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Project Cars Project Cars #305

Project Cars #305: começa a restauração do meu Fusca 1961

Bom, pessoal, estou de volta com mais um episódio da saga do meu Fusca, então puxem a cadeira que la vem história! O último post terminou com ele finalmente indo para casa após passar semanas na oficina. Foi uma pequena viagem de no máximo uns 40 quilômetros e pelo caminho foi como se estivesse viajando no tempo: sentado no banco traseiro por conta do “pequeno” defeito do assoalho, cheiro de fusca e o som maravilhoso do boxer refrigerado a ar.

Chegando em casa, estacionamos ele na garagem e me lembro de passar um bom tempo dando voltas ao redor dele sem acreditar que realmente tinha comprado meu primeiro carro: que coisa doida, meus colegas comprando populares 1.0 e eu com um Fusca. Na época tinha 17 anos, não possuía CNH, então restava ficar admirando cada detalhe dele e lavar ele todo fim de semana (mesmo não saindo da garagem).

Primeiro banho do carro, foi quando comecei a acreditar que aquele carro realmente é meu. Pude perceber que uma coisa é admirar um carro de longe e outra coisa completamente diferente é admirar o carro que está na sua garagem. Carros antigos nos fazem pensar sobre quantas situações eles já passaram por toda a sua existência…

 

O passado do velho fusca

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Ele foi fabricado em 1961. Quanta coisa já não aconteceu nesses últimos 55 anos? Imagine você leitor, quantas situações que um carro pode ter presenciado em todos esses anos? O primeiro encontro de algum casal que hoje já são velhinhos pode ter acontecido dentro dele! O nascimento de alguém, algum evento importante para a história, algum evento especial para a vida de alguem, dias bons, dias ruins, dias inesquecíveis…

Bom isso fica na imaginação, não tem como saber exatamente o que já aconteceu com ele, mas o que sei é que ele sempre foi de Brasília, provavelmente foi comprado 0 km aqui após um ano da inauguração da nova capital.

Sobre o início de Brasília, aprendemos na escola sobre o governo JK, sua política desenvolvimentista que propunha o crescimento de 50 anos do Brasil em apenas 5 anos. Foi lançado seu plano de metas, onde uma delas era a construção da nova capital e no dia 21 de Abril de 1960, Brasília foi inaugurada. Tudo bem, aprendemos isso na escola, mas tem uma história que é pouco conhecida:

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Nos anos 60, Brasília era praticamente um autódromo: Pistas largas, asfalto maravilhoso, sem semáforo, sem radares de velocidade e pouquíssimos carros de polícia: o paraíso para qualquer Gearhead. Neste contexto, um grupo de estudantes (Alex Dias Ribeiro, Helládio Toledo, João Luiz da Fonseca e José Álvaro Vassallo) com gasolina correndo nas veias, criaram uma oficina chamada Camber. Após envenenarem o carro da mãe do José Álvaro (que acabou se tornando uma sensação nas corridas de rua da época) eles perceberam que precisavam de um carro próprio onde eles pudessem testar suas ideias sobre preparação. O pai do Alex doou para eles um Fusquinha 1200 que havia sido condenado após um grave acidente. Os garotos removeram a carroceria e reformaram motor, câmbio e chassi. Com o anuncio dos 500 Km de Brasília, eles decidiram participar com o carro, mas para isso, seria necessário a fabricação de uma carroceria. Após isso, nasceu um dos carros de corrida mais curiosos fabricados em terras tupiniquins: o Patinho Feio

“A máquina ficou pronta no dia da corrida. Era vermelha como uma Ferrari e terrivelmente feia. Os quatro faróis de milha parafusados do lado de fora dos pára-lamas dianteiros davam-lhe um ar de um gigantesco gafanhoto de quatro olhos. A enorme tomada de ar frontal parecia a boca do bicho-papão. Os pára-lamas traseiros, em forma de asas de abelha, completavam o quadro. Algumas pessoas disseram que era o protótipo de um formigão mecânico, daqueles de filme de ficção científica”. (Alex Dias Ribeiro)

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Plataforma de Fusca, motor de 1.200 cm³, carroceria em chapa de aço moldada com solda e marteladas. Sua estreia aconteceu no dia 17 de setembro de 1967 no circuito de rua da Asa Norte, disputando uma corrida contra Alfas, Karman Ghia Porsche, etc. Saindo da 17ª posição, foi motivo de chacota e no fim acabou chegando em segundo lugar sendo destaque na corrida e ganhou o apelido de “Patinho Feio”.

