Saudações, galera do Flatout! Agradeço pela oportunidade de compartilhar minha história com vocês! Primeiro vou falar um pouco sobre mim e minha paixão por carros e depois sobre meu Maverick LDO 1975 que está sendo restaurado completamente.
Desde muito pequeno, com um ou dois anos de idade me interessei e impressionei com carros e tudo que podia ser chamado de automóvel. Ficava na janela do apartamento, vendo-os passarem, reparando nas cores, modelos, marcas, barulhos…
Com mais ou menos quatro anos de idade, lá pra 1982, fazia o mesmo caminho todos os dias de manhã, com minha mãe e irmão, indo pra escolinha a pé. Descíamos a rua da escola e eu e meu irmão íamos identificando todos os carros que passavam, não pela aparência, mas pelo barulho. Isso mesmo, antes de ver o carro eu já sabia qual modelo era, diferenciando inclusive Fusca (motor 1200/1300) de Fuscão (motor 1500/1600), Brasília, Variant, Kombi. Sabia que existiam pelo menos dois Maverick e dois Opala com barulhos bem distintos, não sabendo nada sobre motores de quatro, seis ou oito cilindros.
Nessa época, observando o desenho dos carros, já simpatizei com o Maverick. Apesar de não ser mais fabricado, ainda tinha muitos rodando nas ruas. Não tinha muitas certezas na vida, como qualquer criança de quatro ou cinco anos, mas quando alguém me perguntava qual carro teria quando crescesse, a resposta era sempre a mesma: Maverick.
Lembro de todos Mavericks que me acompanharam na infância. Brincava dentro de um Maverick vinho que ficava abandonado na minha rua (além de vários Galaxie/Landau) e sempre ficava olhando outro Maverick branco estacionado em frente a um prédio perto de casa, bem conservado, apesar de ficar em vaga descoberta.
As rodas desse carro tinham o mesmo desenho das Mangels direcionais que escolhi pro meu carro, apesar de serem de alumínio e as minhas, cromadas de aço. Lembro também de um GT branco que ficava na garagem de uma casa na subida pra Estrada da Roseira, Zona Norte de SP, onde passava com meus pais quase todos os fins de semana para ir ao sítio e de um outro GT branco próximo à saída de Pouso Alegre/MG, onde tenho família e íamos algumas vezes por ano.
Enfim, sempre reparei nos Maverick por aí, seja em garagens, seja rodando…Sempre chamaram minha atenção e aguardava ansiosamente fazer 18 anos e realizar o sonho de ter um.
Assistindo a filmes como Christine, Mad Max e Gladiador das Ruas, decidi que eu mesmo pintaria e montaria o meu carro. Nos filmes parecia fácil e rápido….
Bom, por falar em escola, aos 12 anos ganhei da minha mãe o primeiro fascículo de um curso de Mecânica de Automóveis que saía semanalmente. Comecei a aprender e me apaixonar por mecânica. Aprendi sobre motores e principalmente, descobri o que era um V8, sobre sua perfeição, admissão no centro, fluxo cruzado, combustível bem distribuído entre os cilindros. E tive uma excelente surpresa, descobri que um dos poucos carros que saíram de fábrica no Brasil com esse motor era o meu amado Maverick!! Decidi definitivamente que teria esse carro.
Na mesma época o pai de um amigo estava montando uma réplica de Ford 29 com motor 4 cilindros de opala. Apesar de não ter gostado da ideia de usar motor GM numa réplica Ford, o via trabalhando no carro, comprando as peças, ferramentas e achava muito legal.
Ao mesmo tempo, devorava tudo que aparecia pra ler a respeito. Nessa época em que nem se sonhava com internet, comprei muitas revistas, me familiarizei com os Muscle Cars, Pony Cars e a cultura Hot Rod. Essa última me chamou muito a atenção, a história daqueles moleques nos anos 50 e 60 que montavam seus carros na garagem de casa, usando carrocerias baratas e motores potentes. Estava mais que decidido, eu teria meu Maverick e montaria ele sozinho, no melhor estilo Hot Rod. Ganhei minha primeira caixa de ferramentas e comecei a praticar mecânica no Del Rey L 88 a álcool do meu pai, para seu desespero. Foi também o primeiro carro que dirigi na vida. Trocava filtros, cabos de vela, regulava carburador e fazia reparos simples de elétrica e carroceria. O Del Rey 88 foi trocado por outro mais novo e completo, um Ghia 1.8 90 4 portas e o “aprendizado” continuou.
