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Car Culture Games

Os veículos mais icônicos que só existem nos games | Parte 1

O barato dos videogames é que eles te proporcionam experiências que seriam impossíveis na vida real. Em The Sims, por exemplo, você pode ter um emprego bacana, uma bela vida social, uma casa maneira e ainda dormir oito horas por noite, sentindo-se descansado e disposto ao acordar. Brincadeiras à parte, esta é mesmo uma das coisas mais legais dos jogos. E isto inclui a possibilidade de dirigir veículos que não existem de verdade – embora desejássemos com todas as nossas forças que sim.

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Foi pensando nisso que tive a ideia de selecionar aqui alguns veículos icônicos dos jogos de videogame. Não apenas games de corrida, mas todos os tipos de game nos quais, em algum momento, um veículo tem um papel importante. Há certo viés pessoal na escolha, claro, mas vocês não vão se importar. Decidi incluir games modernos e antigos, e optei por evitar ao máximo incluir carros que são obviamente inspirados em veículos que existem, mas tiveram seus nomes trocados por não serem licenciados junto às fabricantes.

 

Quartz Regalia – Final Fantasy XV

Começando por um game menos óbvio: Final Fantasy XV, mais recente título da icônica franquia da Square Enix lançado em novembro de 2016 para PC, XBox One e PlayStation 4. O RPG te coloca em um mundo gigantesco, cheio de criaturas impressionantes e literalmente centenas de quests para resolver. A diferença principal é que, em vez viajar a pé ou de aeronave, como nos títulos antigos, seu principal meio de transporte é um carro: o Quartz Regalia.

O protagonista de FFXV é um príncipe chamado Noctis, e sua missão ao longo do game é enfrentar o maléfico império de Niflheim para assumir o trono deixado por seu pai. Sendo um príncipe, é natural que Noctis tenha um carro bacana – e, bem, no mundo de Final Fantasy XV, o Regalia é o melhor carro que existe.

O carro é um elemento crucial da história e um elo muito forte entre Noctis e os três amigos que o acompanham em sua jornada, e simboliza a liberdade do mundo aberto de Final Fantasy XV. Trata-se de um conversível de cinco lugares com ares de Maybach Exelero e Cadillac Cien, com um quê de Rolls-Royce. O produtor Hajime Tabata, durante um evento em Tóquio, afirmou que de fato os Rolls-Royce foram sua grande inspiração.

O game não dá detalhes sobre as especificações técnicas do carro, mas oferece algumas opções de customização como um supercharger, faróis especiais para afastar demônios à noite e verniz transparente para proteger a pintura. Ao longo da história também é possível adquirir duas modificações diferentes: Regalia D-Type, que dá ao carro eixos do tipo portal e pneus de monster truck, e F-Type, que transforma o Regalia em um carro voador – um carro voador de verdade, e não um mini-avião disfarçado.

Nota pessoal: eu gosto tanto deste carro que escolhi uma foto da equipe com ele como recordação ao terminar o Final Fantasy XV.

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Agora, embora não existam informações técnicas do Regalia em Final Fantasy XV, o carro também está disponível em Forza Horizon 3 como conteúdo especial – com especificações: um V12 de 7,2 litos com supercharger, 439 cv e 70,6 kgfm de torque, moderados por uma caixa automática de oito marchas (aposto que da ZF…).

 

Bravado Banshee – Grand Theft Auto

A lista de carros emblemáticos da série Grand Theft Auto é gigantesca, mas o Banshee provavelmente é o mais icônico entre os esportivos. Para o contexto desta lista, porém, o Bravado Banshee é o que faz mais sentido. Além de ser um dos mais conhecidos, ele manteve seu design praticamente inalterado nos títulos do chamado “Universo HD” – GTA IV (2008) e GTA V (2013).

Em 2008, pela primeira vez o Banshee ganhou uma fabricante, a Bravado, especializada em esportivos. E, bem, eu disse que tentaria evitar ao máximo falar de carros inspirados na vida real, mas o Banshee pode ser a exceção: em GTA V o Banshee estreou seu design atual, que lembra em silhueta e proporções o Dodge Viper da última geração, porém com uma dianteira inspirada pelo Mazda RX-7 FD e as lanternas traseiras praticamente copiadas do Aston Martin DB9. Já o interior bebe da fonte do Toyota Supra A80, com mostradores circulares voltados para o motorista.

