Levei quase um ano para postar essa terceira parte, mas agora estou de volta para continuar a história. Fiz sobre encomenda um downpipe sem catalizador para o John cooper,a ideia do downpipe sem catalizador é acelerar a expulsão dos gases vindos da combustão.Com isso o carro é capaz de gerar mais potência além de aumentar o som do motor e deixar com uma aparência mais esportiva.
Além disso instalei a manta de lã de vidro, que tem o objetivo de isolar o calor interno do downpipe vindos da combustão para dentro do cofre do motor. Com isso a gente aumenta a eficiência de todo o conjunto. Essa manta exige um aquecimento para que ela consiga se fundir e ter total capacidade de isolamento térmico.
Aí vem a parte engraçada: instalei o downpipe e fui rodando para casa. No meio do caminho a manta começou a aquecer e a soltar fumaçacomo aviam me avisado antes,então nao fiquei preocupado,mas todos os motoristas que viam o meu carro queriam me alertar sobre o meu probleminha.Resultado dei muitas risadas.
Ignição
As velas sao um grande problema no Mini Cooper S e no JCW. Em cerca de dois meses fiquei sabendo de cinco quebras de motor aqui no Brasil devido ao eletrodo da vela trincar com o calor e cair dentro da câmara de combustão. Dois desses carros eram originais. Inclusive tendo um caso interessante que aconteceu com um dono de Mini Cooper S que a vela quebrou caiu e não chegou a arranhar. Ele trocou a vela por uma nova com a mesma especificação e alguns meses depois ela quebrou de novo, condenando o motor.
Fora do Brasil já li diversos casos desse mesmo problema e hoje em dia já pode se falar que é um defeito crônico dos motores N14 e N18. A ideia é tanto em carros preparados como em carros originais trocar a vela por um grau mais baixo,a original é grau 9 entao troquei a minha por grau 8. A vela escolhida foi mesma utilizada nos evo 10,a ILKR8E6 segundo dica do Bruno Bellantuono.
Remapeamento da central
O remapeamento da central, conhecido popularmente como remap ou “chip”, é o processo que utiliza com base o mapa original do gerenciamento de injeção e ignição do motor para adequá-lo aos novos parâmetros e necessidades criadas pela troca de diversos componentes do carro visando uma maior eficiência.
Com isso não adiantava trocar tantas peças como filtro, intercooler, downpipe, válvula de pressão do turbo, chargepipe etc, se eu não adequasse a central aos novos parâmetros. De fato a melhora era pequena, mas importante em alguns aspectos mesmo sem o remap, como por exemplo o intercooler que conseguiu baixar quase 20 graus na temperatura do ar comprimido pela turbina.
Mas, ao contrário do que muita gente pensa, não é tao simples fazer um remap em um veículo. Há diversos fatores levados em consideração e não é qualquer jovem com um computador na mão que irá otimizar o funcionamento do motor. Tanto que não é difícil ver carros que após o remap tem menos potência do que original.
O mapa stock que vem na maioria dos veículos visa um carro que pode andar em temperaturas de -30º C até temperaturas superiores a 50º C. O veículo tem que funcionar no nível do mar, mas tem que funcionar também a mais de 4.000 mil metros de altitude. O mesmo tem que trabalhar com gasolina com mistura bem rica e sem nada de álcool, mas também tem que funcionar aqui no Brasil com esse liquido viscoso, colorido, ineficiente e altamente adulterado que chamamos de gasolina comum.
No caso do Mini Cooper, que tem um motor de injeção direta feito para rodar com gasolina de 91 octanas ou mais, quando se coloca uma gasolina como a comum que temos aqui no Brasil o motor adota um mapeamento mais conservador, limitando sutilmente o desempenho do carro.
Outro problema da nossa gasolina comum é que acaba acelerando um problema que os motores modernos de injeção direta possuem: a alta carbonização. Como poderemos notar na foto abaixo de uma válvula que possui muitos resíduos de queimas.
Aqui temos a gasolina Pódium do posto BR,a qual utilizo no meu carro. Ela possui 95 octanas, como o veículo foi projetado para 91 octanas e tudo a mais que isso que você colocar não será aproveitado. Com um remap podemos adequar o motor para aproveitar todo o benefício dessa capacidade energética extra do combustível.
Além disso com uma saída de ar menos restritiva devido ao downpipe sem catalisador, o gás da combustão será expelido mais rápido, podendo assim entrar mais rápido com o novo filtro menos restritivo da AEM. Tudo isso trabalhando com mais pressão de turbo.