Quando eu tinha uns 16 anos, meu tio, irmão do meu pai, comprou um Maverick 4 portas, 6 cilindros, com câmbio na coluna. Foi o primeiro em que entrei na vida e adorei o carro.
Como gostava de mecânica, fui estudar na Escola Técnica Federal de São Paulo (atual CEFET) fazer colegial técnico nessa área. Mesmo lá me sentia deslocado. Enquanto meus colegas sonhavam com Escort, Voyage, Kadett e Gol, eu queria um Maverick V8! Até naquele curso, onde os alunos supostamente deveriam gostar de mecânica, ninguém curtia esses carros. Maverick, Dodge, Galaxie e Opala, viviam abandonados nas ruas nessa época. Como eu disse, não havia internet. Pra mim era estranho, como alguém podia querer um carro novo se por uma merreca se podia comprar uma barca americana com um V8 gigante?? Na minha cabeça isso era absurdo.
Ao mesmo tempo que estudava, fui juntando dinheiro. Tudo que ganhava, fosse pro lanche, fosse algum presente, ia pra poupança do carro. Com 18 anos, tirei minha CNH e comecei a frequentar o Encontro de Antigos que na época acontecia semanalmente no estacionamento do Estádio do Pacaembu. Lá vi muitos carros legais à venda, por preços mais que convidativos. Na época, isso em 1996, eu tinha pouco mais de 3.500 reais guardados. Um Maverick bom custava entre R$ 3.000 e R$ 6.000. Porém, devido à dificuldade de peças e ao valor muito baixo desses carros, olhando direito sempre tinham algo que me desagradava, como reparos feitos com massa, estofamentos estranhos, peças esquisitas adaptadas, rodas que não combinavam com o carro, enfim, sempre alguma coisa que me desanimava…
Para se ter uma ideia dos valores da época, deixei de comprar um Maverick SW V8 amarelo com faixas pretas, que tinha no vidro um papel, primeiro escrito R$ 1.200,00, depois por R$ 900,00 e depois tudo riscado e…Pela melhor oferta!! Um Camaro dos anos 70 por R$ 3.000 e outras pechinchas. Um Maverick branco igual ao que eu namorava quando criança por R$ 3.500 em muito bom estado…Porém, para os mais novos, é bom traçar um panorama dessa época.
Até o fim dos anos 90 e começo de 2000, esses carros eram renegados por 99% das pessoas. Eram considerados antiquados, grandes demais para o trânsito, beberrões, não tinham peças de reposição no Brasil e por isso, apesar de baratos, a maioria tinha adaptações grotescas desde peças mecânicas, até estofamentos, lanternas, lataria…
No fim, por outros problemas, entre eles a convivência com uma Marajó da mãe um amigo que tinha ela desde zero km e só apresentava os problemas mais absurdos, (o que na época imaginei serem em virtude do tempo de uso e idade do projeto) um acidente com um Santana do meu pai (do qual meu Maverick herdou a cor Vermelho Colorado Perolizado, uma espécie de “homenagem” anos depois) acabei desistindo da ideia por um tempo, sufocando minha paixão por carros e consequentemente pelo Maverick por alguns anos, inclusive indo fazer faculdade de Direito ao invés de mecânica.
Mas paixão é paixão então, alguns anos depois, no final de 1999, já na faculdade, andando num Galaxie 74 de um amigo (Galaxie que algum tempo depois seria meu) a má impressão que tive com a Marajó se desfez, vendo que o surrado Galaxie, apesar de seus quase 30 anos de uso, esbanjava vigor e que praticamente tudo nele ainda funcionava, o ronco do silencioso V8 292 Y Block, a vontade de ter um Ford V8 voltou a pulsar forte nas minhas veias!
Porém, vendo novamente que os carros mais caros, teoricamente “bons”, ainda tinham reparos mal feitos e sabe se lá quantas toneladas de massa embaixo de suas pinturas reluzentes (lembrem-se que era uma época em que esses carros valiam muito pouco, então ninguém punha dinheiro neles. Se punha, era por que não queria vender, logo os carros à venda eram na maioria ruins), decidi que ia comprar uma carroceria bem alinhada, em qualquer estado, desde que não fosse um carro acidentado ou torto, devendo somente também ter os documentos em ordem. Queria também, se possível, que fosse um GT Fase II (1977/79), pois gosto mais das lanternas traseiras e faixas desse modelo.
