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O único Mercedes-Benz CLK GTR do Brasil está indo embora

O Mercedes-Benz CLK GTR é um dos carros mais icônicos da história da Mercedes, do Endurance mundial e dos anos 1990. Foram feitas apenas 26 unidades de rua para homologar a versão de corrida, ainda mais rara, com apenas 7 exemplares. Mas apesar de sua raridade, uma delas viveu no Brasil entre o fim dos anos 1990 e o começo desta semana. Sim: viveu. Pois ela foi embora.

O modelo foi trazido no fim dos anos 1990 por Alcides Diniz, um famoso empresário paulista que morreu em 2006. Diniz era apaixonado por carros e automobilismo. Tão apaixonado que construiu o autódromo da Capuava em sua fazenda. Lá também criou a Capuava Racing e formou uma coleção de carros de causar inveja a muitos colecionadores famosos. Que tal um Bugatti EB110? Ou um Lister Storm? Ou ainda um Aston Martin DB9R? E um CLK DTM? Estes eram apenas alguns dos carros de Diniz.

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O carro ao lado do Pontiac Trans Am Indy 500 Pace Car de Emerson Fittipaldi. Foto: Gabriel Elero

O grande destaque mesmo era o Mercedes-Benz CLK GTR, uma versão de corrida equipada com uma variação do motor V12 M120, preparada pela AMG e batizada LS600. A potência era de cerca 630 cv, segundo o regulamento da categoria GT1 da época. O carro foi usado em provas do automobilismo nacional, e quem viu o V12 urrando na entrada da reta de Interlagos diz que é uma memória visual e sonora difícil de esquecer.

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Foto: Gabriel Elero

Após a morte de Diniz, a família não tinha intenção de preservar a coleção — mais que dinheiro, uma coleção desse porte exige dedicação pessoal — e a vendeu aos poucos. Segundo consta (e até onde apuramos) o carro foi comprado por um colecionador brasileiro e até agosto foi mantido no museu JORM, no autódromo de Interlagos. Há algumas semanas ele foi levado de volta à garagem do proprietário antes de finalmente ser vendido.

Detalhes deste tipo de transação são sempre bastante sigilosos, porém estima-se que o modelo tenha sido vendido a um colecionador americano por cerca de US$ 2 milhões — um valor relativamente baixo para um CLK GTR Race Car. As fotos que ilustram este post foram feitas durante o embarque do carro no aeroporto de Viracopos, em Campinas, e nos foram enviadas por Whatsapp. A imagem acima mostra a etiqueta da empresa responsável pelo transporte do carro para o aeroporto internacional de Los Angeles (LAX). De lá o carro seguirá para os Emirados Árabes Unidos.

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Claro, é triste saber que um dos supercarros mais icônicos já produzidos acelerava por aqui e agora está indo para outro país. Mas, de certa forma, faz sentido: manter um carro deste no Brasil faz cada vez menos sentido com a situação dos autódromos e nacionais e do nosso automobilismo. Carros de corrida foram feitos para acelerar nas pistas.