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Project Cars Project Cars #245

Project Cars #245: os últimos detalhes e a conclusão do meu Astra “TCC”

Pessoal, como vocês viram este texto foi escrito ainda em 2015, porém preferi esperar para enviar pois algo me dizia que isso seria o mais correto.

E foi mesmo, mas qual seria o motivo? Sinceramente estou meio confuso em por onde começar a história, mas creio que o mais “fácil” seja começar pela minha situação acadêmica. Entrei no curso de engenharia mecânica da UFSM com 18 anos em agosto de 2010, e 4 anos depois eu completei o oitavo semestre do curso e com isso todas as disciplinas obrigatórias. Após isso o normal seria entrar no nono semestre, fazer meu TCC e as DCG (disciplinas complementares) que escolher, mas acabei indo para os Estados Unidos fazer mais meio ano de inglês e mais 11 disciplinas (muito mais do que precisava para a minha graduação) na State University of New York at Stony Brook. Com isso, quando eu voltasse para o Brasil faltaria ainda o meu TCC e o estágio obrigatório, para enfim receber meu diploma.

Sendo assim, eu já tinha o TCC planejado e comecei ainda nos Estados Unidos a procurar uma vaga de estágio. Para quem leu meu primeiro texto do PC 245 e do PC 270 deve ter visto que eu e minha família temos uma paixão pela marca Chevrolet. Sei que para muitos isso é estranho nos dias de hoje, mas temos uma fidelidade enorme com a marca. Aliada a necessidade de um estágio ao sonho de trabalhar na empresa, eu vi uma notícia em setembro dizendo que o processo nacional de estágio 2016 da General Motors estava aberto. Fiz a inscrição, focando a fábrica de motores e cabeçotes de Joinville-SC (onde minha namorada mora) e a planta de Gravataí-RS, porém não tive resposta.

Sendo assim, continuei procurando outras empresas, algumas com sucesso, outras sem resposta, e sempre pesquisando e estudando os assuntos de meu TCC, aproveitando a grande gama de publicações na área nos Estados Unidos.

Porém, no início de dezembro a seleção da GM foi reaberta, desta vez direcionada para a planta da GM de Gravataí. Mais uma vez fiz a inscrição e para minha surpresa acordei poucos dias depois com uma ligação e e-mail da General Motors.

Quase morri.

Foi aí que começou a jornada, com entrevista por telefone, provas de perfil e inglês, e poucos dias antes de retornar para o Brasil eu relutava em acreditar que tinha chances em uma vaga. Foi então que recebi uma ligação marcando uma dinâmica de grupo na planta de Gravataí na tarde do dia 18 de dezembro. Só para lembrar, eu tinha a passagem comprada para o dia 16, então chegaria no dia 17 perto do meio dia em Porto Alegre (Gravataí fica na Grande Porto Alegre).

Era tudo se encaixando perfeitamente até que recebi outro e-mail dizendo que minha dinâmica foi remarcada para o dia 17 no início da tarde. Fiquei branco ao ver que dificilmente daria tempo, e talvez um táxi direto do aeroporto Salgado Filho, sem banho após uma viagem que saiu de Nova Iorque poderia me salvar.

Mas como meus pais sempre falam, “vai dar certo”.

E deu.

Expliquei a situação e fui informado que teria como me passarem para a dinâmica do dia 18 pela manhã. Com isso pude ir até a GM, ver de perto o local que sempre foi meu objetivo de carreira, e dar inicío (com uma camiseta da Chevrolet sob minha camisa, para dar sorte) ao processo presencial. No mesmo dia recebi um e-mail dizendo que eu teria 3 entrevistas na planta no dia 22, e só para lembrar eu ainda não tinha ido ver minha família. Fui até São Borja (mais de 8 horas de ônibus), vi minha família, carros, cães, casa, mais cães (são 8), posto de lavagem, e voltei para Gravataí.

No fim, deu tudo certo, voltei para a planta ainda mais uma vez para o exame de saúde, completei formulários, enviei documentos, até que a ficha caiu.

Dia 11 de março começo o tão sonhado estágio de um ano na General Motors, visando é claro uma efetivação caso seja de meu merecimento.

Tá, mas e o TCC?

Amigos, vocês não sabem o quanto fiquei sem dormir me perguntando isso e vendo amigos e familiares tocarem no assunto.