Camber 500 Km BSB 67

A oficina Câmber era o lugar para se frequentar caso gostasse de automobilismo. Entre as pessoas que frequentavam a oficina, tinha um garoto chato que sempre ficava perturbando os mecânicos. Após um tempo, eles acabaram botando o garoto para fazer um curso de manutenção de motos para que assim ele parasse de atormentar e pudesse assumir a divisão de motos da oficina. O garoto que até então era anônimo, hoje é conhecido por ter vencido três campeonatos mundiais de Fórmula 1, o Nelson Piquet.

Um acontecimento engraçado da oficina envolvendo o Piquet foi que ele usava o Fusca de sua irmã escondido para correr. Em um fim de semana de corrida a irmã dele iria usar o carro, então ele acabou ficando impossibilitado de corrrer. Coincidentemente a mãe do Alex levou o Fusca dela para a oficina para fazer uma revisão de freios. Ele não teve dúvida, aproveitou a oportunidade e disse que entregaria o carro na segunda feira. Quando ela saiu, ele tirou o motor original, espetou o motor de corrida e levou o carro da mãe do Alex para o grid. Resultado: ganhou a corrida e segunda feira o carro estava pronto para ser entregue para a mãe do Alex.

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Ilustração do Fusca da mãe do Alex que o Piquet pegou “emprestado”

Bom, provavelmente o Fusca presenciou algumas dessas coisas… talvez ele tenha algumas dessas corridas. Talvez ele tenha até participado de algumas corridas nas noites do Planalto Central. Realmente, esse grande pedaço de metal já viveu muita coisa mesmo. Ok, vamos parar de pensar um pouco e terminar de lavar o carro.

 

Reparos estruturais

O tempo passou e consegui juntar dinheiro para poder fazer os reparos estruturais que o carro necessitava. Meu pai me aconselhou a levar o carro para a oficina do seu amigo que havia nos ajudado a escolher o carro, o Isaque. Como vocês viram no ultimo episódio, meu carro tinha um “pequeno problema” no assoalho. Levamos o carro para a oficina e esse foi o resultado:

Estava pior do que pensava

Pronto! Assoalhos, caixas de ar e pés de coluna substituídos! Todos os problemas resolvidos? Não, era apenas o principio! Após esses reparos, fui apresentado ao Jack: Jack o carro está separado do chassis, vamos fazer a funilaria completa do carro?

Funilaria é uma fase muito difícil. É complicado escrever algo a mais nessa frase. Graças a Deus que o Isaque ajudou muito nessa etapa. Essa fase é difícil porque o processo na maioria das vezes é demorado e acaba virando uma bola de neve, já que quando tiramos a tinta velha, alguns problemas escondidos acabam aparecendo.

Mas resumindo tudo em dois pontos: 1) em comparação com o que alguns amigos meus passaram, o processo de funilaria e pintura do meu carro foi tranquilo. Apesar de bastante demorado, o trabalho ficou excelente e acabei virando amigo do Isaque, que é algo incomum, pois muitas vezes a pessoa responsável por esse serviço passa a ser uma das pessoas mais odiadas da sua vida. 2) Apesar de ter sido tranquilo, não quero nunca mais fazer isso enquanto ainda estiver em plena sanidade. Hoje eu prefiro pegar um carro que não precise de funilaria e com a mecânica muito ruim, do que pegar um carro com a mecanica ótima e a estrutura precisando de muitos trabalhos. Seguem algumas fotos:

 

Despertando um carro que ficou anos parado

Depois de um bom tempo, o fusca ja estava em casa, pronto para ser dirigido! Lembro da primeira vez que fui trabalhar com ele: Se andar como passageiro já é incrível, dirigir é melhor ainda! É aquela experiencia de dirigir completamente crua, descrita neste post do Flatout, sentir cada detalhe da pista, o comportamento do motor, o freio… é tudo bem intenso: Carros são para dirigir e Fuscas são para degustar. Não se bebe um bom vinho como se bebe refrigerante, afinal não é um carro qualquer, é um Fusca.

