eu encontrei jenks no seu maravilhosamente minusculo e decadente casebre em hampshire inglaterra motos velhas e carros velhos peças de reposiçao e bancadas de trabalho dividiam o espaço da sala um enorme virabrequim duesenberg de quase um metro de comprimento ficava em um canto havia uma cadeira para um visitante jenks sentou se em de uma das motocicletas dois pequenos trailers do lado de fora estavam literalmente transbordando de revistas e livros um velho seda mercedes e um citroen 2cv estavam estacionados sob as arvores em sua cozinha uma biela pendurada em uma parede lembrava uma vida passada uma peça do mercedes benz 300slr que venceu a mille miglia em tempo recorde em 1955; jenks navegando para stirling moss o mais incrivel da historia de denis sargent jenks jenkinson 1920 1996 e exatamente isso como burt munro e sua indian era de um entusiasmo e dedicaçao ao esporte motor e aos carros e as motos que tornavam ele possivel que todo resto de sua vida era meramente secundario jenks nunca teve dinheiro ou herança como tiveram tantos que se aventuraram pela profissao de jornalismo automotivo; nao e das mais lucrativas era movido nao por dinheiro e sim tao somente pelo seu entusiasmo e conhecimento que eram tao grandes que transbordavam de seu pequeno corpo fisico e precisavam ir ao papel ermitao baixinho barbudo solteirao viveu a vida toda em casebres como este descrito sem agua corrente e por isso imaginamos que nao era muito chegado em banho parecia um hobbit de tolkien nao hobbits mantem a casa limpa e sao civilizados; mais para um anao de tolkien enfurnado em cavernas sujos mas dedicando se ao trabalho apenas deliciosamente excentrico era apesar disso uma pessoa divertida de facil amizade generoso com seu tempo e conhecimento e especialmente perpetuamente entusiasmado pelo automovel [caption id= attachment_373966 align= aligncenter width= 686 ] na comemoraçao dos 50 anos da mille miglia 1955 a motor sport disse que o texto de jenks para a revista foi a maior historia ja contada [/caption] jenks que passou uma vida seguindo de perto o circo da f1 com motocicletas e carros europa afora viveu para começar ter que viajar de aviao para as provas nos anos 1980 por causa de transito e menos tempo disponivel; era cinico com o circo entao acostumado que estava com a era de ouro dos anos 1950 e 1960 mas nao perdia o entusiasmo nunca era fa e amigo de gilles villeneuve e de ayrton senna; colocou ambos em sua lista dos melhores de todos os tempos e viveu tanto que chegou a ver os dois morrerem herois do esporte antes de falecer aos 75 anos em 1996 de avc [caption id= attachment_373945 align= aligncenter width= 999 ] com senna seu ultimo heroi[/caption] e admiravel como pessoas assim ficam imortais morreu pobre como viveu sobrevivendo da ajuda de amigos e fas quando a saude o impediu de trabalhar no fim nunca foi importante no sentido de poder dinheiro ou mesmo influencia jenks se tornou imortal em sua coluna semanal carta da europa na revista inglesa motor sport onde assinava dsj e em seus 16 livros publicados eu mesmo o conheci depois de 1996; virei um fa postumo e algo que prova sua imortalidade e muito raro este tipo de coisa escrevendo sobre o que escrevia; por isso vale a pena lembra lo mais uma vez em uma semana estivesse vivo completaria 104 anos piloto e navegador [caption id= attachment_373947 align= aligncenter width= 999 ] o padre de stirling moss 1955[/caption] certamente alem de sua coluna semanal de sucesso o que fez jenks famoso foi a vitoria como navegador de stirling moss na mille miglia em 1955 uma historia conhecida que nao vale a pena repetir aqui; mas vale sim um pequeno contexto e resumo ate 1955 a mille miglia uma corrida insana nas ruas normais por 1600 km dando um giro na italia era muito diferente pilotos tarimbados como piero taruffi e fangio corriam sozinhos confiando em sua memoria do trajeto; os iniciantes levavam navegadores que conheciam o caminho mas era tudo bem vago tinha gente que se perdia e acabava em napoles serio [caption id= attachment_373948 align= aligncenter width= 999 ] a biblia rolo de papel[/caption] jenks e