Originalmente o Mini JCW trabalha com 1,2 a 1,3 de pressão na turbina k04, mas o nosso remap fez o mesmo trabalhar com 1,55 bar de pressão — algo que analisamos apos vários datalogs e mais de 10 horas de testes chegando diversas vezes na redline e analisando o comportamento do mesmo.
Como o carro anda muito em trackday é necessário uma margem de segurança maior do que um carro que anda na rua acelerando de farol em farol. Acredito que para fazer o mapa levou mais de oito meses, devido a ter começado o processo com um profissional que não sabia muito bem o que estava fazendo e que me tomou quase cinco meses.Isso porque o mesmo fez diversos mapas e cada um deles tinha um defeito.
Tinha mapa que o carro falhava em segunda marcha a 5.500 rpm, outro que simplesmente vinha menos potência que antes. Aí teve um mapa que em quinta e sexta o carro começava a querer bater pino e entre uma mapa e outro ele levava quase um mês. Isso me deixava cada vez mais puto. Até a hora que pedi para ele colocar o mapa original de novo e só voltar quando tivesse o mapa pronto.
Esse profissional foi embora do Brasil deixando o trabalho incompleto. Depois disso fui procurar o Thiago Silva, vulgo Pixel, para terminar o serviço.
Conheci o Pixel por ele ser muito famoso no mundo dos DS3 e pelo fato do Mini Cooper usar o motor N14 e o meu JCW usar o N14 com diversos melhoramentos como fluxo de cabeçote, válvulas reforçadas, biela com um tratamento especial etc. Achei que seria o cara certo. No final do acerto fizemos o seguinte vídeo o qual algum de vocês possivelmente já viram.
Sempre assisti os vídeos do Sganzerla desde o começo do trabalho dele e acho o seu trabalho de primeira. Vejo os vídeos do Vectra de 500 cv e do Santana turbo e vejo que aquilo demonstra o verdadeiro espírito gearhead que temos em todos nós.
Sempre pensei que quando tivesse um carro legal de verdade e dinheiro iria conversar com ele para fazer um vídeo do meu carro. Esse dia chegou. Eu escolhi o acerto do dinamômetro por ser o que eu considerava o final da preparação e o carro finalmente pronto.
Número 246: uma referência ao número do Project cars do FlatOut
O vídeo levou três dias de filmagem da meia-noite até as quatro da manhã e quase dois meses de edição devido aos demais trabalhos do Flavio Sganzerla na época. Além disso, eu também estava com uma certa dificuldade de tempo também. Alem disso o Flávio é um cara super perfeccionista, algo que faz o seu trabalho levar um tempo maior que outros. No primeiro dia fizemos a cena do dinamômetro e alguns testes de áudio e lentes de madrugada.
No segundo dia fizemos todas as cenas internas do carro,com os diversos ângulos, tivemos lugares que passamos umas quatro vezes até conseguir a tomada certa. Tivemos o problema com a suspensão super rígida do JCW: em algumas imperfeições em velocidade elevada o gravador de áudio simplesmente travava fazendo a gente perder o áudio. Fora que em outra depressão a câmera travou e conrrompeu alguns arquivos. Tivemos algumas tomadas que foram filmadas na Paulista, só que na hora de editar achamos que nao casaria com o resto do vídeo. No terceiro dia fizemos as tomadas externas nas ruas o que foi bem tranquilo.
Tomada que não foi para a edição final.
Muita gente pergunta o equipamento que foi usado,abaixo esta a lista:
– Canon 5D MKIII
– Canon 17-40mm f/4.0 L
– Canon 45mm f/2.8 TS-E
– Sigma 50mm f/1.4 DG HSM ART
– Carl Zeiss 85mm f/1.4 T* Planar ZF
– Manfrotto 055 + MVH 502AH + 808RC4
– Ikan Beholder DS1
– Zoom H4n
– Shure SM57
– Behringer C-2
Muitos donos de carro preparados gastam verdadeiras fortunas em preparação e esquecem de gravar esses momentos tão curtos e preciosos da vida. Fiz esse vídeo para ficar para a eternindade. Um dia no futuro olharei esse video e com certeza irei pensar: “Eu tive um MINI John Cooper Works de 300 cv e esse carro era do CARAL#ˆ#%”.
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Por Vitor Martins, Project Cars #246
Uma mensagem do FlatOut!
Que saga esta preparação, Vitor! Mas também ninguém falou que seria fácil. Aliás, nunca é fácil, mas quando queremos realizar os sonhos de verdade nada nos fará desistir deles. Parabéns pela persistência, pelo projeto e por registrá-lo para a posteridade em vídeo e no FlatOut! Agora vá curtir o carro!