chega aos 630 cv a 7.500 rpm e aos 74,2 kgfm entre 3.000 e 5.500 rpm, com limite de rotações nas 8.000 rpm. A força é enviada às rodas traseiras por meio do câmbio automatizado de embreagem dupla e oito marchas, e pelo diferencial mecânico com bloqueio automático, ou por um diferencial eletrônico oferecido opcionalmente. Há cinco modos de condução: GT, Wet, Sport, Corsa e ESC Off, que desativa tudo e permite que o dono se vire para controlar o carro.

Se ele optar por isso, terá à disposição uma suspensão de braços sobrepostos nos quatro cantos, rodas de 20 polegadas, discos de freio de 380 mm na dianteira e 350 mm na traseira, com pinças de seis e quatro pistões, respectivamente.

Com uma combinação de fibra de carbono e outros materiais compósitos, alumínio e ligas de alta resistência, o MC20 pesa menos de 1.500 kg, o que resulta em uma relação peso/potência de 2,38 kg/cv e permite que ele acelere de zero a 100 km/h em 2,9 segundos, de zero a 200 km/h em 8,8 segundos e ultrapasse os 325 km/h.

Por fora ele é diretamente relacionado ao seu antecessor, o MC12. As referências estéticas estão na grade larga e baixa, nos faróis alongados em direção à cabine, nos respiros do capô e no vigia afetado. A traseira, contudo, é bem mais refinada no MC20 do que no MC12, que mais parecia uma versão estradeira de um protótipo de Le Mans. No MC20 as lanternas seguem o padrão visual dos demais modelos da marca e o difusor é bem integrado ao design.

A Maserati ressalta que o projeto aerodinâmico do MC20 foi feito ao longo de 2.000 horas no túnel de vento da Dallara, e usou mais de 1.000 simulações de dinâmica de fluidos. O resultado foi o mínimo uso de apêndices aerodinâmicos — eles se limitam a um pequeno spoiler traseiro e dois defletores bem disfarçados na dianteira — e coeficiente de arrasto 0,38. O número, embora alto para carros de passeio convencionais, indica que o Maserati MC20 tem uma grande capacidade de produzir downforce, embora a fabricante não tenha entrado em detalhes, talvez porque este não seja o foco do modelo.

A Maserati optou por dar ao MC20 portas borboleta porque elas, aparentemente, facilitam o acesso à cabine e melhoram a ergonomia. Quem já tentou entrar em um supercarro de soleiras largas sabe como isso é verdadeiro. Como as portas vão para o alto, o recorte pode ser mais baixo, já que não há o risco de cravar a porta no meio-fio das calçadas.

Lá dentro há um design minimalista, porém não simplório (viu só, Dona Merzedes?). Há uma tela de 10 polegadas na junção do console central com o painel para controlar o sistema multimídia, uma tela de 10 polegadas atuando como quadro de instrumentos, uma base de recarga wifi para smartphones, o seletor dos modos de condução e uns e outros controles, todos ladeados por uma cobertura de fibra de carbono.

Os comandos principais do carro — setas, faróis, limpadores de para-brisa e botão de partida — estão todos no volante. Complementando a vocação mais estradeira do que “pisteira” do MC20, ele tem um pequeno porta-malas de 100 litros na traseira e mais 50 litros na dianteira.

A Maserati diz que o MC20 ainda terá uma versão conversível, que deve chegar em 2021. Além dela, também esperamos uma versão elétrica e outra híbrida, algo que a Maserati anunciou em seu plano para os próximos anos, ao dizer que todos os seus modelos teriam estas variações.