moss inventaram um jeito diferente mapeando cada curva e reta do circuito antes da prova jenks inventou as modernas notas de percurso que leu para moss de um rolo de papel especialmente montado a sua frente no 300slr assim moss podia tomar curvas como em corrida de circuito confiando nas notas de jenks nunca antes nem depois ninguem foi tao rapido o recorde de 1955 ainda esta de pe e para sempre vai ficar ja que a corrida acabou em 1957 como todo mundo que viu ferrari no cinema sabe [caption id= attachment_373949 align= aligncenter width= 999 ] festejando a vitoria uhlenhaut jenkinson neubauer e moss[/caption] era tao rapido que os espectadores italianos acharam que era obra do divino; como o barbado e bespectacled jenks lia as notas de cabeça baixa as vezes ao lado de moss a lenda correu que o ingles empregara um padre para ler a biblia para ele durante a corrida; so assim era explicavel tanta velocidade a historia de como os dois jenks e moss se conheceram e emblematico de outra caracteristica de jenks importante para esta vitoria a sua impassividade como passageiro conta o grande stirling moss em uma prova no circuito de pescara italia em 1953 achei que deveria conhecer melhor o circuito antes da prova antes do inicio dos treinos oficiais peguei um maserati a6g para fazer o circuito e entender melhor a pista um homem pequeno com suas calças de veludo cotele caracteristicas oculos minusculos e uma longa barba rala notou o assento do passageiro vazio e perguntou se podia ir comigo fiquei meio bobo com a audacia do estranho mas disse que sim pensei vou fazer esse sujeito se sujar todinho em vez disso eu que me assustei sozinho tentando fazer ele gritar de medo e no fim ao parar jenks olhou para mim com aqueles olhos brilhantes e apaixonados e disse voce nao vai dar mais uma volta [caption id= attachment_373954 align= aligncenter width= 999 ] jenks e oliver como um cara desse vai ter medo [/caption] moss nao tinha como saber mas por mais que tentasse nunca colocaria medo em denis jenkinson como passageiro ou lastro como ele dizia tinha sido campeao mundial de sidecar ate 600cm³ com eric oliver pilotando em 1949 e continuou correndo ate 1952 com outros pilotos um passageiro de sidecar de competiçao e certamente o passageiro mais sem medo que existe num carro moleza jenks diminuia sempre o fato de que era um campeao do esporte motor porem eric fez tudo; eu so assisti de perto [caption id= attachment_373952 align= aligncenter width= 999 ] com oliver campeao mundial em 1949[/caption] jenkinson passou a guerra trabalhando como mecanico da raf; era um dos conscientious objectors; algo que mostra seu forte carater foi la que conheceu bill boddy o editor da motor sport que o contratou como correspondente europeu depois da guerra jenks era viciado no circo de competiçoes mas nao tinha dinheiro para competir; tentou correr de moto que era mais barato mas a sua norton 350 explodiu motor em uma prova e nao tinha dinheiro para consertar visto que a norton era tambem seu transporte se viu na europa perdido sem ela e assim que descobre o sidecar uma maneira de continuar seguindo o circo sem ter moto ou dinheiro como pesava 59 kg com roupa capacete e botas era ideal para a ocupaçao depois de ser campeao em 1949 as coisas melhoraram; recebeu uma motocicleta bmw r67 para seu uso pessoal pela fabrica e com um sidecar acoplado usou a para viajar e reportar corridas por toda a europa depois de 1955 e a fama com moss a motor sport lhe comprou um carro um porsche 356 1500 pre a este carro com o qual ele percorreu 560 000 km em nove anos foi sua casa e seu escritorio enquanto ele acompanhava o circo do grande premio pela europa e enviava seus relatorios escritos a mao para a revista em londres depois foi trocado por dois jaguar e type um roadster e depois um cupe [caption id= attachment_373971 align= aligncenter width= 999 ] o e type cupe de jenks restaurado e leiloado em 2006[/caption] dede 1946 seu ganha pao era a coluna semanal que permaneceria fazendo ate nao poder mais ja velhinho nos anos 1990 nunca precisava de pauta ou reuniao viajava pela europa e mandava colunas pelo