Retornando em 2000, aos encontros do Pacaembu, conheci um cara chamado Elvis, que disse ter um Maverick à venda por R$ 700,00! Marquei com ele em sua casa, no extremo sul de SP, onde estava o carro. Fui até lá com um amigo, o Christian, no dia combinado e descobri um mundo paralelo na vizinhança do cara. Entre casas sem acabamento, uma galera com cara de poucos amigos circulava ostentando motos e carros novos, de origem duvidosa, à luz do dia. A garagem do tal Elvis era quase um desmanche.
Em frente à casa havia um Dodge Charger 77 branco e logo em seguida, estava provavelmente o Maverick mais feio que eu já tinha visto na vida. O carro era 1975, LDO de documento (que depois descobri que não existiu na fase I, ou seja, até 76) também era branco e parecia ter sido pintado com rolinho de pedreiro, além de ter buracos enormes de ferrugem nas laterais. Aliás, uma delas parecia ter sido enchida com jornal e massa, ou seria fibra?
Tinha um motor quatro cilindros, à primeira vista, sem os cabos de vela. Também não tinha freios. Porém, vendo pelo lado positivo, tinha o volante Walrod de 3 raios, rodas bonitas, apesar de aro 14, os frisos de inox nas calhas (raros já naquela época), longarinas e assoalho bons e, apesar de ser ano 75, tinha as lanternas traseiras do Maverick fase II. O vendedor disse também que o motor era novo, tinha sido feito recentemente, o que pra mim teria valor depois, na troca pelo V8. Então, na minha inocência e por influência dos filmes que citei acima (“O Gladiador das Ruas”, “Mad Max”, Christine…) Pensei: “Minha ideia é fazer um carro do zero a partir de uma carcaça.
Apesar de gostar muito do Maverick GT, especialmente os fase II, não achei nenhum bom o suficiente pra comprar. Quero montar o carro do meu jeito, sem me apegar à originalidade. Se eu pagar esse valor no carro, sobra um monte de dinheiro (lembrem-se que eu tinha cerca de R$4.000,00 agora e o preço do carro era R$ 700,00) pra funilaria, a pintura, comprar o V8 e montar tudo do jeito que quero. Em 6 meses deve estar pronto. Se não ficar bom, vendo e compro outro”. Então fechei negócio, com a condição de ele me entregar o carro funcionando.
No fim de semana seguinte, o mesmo amigo que me acompanhou na primeira visita ao carro (e tinha uma Ford F1000), foi comigo e mais 2 amigos nossos, buscar o carro. O Elvis prometeu entregar o carro funcionando, mas não estava. Além disso, um pneu estava murcho, não tinha freios nem qualquer luz, mesmo depois de colocada a bateria que levei e misteriosamente terem “sumido” as rodas de liga, que ele me convenceu a substituir por uma porta sobressalente e uma saia dianteira, ainda com a placa amarela pendurada nela.
Aqui cometi meu primeiro erro e que sirva de lição para os futuros candidatos a autores e aventureiros dos “Project Cars”: o combinado não sai caro. Não está como prometido, dê a volta, vá embora e só volte, se voltar, quando o cara cumprir o combinado. Mas, como estava do outro lado da cidade e estava escurecendo, aceitei a barganha das rodas pelas peças. Então amarramos ele na pick up, com uma corda, pois não consegui um cambão emprestado e meu amigo veio me puxando devagar, dentro do Maverick.
Tive que ir com a segunda marcha engatada e, caso precisasse frear, soltava a embreagem. Paramos no primeiro posto de gasolina e para minha alegria, o pneu traseiro esquerdo murcho, estava na verdade rasgado e não podia ser calibrado. Imaginem a sensação de pegar a Marginal Pinheiros em SP, num carro realmente velho, sem freios, amarrado a cerca de 40 centímetros do parachoque de uma caminhonete, e ainda com o pneu traseiro rasgado, a roda batendo no asfalto e fazendo um barulho ensurdecedor, semelhante ao das rodas de um trem, só que bem mais alto! No meio do caminho pra casa, ainda na Marginal, a vibração causada pelo pneu vazio soltou um prisioneiro da roda, travando-a. Ela começou a se arrastar no asfalto, soltando um rastro de mais de 3 metros de faíscas atrás do carro!! Estava anoitecendo e foi um show bizarro e bonito pra quem passava pelo local. Parecia um Low Rider arrastando aquelas placas que os donos colocam embaixo, só que não….
