Quando falo em revisão total, acho que levei ao pé da letra! Mas como o Maycon comentou que ele ficou um tempo parado é bom dar uma atenção.
O tanque de combustível
O fato é que, dentro do tanque existe um filtro de combustível. Por ficar parado um tempo, o óleo do combustível acaba impregnando ali e conseqüentemente acaba entupindo parcialmente ou por completo a linha de combustível, e com isso, acaba o motor não tendo um ajuste ideal ou próximo, ficando assim muito gordo e lento ou muito “faminto”. E a conseqüência em ambos os casos sabemos bem e tememos muito!
Tanque desmontado por completo (sujo ainda)
Olhando a foto acima, dentro do tanque vocês vêem um negócio vermelho certo? (olhando pela boca). Aquele ali é o filtro de combustível, mas tem um detalhe: ele é branco!! Então imagine como ele estava impregnado de sujeira. A limpeza foi feita com um pouco de água raz jogada dentro do tanque e água (entrando pela linha de combustível no sentido inverso, assim expulsando a sujeira do filtro.
Feito isso, foi lavado por fora e limpo até sair todo o solvente dele.
Inspeção da tampa sempre é válido!
Nos motores Glow, a pressurização do tanque é feita pelo escape (pipa). Então sempre é bom dar uma verificada se não está entupido ou se a borracha de vedação está em perfeito estado, além da mola. Neste caso, foi preciso apenas de uma limpeza simples e a montagem sem grandes problemas.
Tampa montada e pronta para voltar ao tanque
Tanque limpo e com a tampa instalada, mas tem coisa estranha ali, não?
Falei que ralei a roda? Então, na batida eu quebrei o suporte do escape (pipa) e ela acertou a lateral do tanque, trincando e ele começou a vazar muito. O que fazer agora?
Simples, papel higiênico e superbonder. WTF?! Sim, colocando o papel higiênico na área e o embebedando de superbonder, ele acaba formando uma espécie de “fibra de vidro” (exemplo melhor possível que achei!). Além de ficar impermeável, fica muito resistente a forças mecânicas e não corre o risco de se soltar. Já têm meses assim e nenhuma gota ou pressurização do tanque se perde. Ótimo!
Tanque limpo e montado. Note a mangueira ligada à pipa, pressurizando o tanque
Agora começa a briga, ou seja, câmbio. Lembra da comilança que estava (quem tem motor AP bem mexido entende bem minha dor quando dei uma acelerada e…. bem, vamos lá!).
Câmbio
Essa hora da revisão foi de sentar, respirar fundo e fazer com calma, por conta do histórico. Porém o problema não era ele, mas sim o motor! Como? Os pontos de fixação do motor estavam fracos e com a vibração do motor, os parafusos soltavam e com isso comiam as engrenagens, ai vinha o problema.
Pelo relato do Maycon, pensei que ser inicialmente algum empenamento no eixo do câmbio ou mesmo do chassi, mas depois de eu rodar e estraçalhar a primeira marcha saquei o que era. Na parte do motor irei mostrar o trabalho feito e irei explicar o que vou fazer também para resolver de vez este problema relativamente grave e até perigoso!
Mas voltando ao câmbio, quando recebi do Maycon ele estava com as engrenagens comidas e a primeira marcha ainda agüentava alguma coisa, mas depois da minha “volta” ela ficou mais careca que eu (BA Tum tss).
As antigas, a menor veio de reserva e não poderia ser usada por ser um dente a menos
Diante deste fato, não teria outra opção a não ser comprar duas novas, tanto da primeira, como a segunda marcha. Por sorte achei com a quantidade de dentes corretas as duas (51 e 46 respectivamente) por um preço bacana na Kris Shop aqui na minha cidade.
As novas, já tinha usado elas até para testar o conserto que fiz!
Bem, então hora de desmontar tudo e fazer a revisão dele também, que aliás é junto com o freio a disco.
No topo da foto, lado esquerdo, está às peças do freio
Então hora de limpar todas as peças e começar a montagem. O jeito mais fácil é iniciar pela montagem do freio, pois como o êxito um dos lados deixei o “copinho” que vai o cardã, fica mais fácil por ele e depois regular.
Montando a alavanca que aciona o freio e o “êmbolo” que pressiona a pastilha
Essa alavanca é ligada através de um varão ao servo que acelera o automodelo, pois quando acelera ela fica solta e se for pro lado inverso, o varão pressiona a alavanca e ela empurra o “êmbolo” contra a pastilha.
O disco de freio é de aço e com espessura grande
O disco é ventilado de um aço muito duro. Durante uma corrida ele esquenta muito e se fosse um metal mais leve, derreteria e isso não seria bom
Aqui o sistema montado e pronto para ser usado!
