sabe por que achamos os carros cubanos e sovieticos tao interessantes  e por que eles simbolizam a vontade das pessoas em ter um carro  apesar de tudo conspirar contra isso   veja os cubanos  por exemplo  eles aprenderam a fazer fluido de freio com detergente de louça  xampu e mel  no lado oriental da cortina de ferro a historia nao era diferente  ate dava para comprar peças novas  mas a produçao mal dava conta da demanda pelos carros e a fila de espera levava anos  por isso nao havia um mercado inteiro de peças sobressalentes esperando compradores   se descolar peças para seu trabi ja nao era uma tarefa muito facil  o sonho de ter um porsche em um pais com economia planificada e fechado ao vizinho capitalista era praticamente impossivel  a nao ser que    voce tivesse noçoes de mecanica e uma pequena ajuda de um cara chamado ferry porsche   essa historia começou no inicio dos anos 1950  quando a alemanha voltava a se reerguer apos a segunda guerra  agora dividida ao meio entre os vencedores  o lado de ca ficou com os eua e inglaterra  que instituiram um sistema politico democratico e um sistema economico capitalista  com mercado aberto e cultura de consumo  era a republica federativa alema  rfa ou dfr  na sigla em alemao   o lado de la ficou aliado aos sovieticos  que instituiram um sistema politico bipartidario formado pelo partido socialista e pelo partido social democrata  na pratica o  senhor  e o  sim  senhor   e um sistema economico socialista  com economia planificada e racionamento  essa era a republica democratica da alemanha  rda ou ddr  na sigla em alemao    nos primeiros anos o transito entre as duas alemanhas era controlado  porem liberado  voce podia pegar seu carro ou moto  ou trem ou onibus   dar uma volta no outro lado da fronteira e voltar para o seu lado     assim faziam os irmaos gemeos falk e knut reimann  esses dois ai acima   eles moravam em dresden  cidade que sofreu um dos piores ataques aereos da segunda guerra e que  apos o conflito  ficou no lado oriental da alemanha  e eram estudantes de engenharia  em uma de suas visitas a berlim  os irmaos puderam ver as novidades sedutoras do novo mercado alemao  entre propagandas de refrigerantes e televisores  a grande novidade da epoca  os gemeos toparam com o porsche 356  o primeiro esportivo produzido em serie na alemanha desde o inicio da segunda guerra   como qualquer pessoa que interessada em maquinas motorizadas  eles obviamente ficaram encantados pelo carro  o unico problema e que eles nao poderiam importar um porsche 356  ainda que tivessem dinheiro para isso graças a ilegalidade das importaçoes do oeste   e aqui voltamos a engenhosidade sobre a qual falei no primeiro paragrafo deste texto  a vontade de ter o porsche era maior que a proibiçao  entao eles decidiram que construiriam seu proprio 356 no lado oriental da fronteira   por sorte  na epoca ainda era possivel encontrar refugos de guerra nos dois lados da fronteira  eles ja haviam restaurado uma moto bmw e um fiat topolino que encontraram abandonados  para fazer o porsche  eles encontraram um kubelwagen  o  jipe  feito sobre o fusca  com motor e tudo  tiraram a carroceria e começaram a procurar alguem que pudesse martelar o metal para transformar aquele chassi rolante em algo parecido com um porsche     eles encontraram o sr  arno lindner  um antigo encarroçador da cidade que agora trabalhava com seu filho helfried  o filho viu no projeto uma chance de reacender os negocios da familia  quem sabe fazendo uma serie de esportivos em parceria com os irmaos reimann   assim eles construiram uma estrutura de madeira com aço tubular que daria o suporte para as chapas  mas antes disso  era preciso resolver um outro problema  encontrar chapas de aço para fazer a carroceria de porsche  de volta ao campo  os irmaos conseguiram juntar 15 capos de caminhoes ford  abandonados pelos aliados   [gallery columns= 2  link= file  size= medium  type= grid  ids= 174659 174658 174662 174646 ]     o trabalho levou 1 000 horas de trabalho e a carroceria acabou 30 cm mais longa porque o kubelwagen era 30 cm mais longo que o