Quer dizer, vinte anos é arredondar para cima — o Nismo 400R foi apresentado em 1997 para comemorar os esforços da Nissan nas 24 Horas de Le Mans de 1995 e 1996. É importante lembrar que a Nissan não venceu em nenhuma das edições (não passou nem perto disso, na verdade), mas e daí? Eles decidiram lançar uma das versões mais incríveis do Skyline em todos os tempos, e somos gratos por isso.
É provável que você saiba muito bem que estamos falando do Nismo 400R, e não é só porque está na foto de abertura e no título do post. Se você cresceu nos anos 1990 (ou, claro, até antes disso) e está lendo o FlatOut, imaginamos que você já tenha jogado Gran Turismo.
Aliás, a quem estamos enganando? É claro que você jogou (seja qualquer uma das seis edições) e é claro que você quis comprar o Nismo 400R, mesmo que na maioria das vezes ele não pudesse ser comprado, e estivesse disponível apenas como prêmio. E era um belo prêmio, porque o carro andava demais!
A verdade é que, se já era difícil obter o Nismo 400R em Gran Turismo, na vida real isto é praticamente impossível. A Nissan fez apenas 44 unidades do carro, todas numeradas, e hoje cada uma delas é uma verdadeira celebridade entre os entusiastas não apenas do Skyline ou da Nissan, mas de esportivos japoneses em geral. Aliás, na boa mesmo, qualquer um que goste de carros deve adorar o Nismo 400R.
Isto porque, mesmo que não fosse uma das versões do Skyline mais raras do mundo, o 400R continuaria sendo um carro brilhante. Para começar, seu motor é praticamente o mesmo dos carros de corrida que disputaram em Le Mans: o chamado RB-X GT2, uma versão anabolizada do já incrível RB26DETT que equipava o GT-R normal.
Esse motor foi desenvolvido especialmente para os Skyline GT-R R33 que disputaram as 24 Horas de Le Mans em 1995 e 1996. Construído artesanalmente por uma divisão local da Nissan chamada Reinik, o seis-em-linha tinha deslocamento ampliado de 2,6 para 2,8 litros (curso x diâmetro de 77,7×86 mm, totalizando 2.771 cm³), além de receber componentes reforçados. Entregava, em configuração de corrida, cerca de 450 cv.
Não parece muito, mas foi o suficiente para que o Skyline GT-R LM fosse o décimo colocado na classificação geral das 24 Horas de Le Mans de 1995, competindo na categoria GT1 — a mesma de McLaren F1 GTR e Jaguar XJ220. Se você trabalhasse na equipe, também ficaria orgulhoso, não?
No Nismo 400R, a potência era reduzida para 400 cv, que apareciam a 6.800 rpm, enquanto o torque era de 48 mkgf a 4.400 rpm, acoplado a uma caixa manual de cinco marchas. A força era levada para as quatro rodas através do mesmíssimo sistema ATTESA, com um diferencial eletrônica que dividia o torque ativamente (e individualmente) entre as rodas — isto há quase vinte anos!
Além de mais potente e mais firme, o carro era mais leve graças ao uso de fibra de carbono no capô, na asa traseira e cardã. As rodas de dezoito polegadas, muito parecidas com as dos carros que competiram em Le Mans, garantem um stance muito atual. Mesmo alguém que não entendesse nada sobre esportivos japoneses lendários saberia que não se trata de um Skyline qualquer.
O resultado foi não apenas o Skyline de rua mais potente da época, mas um carro verdadeiramente incrível de guiar. A suspensão, que tinha molas e amortecedores mais rígidos e era 3 cm mais baixa que a de um GT-R normal, era muito bem calibrada e, somada ao sistema de tração integral inteligente, garantia um carro com leve tendência ao sobesterço, porém plantado no chão e muito, muito preciso.
E estas não são palavras de reviews da época (o que de forma nenhuma as tornaria menos verdadeiras), mas de Jethro Bovingdon, da Evo Magazine, que teve a oportunidade de testar o Nismo 400R #37, na belíssima cor “Midnight Purple”.
Mesmo quase vinte anos depois, o carro continua firme e absurdamente incrível de guiar. A direção é firme e responsiva, não apresenta folgas ou retornos violentos. A suspensão é firme exatamente como nos esportivos atuais — “se fôssemos testar o Nismo 400R quando ele saiu, diríamos que ele era duro demais”, diz Jethro. “Mas hoje… parece que o resto do mundo finalmente o alcançou”.
Seu único defeito é ser tão raro: só existem 44 unidades, todas numeradas, porque a Nismo até queria fabricar 99 exemplares. No entanto, a montagem artesanal atrasou um pouco o processo, e os caras só tiveram tempo de completar 44 deles. Ao menos ainda temos Gran Turismo, não é mesmo?