Apesar do fim da produção do Chevrolet Classic, do Fiat Palio Fire e do Renault Clio, o mercado brasileiro ainda tem alguns representantes do século passado vendidos em forma de carro zero-quilômetro nas concessionárias. Os leitores mais antenados em questões técnicas (todos vocês, provavelmente), já sabem de quem estamos falando: dos irmãos ítalo-mineiros Fiat Strada e Palio Weekend.
Sim: embora a família Palio “G4” tenha sido lançada há menos de dez anos, ela é apenas uma remodelação da primeira geração do compacto da Fiat, lançada em 1996. A perua veio em 1997 e a picape em 1998, o que significa que elas estão se aproximando dos 20 anos de carreira. Isso fica evidente quando você observa o formato das portas, da área envidraçada, a ergonomia da cabine e as dimensões básicas.
A dupla também mostra como um design constantemente renovado é capaz de disfarçar uma base antiga. Especialmente quando componentes mecânicos evoluem junto com o visual. No caso do Palio Weekend e da Strada, foram três reestilizações ao longo destes 20 anos (uma a cada seis anos e meio), de forma que ao colocar o modelo original ao lado do modelo atual é preciso se esforçar para perceber que se trata do mesmo carro.
O negócio fica mais difícil quando um fabricante decide fazer um carro novo sobre uma base conhecida. É o caso da Chevrolet Montana. A segunda geração da picape, derivada do Agile, foi lançada em 2011, mas sua base é um pouco mais antiga. A plataforma usada para a picape foi a GM4200, que estreou no Brasil em 1994, com a chegada do Corsa ao país. Contudo, a primeira geração brasileira do Corsa é a segunda no resto do mundo, e ela já usava a plataforma GM4200 de seu antecessor, o Corsa A, lançado em 1983.
Não que isso signifique que a Montana tem peças intercambiáveis com um Opel Corsa de quase 35 anos — as plataformas também evoluem ao longo dos anos, ganhando alguma rigidez e adaptando-se para as novas necessidades, porém há limitações técnicas nesta evolução. A Montana, segundo a GM, usa alguns componentes da plataforma GM4300 (ou Gamma) que estreou em 2000 com a terceira geração do Corsa e foi usada em sua antecessora, a Montana derivada do Corsa, porém sua base ainda é a plataforma GM4200 de 34 anos.
Isso faz com que a Montana seja o carro com a plataforma mais antiga produzido no Brasil? Não tão rápido.
Embora tenham sido lançados em 1996, o Fiat Palio Weekend e a Fiat Strada não ganharam uma plataforma completamente nova como seu primo europeu, o Fiat Punto. Na época a Fiat usou como base a plataforma Tipo Uno, que estreou em 1983 quando o Fiat Uno foi lançado na Europa. Para ser aproveitada pelo Palio ela foi reforçada para suportar as condições severas dos países em desenvolvimento, que eram os mercados principais do novo modelo.
Você provavelmente nunca percebeu a diferença porque o Uno brasileiro tinha diferenças significativas em relação ao europeu, como as torres da suspensão dianteira mais baixas e a suspensão traseira independente com mola semi-elíptica, como no Fiat 147.
Portanto, respondendo a pergunta do título, são três modelos/duas plataformas: Fiat Strada, Fiat Palio Weekend e Chevrolet Montana.