Eu tinha tudo comprado e planejado para realizar outro sonho, que era o TCC no meu carro, porém precisava estar em Santa Maria para usar todo o suporte do GPMOT. Entrei em contato o professor que me orientaria e ouvi o que já esperava, mas custava acreditar. Eu precisava escolher entre o estágio na GM e meu TCC no Astra.

Foi horrível ter que colocar os dois sonhos de uma vida toda na mesa e escolher apenas um só. Conversei muito com professores, tentei outras ideias de TCC, ouvi gente que sugeria o TCC e outros o estágio, e após dias consegui encontrar um novo orientador e agora meu TCC será na área de Gestão da Qualidade, a mesma em que vou estagiar na GM, conseguindo juntar as duas coisas, mas deixando um sonho que vinha sendo amadurecido por anos de lado. Bom, ao menos parcialmente.

Sei que muita gente deve estar agora se perguntando o que muitos já me perguntaram, “tá então não vai fazer o TCC no Astra?!”, “mas e tudo que comprou lá?”, “o que vai fazer com a Mega?”, “vai usar alguma peça nele ou vender tudo?”.

Com isso chego na parte três dois post, para explicar que toda a parte de gerenciamento (MegaSquirt, EGT, condicionador da AEM) não será vendida, e sim será utilizada futuramente em outro projeto. No início meu plano era ainda instalar tudo no Astra daqui alguns meses, mas logo vão entender o motivo em que mudei de ideia. Na parte 3 também vou contar tudo que aconteceu com o carro desde que voltei para o Brasil e tudo que instalei nele, então vamos lá!

 

O reencontro

Quando cheguei em São Borja pela primeira vez em 16 meses, minha família foi me buscar na rodoviária no nosso amado Omega 4.1 (o PC 270) e na S10 Vortec de um amigo (que aparece no post 4 do PC 270) para levar minhas malas (leia-se vários kgs de peças e discos de vinil).

Logo que cheguei em casa, estava na sala retirando os presentes quando escuto o pai me chamar. Chego na garagem e estava lá o Astra limpo, de tanque cheio com um Deep Purple bem alto no som. Recebi a chave do pai e agora o Astra era finalmente o meu carro, e de cara dei umas 20 voltas ao redor dele vendo o quão lindo estava com as molas da Eibach!

Quase chorei.

Antes mesmo de sair curtir o carro, eu queria era instalar meu volante novo, afinal eu olhava pra ele desde 2014 nos EUA esperando esse momento. O problema é que o cubo que comprei de Astra na internet, que já estava me esperando em São Borja, tinha uma furação com distância entre centros menor que a do volante.

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“E agora? Será que vou achar outro cubo que case com meu volante dos EUA aqui em São Borja?”

E achei, por R$ 100 comprei um cubo muito melhor acabado que casou perfeito no meu volante, e com isso peguei minhas ferramentas e finalmente coloquei o volante em seu devido lugar.

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O resultado superou todas as minhas expectativas. O volante da NRG é muito bem acabado, o material não mancha as mãos nem em um calor extremo e ele é muito agradável ao toque – além é claro de dar um aspecto esportivo bem como eu quero, no estilo rally clássico.

O próximo item que instalei foram as pedaleiras da Momo, porém foi num final de tarde e não consegui nenhuma foto boa delas.

Estes dias foram uma experiência única em minha vida, pois eu abria uma mala gigante e olhava para aquela monte de plástico bolha e peças pensando:

“O que vou instalar hoje?”

Chegou então a vez da fita de borracha (ou saia ou spoiler) All-fit no para-choque dianteiro. Essa foi sem dúvida o maior tiro certo que dei nos EUA, pois quase todo mundo que me ouvia falar nela fazia cara feia ou achava que ficaria “xunado”.

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Hoje eu me arrependo de não ter comprado mais unidades para usar em projetos futuros, tamanha a qualidade do material. Não é à toa que ela é classificada como a melhor da categoria.

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Sei que nessas fotos não deu pra ver muito bem, mas estou seguindo a ordem cronológica, e em outras dará para ver melhor. Também sei que faixas laterais estavam descascadas e as maçanetas desbotadas, mas tudo foi resolvido mais tarde.

