mais de dois anos se passaram desde que publicamos nossa materia com os mitos sobre os limites de velocidade foi um assunto polemico publicado no dia seguinte ao resultado das eleiçoes municipais que testemunharam uma acalorada discussao sobre os limites de velocidades das marginais em sao paulo de um lado um candidato insistia na ideia de que os limites mais baixos nas marginais haviam salvado vidas apoiado por um eleitorado ativo que comprou a conversa da velocidade fatal no outro um candidato que captou a opiniao publica e usou o aumento dos limites como uma das plataformas eleitorais apoiado por um eleitorado que da noite para o dia se tornou infrator e potencial assassino ao volante em vez de um debate produtivo o que se seguiu foi uma histeria coletiva um grupo de cicloativistas chegou a exigir que a prefeitura apresentasse documento garantindo que ninguem morreria no transito como se fosse possivel impedir o livre arbitrio por açao do estado especialistas dividiram opinioes mostrando que nao ha uma certeza quando se trata de transito brasileiro e o ativismo falou mais alto nos dois lados no meio disso os carros as motos os onibus os caminhoes os ciclistas e os pedestres continuaram circulando nos primeiros meses a imprensa e os ativistas fizeram marcaçao cerrada chegando a divulgar relatorios parciais mensais e comparando numeros avulsos com o mesmo periodo de outros anos como se fosse possivel medir a eficiencia de medidas de segurança no transito fora de contexto sem considerar volume de carros e velocidade media por exemplo carros motos onibus caminhoes ciclistas e pedestres continuaram circulando o tempo foi passando e o assunto esfriando em 2018 com a eleiçao presidencial se aproximando a discussao publica tomou outro rumo e o assunto dos limites de velocidade de repente ja nao era tao importante como em 2016 apesar disso ha exatamente um ano publicamos um post tratando do assunto no qual listamos todos os acidentes fatais ocorridos nas marginais em 2017 e pudemos ver que apesar do numero sutilmente mais elevado que em 2016 quando os limites eram mais baixos foram 32 em 2017 e 27 em 2016 o aumento nao teve relaçao direta com a velocidade agora passados dois anos desde o aumento dos limites o sistema infosiga atualizou os dados com o de acidentes fatais em 2018 nas marginais e os numeros corroboram a analise que temos feito desde 2015 quando a prefeitura tomou a decisao de reduzir os limites de velocidade nas marginais o numero de acidentes fatais nas marginais em 2018 exatamente o mesmo de 2016 no total 27 pessoas perderam a vida em acidentes com os limites de 90 km/h nas marginais o mesmo numero de vidas perdidas em 2016 com limites de 70 km/h isso em numeros absolutos colocados em um contexto de crescimento da populaçao 11 9 milhoes em 2016 12 1 milhoes em 2018 — sao 300 000 habitantes a mais crescimento da frota 7 2 veiculo/habitante em 2016 vs 7 2 veiculo/habitante em 2018 o numero proporcional foi sutilmente menor por que nao diminuiu a reduçao do numero de mortes nas marginais e a velocidade corretamente reduzida em outras regioes da cidade contudo nao foram suficientes para manter a queda nas mortes no ritmo em que vinham acontecendo desde 2007 considerando todas as ruas da capital o numero de mortes em 2018 caiu apenas 0 1% em relaçao a 2017 foram 884 mortes em 2018 somente uma a menos que no ano anterior e o que impediu que o numero caisse mais foram as mortes de pedestres e motociclistas que correspondem a 83% destas 884 mortes ocorridas em 2018 — 374 pedestres e 360 motoristas perderam suas vidas no ano passado ate 2018 poderiamos acreditar no argumento de que os limites maiores nas marginais impediram uma reduçao mais drastica nas mortes em sao paulo mas com as estatisticas do ano passado ficou claro que e possivel manter o numero de mortes em queda mesmo com limites mais altos — o que tambem significa que talvez a velocidade nao fosse o fator de risco nas marginais alem disso o numero de infraçoes por excesso de velocidade em 2018 diminuiu 33% em relaçao a 2017 — o que significa que os condutores estao respeitando mais os limites e mais o numero de mortes era inversamente