a lotus nasceu meio como uma inversao dos valores tradicionais da engenharia de competiçao valores esses bem exemplificados por seu maior nemesis nas pistas a ferrari enzo acreditava que o motor era tudo; nao e possivel conceber se um ferrari que usasse algo diferente de um motor projetado pela ferrari todo o resto era importante claro mas o motor potente era o cerne da ferrari; seus carros eram definidos por ele e nem tinham nome este era emprestado do deslocamento unitario de cada cilindro [caption id= attachment_356287 align= aligncenter width= 999 ] chapman e um lotus v8 de outro tipo[/caption] colin chapman o fundador e genio por tras da lotus pensava diferente o motor era uma caixa fechada um pacote comprado de quem ele so precisava a potencia tamanho peso e necessidades especificas a lotus era um fabricante de carros de corrida e os motores ele comprava o que havia disponivel claro que nao se deve subestimar o conhecimento de chapman em motores nem o de enzo em chassi; a generalizaçao aqui e so para ilustrar o que cada um fazia de melhor eventualmente a empresa envereda por este caminho claro a ligaçao dela com a ford e essencial para isso nos anos 1960 primeiro chapman e seus associados desenham um cabeçote dohc para ser instalado nos motores ford 116e que conhecemos em sua ultima evoluçao debaixo dos capos dos primeiros ka originalmente um ohv com comando no bloco e o motor que ficaria famoso nas ruas no elan e no lotus cortina [caption id= attachment_356288 align= aligncenter width= 980 ] o lotus ford de 1962[/caption] depois ha o v8 cosworth dfv um produto tanto desta empresa quanto da necessidade da lotus para um novo motor de f1 se tornaria o motor mais vitorioso na historia da competiçao e era outro pequeno passo para a lotus se tornar tambem um produtor de motores nos anos 1970 acaba por lançar um motor proprio o lotus serie 900 um avançadissimo quatro em linha dohc que depois ficou famoso por suas versoes turbo no exotico lotus esprit mas nunca foi realmente um grande sucesso como criadora de motores mesmo os esprit turbo no fim dos anos 1980 tao rapido e veloz quanto qualquer ferrari de rua era considerado menos chique justamente pelos quatro cilindros e o elise de 1996 mostraria finalmente usando powertrain completo de um rover de traçao dianteira que a empresa era boa mesmo em carros leves bem desenhados e bons de pista mas um capitulo interessante de sua historia a fez pensar diferente; com o grande tony rudd na diretoria conseguiram projetar para a gm um sensacional v8 dohc/32 valvulas para o corvette c4 zr1 sua area de consultoria em engenharia tinha varios contratos de motores inclusive o infame omega 4 1 na epoca em que a gm era sua dona e o know how neste campo crescia sobremaneira https //flatout com br/lotus corvette o c4 zr1/ foi o que inspirou a diretoria da empresa em 1996 com apoio dos novos donos malaios da proton tentar uma virada radical para a empresa se tornar fornecedora de motores para a industria de carro esporte inglesa entao em grande fase mas para isso precisava sair dos quatro cilindros em linha e finalmente fazer um motor mais exotico e interessante um v8 o v8 lotus o melhor desta estrategia era que alem da criaçao de um novo profit center a criaçao de um v8 ainda faria o lotus esprit um carro finalmente comparavel aos ferrari na mente dos compradores de carro esporte caros pensaram https //flatout com br/as duas vidas dos motores v6 e v8 da buick/ mas antes de falar do esprit devemos entender de onde saiu a ideia do v8 e simples durante os anos 1980 e 1990 a industria de carros esporte ingleses conseguiu fazer uma serie de veiculos sensacionais muito por causa da disponibilidade de compra de um motor especifico o v8 ohv de aluminio da rover um motor simples nascido em 1962 na buick americana e depois vendido e deportado em 1967 para a rover ingles era ultrapassado ja mas extremamente bem ajustado para um carro esporte [caption id= attachment_356309 align= aligncenter width= 665 ] o folheto da lotus oferecendo o motor com todo serviço de engenharia para instalaçao e homologaçao [/caption] os motivos sao simples era primeiro pequeno e leve aos 200 kg praticamente o peso de muito quatro em linha mas deslocava a partir de 3 5 litros eventualmente chegaria a 4 6 litros e desde o fim dos anos 1980 contava com injeçao eletronica moderna era potente e leve alem de simples e conhecido pelos mecanicos dos ultimos triumph tr8 e mgb gt ate os morgan tvr e ginetta era um sucesso em carros esporte ate a westfield criou um seven com o v8 rover e ficou muito bom pois bem em 1996 ja estava claro que o fim do v8 rover estava proximo; eventualmente viria nos land rover discovery ate 2004; o range rover ja se tornava bmw v8 em 2000 a ideia da lotus em 1996 era simples desenhar um v8 moderno que pudesse durar no mercado 20 anos ou mais tao leve e compacto quanto o rover mas ainda mais potente projeto aprovado o motor seria lançado num novo esprit v8 em 1998 assim chamando atençao em um carro tanto tempo carente de mais cilindros esperava se que os pedidos começassem a