correio semanalmente sem ninguem saber onde estava ou o que fazia a nao ser pelos exoticos endereços de remessa outros tempos onde sem localizaçao em tempo real se era livre de verdade [caption id= attachment_373964 align= aligncenter width= 999 ] na italia dos anos 1950 o 356 de jenks entre gigantes[/caption] disse ele sobre seu esquema de trabalho se seu trabalho e organizado por outras pessoas voce nao e seu proprio mestre eu farei qualquer coisa pela minha liberdade pessoal voce sabe a ambiçao destroi sua vida eu nao quero ser assim eu nunca me propus a fazer nada alem de me divertir um espirito livre um cigano um homem fiel a si mesmo este era dsj assim disse jenks incrivel notar tambem que jenkinson nunca escreveu nada senao sobre um assunto pelo qual era profundamente entusiasmado ajuda que seu editor boddy era um grande amigo; mas mesmo se nao fosse nao era o tipo de pessoa que aceitava encomendas por isso sua obra e tao sensacional nunca fez nada porque lhe mandaram na sua coluna escrevia sobre corridas e pilotos reportando resultados e desempenho sempre com sua opiniao sincera transparecendo mas depois se aventurou nos livros começando claro falando sobre pilotos no the racing driver the theory and practice of fast driving de 1959 na minha copia aqui leio 65 anos depois em sua introduçao durante meus anos como passageiro de side car de corrida eu simplesmente nao consigo me lembrar de uma ocasiao em que fiquei assustado embora eu possa me lembrar de muitos momentos emocionantes e quando andava com o campeao mundial eric oliver eu costumava me segurar e pensar se eric nao conseguir resolver isso ninguem resolveria fe cega voce pode dizer bem talvez seja assim mas o fato e que nos ultimos dez anos de atividade de corrida eu absorvi muitos fatos interessantes sobre o piloto de corrida seja ele sobre duas tres ou quatro rodas neste livro tentei reunir parte desse conhecimento em algo de valor para aqueles que aspiram a ser pilotos e tambem para aqueles que como eu gostam da arte de dirigir em alta velocidade enquanto os leitores que estao apenas interessados em corridas de automoveis de uma forma academica tambem aprenderao algo depois disso emenda um petardo no primeiro capitulo chamado singelamente de arte sem duvida se eu sugerir que dirigir um carro em alta velocidade e uma arte assim como sao arte musica pintura e literatura receberia alguns comentarios deseducados de estudantes das artes aceitas como tal; mas eu realmente considero a direçao rapida como uma arte uma arte essencialmente do seculo xx e uma que exige tanto estudo teorico talento natural aprendizado e pratica quanto qualquer uma das artes classicas e essencial que o piloto de corrida comece o treinamento basico em uma idade precoce aperfeiçoe sua habilidade natural por tentativa e erro enquanto ele ainda e jovem o suficiente para ter impeto e espirito amadureça em maturidade junto com a experiencia alcance um climax de perfeiçao e entao pare no pico ou diminua suavemente ladeira abaixo de modo que mesmo que sua exibiçao de arte nao seja mais igual a dos recem chegados o toque do verdadeiro artista ainda seja evidente quando um homem passa por todas essas fases entao e somente entao podemos considera lo um verdadeiro artista na arte da direçao em alta velocidade jenks escreveu tambem no fim de sua carreira uma sensacional elegia para uma historia obscura mas sensacional a da frazer nash ele mesmo era um aficionado e teve um deles ainda que tivesse que vende lo por nao conseguir mante lo viu a historia desta sensacional marca de perto e em 1984 resolve conta la com nostalgia mas de uma forma que nos coloca absolutamente dentro dela sua epoca e seus feitos e o sensacional from chain drive to turbocharger the a f n story mas talvez o livro que gosto mais dele sao dois teoricamente ambos sao parte de uma serie de livretos que a editora osprey criou nos anos 1980 para contar a historia de carros iconicos de decadas passadas chamado osprey autohistory todos sao sensacionais e bem pesquisadas historias de carros lendarios mas os dois de jenks nao nao sao a sua historia pessoal com