A ida foi ótima, mas a volta foi assustadora e vou contar para vocês: foi ótimo até eu chegar em uma via de 80km/h. Esse trecho é perigoso e morre muita gente ali. Tudo bem, quando pegava o carro dos meus pais emprestado, passava por ali sem nenhum susto. Quando eu passei por um desnível, o carro deu uma guinada sozinho para a contramão e na tentativa de corrigir virei o volante rapidamente para o lado contrário e o carro acabou indo para o acostamento. Freei o carro bruscamente e quando fiz isso ele deu uma guinada para fora da pista e para corrigir quase fui para a contramão…

Tudo se repetiu mais uma vez e resolvi jogar o carro para uma estradinha de terra que tinha fora da pista para que eu pudesse freiar em segurança. A sensação de alguem com poucos meses de permissão para dirigir? Pernas bambas e por pouco não precisei de cuecas novas. Esperei as pernas voltarem a funcionar e voltei para casa morrendo de medo de acontecer mais uma tentativa de homicídio desse fusca maluco. Mandei ele para a oficina mais uma vez e o resultado: folga nas rodas dianteiras (embuxamentos) e o freio funcionando direto em apenas uma roda. Mais algumas semanas para ser reparado e mais ansiedade para finalmente poder andar no carro sem experiências de quase morte.

Depois de algumas semanas ele estava de volta. Freando as quatro rodas e sem folgas nas rodas dianteiras. Até os 80 km/h era tranquilo, acima disso ele voltava a ficar instável novamente. Tudo bem, era só não passar dessa velocidade que iria dar tudo certo

Rodei algumas semanas com o carro assim e algo engraçado em possuir um fusca é que você começa a ser conhecido como “o cara do fusca”. Quando algum conhecido não tem assunto e quer falar com você, ele começa assim: “Sabe, outro dia eu vi um fusca lindo na rua…” e quando você está perto do carro, abastecendo ou mesmo parado no transito tem sempre alguem que diz: “Já tive um fusca também e fiz a besteira de vender… Saudades dele, nunca me deu trabalho” é sempre assim ou eu estou enganado?

O uso do Fusca em nosso cotidiano tambem pode nos ajudar com outra coisa: dificilmente alguma garota vai se aproximar de você por interesse. Se uma garota ficar contigo mesmo quando você dirige um fusca velho, sem nenhuma forração interna, bancos rasgados e cheiro de gasolina, acredite, essa garota é especial! E se você chamar ela para dar uma volta e o fusca apagar no meio de um cruzamento no horário do rush e ao invés de encher o saco ela ajuda você a se acalmar e a resolver o problema, saiba: Essa mulher é para casar! E se ela pedir para aprender a dirigir no fusca e para que ensine algumas coisas sobre carros e mecânica para que caso estejamos em uma rodinha de amigos juntos, ela não fique boiando, é o seguinte: você acaba de ganhar na loteria! E foi bem isso que aconteceu comigo, não só ganhei na loteria, acredito que foi bem mais do que isso e o fusca logo no início me ajudou a enxergar algumas das várias qualidades dessa pessoa. (pausa para secar um másculo suor dos olhos).

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Nos filmes do Herbie sempre acontecia algo assim

Achei que com os reparos feitos estaria livre de problemas. Mas a vida é uma caixinha de surpresas, não é mesmo? O carro estava demorando mais para ligar a cada dia, até que não ligou mais. Eram alguns problemas de ignição, então mandei o carro para a oficina de novo e por lá ficou por mais uma ou duas semanas. Quando o carro ficou pronto, acreditei que não teria mais problemas, certo? Não, por que meus amigos, a vida é uma caixinha de surpresas! Tinha um vazamento de óleo vindo do cambio e com o carro frio era difícil engatar alguma marcha, até que um dia não consegui engatar mais nenhuma marcha.