proporcional ao numero de infraçoes por excesso de velocidade o que e uma evidencia de que os limites de velocidade talvez nao interferissem na segurança do transito afinal como o transito pode ter ficado mais seguro se ha mais condutores acima do limite a estagnaçao na reduçao de mortes no transito somada a queda no numero de mortes nas marginais que foram a unica via com aumento de limites deixou claro que sao os acidentes com motos e atropelamentos os acidentes que impedem uma reduçao mais significativa das mortes no transito de sao paulo tanto que a cet ja identificou o aumento de 18% nas mortes de motociclistas — que passaram de 305 para 360 em 2018 — e o atribuiu ao aumento no numero de motociclistas trabalhando com serviço de entregas por aplicativo que remunera por produtividade e atrai motociclistas sem treinamento de motofretista mas ao explicar as medidas tomadas para coibir os abusos destes motociclistas em materia do estadao a cet se limitou a dizer que mantem a fiscalizaçao para coibir abusos de velocidade e a imprudencia de motociclistas a fiscalizaçao contudo e majoritariamente eletronica — somente 25% das 600 000 infraçoes dos motociclistas em 2018 foram anotadas por agentes os outros 75% sao flagras de velocidade e rodizio as unicas infraçoes que os equipamentos eletronicos sao capazes de anotar e isso e especialmente preocupante porque as motos nao precisam estar acima do limite de velocidade para estar em velocidade de risco basta que o diferencial de velocidade em relaçao aos carros seja alto — o que acontece com frequencia em horarios criticos quando o transito esta lento ou congestionado quanto aos pedestres em 2011 a cet iniciou um programa de reduçao de atropelamentos que tinha como meta diminuir em 50% os atropelamentos fatais na epoca cerca de 650 pessoas morriam atropeladas por ano a marca foi atingida somente em 2015 quando 350 pessoas morreram atropeladas mas nos dois anos seguintes o numero chegou a 400 atropelamentos e caiu para 374 em 2018 ou seja mesmo com limites mais baixos com mais motoristas respeitando os limites mais pessoas estao morrendo atropeladas como nao ha estudos sobre as caracteristicas do acidente nao sabemos como eles acontecem mas sabemos quando eles acontecem e com quem acontecem entre 18h e 6h a metade escura do dia e com pedestres com mais de 50 anos — a fase da vida em que nossos reflexos e sentidos sao menos aguçados alem disso ha ainda um tipo de acidente decorrente de uma infraçao nao fiscalizada os atropelamentos causados por motociclistas que ultrapassam carros que pararam na faixa para a travessia dos pedestres os britanicos resolveram isso usando as faixas em zigue zague antecedendo as faixas de pedestres se adotassemos esse tipo de sinalizaçao acompanhado de uma campanha intensiva poderiamos diminuir esse tipo de atropelamento tambem ha outros casos nos quais a ingerencia do poder publico tem sua parcela de culpa as faixas apagadas as calçadas irregulares ou inexistentes e os semaforos de pedestres com tempo de espera demasiadamente longo que inspiram os pedestres a tentar travessias arriscadas entao como resolver o primeiro passo para voltar a diminuir os acidentes de transito e algo que se aprende em qualquer curso livre de administraçao analise de causa e efeito estudar os acidentes fatais de pedestres e motociclistas mesmo que por amostragem e entender quais foram os elementos de risco e criar politicas publicas para impedir que estes elementos sejam recorrentes se o caso das motos e realmente a imprudencia dos novos entregadores de aplicativos o poder publico nao pode esperar que seus radares e seus poucos agentes deem conta de coibir milhares de motociclistas e preciso capacita los e incrementar a fiscalizaçao — seja em horarios criticos ou pontos criticos algo que sera descoberto com a analise de causa e efeito o mesmo vale para coibir os atropelamentos o que nao pode acontecer e continuar a politica de tentativa e erro que tratou a maioria dos motoristas como elementos de risco por dirigirem naturalmente para no fim das contas a casualidade mostrar que o problema real era outro
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