Fala galera, tudo bem? Para quem está chegando agora, convido a conhecer a primeira parte do Project Cars #255. Gostaria também de agradecer muito aos comentários de apoio e as sugestões que o pessoal está enviando. Estou tentando sempre trazer um conteúdo bem completo para todos. Agora vamos ao que interessa: o início dos reparos do Uno Turbo.
A viagem
Durante a viagem de para casa (BH para SP) foram vários os defeitos percebidos, entre eles, elétrica do painel estava com defeito, ar-condicionado que não funcionava, homocinéticas que estavam estalando, carro trepidava acima de 100Km/h, portas desalinhadas fazendo entrar vento. Estava indo de mal a pior, mas eu ainda estava anestesiado pela realização do sonho.
Lógico que, de vez em quando, o pé pesava e o acelerador chegava no assoalho. Rapidamente eu alcançava 140, 150 km/h, mas logo acordava e percebia que tinha que reduzir para não quebrar mais nada. Por volta das 17:00 do sábado, depois de quase 24 horas, finalmente chegamos em casa. Eu queria mostrar para todo mundo, mas estava exausto e guardei forças para o próximo dia. Seria interessante. Passei a noite inteira pensando em como seria, quando, quanto…
Umas das premissas do meu projeto era comprar um carro barato e com potencial para deixar como eu gostaria. Minha visão era deixá-lo com a aparência original e motor forte, mas um projeto sem um ponto final definido.
No domingo bem cedinho fui com o carro até a casa dos meus pais e a primeira coisa que o meu pai disse foi: “Vamos desmontar e ver o que precisa arrumar”.
Não deu outra: passamos a manhã inteira e parte da tarde levantando o que precisava ser feito e algumas coisas simples já foram resolvidas ali mesmo. Já tinha comprado uma válvula de prioridade (o famoso “espirro”), aproveitei e instalei.
Chegando em casa comecei a elaborar uma lista com as prioridades de manutenção. Estava muito feliz e ansioso, a compra desse carro demorou mais de oito anos para acontecer.
A lista não tinha nada de tão grave. De imediato realizaria a manutenção das homocinéticas e uma revisão simples nos freios, limpezas, ajustes… enfim bem simples. Depois de seis meses eu iria encostar o carro e realizar a manutenção no motor, a fim de corrigir o problema de queima de óleo. Depois disso, o carro estaria funcionando e pronto para começar os upgrades.
O problema!
Na quarta-feira da mesma semana, falei para minha mulher: “vou calibrar os pneus, quer ir comigo? ”, aproveitaria para matar a vontade de dar uma voltinha. Como ela não quis, fui sozinho, liguei o carro, esperei o óleo esquentar, sai com o carro, 50 metros de rua, entrei em uma avenida acelerei um pouco mais forte, pressão da turbina subiu… olhei para trás e bateu o desespero:
Único pensamento no momento: “não tenho dinheiro. F@#$&!”
Tinha acabado de gastar todo o meu dinheiro com a compra do carro e não tinha mais um centavo no bolso, tinha acabado de me casar e tinha acabado de voltar de lua-de-mel.
Forcei o carro até o apartamento e guardei na garagem, não tinha completado nem uma semana com o carro, nem a placa de vende-se tinha sido retirada.
Durante o resto da semana, comecei a pesquisar, estudar, tentar entender tudo o que eu poderia aprender sobre o carro. Comecei a fazer as contas e procurava um mecânico de confiança e barato.
Não tinha como realizar muitos testes no carro, pois não tinha ferramentas, havia acabado de mudar para o apartamento. Montei uma lista de prováveis problemas a serem identificados sem auxílio de ferramentas, sabendo que sair fumaça ao ligar o carro seria o motor, se começar a fumaça depois de motor quente provavelmente seria a turbina ou se borbulhar agua no reservatório é junta, este tipo de diagnóstico.
Bati na chave e…
O engraçado é minha mulher desesperada com tanta fumaça. Imagine esta fumaça em uma garagem subterrânea sem janelas. Levou uma semana para dissipar!
O que me restou foi comprar uma capa de proteção de carro e deixá-lo lá até resolver o que iria fazer.
Passados dois meses, em dezembro de 2014 adquiri algumas ferramentas e decidi ligar o motor novamente e tentar identificar o problema com uma nova lista de possíveis causas. Minhas pesquisas tinham evoluído bastante e já tinha me envolvido mais com o pessoal do Clube do Uno Turbo, que até hoje me ajuda muito.
Fiz vários testes, até relógio comparador utilizei (é possível verificar a compressão dos cilindros), mas nada fora do anormal foi identificado.