Por não termos muita opção, continuamos até que, por fim, quase no fim do caminho, a corda que amarrava o Maverick à F1000 estourou! Já era bem tarde, eu estava exausto, não havia jeito de emendar a corda e nem tínhamos outra. Empurramos o carro até uma travessa da Marginal, ao lado de um posto de gasolina. Um dos amigos, pra tirar sarro, amarrou o carro ao poste, pra ninguém roubar. Deixei o carro lá, a cerca de 10 km de casa.
Fiquei tão preocupado que, no meio da madrugada, peguei a Pampa do meu pai (aqui na sua primeira participação, de muitas nessa história) e fui lá conferir se o Maverick ainda estava no mesmo lugar. Tinha um morador de rua perto do carro, que, contrariamente ao clichê, era um cara culto, que falava bem, era bem simpático e não estava bêbado. Comprei-lhe um lanche e pedi pra olhar meu carro até de manhã. Ele agradeceu muito e prometeu ficar até de manhã cedo. Perguntou até o horário em que eu viria! Então no dia seguinte, com uma corda nova, fui com meu amigo buscar o carro. O morador de rua cumpriu a promessa e lá estava me esperando chegar, feliz e contente! Amarramos o carro de novo e finalmente consegui chegar na minha rua.
Parei em frente ao prédio onde eu morava. Na semana, arranjei um jogo de cabos de vela e comprei a tampa e um rotor do distribuidor na Auto Peças Grillo, uma loja antiga de bairro, perto de casa, que já fechou as portas. Eles também tinham um emblema da grade do Corcel e algumas lentes de pisca dianteiro do Maverick, tudo novo, estoque antigo. Comprei todas as peças! Um outro amigo, fanático por carros e ex colega do curso de mecânica (o Gustavo), foi então me ajudar a ligá-lo. Era uma incógnita, uma vez que o carro veio desligado o caminho todo (cheguei a soltar a embreagem pra freá-lo algumas vezes, podendo ouvir o motor rodar, mas não tenha certeza de nada) e tendo em vista o ocorrido com as rodas e o pneu vazio, duvidei que o motor estivesse realmente bom.
Então, com os dedos cruzados, demos partida (com a ajuda de cabos auxiliares e da Suprema do Gustavo-comprada pelo pai dele zero km em 1993 e que ele usa até hoje, com cerca de 500.000km!) e o velho Georgia 2.3 funcionou liso, sem fumaça nem batedeira, pra minha alegria e surpresa! Surpreendentemente estava muito bom, conforme disse o vendedor!
Arrumei então os freios, que simplesmente não tinham a tubulação até a traseira do carro e ele se tornou usável, apesar da aparência horrível. Com um pouco de paciência e uma lâmpada de testes, consegui também botar toda a parte elétrica dele pra funcionar.
Parti então pra próxima etapa, fazer orçamentos de funilaria e pintura em São Paulo, mas ou me pediam valores absurdos (na época, entre R$ 4 e 5 mil), ou nem queriam pegar o carro pra fazer. O meu funileiro de confiança na época me aconselhou a vender aquele carro e partir para outro em melhor estado, conselho ratificado pelos meus amigos: “Leo, dá como perdido esse dinheiro que você gastou. Encosta esse carro no sítio, aproveita as peças que puder e compra outro melhor”. Fiquei então bastante desanimado e quase desisti do carro.
Porém naquela época eu ia quase todos os fins de semana para Piedade, cerca de 100 km no interior de São Paulo, onde um tio daquele primeiro amigo tinha sítio. Numa dessas idas, o dono do Galaxie 74 (aquele do começo da história, lembram?) que também buscava funileiro, me apresentou o Noel. Vendo alguns trabalhos dele, gostei, além de ficar atraído pelo preço: Com base em fotos ele pediu R$ 1.000 pra fazer meu carro em um prazo de 3 meses. Eu teria que buscar e comprar as laterais traseiras, o resto ele recuperaria em lata, sem usar massa. Decidi que ele faria meu carro.
