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Zero a 300

O Renault Megane R.S. se despede | Up! GTI deixa de ser vendido | Uma nova réplica de Cobra e mais!

Bom dia, caros leitores! Bem-vindos ao Zero a 300, a nossa rica mistura das principais notícias automotivas do Brasil e de todo o mundo. Assim, você não fica destracionando por aí atrás do que é importante. Gire a chave, aperte o cinto e acelere conosco.

 

Renault Megane R.S. se despede com série especial numerada

“O último” é tema recorrente hoje em dia. Parece até que é estratégia de marketing, criar uma ansiedade para aproveitar algo em seus últimos dias, mesmo se sabendo que não há coisa mais duvidosa do que saber o que acontecerá no dia de amanhã. Quiçá em toda a eternidade, coisa que a expressão “o último” define absolutamente. Não, não temos como saber se algo será realmente “o último”.

E em alguns casos, como este aqui, é o último só no nome: a Renault Sport vai virar Alpine. Não morrer, mudar de nome. Mas ainda assim, a ansiedade e tristeza pelo fim da Renault Sport corre feito fogo na relva seca. Aqui temos “Collection” e “Last Edition”; a Renault francesa agora tem um “Ultime”.

O fato é que o Megane R.S., este sim, está chegando no fim. Estreando esta semana no Salão de Tóquio, o Megane RS Ultime é uma versão de despedida do modelo. Obviamente é uma série limitada e numerada, outro artifício de marketing para criar imagem de exclusividade e oportunidade que não pode ser perdida. A produção é limitada a apenas 1976 carros. Ano de início da Reanult Sport, sacou?

O novo R.S. ganha grafismos em preto fosco nas portas dianteiras e para-lamas, assim como no capô, teto e para-choque traseiro. Um logotipo “Ultime” foi adicionado na frente, enquanto os detalhes da carroceria em preto incluem as maçanetas das portas, espelhos laterais, molduras das janelas, difusor, rodas e todos os logotipos. Lembrando que todo Megane R.S. tem um kit de carroceria de aparência mais esportiva, com frente diferente e 60 mm mais larga, paralamas traseiros alargados em 45 mm e um escapamento central.

Dentro da cabine, bancos Recaro em Alcantara preto-titânio com logotipos RS. Uma placa de metal numerada na parte inferior do console central é a prova que você comprou um R.S. especial, ainda que mais caro e pouco diferente do normal. A placa é assinada também por um certo Laurent Hurgon, um piloto de desenvolvimento, que detém os recordes de Nürburgring, Suzuka e Spa-Francorchamps para carros com tração dianteira. Não assinada por ele mesmo, um fact-simile de sua assinatura, criado por uma máquina que produziu 1976 peças. Só para deixar claro algo que devia ser óbvio em sua irrelevância.

No mais, é um Megane R.S. mais completo possível em equipamentos. O motor é o mesmo 1,8 litro turbo de 300 cv e 42 mkgf de torque, que é também o mesmo motor do Alpine A110. As rodas são Fuji Light de 19 polegadas, calçando semi-slicks Bridgestone Potenza S007 originalmente desenvolvidos para o hardcore Trophy R. O chassi é o do Megane R.S. Cup rebaixado, tem direção passiva na roda traseira e um diferencial mecânico Torsen.

O Renault Megane RS Ultime está programado para começar a ser vendido nesta primavera européia e substituirá as versões RS e RS Trophy. (MAO)

 

O VW Up! GTI para de ser vendido na Europa

O VW Up! é um carrinho diferente do normal para nossa época. Num tempo de crescente pasteurização e poucas diferenças entre propostas básicas, era uma proposta diferente. Daquelas que se ama ou odeia, sem muito meio-termo. E vamos combinar: coisas assim são muito melhores que a passividade de algo que não ofende, mas também não entusiasma ninguém.

No Brasil, vítima de uma tentativa frustrada de fazer dele um carro barato (na verdade, é um pequeno sofisticado), o carrinho saiu de linha já em 2020. Mas continuava a venda em outros mercados, inclusive na festejada versão GTI de duas portas. Até agora.

Em entrevista à edição holandesa da revista Top Gear, um porta-voz da VW anunciou o Up! GTI não pode mais ser encomendado. A notícia chega logo depois que a Autocar informou que a o carrinho já não era mais oferecido no Reino Unido. Parece que está acabando, mesmo.

A produção ainda não parou, para fechar os pedidos já feitos. E por enquanto estamos falando só do GTI: o modelo normal e o elétrico e-up permanecem à venda. Este último chegou a ser descontinuado, mas voltou à produção há cerca de um ano como uma alternativa mais barata ao ID.3. Era para ser “o último” Up! elétrico, mas deu errado. Ainda bem que não fizeram uma versão “Last Edition”.

Concebido e propagandeado na Europa como um sucessor espiritual do pequeno Golf GTI original de 1975, o Up! GTI tinha uma versão ligeiramente mais forte do 1.0 turbo que vinha no nosso TSI: 115 cv e 20 mkgf de torque (o nosso tinha 101 cv e 17 mkgf). Com carroceria de duas portas, e pesando 1.070 kg, fazia de 0-100 km/h em 8,8 segundos, e chegava a 196 km/h.

