Depois de meses de flagras de modelos camuflados, teasers que não mostravam muita coisa, umas fotos do painel e alguns vídeos com o ronco do motor, a Mercedes finalmente apresentou o seu AMG GT. O modelo foi projetado e desenvolvido para substituir o SLS AMG, dando continuidade à linhagem esportiva da qual fazem parte clássicos como o 300 SLR, o 300SL e o SLR McLaren.
Desta vez — e pela primeira vez — o esportivo sucessor destes ícones não é apenas um Mercedes. Seu nome oficial é Mercedes-AMG GT, por que o trabalho da “preparadora” foi tão predominante que eles mereceram assinar o resultado final.
Diferentemente de seus antecessores, que eram modelos que vagavam por vários segmentos mas não se encaixavam com precisão em nenhum, o Mercedes-AMG GT (vamos chamá-lo só de “AMG GT”, ok?) foi desenvolvido para encarar os mais tradicionais ícones do segmento, segundo a fabricante. Eles não citaram nomes, mas parece claro que eles se referem ao Porsche 911 e talvez até os modelos de motor central-traseiro como Ferrari 458 Italia e McLaren 650S.
Para conseguir acompanhar esse grupo, o AMG GT será oferecido em duas versões, ambas com o novo V8 biturbo de quatro litros, o motor M178 sobre o qual falamos neste link. A primeira delas, mais básica, produz 462 cv e 61,1 mkgf, e com esses atributos pode chegar aos 100 km/h em 3,9 segundos e aos 304 km/h (limitado eletronicamente). A outra versão, chamada GT S, produz 510 cv a 6.250 rpm e 66,1 mkgf entre 1.750 e 4.750 rpm, e reduz o tempo de aceleração para 3,7 segundos e chega aos 310 km/h.
Nas duas versões o motor V8 fica todo atrás do eixo dianteiro (motor central-dianteiro, portanto) e têm sua força enviada para as rodas de trás por uma caixa de sete marchas e duas embreagens, com diferencial blocante. Com o motor e a caixa entre os eixos, a distribuição de peso é muito próxima do ideal: 47% na frente e 53% atrás.
Por falar em peso, ele tem 1.540 kg, o que pode parecer demais para um esportivo com essas pretensões, mas é praticamente o mesmo peso de um Porsche 911 Turbo (que tem entre 520 e 560 cv). A relação peso/potência da versão GT S é 3,01 kg/cv, ou 0,5 kg / cv a mais que a Ferrari 458 Italia.
Algumas soluções adotadas para não deixar o carro pesado demais foram o chassi spaceframe e a suspensão double wishbone nas quatro rodas com componentes de alumínio forjado.
Quanto ao design, a Mercedes-AMG traz alguns elementos estéticos muito semelhantes aos do 300SL dos anos 1950, como o capô com ressaltos duplos e o perfil da traseira, sem fazer com que ele parecesse retrô ou deixasse de ser um cupê contemporâneo.
Como em seus antecessores, a estrela fica na grade frontal, ladeada por uma barra cromada em cada lado. A inspiração parece claramente vinda do 300SLR de corridas usado por Stirling Moss na Mille Miglia de 1955 (leia a história no link!). Na traseira de formas clássicas, há um spoiler retrátil automático, que é praticamente imperceptível quando não ativado.
Por dentro, o painel traz instrumentos em copos separados e um display eletrônico entre eles — que denota uma esportividade pura. À medida em que nos afastamos do posto do piloto, o negócio começa a ficar mais moderno e tecnológico: uma profusão de botões sobe do console central em direção ao painel, dispostos como se fossem os cilindros de um motor V8.
No fim desta fileira, fica a tela central — um dos pontos mais controversos do design dos atuais cockpits da Mercedes por parecer um tablet encaixado em um vão do painel. Ela é a central “Drive Unit”, onde o motorista controla os sistemas de entretenimento e demais ajustes eletrônicos do carro.
Sendo um esportivo de 2015, ele logicamente traz uma série de opções de aprimoramentos dinâmicos, como o pacote Dynamic Plus — oferecido apenas no GT S — que modifica ajustes dinâmicos do motor, da transmissão (com modos Race e Manual) e da suspensão (que pode ter o ângulo negativo da cambagem mais acentuado). Basicamente, ele faz o carro ser confortável e macio em rodagem normal, e o torna bem mais rígido e afiado para uma tocada mais animada.
O Mercedes-AMG GT chega as lojas no fim do primeiro semestre de 2015 na versão GT S. A versão básica deve dar as caras no fim de 2015 e, dizem os boatos na Europa, que ele terá uma versão Black Series em 2016.