Salve, salve FlatOuters! Antes de tudo, é uma honra estar aqui apresentando meu simples porém esforçado projeto. Agradeço aos votos do pessoal e agradeço aos editores por terem escolhido meu carro. Prometo me esforçar e fazer o melhor possível nos posts. Então vamos lá!
Me chamo Maurício, tenho 22 anos, moro em Curitiba e já peço desculpas antecipadas, pois como gosto muito de falar, gosto também de escrever e entrar em detalhes. Nessa ideia venho contar a história do meu agora amado Renault Clio 1.6 16v Privilége, vulgo Clio VTEC, Honda Clio, Clio JDM ou qualquer outra coisa que os babacas dos meus amigos chamam ele até hoje (mais adiante vou explicar os porquês).
Nesse primeiro post vou falar de como surgiu esse maluco tesão que tenho por carros e minhas primeiras carniças até chegar no Renozão que hoje habita feliz a garagem daqui de casa. Infelizmente não posso dizer que herdei a paixão por carros dos meus pais, ou tios ou qualquer parente próximo como a maioria do pessoal daqui — meu pai sempre trabalhou muito para sustentar a casa e minha mãe sempre fez de tudo pra manter a paz e a ordem, principalmente por causa de mim e do meu irmão — vivemos saindo no grito aqui em casa até hoje mas mesmo assim nos damos bem; quando ele é bonzinho até levo ele para passear de Clio. N
essa de sempre fazer de tudo pra manter a casa, meu pai no distante ano 2000 me presenteou com um PS1, sim, aquele tijolo cinza da Sony, jogamos muito futebol e lutinha (que meu pai chama até hoje de “tush tush”) no velho console, até que um dia ele chegou com um jogo que mudaria tudo na cabeça daquela criança de 6 anos de idade (isso mesmo, criança que nasceu nos anos 90, jogava PS1 e hoje em dia vive por carros): ganhei um Gran Turismo 2! Que jogo! Que gráfico! O ronco dos motores, a variedade de modelos, o barulho de pneu cantando, a chance de fazer ré + primeira. Aquilo tudo me viciou, o bichinho da gasolina me picou na hora! Mas tudo virou em mer** quando fomos trocar nosso Renault Mégane 2001 nessa coisa maravilhosa aí embaixo:
Salve-se quem puder! Calma, calma! Não é o que parece
Em meados de 2006 fomos na CCV do Tarumã aqui em Curitiba e enquanto minha mãe, meu pai e meu irmão estavam olhando Zafira, Scénic e Picasso, fui até o outro lado, onde deparei com o meu primeiro e maior amor automotivo até hoje, um Marea Weekend ELX 1.8 16v 2003 prata com 15.000 fucking km rodados! O carro era muito novo e meu pai depois de um test drive e logo após a aprovação d(a) chefe da casa, a mamãe, trouxemos a monstrona pra casa.
Foi um carro que simplesmente marcou minha vida, depois que compramos ela, aprendi a dirigir de verdade nela, aprendi a melhor forma de lavar um carro, aprendi encerar, cuidar da manutenção, descobrir problemas crônicos, manutenção preventiva e mais algumas coisinhas. Aprendi também que corte de giro é muito divertido e aproveitava os domingos que meus pais saiam para almoçar, para dar uns aceleros “escondido” na avenida perto de casa (quem conhece Curitiba sabe como a rápida Santa Cândida sentido Centro é boa e vazia num domingo na hora do almoço!). Eu achava que a Marea seria minha ao fazer 18 anos, mas ela foi embora um ano e meio antes de eu completar minha maioridade. Lá se foi meu sonho.
Logo depois de eu fazer 18 anos, meu pai tinha um Renault Megane 2.0 16v 6 marchas, carro animal, até que um dia ele chegou com esse negócio em casa e perguntou se eu gostei:
“Que mer** é essa, pai? Trocou o Megane nessa pizeira?” Meu pai me olhou e respondeu da forma mais calma possível, como ele sempre faz: “O Megane está me esperando, esse era pra ser seu carro, mas já que você não quer, eu devolvo”. Preciso dizer que pedi milhões de desculpas pro velho? Peguei o Astra 2.0 16v pra dar minha primeira volta com meu carro, sem carteira mesmo. Já que seria uma voltinha na quadra, no mesmo dia montamos as rodas de 17 polegadas e trocamos a grade. Dei um trato na lata e ele ficou assim:
Passados dois meses o carro começou a incomodar. Quebrava até mesmo parado e desligado na garagem! No dia que ele fez essa façanha, minha mãe falou de forma meio ogra, que é o jeitinho dela, que eu precisava de um carro bom e confiável para começar a ir para o cursinho no ano que começava. Isso em 2013. Aí chegou o Polo bola de fogo! Um Polo 1.6 MI 2003 que ainda está com a gente:
Dois felizes anos do vermelhinho na minha mão, um poste abraçado dando um acelero de madrugada, ninguém ferido, graças a Deus. Polo arrumado e bola pra frente, mas o verminho do Marea nas minhas entranhas ainda existia. Sempre que via uma na rua eu babava, então fiz um rolo com meu pai livrando ele de um financiamento que tinha num Punto, deixando o Polo com ele e pegando meu tão sonhado Marea HLX 2.4 20v, a bela lasanha — apelido dado pelos mesmos amigos não por ser cheia de massa, mas por ser italiana.
Em três semanas o sonho se tornou um pesadelo.
