A Porsche tem uma boa razão para ter tantas variações do 911 em sua linha: ela precisa demonstrar que sua plataforma é capaz de ser um esportivo confiável e confortável para uso diário, mas também pode dar origem a um verdadeiro monstro devorador de asfalto que não faz concessão nenhuma em busca do melhor rendimento possível. Há dezenas de combinações possíveis entre os motores, transmissões e estilos de carroceria oferecidos pelo nine-eleven. E agora, a mais explosiva delas – o carro que atende pelo nome de Porsche 911 GT2 RS – vai ganhar uma nova geração.
Quando falamos pela primeira vez a respeito do novo 911 GT2 RS, era março de 2016. O carro era uma “mula”, muito bem disfarçado nos flagras em testes na neve, mas era exatamente o fato de ter sido testado em baixas temperaturas que ajudou a entregar o jogo: as fabricantes costumam só fazer isto quando estão testando um novo conjunto mecânico. Tinha algo especial ali atrás.
Depois disto, o 911 GT2 RS foi confirmado pela Porsche, o que alegrou bastante quem é como nós: seria o fim da espera por um sucessor do último GT2, que foi lançado em 2010, ainda na geração 997. E agora, já se sabe muito mais coisas a respeito dele. É o que veremos neste post.
Motor
O Porsche 911 GT2 sempre foi conhecido por utilizar uma versão ainda mais apimentada do motor do 911 Turbo, e agora não será diferente. Trata-se de um boxer de seis cilindros (nossa, jura?) com deslocamento de 3,8 litros (exatos 3.800 cm³), dois turbocompressores e injeção direta de combustível, na medida para entregar 580 cv e 71,4 mkgf de torque no Turbo S.
O GT2 RS antigo tinha 620 cv em seu boxer 3.6 biturbo, além dos mesmos 71,4 mkgf de torque. É claro que o novo GT2 RS vai ser mais potente: de acordo com os alemães da Auto Motor und Sport, estão confirmados pelo menos 650 cv, e fala-se em algo bem próximo dos 700 cv em publicações como a britânica Autocar. O torque será maior que os 76,5 mkgf, que o 911 Turbo S entrega com overboost. Tal aumento certamente será proporcionado por turbos maiores e operando com mais pressão, componentes internos reforçados e um novo sistema de escape feito de titânio, além de um sistema que borrifa água nos coletores de admissão (a exemplo do BMW M4 GTS). O motor ficará montado em coxins ativos, com ajuste eletrônico.
Este, segundo informações da publicação alemã, terá uma válvula que se abrirá ao toque de um botão acima as 3.000 rpm ou automaticamente com o motor trabalhando no limite. Além de evidenciar o ronco do motor, a válvula reduzirá a pressão no sistema de escape a zero.
Transmissão
A Porsche revelou no Salão de Genebra que o próximo 911 GT3 terá câmbio manual como opcional, enquanto o GT3 RS receberá apenas a transmissão PDK de dupla embreagem e sete marchas. Com o GT2 RS, será diferente. Para começar, não haverá um GT2 “não-RS”, e o câmbio manual foi descartado. O pessoal da Auto Motor und Sport andou de carona no protótipo que foi flagrado por diferentes publicações, com Uwe Braun – o engenheiro responsável pelas versões GT da Porsche – ao volante. Segundo eles, estas foram as exatas palavras de Braun:
Percebemos que os donos do GT2 anterior passavam muito mais tempo na pista do que esperávamos. É por isso que o carro só tem transmissão PDK. Sequer consideramos um câmbio manual em um modelo tão voltado ao desempenho.
O que está dito, está dito, então. A exemplo do GT2 RS anterior, também, a tração será traseira, e o diferencial terá bloqueio eletrônico.
Suspensão, direção e freios
O carro usará o monobloco do Porsche 911 GT3 RS como base e, com isto, compartilhará com ele o layout básico de suspensão. Assim, ele também terá rodas de diâmetros diferentes (20 polegadas na traseira e 21 polegadas na dianteira, calçadas com pneus Michelin Pilot Sport Cup 2), as mesmas bitolas (1.587 mm na dianteira, 1.557 mm na traseira) e certamente trará componentes reforçados e geometria revista. De acordo com a Evo, porém, o GT2 RS terá molas auxiliares (menores, sobre as molas principais) na suspensão traseira, a fim de melhorar a absorção de impactos sem comprometer o controle de rolagem da carroceria. Abaixo, é possível ver as duas molas, uma sobre a outra, em um GT3 Cup:
Foto: Elephant Racing
Herança do GT3 RS, porém, será o sistema de esterçamento automático do eixo traseiro, que virá de série. Discos de freio de carbono-cerâmica serão opcionais.
Carroceria e aerodinâmica
O carro preto todo camuflado das fotos evidentemente não entrega o visual do novo 911 GT2 RS, mas traz aparatos aerodinâmicos que seguramente têm a mesma função aerodinâmica do que as peças finais. E o que vemos são aletas no para-choque dianteiro, dutos NACA no capô e respiros no para-choque traseiro, além de uma grande asa traseira fixa.
As aletas indicam que o para-choque dianteiro gerará downforce, enquanto os dutos no capô são responsáveis por levar ar frio aos freios dianteiros.
De acordo com a Porsche, o 911 GT3 RS usará materiais leves como Gorilla Glass (mais fino e resistente que o vidro comum), fibra de carbono (capô, para-lamas dianteiros e gaiola de proteção), liga de magnésio (teto) e pesará menos de 1.500 kg – em comparação, o GT3 RS pesa 1.600 kg vazio. Será possível reduzir ainda mais o número optando pelo pacote Weissach, que terá rodas de liga de magnésio, gaiola de proteção de titânio e teto de fibra de carbono, enxugando mais 30 kg.
Ainda de acordo com a Auto Motor und Sport, o 911 GT2 RS deverá ser revelado no fim deste mês, no Goodwood Festival of Speed 2017, marcado para acontecer entre os dias 29 de junho e 2 de julho.