Agora era hora de instalar o muffler de inox e mudar o visual da traseira e o ronco do carro. Quero deixar claro que o escapamento dimensionado ainda será instalado, junto do muffler central da Magnaflow, porém estou precisando dos dados de abertura e fechamento das válvulas para finalizar as medidas, e não estou encontrando os valores exatos (se alguém mediu um comando do Astra 1.8 por favor se manifeste hehe) e caso não consiga terei que medir mais para a frente.

Voltando ao muffler, foi usado um escapamento velho de Astra para retirar todos os suportes (não o meu, que é original da GM ainda) e manter o posicionamento original dos fixadores. Mais uma vez o resultado foi perfeito, e o som mais ainda, pois no uso normal ele mantém um tom muito agradável, mas enche em rotações altas com motor carregado, um som lindo!

Ah, já ia esquecendo, em viagens coloco a restrição que veio junto do muffler e o som volta a ser quase mais baixo e só abre um pouco em acelerações, mantendo a viagem silenciosa e sem chamar atenção.

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Gostaram?

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Agora sim a traseira baixa recebeu um escapamento decente! Nessa foto dá para ver as maçanetas e saias laterais já pintadas (e mais árvores, claro).

Em um domingo no início de janeiro fui até a AutoShow para desmontar, limpar e pintar aquela caixa que fica antes do para-brisa (que não lembro o nome) e os limpadores.

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Levei minha vitrola e passei a tarde escutando os meus discos que havia ganhado de minha namorada (obrigado Paola!). O único problema era parar o serviço para limpar as mãos e trocar o lado dos discos com todo cuidado na vitrola, afinal não é todo dia que ganhamos 5 títulos de tamanha qualidade (Live in London e Perfect Strangers do Deep Purple, Obscured By Clouds do Pink Floyd, A Farewell to Kings do Rush e Hair of the Dog do Nazareth só para quem teve curiosidade de saber).

Bom, voltando a limpeza, foi grande a surpresa ao ver o que tinha escondido no meu carro tão limpo.

Algo me diz que isso nunca foi limpo, e incrível como o tempo o sol castigaram as peças que eu ia pintar.

Ao menos algo nesse estado fica claramente bem melhor após um trato desses. Pena que a tinta acabou e não deu pra fazer o acabamento que queria, mas já melhorou muito.

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A próxima coisa que fiz no carro foi bem simples, porém aos meus olhos melhorou muito o visual do carro. Pintei as rodas 15×6 dele de preto fosco, pois a pintura em preto brilhante já estava velha. O resultado ao meu ver ficou bem melhor.

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Também fiz um polimento a mão e limpei todo o interior do carro cuidadosamente, mas infelizmente os bancos ainda tem marcas do antigo dono (não o meu pai, é claro), mas preferi não desmontar para limpar tendo em vista que em breve quero fazer o interior dele com novo tecido.

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Sim, aquilo é uma C63 AMG. E sim, em São Borja

A título de comparação, aqui vai algumas fotos dele já polido mas com as rodas ainda em preto brilhante e depois com a tinta fosca.

A próxima etapa agora era melhorar a aparência do cofre do motor. Antes de tudo retirei o filtro de ar esportivo de duplo fluxo que estava instalado e em vez de instalar o filtro do Honda S2000 eu preferi comprar um modelo original, pois iria viajar e decidi deixar o cônico apenas para eventos especias, além de que o filtro é gigante e terei que bolar uma tomada de ar frio boa para não ter algo que baixe a eficiência do motor apenas por beleza.

Voltando ao cofre, pintei a caixa do filtro de ar de preto fosco e coloquei um adesivo da All-fit, apenas para melhor a aparência. Mas o que deixou o cofre levemente mais atrativo foi a instalação do Oil Catch Can de alumínio (ou reservatório do suspiro de óleo) que comprei nos EUA. Super bem acabado (e barato) o item superou minhas expectativas, além de capturar e condensar o óleo da ventilação positiva do cárter, não deixando que este volte ao motor para ser queimado e assim aumente as emissões.

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Ok, em um carro de rua aspirado isso é mínimo, mas a beleza da peça e sua funcionalidade valeram muito o investimento. Para fechar instalei um filtro para o suspiro da tampa de válvulas da K&N, que não por acaso combina com o Oil Catch Can.

Os próximos passos serão um trato na tampa de válvulas e reservatórios, coletor dimensionado e futuramente uma barra anti-torção entre as torres também em vermelho (outro item tão belo como funcional).

