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Car Culture

Ouça o rugido monstruoso de um V12 LS de 9,5 litros e 800 cv

É fácil entender por que o motor V8 LS da General Motors é tão popular: ele é tradicional, robusto, potente e possui uma vasta oferta de peças para manutenção e preparação. Mas sabe do que ele precisa? De quatro cilindros a mais. Ou ao menos esta é a opinião de uma empresa chamada Race Cast – que, contrariando o senso comum, não fica nos EUA, mas sim na Austrália.

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Faz pelo menos quatro anos que a Race Cast está aperfeiçoando seu motor V12 LS – isto mesmo: um motor de 12 cilindros, como em uma Ferrari ou Lamborghini; porém com comando no bloco e virabrequim cruzado, como em um Corvette ou Camaro das antigas. Para quem gosta de torque em baixa e lenta embaralhada, é como entrar no paraíso.

Ou melhor, ouvir o paraíso. Eis um vídeo de 2016, no qual os caras estavam testando uma versão preliminar do motor V12 LS em um dinamômetro de bancada:

Aqui, eles mesmos demonstraram o potencial do motor para loucuras – que tal uma Besta (aquela mesmo que te levava para a escola na década de 1990) com um V12 central-dianteiro? Veja-a em ação a partir dos 4:30 do vídeo:

Quando falamos em “loucura”, não estamos brincando – os caras simplesmente adaptaram a estrutura da Besta para acomodar o V12 e seus coletores de escape feitos sob medida, e mantiveram seus demais aspectos técnicos, como a suspensão por feixes de mola longitudinais. Por sorte, tratava-se apenas de uma plataforma de testes para o motor, porque a dinâmica de uma van com um V12 de mais de 800 cv sem outras modificações para equilibrar as coisas deve ser um perigo…

A Race Cast teve a ideia há cerca de cinco anos, quando Matt Corish, um dos fundadores da empresa, percebeu que havia muitos projetos extremamente sofisticados, com quase tudo feito sob medida – chassi, suspensão carroceria e interior – e, debaixo do capô, um V8 LS de prateleira, sem qualquer tipo de modificação.

Sendo dono de uma empresa que já fazia motores V8 sob medida, Matt decidiu elevar o nível e oferecer um motor maior e mais potente, porém que tivesse a mesma arquitetura e a mesma disponibilidade de peças que o popular motor de oito cilindros da GM – e, ao mesmo tempo, que fizesse o carro equipado com ele se destacar dos demais.

O Camaro do vídeo acima é um exemplo – um carro bem mais sofisticado que a Besta V12. Feito para o SEMA Show em 2016, ele aproveitou o primeiro motor que a Race Cast fez usando seus próprios moldes. Com 12 corpos de borboleta individuais, ele foi acertado com o comando de válvulas mais manso para entregar por volta de 800 cv – mas não precisa de mais que um comando mais bravo para garantir pelo menos 1.000 cv. E ele é totalmente legalizado para rodar em vias públicas:

V12 LS out on the highway

Crusin' to the Eastwood show on Saturday

Posted by V12ls.com on Tuesday, July 31, 2018

Mas afinal, como o V12 LS surgiu, e como ele é feito?

O primeiro protótipo do motor V12 LS foi feito juntando dois blocos de Holden Commodore, mais cabeçotes, virabrequim e comando de válvulas feitos sob medida – só para ver se daria certo. E deu: logo de cara o motor entregou 700 cv no dinamômetro.

O projeto foi refinado ao longo do tempo, mas a empresa fez questão de manter o máximo de compatibilidade possível com os componentes de preparação já disponíveis no aftermarket. Assim, embora o bloco seja feito sob medida, bem como o virabrequim, os cabeçotes e o comando de válvulas, demais peças como as próprias pistões, bielas, anéis e demais periféricos são os mesmos já empregados em motores LS preparados. Pistões Wiseco ou JE e bielas K1, por exemplo, são totalmente compatíveis, bem como peças fornecidas por outras empresas.

A Race Cast diz que, embora o projeto tenha começado como um “copia-e-cola”, partindo do V8 e adicionando mais “meio V8”, eles aproveitaram a oportunidade para melhorar alguns pontos, como a adição de reforços entre as bancadas de cilindros, além de redesenhar as galerias de arrefecimento para melhorar sua eficiência.

A empresa oferece versões de alumínio ou de ferro fundido, dependendo da aplicação – a versão de alumínio pesa 191 kg, enquanto o motor com bloco de ferro fundido pesa 265 kg. É uma diferença de 74 kg, porém o bloco de ferro fundido é consideravelmente mais resistente e, por conta disto, mais indicada para projetos sobrealimentados com bastante pressão. Isto posto, a montagem do motor é idêntica independentemente do material usado no bloco.

Com bloco de ferro fundido, o motor tem 9,5 litros de deslocamento (580 pol³), com 104,7 mm de diâmetro e 92 mm de curso. Já o bloco de alumínio têm cilindros de diâmetro ligeiramente menor, com 103,2 mm, o que resulta em deslocamento de 9,2 litros (564 pol³). Ambos, porém, têm potencial para entregar entre 700 e 800 cv, dependendo do acerto, usando um comando de válvulas mais manso. Com comando bravo, de competição, a potência pode passar dos 1.000 cv usando combustível de alta octanagem (mais de 100 RON). Isto sem qualquer tipo de indução forçada.

É importante frisar que, apesar do deslocamento astronômico, o V12 LS continua sendo um small block – motores big block têm diâmetro dos cilindros muito maior, paredes muito mais grossas, cabeçotes gigantescos, pistões e bielas muito mais robustos… enfim, dimensões totalmente superlativas. Como o Juliano explicou no Dicionário Muscle Car, não há uma distinção “oficial” entre big block e small block, mas a diferença é visível. Tecnicamente, mesmo que vosse um V16, o motor da Race Cast continuaria sendo um small block.

Um dos pontos positivos do V12 LS em relação ao V8 é o equilíbrio inerente a esta configuração – a ordem de ignição e a quantidade de cilindros, bem como o ângulo de 90° entre as bancadas. A Race Cast diz que isto torna seu V12 apropriado para uma grande variedade de project cars, incluindo automóveis que vêm de fábrica com motor seis-em-linha ou V8. Segundo eles, o motor é cerca de 22 cm mais longo que um V8 small block LS, com praticamente o mesmo comprimento de um seis-em-linha moderno.

A Race Cast oferece algumas opções para quem quiser comprar seu motor. É possível adquirir o bloco acompanhado de componentes como cabeçotes, juntas, comando, tampa de válvulas, de modo que o cliente possa montá-lo com componentes à escolha, por US$ 29.300 (cerca de R$ 152.300 em conversão direta).

Quem preferir pode comprar o motor já com pistões JE e bielas K1, mais tudo o que for necessário para montá-lo, por US$ 44.500 (cerca de R$ 231.300); ou então investir logo em um turn-key, incluindo sistema de injeção Haltech e toda a eletrônica, pronto para instalar e rodar, por US$ 55.200 (por volta de R$ 287.000). Estes são os preços de base, e podem variar dependendo das especificações escolhidas.

A empresa só não fornece coletores de escape, visto que estes geralmente precisam ser feitos sob medida para cada projeto, dependendo das dimensões do cofre; e nem o sistema de arrefecimento. No caso deste último, porém, eles recomendam o uso de um radiador similar ao de um V8 big block. Basicamente, pelo preço certo, a Race Cast dá o caminho das pedras para quem quiser montar um monstro de 12 cilindros.