O carro era maravilhoso, escapamento livre de 2 1/4 polegadas, rodas de 17 polegadas que eu gostava, um sonzinho bacana e um stance bonitinho. O carro tinha 264.000 km e tinha o motor original — não fumava e não batia, mas o vendedor nos atentou a necessidade urgente de trocar a correia do alternador. Como era meu pai que pagava a manutenção dela, visto que na época eu ainda não trabalhava e só estudava, adiamos a troca da correia. Numa bela manhã, indo pra faculdade, dei uma pisada, deixei cortar giro na 2ª marcha e a correia do alternador deu adeus — mas não sem antes abraçar a correia dentada e amassar as 20 válvulas.
Levei em um mecânico que disse manjar bem do Fivetech e fiquei seis meses entre ir à oficina, dar uma volta, ferver o motor, e devolver o carro para a oficina. O orçamento final ficou o triplo do inicial e o carro só me incomodou. Perdi totalmente o tesão que eu tinha nela, bati um rolo e comprei um clássico dos anos 90 que sempre curti, um Kadett GSI 1994, o Genevê, apelido carinhoso pois o carro era movido a GNV:
A ideia no Kadett era curta e direta: montar um kit turbo no motorzinho forjado, uma suspensão de rosca e réplicas das rodas do Vectra GSi com 15 polegadas. Mas como diria Joseph Climber, a vida é uma caixinha de surpresas, comecei a trabalhar no dia que comprei o GSi. Na terceira semana com o carro, voltei do trabalho meio animado (eu trabalhava à noite em um shopping, logo não tinha trãnsito na volta) e parei na casa da minha namorada dar um oi. Fiquei uns 15 minutos na casa dela e quando saí, vi uma poça de óleo enorme na garagem. Me deu uns 300 tipos diferentes de medo. Voltei devagar, sem passar de 2.000 rpm, mas na esquina de casa ele fez um barulho horrível.
Ao chegar, abri o capô, tinha óleo pra todo lado. No dia seguinte levei o carro a um mecânico na mesma rua da minha casa e o Genevê só foi no embalo. Depois de uma semana o diagnóstico: destruí o terceiro pistão. Pedi um orçamento para montar o motor com peças forjadas e turbo e um orçamento do motor original para, eventualmente, vender o carro. O preço do motor turbo foi aceitável, mas não estava adequado ao meu bolso no momento.
Então enquanto o carro estava na oficina fui procurando outros carros pra comprar, olhei apenas o que eu me via dirigindo. Vi Tempra Turbo Stile, Vectra GSi, Marea 2.4, Renault 19 16s, Volvo 850 SW Turbo e um Honda Civic 1.7 EX 2003 VTEC. Dentre todos, eu sempre tive uma queda por carro japonês, então tentei fazer negócio no Honda. Vi o carro na segunda e levaria o Kadett para avaliação no sábado. Chegando lá, o vendedor disse que surgiu uma proposta à vista em dinheiro e que ele havia vendido o Civic. Broxei.
Cheguei em casa e mostrei as outras opções para minha mãe e ela decretou: você vai comprar um carro pequeno, econômico, feito depois de 2004 e que não corra muito (sabe de nada, inocente). Para mim, o carro devia ser confiável, devia andar bem, ser bom de curva e completo. Pensei e nada me veio à cabeça. Liguei pro Cauê, um grande amigo e perguntei que diabo de carro eu pegava. Ele me respondeu: “Mau, meu primo teve um Clio 1.0 16v, procura um 1.6 que você vai gostar!” P**** Cau! Um hatch francês de menina? Tá me tirando? Aquele negócio redondo sem sal?
Depois de relutar um pouco, pensei em dar uma chance, mas teria que ser preto, duas portas, 1.6 16v, completíssimo, de 2003 a 2006 por eu gostar do modelo e abaixo dos 80.000 km. Revirei Curitiba e não achei nenhum que se encaixasse nos meus requisitos, mas tinha uma revenda perto de casa que tinha um Clio 1.6 16v branco 2004 quatro-portas. Fui ver o carro que por fotos estava lindo, mas pessoalmente estava com os faróis amarelados, tinha “50 tons de branco”, não tinha conta giro, nem retrovisor elétrico.
Quando estava indo embora, o vendedor gritou lá do meio da loja: “Maurício! Chegou um Clio 1.6 no começo da semana. Não quer dar uma olhada?”. Fui ver o carro, tinha conta giros, ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, tecido do Privilége nos bancos, 78.000 km, flex, mas era prata e quatro-portas. O alarme não funcionava, o ar-condicionado não gelava, estava com calotas, sem insufilm na frente e com insufilm atrás.
Mas andei no carro e tudo estava certinho, andava bem, não batia nada de suspensão e estava bem conservado. O vendedor ainda fez um descontinho e pegava o Kadett no negócio. Como eu pagaria o financiamento e as manutenções todas com meu dinheiro, peguei ele como meu primeiro carro de verdade. Já que não tenho mais a foto dele no primeiro dia, ainda todo original, deixo com vocês uma foto do meu primeiro dia do amigo com o Cliozão, que é minha foto favorita com ele que se tornou meu parceiro inseparável.
Mas, como na vida de Joseph Climber, nem tudo são rosas. No dia 15/10/2014, o primeiro dia como proprietário do carro, já tive uma decepção com o carinha. Mas isso é papo para o próximo post, no qual falarei sobre os problemas, o primeiro track day (e a primeira cagada) a primeira manutenção e alguns upgrades.
Qualquer dúvida, ideia, crítica ou proposta será muito bem-vinda. Até a próxima!
Por Mauricio Grzybowski, Project Cars #373