Está marcada para hoje a estreia do trailer de “Velozes e Furiosos 9” (Fast & Furious 9), no qual provavelmente saberemos mais detalhes a respeito da história e dos personagens. Há alguns dias foi divulgado um teaser que mostra Dom Toretto, Letty Ortiz e o filhinho do casal, Brian, vivendo uma vida tranquila em uma fazenda. Dom até diz que, depois de ter virado pai, não pode mais “viver a vida um quarto de milha de cada vez”.
Ainda não é assinante do FlatOut? Considere fazê-lo: além de nos ajudar a manter o site e o nosso canal funcionando, você terá acesso a uma série de matérias exclusivas para assinantes – como conteúdos técnicos, histórias de carros e pilotos, avaliações e muito mais!
Entretanto, dá para ver o Dodge Charger preto, que o acompanha desde o primeiro filme, bem no cantinho da tela. E um dos pôsteres de “Velozes e Furiosos 9” também mostra parte do carro. O final do teaser deixa claro que algo muito sério está para acontecer, e hoje teremos uma ideia melhor do que poderá ser.
De qualquer forma, como que se fosse combinado, o mais recente vídeo que Craig Lieberman – como você deve lembrar, o coordenador de veículos dos três primeiros V&F – postou em seu canal trata justamente do Dodge Charger original. No vídeo, Lieberman conta a verdadeira história do carro e dá detalhes sobre a caracterização e a produção das cenas no primeiro filme. E também desmonta alguns mitos acerca do muscle car.
Agora, por mais que Craig seja o responsável pela seleção dos carros do primeiro filme, nem mesmo ele consegue responder algumas coisas. Isto porque, embora Lieberman cuidasse dos carros, quem fez o trabalho de procurar, modificar e caracterizar os exemplares do Charger foi uma empresa terceirizada, a Cinema Vehicle Services – por isso, a Universal não teve tanto envolvimento com o muscle car quanto teve com os imports (que, afinal, eram a especialidade de Craig.
Por outro lado, Lieberman ficou a par de muita coisa. Ele confirma, por exemplo, que na história o Charger é um 1970 que Toretto e seu pai montaram juntos, mas que ao menos dois carros usados nas cenas mais arriscadas eram exemplares de 1969 caracterizados como carros de 1970.
O hero car, por exemplo (chamado “hero 1” pela produção) era um 1970 de fato. E ele foi o único a receber um motor preparado de verdade – um Hemi do final da década de 1950, com o deslocamento ampliado de 392 pol³ (6,4 litros) para 445 pol³ (7,3 litros), supercharger Mooneyham 6-71, admissão Cragar, injeção mecânica de combustível (com acerto para etanol) e escape Flowmaster. Na história, fala-se em 900 cv – e, considerando que o Supra tinha cerca de 600 cv e pesava mais, visto que o Charger tinha interior aliviado e pneus de competição, tecnicamente ele teria vencido a última corrida do filme com folga.
De qualquer forma, Craig revela que o motor de verdade só foi usado para a cena da garagem, quando o Charger aparece pela primeira vez. Ele literalmente foi instalado no carro só para aquela cena, retirado e devolvido à empresa que o montou – a californiana Chuck Taylor Racing Engines. Depois, foi instalado um motor V8 383 ou 440 (outra informação que Lieberman não consegue esclarecer com 100% de certeza). Os superchargers e scoops que aparecem depois são todos cenográficos, fixados em uma chapa de metal sob o capô dos carros.
O ronco do motor também é falso – e, segundo Lieberman, é também uma falha na produção: foi usado um motor V8 Hemi naturalmente aspirado para captar o som, o que se percebe pela ausência do zunido da polia do supercharger. Hoje em dia, o “hero 1” pertence a um colecionador italiano.
Os outros quatro carros utilizados em situações distintas também seguiram caminhos diferentes. O carro usado nas cenas de ação não muito arriscadas, e também para captação de áudio, por exemplo, foi devolvido à CVS e seu paradeiro hoje é desconhecido. Os outros três carros, todos usados em acrobacias (“stunt 1”, “stunt 2” e “stunt 3”) também foram entregues à empresa.
O “stunt 1”, que provavelmente era um Charger 1970 de acordo com Craig, o único que ainda está com a Universal, que o pegou de volta para realizar ações promocionais. Aquele carro foi usado na cena onde Dom derruba um dos motociclistas que os perseguem.
O Charger “stunt 2”, um 1970, que acerta a dianteira do caminhão depois de saltar pelos trilhos do trem (usando rampas que foram apagadas digitalmente na pós-produção), foi vendido em 2015 pela Mecum Auctions – exatamente da forma que estava, sem qualquer tipo de restauração após decolar.
Já o Charger “stunt 3”, que foi adaptado para empinar a dianteira no começo da corrida entre Dom e Brian, era um 1969. Seu paradeiro no momento também é desconhecido.
Na prática, isto significa que, embora as chances de estes carros estarem destruídos em algum ferro velho, eles também podem ser encontrados em algum momento – como aconteceu com outro muscle car que se tornou icônico em Hollywood muito tempo antes: um tal de Mustang Bullitt…