seu porsche 356 em um livro e com seus e types todos eles comprados para ele pela revista motor sport no outro claro que ele passa pela historia dos modelos sim; mas e o entusiasmo e as historias pessoais e opinioes dele que aparecem aqui de uma forma sensacional e aqui que aprendemos que ele achava que a porsche tinha se vendido com o 356a com sua barra estabilizadora dianteira e comportamento subesterçante mais seguro sugerido por zora arkus duntov permaneceu com seu 356 ate 1967 trocando o motor por um mais potente 1600 super no meio do caminho mas sem a barra estabilizadora muito obrigado denunciou os novos porsche como carros para passear calmamente sem graça sem a esportividade e agressividade de antes porsche morreu [caption id= attachment_373970 align= aligncenter width= 999 ] jenks de lado com seu 356 em uma prova amadora[/caption] explicando como eram antes disse os pilotos da porsche provocam deliberadamente o sobresterço com a direçao depois contra esterçam instantaneamente e imediatamente repetem a operaçao quantas vezes forem necessarias em uma curva longa e rapida o resultado e um movimento de serra no volante coincidindo com o sobe e desce da suspensao traseira com isso e possivel uma velocidade altissima em curvas mas se voce perder a cadencia ou errar o movimento acaba em cima de seu proprio teto apesar disso e extremamente reconfortante quando voce acerta quando aprende a faze lo direito este metodo de conduçao era conhecido em alemao como wischen [caption id= attachment_373961 align= aligncenter width= 999 ] amigo rabisca a foto em ferry boat italiano enjoado [/caption] jenkinson aprendeu este metodo com o mestre nisso richard von frankenberg um piloto e jornalista que trabalhava para a porsche frankenberg me demonstrou como saber quando o limite esta proximo enquanto se esta wischening a caixa de cambio se move sobre os seus coxins e a alavanca de cambio bate no seu joelho se voce conhece um motorista da porsche com um joelho machucado sabe que ele estava dirigindo no limite [caption id= attachment_373960 align= aligncenter width= 999 ] a viagem continua mesmo que o motor fique preso pelo escapamento[/caption] quando a empresa lança o enorme 911 em 1964 com seis cilindros foi a gota d’agua para os tradicionalistas jenkinson famosamente vendeu seu 356 e comprou um jaguar e type em 1967 dizendo seis cilindros por seis cilindros melhor 4 2 litros que 2 interessante notar tambem como sabia onde estava se metendo disse que ao receber seu primeiro jaguar zero km chegou em sua casa pegou seus spanners e deu aquele torque extra de segurança em todo parafuso e porca do carro todo seus jaguar foram bem confiaveis porem aparentemente mais que o porsche jenks morava praticamente neles e na estrada manutençoes e trocas de oleo ele fazia debaixo de arvores europa afora e mole [caption id= attachment_373963 align= aligncenter width= 999 ] trocando oleo na rua[/caption] nao satisfeito com isso jenks nos anos 1970 foi instrumental na popularizaçao de corridas de arrancadas no estilo americano drag races na inglaterra ele mesmo era um participante e se tornou vencedor com suas norton e triumphs preparadas por ele mesmo suas reportagens na motor sport trouxeram o novo esporte ao mainstream [caption id= attachment_373977 align= aligncenter width= 999 ] a bagagem fora do carro casa ambulante[/caption] nos seus ultimos anos ele se envolveu com o brooklands museum e esteve envolvido em varias operaçoes aventureiras incluindo a exploraçao de abrigos antiaereos subterraneos selados apesar de seus anos avançados ele trabalhava como um garoto entusiasmado algo que na verdade era e continuou sendo ate seu final [caption id= attachment_373968 align= aligncenter width= 999 ] piloto de arrancada [/caption] posso imaginar ele agora naquele lugar melhor onde tudo e possivel dando os ultimos toques mecanicos numa de suas motos de corrida rindo e fazendo piada num shed sujo e desarrumado com moss e senna olhando apreensivos e rindo do amigo o mundo sem eles e um mundo pior; we shall not see their likeness again
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