O motor do Banshee é um V8 biturbo de 4,9 litros (300 pol³), acoplado a uma caixa manual de cinco marchas. Não há números de potência, torque ou aceleração, mas de acordo com os arquivos do game, o Banshee é capaz de chegar aos 160 km/h – o que, para qualquer um que já tenha acelerado um destes, soa extremamente modesto.

 

Vale lembrar que o Banshee já recebeu uma versão “de verdade” feita pela West Coast Customs, usando justamente o Viper como base. Em sua última aparição, em meados de 2018, ele estava anunciado no eBay por US$ 63.000 (cerca de R$ 263.000 em conversão direta, janeiro de 2019). Parece um bom negócio, considerando que isto é uns US$ 20.000 a menos que o preço de um Viper todo original usado.

 

Cannibal – Top Gear

Já ouviu a frase “vermelho corre mais?” No caso de Top Gear, o icônico game do SNES lançado em 1992, é bem verdade: o Cannibal, um dos quatro veículos disponíveis, era o que tinha a maior velocidade máxima: 237 km/h. E, quando se é criança, a regra do “vermelho corre mais” é levada a sério. Já entrei em algumas discussões acaloradas por causa disto.

O Cannibal era inspirado claramente na Ferrari Testarossa, flagship com um flat-12 que a fabricante italiana colocou no mercado em 1984 – e que, com seu motor de 4,9 litros e 390 cv, era capaz de chegar aos 290 km/h. Há 35 anos, um belo desempenho.

No game, o Cannibal era o mais veloz, mas perdia para todos os outros em aderência (baixa), consumo de combustível (alto) e aceleração (5,9 segundos para chegar aos 100 km/h). Com isto, nem sempre ele era a melhor escolha. Mais prudente era escolher um carro mais equilibrado, como o SideWinder (o carro branco), que ia de zero a 100 km/h em 3,5 segundos, tinha bastante aderência, consumo baixíssimo e chegava “só” aos 210 km/h.

Mas o Cannibal ainda é o mais lembrado – afinal, vermelho corre mais!

 

Red Bull X2011 – Gran Turismo 5

Hoje em dia Gran Turismo Sport está cheio de carros conceituais exclusivos do jogo – dezenas, literalmente, de várias fabricantes do mundo real. Mas em 2010, quando o mais recente título da franquia da Sony era Gran Turismo 5, este conceito ainda era relativamente novo. E foi justamente em GT5 que um dos carros exclusivamente virtuais mais icônicos dos últimos anos foi apresentado: o Red Bull X2011.

Sua premissa era o sonho de muitos entusiastas: um carro de corrida feito sem qualquer tipo de restrição imposta por regulamentos – o objetivo do X2010 era ser simplesmente o mais rápido possível. E, bem, ele era.

Gran Turismo se vende como um simulador. Embora alguns discordem, é inegável que eles levam o design de seus carros exclusivos a sério – e, no caso do X2010, a pareceria com a Red Bull Racing colocou Adrian Newey (que provavelmente é um dos maiores projetistas da história da Fórmula 1) a cargo do design e da aerodinâmica. Mesmo que não exista ar de verdade nos games, simulações computadorizadas dão conta – a ponto de Newey incluir até mesmo uma ventoinha para dar efeito solo ao X2010.

O motor é um V6 biturbo de 1.557 cv – o que, com o peso de absurdos 545 kg do X2010, garante uma relação peso/potência de 0,35 kg/cv. Um peso pena, indeed. Resultado: o X2010 é capaz de ir de chegar aos 506 km/h, e de dar uma volta completa em Nürburgring Nordschleife em pouco mais de três minutos. Chega a dar vertigem.

 

Morgana – Persona 5

Este aqui é uma escolha pouco usual – mas é um carro que eu não queria deixar de fora. Depois de terminar Final Fantasy XV e procurar outro RPG para tomar meu tempo livre, encontrei Persona 5 – o quinto título da série Shin Megami Tensei. Como os outros PersonaP5 conta a história de um jovem desajustado que enfrenta entidades malignas que se apossam das pessoas em um mundo paralelo. Mas os gráficos com estilo de anime, a trilha sonora e o combate por turnos extremamente criativo e bem resolvido fizeram com que muitos fãs de longa data da franquia o considerassem o melhor de todos. E, realmente, o game é muito bom.