Tempo depois era hora da dar mais um toque racer ao “escritório”, então instalei o voltímetro americano da Sunpro no canto superior esquerdo do painel. Uma coisa que foi muito boa é que a tonalidade de sua iluminação é exatamente a mesma dos mostradores originais, melhorando e muito o aspecto noturno do interior.

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Para fechar as modificações, uma peça que certamente vai causar muitas reações diferentes (imagina aqui em São Borja). Instalei em uma posição ainda temporária o par de milhas da Hella que comprei nos EUA. Sei que muita gente estranha quando vê, mas a única pessoa que eu sempre espero gostar de algo no meu carro é meu pai, e quando instalei ele veio, deu uma olhada e disse:

“Eii… ficou locão”

Perfeito, era essa a reação que eu queria.

Modificações feitas (bom, por enquanto), era hora de pensar no futuro. Os próximos upgrades que pretendo fazer são um jogo de rodas clássico medida 15×7 já escolhido (as rodas que comprei são 5×110 e vai dar bastante trabalho e investimento para trocar a furação, então decidi não usá-las agora), um trabalho de tapeçaria caprichado no interior (nada de couro), um sistema de som de melhor qualidade e por fim o já falado escapamento dimensionado. Quem sabe o trabalho no fluxo do cabeçote e coletor de admissão de plástico? Isso é pra outra hora.

Para finalizar, vou comentar sobre a manutenção que fiz no carro desde que cheguei. Uma geral no sistema de arrefecimento, como troca da tubulação, válvula termostática e bomba de água foi feita. Também troquei as pastilhas de freio por um jogo da Fras-Le, pois uma das pastilhas inacreditavelmente descolou sábado à noite com o carro parado e carregado para viagem dentro da lavagem!

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Se isso tivesse ocorrido minutos depois, eu provavelmente estragaria o disco de freio, ficaria na estrada e teria um problema gigante pela falta de área para celular na BR-287. Mas como isso aconteceu lá dentro, preparei o carro e marquei com o nosso mecânico trocar na segunda de manhã cedo (eu não tinha a chave pra isso).

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Agora dá pra ver melhor a All-Fit. Obs: Eu ainda não tinha instalado os Hella

Outra coisa feita foi a compra de uma sonda lambda nova (chega doer olhar a minha LSU 4.9 e não poder usar), limpeza dos bicos injetores e trocas nos reparos. Resultado disso? Peguei a estrada carregado, com direito a mesa e cadeira de escritório, malas e uma TV 21” de tubo, com ar condicionado ligado mantendo uma velocidade entre 85 e 105 km/h sempre que possível. Foram 25 litros de etanol em 300 km rodados. Isso dá uma média de 12 km/l na estrada em um carro a etanol carregado com ar ligado e motor com 215 mil km rodados no total! Agora vocês entendem o motivo que decidi não usar minha ECU nele, né?! Chega ser um crime alterar um motor tão bom.

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Por isso todas as peças do gerenciamento ficarão guardadas até um novo projeto aparecer, quem sabe um Opala 6cil com cabeçote de Omega e injeção sequencial? É uma boa, mas tudo depende do meu futuro profissional. Como o Astra chegou até o Project Cars por conta do TCC, será mais justo encerrar aqui suas postagens, mas espero em um futuro próximo voltar até vocês com outro projeto. Que esse terceiro Project Cars chegue logo, pois já estou com saudade de escrever sobre carros.

Grande abraço, e até a Próxima!

 

Bonus track

Aqui vão alguns vídeos gravados com celulares para mostrar um pouco melhor o ronco do carro, sei que o tom não ficou exatamente igual ao real, mas já é algo.

O som ficou quase tão legal quando a este Dodge Cherger General Lee que vi no New Hampshire Motor Speedway durante a etapa Sylvania 300 da NASCAR (sim, eu estou sendo irônico).

Por Marcos Rainier de Sá, Project Cars #270

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Uma mensagem do FlatOut!

Marcos, parabéns pelo seu segundo Project Car concluído aqui no FlatOut. Seu projeto mostra que você não precisa de ideias mirabolantes nem mudanças radicais para conseguir deixar um carro ainda mais legal e gostoso de dirigir por aí. Mais uma vez, parabéns pela conclusão — especialmente nesses tempos difíceis que estamos passando. Abraço!