Continuei com minhas pesquisas e estava aproveitando o tempo para juntar algum dinheiro para a manutenção. Neste momento já ficava claro que as circunstâncias mudaram: o projeto inicial não era mais válido. Eu precisaria primeiro arrumar o problema e só depois voltar a pensar no projeto.
Durante esse tempo ficou mais nítido sobre a dificuldade de algumas peças e valores, precisava de alguns itens raros, em uma das buscas pela internet eu deparei com um motor completo de Uno Turbo. Nem pensei duas vezes — comprei na hora. Realmente estava completo, tinha tudo… injeção, câmbio, acessórios, mangueiras. Adivinhem aonde coloquei todas as peças? Tudo para o porta-malas.
Separei o que era de meu interesse e o resto coloquei a venda com preços abaixo de mercado, para tirar logo de dentro do carro e não forçar a suspensão.
O carro continuava sob a capa, minhas pesquisas por informações continuavam, assim como a busca por mecânico e o consumismo. De vez em quando chegavam alguns pacotes pelos Correios e algumas peças eu ia vendendo.
Até então já tinha comprado algumas coisas que tinha visto que precisava trocar e alguns upgrades…
Até o momento já tinha entendido uma coisa muito importante para o Uno Turbo: algumas peças são raras e quando aparecem, ainda mais com preço justo, deve ser compradas na hora. Foi o caso da minha primeira peça rara, original e sem uso: o primeiro emblema para o carro. Lembrem que ele não tem nenhum! Apesar que este emblema em especifico é de Tempra Turbo, mas acabou que ficou muito bem nas grades dos UT e acabou virando padrão.
Aproveitei também que o carro estava na capa, e organizei a “Pasta do UT”. Tinha muitos documentos do antigo proprietário, NFs, recibos, garantias, um histórico desde 2009.
Esta pasta continuo alimentando com documentos até hoje, de tudo o que é gasto com ele. Até um parafuso é anotado. Recomendo a todos, mas NUNCA façam a somatória das NFs.
A solução
Algum tempo se passou e em abril de 2015 após juntar R$0,00 (zero reais) como todo bom brasileiro e depois de todos os meus testes, acreditei que o mais provável era o cabeçote com problema.
Solução simples, tirar o cabeçote e enviar para uma retífica e o recolocar com juntas novas. Mas o problema ainda era mecânico, como não achei nenhuma de confiança/barata, voltei para as pesquisas.
Tinha uma ideia de mecânica e já realizei muitos serviços como “mexânico”, mas nunca havia desmontado um cabeçote. Pesquisas novamente e depois de um tempinho estava pronto para fazer o serviço, desmontei o cabeçote na garagem mesmo, com iluminação precária, auxiliado pela lanterna do celular e muitas vezes era minha mulher que segurava a lanterna.
Depois de desmontar um monte de coisas e tirar o cabeçote, comecei a analisar a junta e o cabeçote, na esperança de identificar o problema visualmente, na realidade eu procurei uma seta em vermelho apontando o defeito. Pois bem, já estava além dos meus conhecimentos e agora com o carro todo desmontado, o que fazer?!
Enviei mesmo assim o cabeçote para a retífica. Dias depois recebi a informação de que o cabeçote não estava muito ruim e que seria necessário apenas realizar uma revisão e que provavelmente o defeito não era o cabeçote. Expliquei tudo o que eu já tinha realizado e até onde iam meus conhecimentos, então ele se propôs a ir até o prédio para dar uma olha e ver se poderia identificar alguma coisa.
Chegando lá ele identificou e me mostrou problema, era um desgaste da câmara de combustão, causando folga entre os anéis e a camisa, a notícia era de que o motor inteiro deveria ser retificado. Vejam a rebarba que estava na camisa.
Se eu não tinha dinheiro para fazer o cabeçote, imagine para o motor inteiro. Mas não tinha saída, tentamos retirar o motor na garagem mesmo, mas não deu muito certo pois não tínhamos os equipamentos apropriados. Chamamos um guincho e levamos o carro para a oficina para desmontar e ver o que poderíamos fazer.
Puxei o carro até a saída da garagem…. dá dá para ver que tinha desmontado a frente também, para ter um melhor acesso as partes mecânicas.
Colocamos o carro em cima do Guincho e #partiu…
Alguém reparou que ainda está com a placa de vende-se?
Acompanhem os próximos posts, pois a novela só está começando, decepções, peças novas, mão de obra e um novo integrante na família. Fiquem ligados e até mais, galera!
Por Jean Victor Rocha, Project Cars #255