Levei o carro paro o Isaque e ele constatou que o vazamento não era em um lugar comum (vazamento de óleo nos câmbios dos VW refrigerados a ar geralmente são causados por coifas em mal estado ou instaladas de forma incorreta) e que tentaria resolver sem retirar o cambio do lugar. Após o reparo feito, completamos o óleo do cambio e pronto. Finalmente poderia andar no carro sem problemas certo? Não meus amigos, pois como já disse, a vida é uma caixinha de surpresas! Pouco tempo após o reparo do câmbio, o dínamo parou de funcionar. Nessa hora, eu já estava cansado, pois era meu único carro e eu não conseguia utiliza-lo no dia a dia, pois ele precisaria de reparos mais sérios que levariam mais tempo e dinheiro.

Então, para cumprir o papel de carro do dia-a-dia comecei a procurar um segundo carro para que pudesse me organizar para reparar o fusca como se deve. Deveria ser barato, econômico e confiável. Não vou entrar em muitos detalhes, vou somente postar uma foto do carro que comprei e vou deixar que os entendedores entendam:

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Honda Civic LX 1999 MT com apenas 99 mil km rodados

O carro passou cerca de oito a nove meses parado por conta do problema do dínamo. Eu já estava cansado de levar o carro para a oficina e nesse tempo em que ele ficou parado, conheci o Forum Fusca Brasil. Passeando pelas áreas de manutenção e preparação de motores, fui seduzido pela mecânica desses carros. Eu já era apaixonado pelo modelo por conta das experiências que tive a bordo do carro, mas digo: ao se aventurar a reparar algum aircooled, você está tomando um caminho sem volta. O que dizem realmente é verdade: manutenção simples e intuitiva, viciante como uma droga, uma escola de mecânica, etc. Já ouvi dizer que nos manuais do proprietário dos Porsches 356 dizia: “O melhor mecânico para o seu carro é você mesmo.”

Acredito que todo mundo aqui está cansando de saber das origens do velho Fusca, mas só quem foi infectado pelo vírus da graxa, sabe que os Porsches clássicos, principalmente o 356, tem muita coisa em comum com o Volkswagen.

 

Resolvendo os problemas em casa

Vamos por essas histórias à prova? Arregacei as mangas e decidi reparar o carro por conta própria. Não foi fácil, não foi rápido, mas a satisfação em ter resolvido o problema do carro em casa valeu muito a pena! Quando o carro ligou eu fiquei assim:

Tudo perfeito? Não, afinal meus amigos a vida… Ouvi a vida inteira que fusca não tem frescura, que arruma com arame, alicate e chave de fenda, então fui com esse pensamento para instalar o alternador. O carro funcionou, a ligação elétrica estava perfeita, tudo em seu devido lugar, então fui testar o carro indo para a faculdade. Quando ja estava voltando e quase chegando em casa, ouvi um barulho forte de metal batendo vindo do cofre.

Pensei que tudo tinha ido pelos ares, que o motor tinha caído na pista, que tinha explodido, etc. Desliguei o carro e quando abri a tampa do motor veio a surpresa: estava tudo no lugar. Liguei o carro e voltei para casa. Desmontei e montei, tentei várias soluções mirabolantes. A inexperiência não me deixou entender que a falta de caprixo em não retirar a tampa do motor para fazer o serviço havia entortado levemente a capela, fazendo que a ventoinha raspasse no fundo dela ao girar.

Reparei a capela, remontei tudo como se deve usando um manual e o Forum Fusca Brasil como referencia. Depois de tudo montado, vamos testar:

Com isso o fusca me ensinou: realmente ele é um carro robusto, a manutenção é simples e com alicate, chave de fenda e arame você não fica na rua. Mas isso não quer dizer que podemos encher o carro de gambiarra e fazer os serviços como um ogro.

Como o carro passou um bom tempo parado, o câmbio havia travado de novo. Já estava de saco cheio de ter problemas com ele, então decidi arrancar fora e colocar algo melhor no lugar. Meu carro tinha um câmbio muito curto e a 80km/h parecia que o carro se desmontaria por inteiro. Então, vamos fazer a troca? Levei o carro para um amigo mecânico e pedi para que ele colocasse um cambio 8×33 com eixo longo:

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Antes, eixo curto

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Depois, eixo longo 

Uma coisa é trocar um alternador, outra coisa é trocar um cambio: tirar o motor, desmontar a suspensão traseira, tirar o cambio e depois seguir a ordem inversa com o máximo de capricho. É muito trabalho! Por que eu sei disso? Spoiler Alert!