Montado o sistema de freio, agora é partir para o câmbio.
A primeira coisa a se montar é o “engate” da segunda marcha. Ela é engata por rotação e força centrífuga. O ajuste da marcha é feito através de dois parafusos nela que você define se vai enganar mais cedo ou mais tarde, ou mesmo ficar só na primeira marcha.
As peças. Note que a foto da esquerda tem um rolamento já engraxado em cada metade
Por acionar em força centrífuga, é bom sempre estar engraxado o sistema internamente, pois se colar a peça, o motor será forçado a trabalhar apenas na segunda marcha e isso acaba forçando-o e podendo acelerar o desgaste da embreagem.
Esses parafusos são os responsáveis pelo ajuste. Eu ajusto para em metade da velocidade ser engatado a segunda marcha
Porém e a primeira marcha, como que faz? Garanto que se perguntaram isso quando falei de engatar a segunda marcha.
Na engrenagem da primeira marcha, é montado um rolamento do tipo one-way, mas o que seria isso? Esse rolamento gira somente para um lado livre e para o outro ele é travado. Então por conta disso, quando engata a segunda marcha, a primeira começa a “girar em falso” não sendo mais responsável para a tração. É o caso também da segunda marcha quando se vai arrancar com o automodelo, ela gira em falso.
Rolamento one-way da primeira marcha, a engrenagem fica parafusada nele
Diante disso, podemos então montar o câmbio por completo:
Câmbio montado, então hora de unir ao chassi aos diferenciais pelos cardãs.
Ainda tem muito parafuso pra por!
Mas agora vem um dos momentos mais legais para um gearhead. Desmontar o motor!
Revisão do motor
Bem, uma das partes mais complexa deixei mais para o final, mas porque complexa? Já irão entender.
Meninão ainda montado, foi limpo apenas com um pano para não melecar tudo!
Vamos começar o desmonte dele. A princípio o motor é simples neste ponto, soltando apenas alguns parafusos e está aberto. Acabei não soltando o virabrequim porque estou sem morsa em casa para travar o volante do motor, porém isso não atrapalha esta manutenção e revisão.
Aos pedaços, mas como monta?
O motor tem algumas facilidade em uma “retífica”, seria apenas a troca da camisa, pistão, biela. Com isso consegue a compressão novamente, bem… Grosso modo dizendo, tem alguns segredos a mais ai.
Mas como todo bom entusiasta, melhor ir por partes antes de fazer besteira. Então aqui na parte do motor, assim fica mais simples!
Carburador
Bem, o princípio de funcionamento é o mesmo que o que encontra em um carro. Temos a regulagem de alta, baixa, lenta. A Partir disso se tem um ajuste para o motor. Abaixo, segue um vídeo com uma breve explicação dos ajustes e de como ajusta (previamente) o carburador.
Mas devemos levar em consideração a região que moramos e combustível que usamos, pois tem combustíveis bons e ruins.
O carburador completamente desmontado
Como de costume, temos três agulhas (alguns carburadores de desempenho tem 4 ou 5 agulhas, melhorando o ajuste por faixas).
Os dois parafusos da esquerda (com o chanfro e o dourado) não são agulhas, os demais são. Respectivamente são: agulha de baixa, marcha lente e agulha de alta. A mola serve como uma emergência, pois se escapar o link do servo, imediatamente o carburador volta para a lenta (se a mola ele poderia disparar e controlar um automodelo assim é difícil, bota difícil nisso.
Aquela peça preta do lado do corpo, é onde entra o combustível e onde fica a agulha de alta. O cilindro metálico é onde fica a agulha de baixa e a da marcha lenta fica no próprio corpo (aquela abertura que aparece na foto).
As fotos acima mostram o passo a passo que fiz da montagem do carburador. Acabei deixando um pré-ajuste apenas para ligar o motor e depois andando fazer o ajuste fino (melhor dizendo, o ajuste de verdade).
Ele estava com vazamento de combustível na junta do carburador com o bloco. Resolvi usando silicone para junta de motor automotivo mesmo. Tinha da troca que fiz da justa da tampa de válvulas do Blacksun e no automodelo funcionou perfeito, sem dar problemas na peça e sem nenhum tipo de vazamento. Acabei substituindo algumas juntas do motor por este silicone.
Silicone passado, agora só deixar curar! Eita filtro de ar sujo…
Quem não é do mundo do automodelismo deve ter visto o filtro de ar e falado “esse cara é um asno mesmo….”, mas ali vale lembra que o filtro de ar deve estar umedecido com óleo específico, então algumas voltas na pista acaba ficando desta cor. Aliás ele é o próximo. Mas isso… fica para um outro post!
Por Geraldo Camara Miranda, Project Cars #55