Você deve lembrar do Rimac Concept_One. Sendo um supercarro elétrico, não é do tipo que costuma atrair a nós ou a nosso público, pois não há combustão envolvida em seu funcionamento. Seu desempenho, contudo, é impressionante: graças a seus quatro motores elétricos (um para cada roda), produzindo um total de 1.103 cv e 163,1 mkgf de torque, o Concept_One é capaz de ir de zero a 100 km/h em 2,6 segundos, com velocidade máxima limitada eletronicamente em 355 km/h. Ele já foi colocado contra uma Ferrari LaFerrari e um Tesla Model S em uma corrida de arrancada e venceu.
Mas isto tudo aconteceu em agosto de 2016. Já se foram quase dois anos, e a Rimac acaba de apresentar no Salão de Genebra o sucessor do Concept_One, que foi previsivelmente batizado Rimac C_Two. E a fabricante Croata parece ter vindo com tudo para superar a si mesma e a seu principal rival zero emissions: o Tesla Roadster, que supostamente é capaz de ir de zero a 100 km/h em 1,9 segundo e de continuar acelerando até os 400 km/h. Como? Bem, de acordo com a Rimac, o C_Two consegue acelerar de zero a 100 km/h em 1,85 segundo, enquanto sua velocidade máxima é de 412 km/h.
Ainda precisamos de imagens para confirmar, é verdade, mas seus números de potência e torque são mais fáceis de acreditar: 1.940 cv e 234,5 mkgf de torque disponíveis a qualquer momento. É melhor Richard Hammond tomar bastante cuidado com esse cara.
Novamente a solução foi usar quatro motores elétricos, um para cada roda. Desta vez, porém, as baterias de íon de lítio são de 120 kWh, e não de 82 kWh como no Concept_One. As baterias são integradas à estrutura de fibra de carbono para reduzir o peso total do carro mas, ainda assim, estamos falando de um carro de 1.950 kg.
Segundo a Rimac, o C_Two também tem quatro transmissões: um par de caixas de uma única marcha na dianteira, e um par de caixas de duas marchas com embreagens de carbono na traseira. Com isto, segundo eles, é possível aproveitar “o prodígio de torque” do C_Two e ainda empregar um sistema de vetorização total de torque nas quatro rodas. Estas, aliás, abrigam discos de freio de carbono-cerâmica com 390 mm de diâmetro na dianteira e na traseira, mordidos por pinças de seis pistões.
Até as rodas têm raios de fibra de carbono
O visual do carro é uma evolução do desenho do Concept_One, mas ainda não é o mais original do mundo. Na verdade suas proporções gerais são bem convencionais e harmônicas, e pelas linhas da carroceria, continuamos vendo influência do Chevrolet Corvette na dianteira, talvez com um quê de Ferrari. A traseira lembra um pouco o Honda NSX e o BMW i8, enquanto as portas borboleta se abrem exatamente como no McLaren F1. Não dá para dizer que o C_Two é feio. E isto foi um elogio, caso não tenha ficado claro.
Do lado de dentro o visual também é surpreendentemente tradicional, com proporções clássicas e acabamento nos bancos e portas em camurça marrom – ainda que a fibra de carbono nua e praticamente todos os comandos reunidos em um “tablet” no console central
Aliás, o visual fica relatiamente mais conservador se considerarmos que o desempenho absurdo que a Rimac promete com o C_Two nem é sua característica mas empolgante: ao que parece, os croatas querem que ele seja o primeiro veículo com nível 4 de automação a chegar ao mercado. Isto significa que, em teoria, ele é capaz de rodar sozinho em praticamente qualquer lugar e não exige que o motorista responda solicitações de intervenção – caso seja necessário, o próprio carro pode reduzir a velocidade ou parar em um local seguro. A autonomia total está apenas um nível acima (leia mais sobre os níveis de automação aqui).
Além de se dirigir sozinho, de acordo com a Rimac o C_Two pode realizar funções bem interessantes graças a sua autonomia nível 4. Ele pode, por exemplo, recolher informações de um circuito de corrida em tempo real e oferecer ao condutor assistência na hora de definir a trajetória em uma curva, pontos de aceleração de frenagem e correções no volante. Quase como jogar Forza ou Need for Speed com as assistências ligadas. Atualmente o sistema só pode ser usado em áreas previamente demarcadas.
E falando em circuitos, a Rimac diz que o C_Two contorna um dos principais problemas dos superesportivos elétricos: o rendimento inconsistente com o aumento da temperatura dos motores elétrico. Como? Usando um sistema de arrefecimento líquido para o conjunto. Segundo a companhia, o sistema dá conta de resfriar os motores elétricos para até duas voltas em Nürburgring a toda velocidade “com uma queda insignificante no desempenho”.
A Rimac diz que vai produzir 150 exemplares do C_Two, começando em algum momento do segundo semestre de 2018. Ainda não se fala em valores, mas considerando que o Concept_One atualmente custa US$ 1 milhão (cerca de R$ 3,2 milhões em conversão direta), não diríamos que seu sucessor vá custar menos de US$ 1,5 milhão, ou R$ 4,8 milhões.