porsche 356  uma vez que fora projetado para levar quatro militares armados  e nao um casal a passeio     a ideia era construir dez exemplares  mas antes de coloca la em pratica  os irmaos acharam prudente testar o carro  faltava folego  afinal  o kubelwagen ainda usava a primeira iteraçao do famoso flat 4  com 1 100 cm³ e 23 cv  eles entao decidiram ir ate zuffenhausen conhecer a fabrica da porsche e pedir ajuda para resolver o problema  ao chegar  foram zoados por terem feito um 356 meio desajeitado com um motor 1 100 de 23 cv  mesmo assim  eles negociaram uma visita e deixaram uma carta a ferry porsche     surpreendentemente a carta foi entregue e ferry porsche  dizem  ficou furioso ao descobrir que os irmaos copiaram seu carro  mas  depois de pensar um pouco ele percebeu que o carro era mais uma homenagem que um plagio mal intencionado e  tocado pela coragem e ousadia dos reimann  respondeu a carta dizendo que doaria as peças necessarias  enviando as para uma concessionaria volkswagen chamada winter  no lado ocidental de berlim  dali em diante os irmaos teriam que dar um jeito de colocar as peças no lado oriental da fronteira — o que  como voce deve ter notado  era proibido     o que era um contrabando para quem ja havia feito um carro inteiro  como eles levaram as peças para o outro lado e algo que nunca foi explicado — imagine o porque —  mas eles conseguiram e adaptaram os pistoes  cilindros e carburadores usados fornecidos por ferry porsche  eles tambem conseguiram documentos falsos para que o porscheli  como o carro foi batizado  passasse como um carro da alemanha ocidental pelas fronteiras     de volta a dresden eles terminaram o carro em 1956  fizeram uma habilitaçao  uma so  para economizar dinheiro  afinal eram gemeos  e partiram em viagem com seu novo esportivo de 130 km/h  eles primeiro foram a bruxelas  depois desceram a nice  passaram por genebra  foram ate a italia e finalmente voltaram para casa  com ajuda de helfried lindner e do contrabando das peças cedidas por ferry porsche  os irmaos reimann construiram outros 13 exemplares do 356  lindner   como o carro ficaria conhecido  quando os chassis abandonados acabaram  a produçao tambem precisou ser encerrada     as viagens dos irmaos tambem acabaram pouco tempo depois  em 1961  ja com o muro de berlim em pe e com a guerra fria esquentando  eles entraram no porsche para fugir da ddr  mas acabaram descobertos e condenados a dois anos em uma casa de detençao da stasi em berlim  enquanto o porsche foi apreendido e acabou vendido ao piloto de testes da melkus  siegmar bunk  que mais tarde o desmontou para retirar peças  ao sair da prisao  falk reimann mudou se para a hungria  enquanto seu irmao permaneceu na alemanha     os restos mortais do carro voltaram a aparecer somente em 2008  recuperados por um entusiasta de classicos chamado ernst bernsteiner  ate entao pouco se sabia sobre ele  todos achavam que era um tatraplan com para choques de porsche  na epoca  seu atual proprietario  alexander fritz  tinha pouco interesse nos 356  mas ao conhecer o carro ficou intrigado por sua historia e começou a pesquisar mais a respeito  ele encontrou a historia completa na internet e  em 2012  arrematou o carro   [gallery link= file  size= medium  columns= 2  type= grid  ids= 174642 174651 ]  em sua busca pelos detalhes do carro ele encontrou helfried lindner e os irmaos os reimann  que vasculharam suas memorias e caixas de fotos para ajuda lo na restauraçao  infelizmente knut e lindner nao conseguiram acompanhar o processo completo e nao chegaram a ver o carro concluido  falk  por sua vez  sobreviveu para supervisionar todo o trabalho e acompanhou o carro ao concurso de elegancia de schloss dyck  onde o porsche lindner foi o unico carro construido na alemanha oriental e arrematou o premio em sua categoria   [gallery type= grid  link= file  columns= 2  size= large  ids= 174660 174665 ]  https //www youtube com/watch v=wjyenijlu1g  [gallery type= grid  link= file  size= medium  ids= 174667 174657 174655 174653 174654 174656 ]
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