aparecer das empresas de carro esporte de baixo volume [caption id= attachment_356296 align= aligncenter width= 999 ] esprit v8 [/caption] como se pode imaginar versatilidade era parte intrinseca do projeto devia poder ser montado longitudinalmente e transversalmente na frente ou entre eixos traseiro tambem deveria ser leve nao mais que 200 kg e fornecer pelo menos 350 cv um outro objetivo que convergia com os outros veio do cofre do esprit era minusculo o lotus v8 seria um motor totalmente novo entao sem problema medindo se o cofre do esprit fez se uma caixa de limites no cad que media 580 x 710 x 610 mm tudo tinha que ficar dentro do quadrado literalmente no fim o novo motor foi tao bem desenhado nesta conta que ficou menor que o quatro em linha turbo e o porta malas do esprit v8 ligeiramente maior que o dos seus predecessores com esses objetivos a lotus rapidamente veio com uma configuraçao basica v8 a 90° todo em aluminio a referencia o carro a ser batido era obviamente o ferrari f355; como ele o v8 teria um virabrequim plano principalmente por passar menos carga do vira para o bloco inerentemente e assim poder ser menor e mais leve perdas por bombeamento sao menores com este tipo de vira tambem o motor media 83 x 81 mm para 3506 cm³ de novo restrito pelo tamanho e a necessidade de uma boa area para valvulas obviamente quatro por cilindro com vela central mas o desenho do cabeçote ja foi um problema as polias de acionamento dos comandos mais externos passavam do cubo dimensional desejado a soluçao foi reduzir a velocidade de giro deles pela metade a assim permitir polias menores das duas possiveis ordens de igniçao com um virabrequim plano a lotus escolheu 1 5 3 7 4 8 2 6 por dar os melhores resultados de potencia em teste o bloco em aluminio lm25 tf tinha open deck e usava camisas molhadas de ferro fundido; as camisas eram montadas manualmente e tinham uma vedaçao embaixo para o fluido de refrigeraçao; em cima era fechada por uma das primeiras aplicaçoes nao diesel de junta de cabeçote de aço multi layer o bloco era deep skirt continuando depois do meio do vira as capas de mancal eram parrudas fixadas em dois planos cross bolted por seis parafusos cada capa a refrigeraçao que passava primeiro pelo bloco para depois subir ao cabeçote era extremamente eficiente; tanto que a lotus em teste disse que o limite de detonaçao ligado a temperatura nao ocorria em nenhum cilindro individual sim; todos os 8 detonavam juntos no limite possivel de temperatura impressionante uma coisa hoje estranha e que o motor desenhado para ter dois turbos nao tem intercooler a lotus sabia das vantagens do equipamento no esprit de 4 cilindros a refrigeraçao do ar de admissao era por liquido mais complexo mas mais eficiente mas o problema aqui era peso e tamanho simplesmente nao existia espaço para os resfriadores e quase nao havia para os turbos tambem a falta de intercooler determinou a baixa taxa de compressao de 8 1 baixa pressao e turbos relativamente pequenos os turbos foram criados sob encomenda pela garret baseados no t25 e ficavam montados nos coletores de escape perto do motor fazendo um conjunto bem compacto na admissao sao dez injetores um para cada cilindro e dois injetores secundarios que disparam no ar de admissao do plenum eles entram em açao com demanda de alta potencia do motor assim o calor latente do combustivel foi usado para resfriar o ar de admissao alem de suprir a demanda a medida que o ar de admissao esfria e se torna mais denso voce nao precisa mais de tanta pressao e com menos pressao a temperatura cai e o ar torna se mais denso numa espiral virtuosa o sucesso deste sistema neste caso se prova pelo fato de que ao inves dos 0 85 bar de pressao dos turbos previstos inicialmente necessarios para dar os 350 cv no fim apenas 0 75 bar foram usados ate o offset entre as bancadas de cilindro foi usado para economizar tamanho a bomba de direçao hidraulica ocupa este espaço todos os equipamentos auxiliares tambem sao montados diretamente no bloco sem suportes o resultado e realmente impressionante 350 cv a 6500 rpm e 40 8 mkgf a 4250 rpm e alem dos limites dimensionais respeitados o motor completo e muito leve 220 kg ainda assim 10% acima do objetivo original mas infelizmente o objetivo original nao foi alcançado ninguem comprou o motor o motivo muito provavelmente preço; o v8 rover era uma unidade barata tambem vindo de alta produçao e muito tempo em linha; o lotus certamente era muito mais caro [caption id= attachment_356308 align= aligncenter width= 999 ] cobra 212 s/c[/caption] no fim apenas um comprador a ac criou um cobra 212 s/c que usava o motor lotus e com carroceria em fibra de carbono fazia 0 100 em 4 segundos a caminho de 250 km/h de final mas vendeu muito pouco tambem onde mais se encontra o v8 lotus e num lotus os esprit v8 em produçao ate 2004 veja como sao as coisas acabou exatamente ao mesmo tempo que o rover v8 o motor que queria substituir isso mesmo o motor de 1962 e seu substituto de 1998 terminaram sua produçao juntos ah a ironia
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