Como estão, FlatOuters? Tudo bem? Continuando a história dos novos Puma, hoje eu falarei do P053, nossa transição das pistas para as ruas. Na pista basicamente, quanto mais leve e mais rígido possível (pois precisa ter um mínimo de torção), melhor! Esse é o princípio básico na criação de um carro esportivo, porém devido à legislação, à segurança e à (baixa) qualidade do asfalto (no caso do Brasil), temos de levar outras coisas em consideração — além da durabilidade e facilidade de manutenção.
É claro que adoraríamos andar com os melhores freios do mundo, o melhor motor do mundo, e tudo de fibra de carbono, porém os fatores acima, nos levam a simplificar as coisas. São muitos detalhes envolvidos.
Pensando nisso, escolhemos tubos quadrados 40×40 de aço 1020. Na foto abaixo vocês verão que criamos uma dianteira diferente do P052, pois precisamos alocar um estepe, tanque de combustível, radiador e ao mesmo tempo prover segurança aos ocupantes. Nesta etapa, além do peso, nos preocupamos muito com a segurança.
Outro ponto é a viabilidade aliada à facilidade de manutenção. Reparem na foto abaixo que tivemos de comprar uma bandeja convencional, pois para rua é melhor utilizar buchas de borracha, não só pelo custo, mas pelo conforto e durabilidade (devido aos buracos), e também que encaixasse em um cubo de mercado (para fácil reposição), porém o braço triangular superior foi feito pela Puma para facilitar os ajustes de cambagem e cáster.
Após isso foi necessária a criação de um suporte para os amortecedores e, no caso de suspensão Duplo A, eles trabalham em ângulo.
Ainda na suspensão, temos de pensar como irão trabalhar os braços da caixa de direção. Se trabalharem muito baixos ou muito alto, o carro acaba “passarinhando” na dianteira.
Como o carro irá trabalhar com cargas de molas e amortecedores bem menores do que em pista, é necessário utilizar barras estabilizadoras para segurar um pouco a rolagem do chassi e permitir que o carro fique “um pouco confortável” para enfrentar os buracos.
Já na traseira o trabalho é ainda maior, pois a posição do motor foi definida desde o início e o chassi construído com base nessa opção, mas é na montagem que veremos se tudo o que foi calculado e desenhado vai dar certo. A traseira também utiliza duplo A, porém a posição do amortecedor é diferente, devido às torres que servem de estrutura para o berço do motor. As barras traseiras também foram necessárias, porém é preciso calcular a carga e espessura, porque além do peso do motor estar todo concentrado, a carga de molas e amortecedores são diferentes da dianteira. Isso interfere diretamente na dinâmica.
Se o motor ficar torto devido aos suportes e os semi-eixos trabalhando em posição errada, podemos perder até 15% de potência do motor, assim como diminuir a vida útil da homocinética.
Também é de extrema importânica nesse momento decidir a posição dos ocupantes do carro, não só pela distribuição de peso, como pela ergonomia.
Até então o chassi nessa parte está “ponteado” e com tudo definido. Hora de soldar todos os tubos, e montar o carro para ver como fica.
Pesamos o chassis apenas com a mecânica e sem carroceria para termos uma noção do qual caminho estamos indo. O total foi 621 kg. Leve, mas ainda tem carroceria, chicote, tanque, todos os fluídos, e muitas outras coisas.
Após tudo isso, desmontamos todo o carro, levamos o chassi para pintura e depois montamos tudo novamente.
Esse foi o início da fabricação do P053, nosso protótipo de rua. Vou deixá-los absorver um pouco as informações, e no próximo contarei o restante da montagem.
Grande abraço a todos, e muito obrigado por permitirem que a Puma compartilhe essa empreitada com vocês!
Por Gabriel Maia, Project Cars #502