A cultura automotiva japonesa nunca esteve tão em evidência quanto agora. Por isso, decidimos fazer aos leitores uma pergunta que parece simples, mas não é tanto assim: qual é o carro japonês mais emblemático de todos os tempos?
Nossa sugestão foi a geração R32 do Nissan Skyline GT-R, o primeiro da linhagem moderna e, na opinião de boa parte dos fãs, o mais bonito de todos. Agora, vamos ver as respostas de vocês!
Nissan Skyline 2000GT-R Hakosuka
Sugerido por: Dan da Mata
Versão esportiva da primeira geração do Skyline, o 2000 GT-R era um sedã de visual mais agressivo, mas ainda civilizado, equipado com um belíssimo seis-em-linha de dois litros, o S20. Derivado dos motores de competição, tinha deslocamento de 1.996 cm³, comando duplo no cabeçote e injeção mecânica de combustível, o que garantia 160 cv a 7.000 rpm e 17,7 mkgf de torque a 5.600 rpm — o bastante para chegar aos 195 km/h. Detalhe: em 1969!
O visual era agressivo, mas ainda civilizado, e o carro tinha suspensão independente nas quatro rodas — McPherson na dianteira, braços semi-arrastados na traseira. O interior trazia bancos individuais, alavanca de câmbio no chão e um volante de três raios de metal — elementos sempre associados aos esportivos da época.
Em 1970, a Nissan apresentou a versão cupê do GT-R — e, com ela, o visual clássico do Skyline 2000GT-R: entre-eixos mais curto, uma pequena janela traseira e para-lamas com molduras pretas e rebites aparentes. Nem precisamos dizer que, logo, os fãs japoneses de esportivos foram conquistados, não é? Ele até ganhou um apelido — Hakosuka, que vem de hako (que pode ser entendido como “caixote”) e suka, uma abreviação para a pronúncia japonesa de Skyline. Esse tipo de coisa só acontece com carros que têm carisma.
Honda S500
Sugerido por: nós mesmos
Fundada em 1955, a Honda não precisou de mais que quatro anos para se tornar a maior fabricante de motocicletas do planeta. Assim, em 1962, Soichiro Honda decidiu que era hora de expandir sua atuação, e começaram a surgir os primeiros esboços de um roadster com motor de moto.
Assim, em junho daquele ano, a Honda apresentou S360, um roadster equipado com com um quatro-cilindros de apenas 356 cm³ e 30 cv a 8.500 rpm. A ideia era criar um esportivopopular, barato e capaz de chegar aos 100 km/h.
A ideia era boa e foi aperfeiçoada, dando origem ao Honda S500, que foi lançado em outubro de 1963 e, assim, tornou-se o primeiro automóvel produzido em série pela Honda. Só com isto, sua inclusão nesta lista já está mais do que justificada.
O motor era pequeno, com apenas 531cm³, mas tinha quatro carburadores, duplo comando no cabeçote e disposição para girar: entregava 44 cv a 8.000 rpm e era o corte de giro vinha estratosféricos 9.500 rpm. Por estas características, o pequeno quatro-cilindros era considerado um “mini motor de Fórmula 1”. A transmissão era manual, de quatro marchas, e a tração era traseira por corrente. A suspensão era independente nas quatro rodas — barras de torção na dianteira e coilovers diagonais na traseira —, algo que, somado ao baixíssimo peso de 725 kg, garantia um comportamento mais do que animado. Dava até para chegar aos 130 km/h!
Toyota Supra Mk4
Sugerido por: TheCanadian
O Toyota Supra de quarta geração é um dos ícones da cultura automotiva noventista. E não estamos falando apenas de dentro do Japão – com Gran Turismo e Velozes e Furiosos, só para citar dois exemplos, o Supra tornou-se um esportivo adorado mundialmente.
E a adoração é justificada: ele é um carro absurdamente bonito, com linhas limpas e suaves e proporções que dão a impressão de se tratar de um carro maior. Tem um seis-em-linha de três litros com dois turbos capaz de entregar pelo menos 280 cv quando original de fábrica e, como outros motores da época, era projetado para suportar muito mais potência sem modificações muito radicais. Tanto que, hoje em dia, um Supra Turbo Mk4 completamente original é coisa rara.