Não existe sucessor; a VW pretende substituir o Up! no final desta década com um pequeno carro elétrico, provavelmente identificado como ID.1 ou ID.2. (MAO)

 

McLaren 720S para de ser produzido; sucessor desconhecido, mas esgotado

O Mclaren 720S, um carro que, quando lançado em 2017, deixou todos estupefatos com sua capacidade de pura velocidade, chega ao fim de sua produção. A McLaren deve em breve anunciar um sucessor, mas por enquanto, anuncia o fim de seu famoso carro esporte.

Falando ao Automotive News, o presidente da McLaren para as Américas confirmou que os clientes já estão fazendo depósitos para garantir um exemplar do sucessor do carro. Aí você vê como funciona este mercado de supercarro hoje: embora o carro não tenha sido mostrado ou anunciado oficialmente até o momento, provavelmente a McLaren mostrou algo para esses clientes, que prontamente jogaram dinheiro em cima dela para garantir seu lugar na fila. É mole?

E o “novo” carro não será totalmente novo, claro: é uma evolução da mesma plataforma usada e re-usada pela companhia, que permanece totalmente atual. Apostaria um bom dinheiro que o motor será o mesmo V8 biturbo, em mais uma de suas inúmeras versões diferentes.

A Mclaren tem o Artura a venda ainda, então é incrível notar que essas encomendas prévias de um carro que nem existe teoricamente fazem sua produção já estar “esgotada até 2024”. Ainda não está claro quando o modelo será revelado ou lançado.

Para sabermos o que esperar, podemos olhar nas especificações do falecido 720S: nele o V8 biturbo de 4,0 litros tem com 720 cv e 78 mkgf de torque, que com uma transmissão de dupla embreagem e sete velocidades, permite 0-100 km/h em menos de 3 segundos e 341 km/h de final. É claro que o modelo seguinte tem que fazer mais. (MAO)

 

LMC MKII FIA: uma volta no tempo para 1965

Shelby Cobra. Como nasceu um vira-lata sem pedigree, assim continuou: é talvez o mais copiado carro da história. Qualquer um com uma fábrica de fibra de vidro já tentou, ou pensou em tentar, fazer uma réplica usando um chassi qualquer, um V8 Ford usado, e muita resina e fibra.

A qualidade varia muito, claro. Normalmente as réplicas são do último Cobra, o MkIII, que usava o V8 big-block de sete litros “427”, o mesmo motor que ganhou Le Mans no GT40. Lembrando: o MkI era de laterais retas, sem abaulamento de paralamas, pneus finos e o small-block V8 de 260 cid (4,2 litros) inicialmente, depois 289 cid (4,7 litros). O MkII era uma evolução deste, com alargamentos de paralama discretos, que ficou famoso em competição. O MkIII é mais largo, com o desenho famoso de paralamas voluptuosos, suspensão com molas helicoidais diferentes, e o enorme V8 de sete litros. Depois nos anos 1980 a AC fez o MkIV: um MkIII, mas com V8 302 (5 litros) injetado de Mustang.

De tempos em tempos aparece uma répica que entende de verdade o que faz o Cobra sensacional. Esta é uma delas: o LMC MKII FIA. A sigla significa Le Mans Coupes, uma empresa inglesa de West Sussex, e promete “uma experiência de direção muito semelhante ao original”. Usa na verdade uma carroceria de fibra de vidro criada na África do Sul, e vendida nos EUA também pela Superformance.

Começa pelo carro que os especialistas reportam ser o melhor Cobra atrás do volante, e o que melhor exemplifica tudo de bom da espécie: o MkII de competição, homologado pela FIA. É o meio termo prefeito entre o feinho MkI e o exagerado MkIII em carroceria; e como é um carro de corrida, é o melhor deles como carro esporte.

A réplica é interessante por replicar o chassi também: dois tubos grandes, tipo escada, com suspensões independentes por meio de um feixe de mola semi-elíptica transversal por eixo. O motor também é replicado com carinho: um V8 289 Hi-Po com quatro gloriosos Weber em cima. Claro que se você pedir, internamente pode ter até 5,7 litros e 500 cv; mas o melhor é ficar nos originais 4,7 litros e 380 cv. O carro pesa apenas 1200 kg, afinal.

É uma maneira de se voltar a 1965, e um tempo onde os carros esporte exigiam sacrifícios, mas recompensavam com uma experiência visceral hoje desaparecida. Se senta em cima de um Cobra, não dentro dele; é como ser atirado de um canhão, pelado.

E ainda assim, o desempenho é moderno: 0-100 km/h em 5 segundos, e uma final insuportável pela ventania de 240 km/h. Com o V8 de 500 cv (ainda mais rápido), custa £118,000 (R$ 743.400) na Inglaterra. Se você tem os meios, recomendamos fortemente. (MAO)