A questão aqui é que um dos personagens principais é um gato chamado Morgana. No mundo real, ele é um gato normal – exceto que falante. No mundo paralelo onde os combates do jogo acontecem, ele toma duas formas diferentes: a de um gato humanoide com uma cabeça enorme, ou… de uma van. Sim, uma van – e você entra nele para percorrer um labirinto subterrâneo cheio de demônios.

 

Mas não estamos falando de qualquer van: a forma de quatro rodas de Morgana é inspirada na Citroën H Van, que foi produzida pelos franceses entre 1947 e 1981. Com tração dianteira, uma carroceria quadrada com chapas corrugadas, componentes compartilhados com o restante da família (como o motor e câmbio do Traction Avant e os faróis do Citroën 2CV), somados ao visual inusitado típico dos Citroën da época, a H Van era uma van honesta, cheia de personalidade e muito robusta – era possível levar até mesmo um cavalo no compartimento de carga.

O fato de ela ter sido escolhida para inspirar o carro-gato de Persona 5, para mim, foi um exemplo de bom gosto.

 

M12 Warthog – Halo: Combat Evolved

Halo, lançado para o primeiro XBox em 2001, é considerado um dos games de tiro em primeira pessoa mais emblemáticos de todos os tempos. Ambientado no século 26, o game te colocava na pele de Master Chief, um super-soldado melhorado ciberneticamente para lutar em uma guerra interplanetária entre o Planeta Terra e uma aliança alienígena aristocrática chamada The Covenant. A jogabilidade, a ambientação e os gráficos marcaram época e, para muitos, a simples existência de Halo justificava a opção pelo XBox em vez do Nintendo Gamecube ou o PlayStation 2 da Sony.

Acontece que, além de combater a pé, você também tinha a opção de conduzir alguns veículos – e o mais bacana deles certamente era o M12 Warthog, um buggy 4×4 utilizado pelas  United Nations Space Command Armed Forces como veículo de reconhecimento, ambulância, mobilização estratégica e transporte de armas. A desenvolvedora Bungie chegou até mesmo a revelar suas especificações técnicas, citando um motor movido a célula de combustível de hidrogênio – que, segundo os arquivos do game, tornou-se o principal combustível usado por veículos no século 22. Equipado com um sistema capaz de converter água salgada em hidrogênio, o Warthog pode percorrer até 790 km antes de precisar ser reabastecido. E, como uso do freio de mão para travar as rodas traseiras, ele até consegue fazer curvas apertadíssimas – mesmo com seis metros de comprimento e mais de 3.000 kg na balança.

Fora do game, o Warthog também tem outro aspecto interessante: ele demonstra muito bem uma técnica de renderização chamada texture mapping, que permite simular superfícies tridimensionais usando apenas imagens 2D pré-renderizadas. A equipe da Bungie conseguiu texturas extremamente realistas e profundidade ímpar nos modelos de Halo sem usar polígonos, permitindo que ao sistema utilizasse sua capacidade de processamento com outras coisas.

 

Super Vehicle-001 – Metal Slug

Metal Slug é um dos side scrollers de tiro mais famosos e populars do planeta. Trilha sonora impecável, personagens carismáticos e jogabilidade divertidíssima fizeram da série um sucesso nos fliperamas e consoles.

O jogo tem este nome por causa do Super Vehicle-001, apelidado Metal Slug. Isto porque, obviamente, ele é feito de metal, e porque pode rodar “abaixado”, se arrastando como uma lesma. De acordo com a SNK, o Metal Slug pesa 2.850 kg, tem 2.163 mm de altura, 2.266 mm de largura e 2.575 mm de comprimento. Ele é movido por um motor de turbina a diesel e é capaz de chegar aos 36 km/h.

O tanque possui blindagem de urânio, cerâmica e Kevlar, e possui um sistema anti-minas na dianteira, um conjunto hidráulico para saltar e passar por cima de obstáculos íngremes. Infelizmente, apesar de tudo isto, ele só consegue aguentar três ou quatro tiros antes de explodir…