Dezembro/2000: O carro, apesar de muito feio, funcionava bem. Preparei-o então para a viagem até Piedade. Troquei óleo, filtros, bomba de água, mandei arrumar o alternador e os freios. Porém, por um vazamento de óleo no mancal traseiro, que demandaria a retirada do motor para saná-lo, decidi que iria transportar o carro até lá.
Aconselhado por alguém, fui até o mercado do Ceasa, procurar algum dos caminhões que, segundo me disseram, vinham a SP carregados e voltavam vazios e assim topariam fazer o frete. Não lembro o valor combinado, mas fechei com o dono de um Ford F4000, curiosamente, fabricado em 75 também, como meu Maverick. Ele me esperaria no sábado às 7:00 horas da manhã no primeiro posto da Rodovia Raposo Tavares.
No dia combinado, acordei cedo, abasteci o Maverick, fiz o sinal da cruz, pensando “Deus me ajude” e saí pra estrada. Cheguei ao posto onde, é claro, não me deixaram usar o elevador para colocar o carro em cima do caminhão. A solução foi encostar a F4000 com a caçamba num barranco inclinado e eu desci com o Maverick do barranco direto pra cima do caminhão! Foi tenso!
A viagem foi longa e cansativa mas finalmente chegamos a Piedade. Lá o pessoal de um posto foi mais gentil e permitiu o uso do elevador. Dirigi até o sítio e guardei o carro na garagem, onde já havia o (meu futuro) Galaxie e um Dodge Dart 4 portas do dono do sítio, trocado pelo Christian por equipamentos de som automotivo com o tal Elvis (que me vendeu o carro). No outro dia dirigi até o funileiro que, quando viu o carro, coçou a cabeça e disse: “bom, pra fazer tudo com lata, bem caprichadinho, vou ter que cobrar R$ 1.200”. Nem preciso dizer que o apelido do cara virou “caprichadinho” depois dessa….Paguei metade no início e a outra metade ficou prevista para o final. Concordei e iniciaram-se os trabalhos.
Comecei a buscar as peças e consegui numa loja em Sorocaba/SP a lateral esquerda nova, peça original Ford. A lateral direita comprei usada num famoso e antigo comerciante de peças de São Paulo, a Landauto. Quanto à cor, nenhuma das originais me agradava muito. Além disso, como eu disse, pela influência da cultura Hot Rod, queria uma cor chamativa mas que ao mesmo tempo combinasse com as linhas do carro.
Queria fugir do comum, o vermelho, o amarelo, o branco e o preto. Depois de muito pensar e analisar as opções, numa homenagem ao pobre Santana capotado por mim alguns anos antes, escolhi o vermelho colorado perolizado da linha VW 1991. A cor e me agradava muito, combinaria com as partes pretas e destacaria os cromados. Comprei os 7 quartos de tinta de uma vez, pra não dar diferença. Porém, o serviço não andava como prometido. Os três meses se passaram e nada do carro. O Noel tinha errado no prazo e no orçamento. Para manter a oficina, pegava serviços menores e meu carro ia ficando num canto, esquecido. De vez em quando via algum progresso.
Seis meses passaram e vendo que não adiantava pressioná-lo, levei outros serviços pequenos para ele, na esperança de que ajudando-o, ele me ajudasse também. Passaram-se meses, até que o Natal de 2001 chegou (umano na oficina) e nada do (Papai) Noel entregar meu presente…Resolvi tentar me acalmar e continuei dando um trato nas peças que tinha e comprando as peças que faltavam.
Dei um trato no painel, zerei o velocímetro usando uma furadeira. Comprei uma tampa do tanque de estoque antigo. Vendi o motor quatro-cilindros para um jipeiro e comprei através do jornal Primeiramão, o 302 V8 de um Landau. Finalmente, em Janeiro de 2001 o carro começou a ganhar forma.
E em abril de 2002 começou a ganhar a cor escolhida. Até achei um quadrijet Holley nessas minhas garimpagens de peças pelo interior de São Paulo! Novo, encostado numa prateleira de oficina de recuperação de carburadores. Me animei de novo! Mas isso é história para o próximo Post! Obrigado pela atenção e um abraço, Flatouters!
Por Leo di Salvio, Project Cars #292