Por Rodrigo Leite, Project Cars #531
No último episódio da Passat Variant, que você confere aqui, falamos sobre a evolução da preparação do Passat com seus últimos donos e a solução dos problemas de vazamentos e do arrefecimento. Também, falei sobre um alerta que me deixou de cabelos em pé. Mas, antes de contar para vocês o que vem acontecendo, vou falar um pouco de algumas perfumarias que fui fazendo ao longo do convívio com ela.
Começando pela parte estética, assim que peguei a Passat tratei de fazer uma limpeza mega detalhada no interior e na carroceria. Sabão de coco nas partes internas, usado sem moderação, para tirar todo e qualquer resquício de sujeira antiga, bem como uma limpeza detalhada de carpetes e laterais de portas. Por fora, limpei cuidadosamente cantos de lataria e vincos. O agradável foi ver como o carro é íntegro, mesmo com quase 20 anos. Sem excessos de sujeiras incrustadas, sem qualquer sinal de ferrugem, óbvio, com seus retoques. Mas com portas fechando suavemente e com peças absolutamente alinhadas.
Também inventei de revestir, em casa, o volante de couro. Meus dedos praticamente deixaram de existir, mas o resultado de um kit de R$ 19 me pareceu até que animador. Outra coisa que fiz questão de mudar foi o sistema de áudio. Sai um rádio da década de 1990 com visor queimado, entra um rádio novo, com controle de funções por celular. A qualidade sonora melhorou, mas ainda não está ótima, pois os alto falantes das portas já sentiram o peso da idade e já racharam quase que totalmente. Estão na lista de mudanças.
Ainda na parte estética, não inventei moda. O carro está muito bonito, as rodas combinam com o projeto e a altura é a que considero ideal. É um carro onde menos é mais, então tenho que ter muito critério para fazer alguma alteração estética que possa comprometer o estilo. Não há como negar que meu amigo tenha um ótimo gosto para customização de carros.
Como falei na última parte, quando tirei o carro da oficina uma luz de pressão de óleo passou a me atormentar em uma condição muito específica: entre 1.400 e 1700 rpm, a luz ativava caso eu passasse mais de três segundos nessa faixa de rotação. Curioso observar que no manômetro de pressão do carro, da ODG, instalado acima do rádio, a pressão de trabalho se apresentava suficiente. Contudo, antes de tirarmos conclusões, temos alguns pontos que precisam ser observados.
O antigo dono – meu amigo, não o carioca – me explicou que foi recomendado por um colega preparador a subir a especificação de óleo para 25W60, por conta da maior temperatura de trabalho do turbo não-original como forma de evitar que a luz de óleo se acendesse (lembram que ela estava acendendo com ele em condições específicas?). E, após a retífica do cabeçote, colocou o 10W40 (especificação original recomendada) para ver como o carro se comportava.
Como a válvula termostática estava operando de forma estranha – ora ela acionava cedo demais, ora ela se mantinha aberta, derrubando a temperatura do motor – o carro trabalhava mais frio que o recomendado. Com isso, o óleo nunca alcançava a temperatura de trabalho e a viscosidade dele se mantinha alta. Resultado, a luz do óleo não acendia.
Com a válvula termostática no lugar e com o óleo 10W40, no entanto, a luz de óleo não dava mais trégua. Só que o manômetro de óleo, por sua vez, dava pressão suficiente. O que diabos estaria acontecendo? Seria o interruptor de pressão o vilão? Pois, tirando a luz de óleo, o carro não dava nenhum outro sinal de problemas. Temperatura perfeita, ruído normal, nenhuma alteração na performance.
Eis que uma polia mal fixada faz com que a correia de acessórios se desfie e saia voando – levando consigo todo o chicote do ar condicionado. De volta à High Torque, correia trocada, polia fixada no lugar, chicote refeito e, hora de testar a pressão de óleo com uma ferramenta certa.
Com o carro frio, o manômetro do painel carro marcava 4 bar na lenta. No manômetro de ferramenta, aferido, 3 bar. Conforme a temperatura ia subindo, a pressão ia caindo. E, com o carro na temperatura de trabalho, o manômetro do painel indicava 0,8 bar, enquanto a ferramenta aferida mal dava sinal de pressão. Ou seja, meu manômetro do painel estava otimista. E a falta de pressão – com o carro usando o óleo certo, na temperatura certa – era real.
Poderia eu até partir para a solução de subir a viscosidade do óleo para ganhar pressão? Sim, poderia. Possivelmente o carro ainda rodaria milhares de quilômetros, como andou durante os quase seis anos que ele foi do meu amigo. Mas, por ser esse carro, o carro que me traz sempre a lembrança desse grande amigo, decidi que não. Confesso a vocês que o Allan, quando contei a ele dos problemas, ficou chateado e até propôs desfazer o negócio. Mas eu não quis. Sei que ele também não esperava isso. Sei de todas as vezes que ele me ajudou e, Allan, nunca esquecerei. E, meus amigos, virou questão de honra: ele vai encontrar, daqui a dois, daqui a 10 anos, o Passat ainda mais impecável do que ele me vendeu. É promessa!
Os próximos capítulos dessa novela podem demorar um pouco, pois estão sendo feitos com calma e cuidado. Agora, vamos começar a vasculhar quais as possíveis causas da ausência de pressão de óleo. Seria a temperatura elevada do turbo? Será desgaste? Será bomba de óleo, ou pescador entupido? Veremos.
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