Não há dúvidas que estamos na era do hipercarro — quando se pensa em carros de altíssimo desempenho, não é mais o superlativo Veyron que vem à mente, mas a tríade LaFerrari, Porsche 918 Spyder e McLaren P1, com seus conjuntos híbridos e uma ênfase muito maior na aerodinâmica e no baixo peso. Hoje, porém, não vamos falar do lado italiano da força, pois o assunto aqui é um contra um. No caso, P1 contra 918. Qual deles é o melhor?
Jethro Bovingdon, da revista Evo, teve a sorte de poder descobrir na prática, com os dois carros na mesma pista, sob as mesmas condições no circuito britânico de Anglesey, em dois dias seguidos — com direito a algumas surpresinhas.
Ambos os carros têm a mesma configuração mecânica básica: motor V8 em posição central-traseira e motores elétricos na dianteira com potência combinada ao redor dos 900 cv. As diferenças estão nos detalhes.
O P1 tem um V8 biturbo de 3,8 litros bem semelhante ao encontrado no 12C e no 650S. Combinado a um motor elétrico de 131 kW, ele entrega 915 cv a 7.500 rpm e 91,8 mkgf de torque a 4.000 rpm. Já o Porsche tem um V8 aspirado de 4,6 litros que, acoplado a dois motores elétricos (um de 95 kW e outro de 115 kW), entrega 887 cv a 8.600 rpm e 129,9 mkgf de torque a 6.600 rpm. O McLaren tem tração traseira enquanto o Porsche tem sua força nas quatro rodas, e ambos têm câmbios de dupla embreagem e sete marchas, e ambos vinham equipados com pneus de rua já com algum tempo de uso.
Tanto o P1 quanto o 918 mostraram-se absurdamente rápidos e viscerais mas, novamente, com algumas diferenças: o P1 demonstra claramente que foi feito com o único propósito de ser o mais rápido de todos em qualquer circuito. Nele, você se senta mais baixo e “se sente como um super-herói”, nas palavras do próprio Bovingdon. Ele inspira confiança (em parte, graças ao ligeiro subesterço que sempre está presente) mas, ao mesmo tempo, te faz duvidar de que você é capaz de ser um piloto tão rápido quanto o carro quer que você seja.
No Porsche 918 isto parece não ter tanta importância: mesmo com tração integral, o carro parece te deixar mais à vontade e mostra um comportamento mais solto — a traseira parece desgarrar com mais facilidade, porém a dianteira do hipercarro aponta com mais vigor para onde o piloto quer ir. O V8 gira mais (o corte de giro vem às 9.000 rpm) e, a céu aberto, seu ronco invade a cabine e torna a experiência muito mais intensa. A impressão é que Jethro dirige de forma bem mais descompromissada, se divertindo mais, e ainda consegue ser 0,2 segundo mais rápido ao virar 1:12,4 contra 1:12,6 do P1.
Contudo, ao saber do resultado (o vídeo foi gravado há algumas semanas) do comparativo, dias depois a McLaren enviou à Evo o mesmo P1, desta vez com pneus Pirelli PZero Trofeo — dotados de um composto bem mais aderente e indicados para uso pesado em pista. Resultado: um carro muito mais preciso e capaz de completar o mesmo circuito em 1:11,2, destruindo seu próprio recorde e o do rival.
Mas o que surpreendeu foi o modo como os dois carros pareceram não ter problemas em aproveitar toda a sua força — ambos demonstram que fazem uso de tudo o que têm a oferecer na hora de acelerar na pista. Além disso, independentemente dos tempos de volta, tivemos a impressão de que o jornalista inglês se divertiu mais no Porsche do que no McLaren. O que você acha?