 

Hora de finalmente curtir o carro

Com o câmbio novo, o carro melhorou muito! Ficou bem agradável de andar na estrada e rendeu até alguns sustos em motoristas desavisados (diversão é ultrapassar alguem de fusca ou sair rasgando em algum sinal. A cara que as pessoas fazem é impagável). Após esse reparo, finalmente pude andar com o carro sem problemas e isso me rendeu bons momentos:

 

O grande dia do fusca

Chegam momentos na vida de um homem em que ele tem que tomar grandes decisões que vão impactar toda a sua vida. E havia chegado o momento de tomar uma das mais importantes decisões da minha vida: A pessoa que quero ter ao meu lado até o fim da vida. E como ela é extramamente especial, o pedido tambem teria que ser especial, um dia que ficaria marcado na memória dela para o resto de sua vida. Para isso, é claro que deveria utilizar os bons e velhos VW refrigerados a ar.

Como ela é muito esperta, o plano deveria ser bem elaborado, para conseguir pega-la de surpresa. O nosso terceiro aniversário de namoro cairia em uma segunda feira. Então cominamos de comemorar no fim de semana, ja que é difícil fazer algo neste dia. Na segunda, enviaria flores para ela, convidando para sair e comemorar o nosso dia. Seria algo simples, iriámos ao McDonalds. Por coincidência, meu Ford Ka (sim, fiz a cagada de vender meu Honda) quebraria bem na hora de sair e teria que usar o fusca. Enquanto estivéssemos jantando, eu iria buscar algo que tinha esquecido no carro e aproveitaria para inverter os cabos de vela para que o carro funcionasse muito mal e precisasse de ajuda.

Aquela segunda feira alem de ser o nosso aniversário de namoro, tambem era o dia da “Segunda do Arroz Carreteiro”, tradicional encontro de carros antigos aqui em Brasilia. Então coincidentemente meu amigo Wendel, estaria passando por perto dali e eu pediria ajuda para sair do prego. Ele tem uma Kombi Furgão (sem os vidros laterais) e quando ele chegasse, estacionaria a kombi do lado do fusca e quando abrisse a porta para pegar a caixa de ferramentas: BANG! Sairia de dentro da Kombi os meus pais, os pais dela, os nossos irmãos e o Pastor da nossa igreja e ali na frente de todos eu pediria a mão dela em casamento. Eai? Vamos por em prática?

 

Preparativos

Depois de planejar tudo e combinar com as pessoas envolvidas, chegou o fim de semana que antecedia o grande dia. O fusca ja apresentava problemas de aquecimento e precisaria de uma revisão para ter certeza que cumpriria sua missão sem nos deixar pelo meio do caminho. Levei o carro para uma oficina para que fossem reguladas as válvulas, ponto, carburador e instalado um escapamento dimensionado (famoso capetinha).

Deixei o carro lá na sexta e foi combinado que na segunda feira pela manhã ele deveria estar pronto sem falta. Na segunda feira voltei até a oficina para pegar o carro e recebi uma triste notícia: por causa do aquecimento, uma valvula tinha se fundido com a sua guia e por esse motivo estava com um cilindro sem funcionar.

Fui alertado que o comportamento do carro seria imprevisível, ele poderia rodar um bom tempo assim até eu me captalizar para resolver o problema ou então eu poderia nem chegar em casa. Foi um balde de água fria, já que em um dos dias mais importantes da minha vida, o meu grande companheiro não estaria ao meu lado. Decidi não colocar o plano em risco e ir com o Ford Ka mesmo assim.

O pedido acabou dando certo, graças a Deus a resposta foi sim. Seguem algumas fotos:

E o Fusca? O motor não estava bom, precisaria de reparos mais sérios. Olhem um vídeo que fiz na época:

A instalação do alternador havia sido o serviço mais complexo que ja fiz no meu pobre Fusca. Estava com um problema sério onde na pior das hipóteses deveria desmontar e montar todo o motor do carro. E agora? O que devo fazer? Será que alguem que não tem nenhuma experiência em mecânica consegue fazer um serviço dessa magnitude?

Continua…

 

Por Gustavo Oliveira, Project Cars #305

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