Além disso, você acha que todo o hype em torno da nova geração do Supra, que já dura mais de dez anos (na real, é algo que já vem desde 2002, quando ele deixou de ser produzido) é por acaso?
Mazda RX-7
Sugerido por: ThurinFunFly
Outro que você vai lembrar por seu impacto cultural: o Mazda RX-7 da geração FD, a última, produzida de 1991 a 2002, apareceu em games, filmes e animes como Initial D e Wangan Midnight e também se tornou um ícone cultural. E ele também é um carro belíssimo, porque aparentemente os designers japoneses da década de 1990 estavam competindo entre si.
Só que o RX-7 tem outra característica marcante: o motor rotativo Wankel, que não tem pistões e ronca feito um enxame de abelhas furiosas – sabemos que este é o maior clichê do mundo, mas é mentira? Além disso, o chamado 13B impressiona por sua potência específica: com dois turbos, o Wankel de 1,3 litro entrega 280 cv.
Infelizmente, diferentemente do Supra, o RX-7 provavelmente não vai voltar. O suposto novo carro com motor rotativo da Mazda não será um novo RX-7, mas sim um modelo novo chamado RX-9. Por outro lado, já nos daríamos por satisfeitos com um novo esportivo motivo pelo doritos power…
Toyota 2000GT
Sugerido por: BK
No mesmo país que deu ao mundo o Nissan Skyline GT-R, o Toyota Supra Mk4, o Mazda RX-7 e diversos outros esportivos lendários, um grand tourer com um seis-em-linha de dois litros e 150 cv é considerado um verdadeiro mito sobre rodas. Há até quem o chame de “o primeiro supercarro da história do Japão”.
Claro, ele não tem um V8, V10 ou V12 girador atrás dos bancos, mas seu motor não faz feio: alimentado por três carburadores Solex, com comando duplo no cabeçote e projetado com a ajuda da Yamaha, o seis-em-linha é capaz de levar o carro, que pesa apenas 1.150 kg, até os 217 km/h. Lembre-se estamos falando de um esportivo fabricado entre 1967 e 1970.
O visual belíssimo é inspirado pelos GT britânicos, em especial o Jaguar E-Type, enquanto o interior é luxuoso, confortável e muito bem acabado. Aliás, diferentemente do E-Type, que tinha apelo popular (é difícil de acreditar, sabemos), o Toyota 2000GT era um carro bem exclusivo, com apenas 343 unidades produzidas.
Subaru Impreza WRX STi 22B
Sugerido por: MadSubaru (o que não nos surpreende nem um pouco)
Baseado na primeira geração do Subaru Impreza WRX, o STi 22B é considerado sua melhor versão. Ele foi lançado em1998 para comemorar os 40 anos da Subaru como fabricante de automóveis e também o terceiro título do WRC consecutivo para a equipe de rali, conquistado naquele ano.
O motor era um flat-four de 2,2 litros capaz de entregar ao menos 280 cv (mais de 300 cv, na prática) a 6.000 rpm e 36,7 mkgf a 3.200 rpm, acoplado a um câmbio manual de cinco marchas que era considerado um dos melhores na época, apesar da embreagem que funcionava como um botão e tornava a pilotagem em alta velocidade bastante desafiadora.
Os amortecedores eram especiais, da Bistein (dizem que o nome 22B vem do deslocamento do motor e da marca dos amortecedores, aliás), e a carroceria era pintada em um tom de azul especial, mais vibrante, e só estava disponível como cupê (sedã de duas portas, prática, mas isto é só um detalhe).
Foi planejada a produção de 400 unidades para o mercado japonês, custando três vezes mais do que um WRX comum na época. Isto não impediu que o fãs disputassem o carro a tapa, com os mais devotos até dispostos a pagar o equivalente a 7 mil dólares por um certificado de autenticidade. Para se ter ideia de como o carro foi cobiçado, e do tamanho do culto ao WRX no Japão, saiba que todas elas foram vendidas em questão de dias — alguns relatos dizem até que os carros estavam esgotados meia hora depois do lançamento. Nos parece exagero, mas não impossível.