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Viagens e Aventuras

Road Trip: de carro por quase 5.000 km pelo Deserto do Atacama

Por Felipe Rivaldo

Olá, pessoal. Meu nome é Felipe Rivaldo e vou contar e dar dicas da viagem que fiz de Porto Alegre até o Atacama com a minha mãe Elken a bordo de uma Jeep Compass diesel. Estava eu, lendo nosso site predileto quando me deparo com o post “As road trips mais legais escolhidas pelos leitores do FlatOut”. Foi onde encontrei a ideia da viagem para o Atacama + Santiago.

Falei sobre a viagem pra minha mãe, o tempo passou e começamos a amadurecer  ideia. Falamos com alguns amigos que já realizaram essa viagem e eles recomendaram muito. Disseram que era muito bonito etc. Porém disseram que pra fazer Atacama + Santiago era uma viagem de no mínimo umas três semanas e como temos uma empresa própria ficaria ruim viajar tanto tempo. Por fim decidimos ir apenas para o Atacama e na volta passar uns dias em Salta e Artigas.

Nossa ideia era ir para o Atacama no inverno, porém é muito complicado, já que lá neva muito, as estradas fecham e podem passar semanas fechadas. Logo, decidimos ir durante o verão onde tem menor previsibilidade de neve — sim: mesmo no verão pode nevar, é raro, mas pode acontecer.

Começamos os preparativos para a viagem, trocamos disco e pastilha de freio que estavam já no fim da vida e, como no trajeto existem muitas serras que exigem demais dos freios, isso era imprescindível. Fizemos a carta verde para poder rodar na Argentina e fizemos também o seguro pro Chile (seria a carta verde chilena). Eles exigem varias coisas como dois triângulos, kit de primeiros socorros e cambão. Em nenhum momento foi pedido nada disso, mas é sempre bom ter.

Antes de sair tínhamos apenas dois hotéis reservados o hotel que ficaríamos no Atacama e o hotel em Corrientes (turismo hotel cassino). De resto era tudo na sorte, pois nãosabíamos como seria nosso ritmo de viagem e se na volta, ficaríamos em Salta ou voltaríamos direto para Porto Alegre.

Nossa ideia era revezar a direção, duas horas pra cada um, pra ninguém cansar e termos um bom ritmo de viagem. Levamos muita roupa para o frio já que em alguns passeios a temperatura chega a zero grau, mas levamos pouca roupa para o calor, que foi um grande erro, porque passamos muito calor. Então leve mais roupas de verão do que de inverno, porque pode chegar a fazer 30 graus de dia.

 

Dia 1

Saímos de Porto Alegre dia 31 de janeiro de 2020 às 5:30 da manhã (o Google Maps indicava 12 horas e 30 minutos de viagem até Corrientes/Argentina). Nossa ideia era almoçar na Argentina logo depois da fronteira. A estrada que pegamos foi a BR-290, saindo de Porto Alegre,com muitos buracos, mas a Compass não se abalou, media de velocidade uns 120km/h. Paramos em Rosário do Sul para abastecer e ir ao banheiro.

Ponte na Fronteira Brasil – Argentina (Uruguaiana – Libres)

Chegamos àfronteira meio dia em ponto. Fizemos os procedimentos da imigração Argentina em 30 minutos e seguimos viagem, a estrada, ruta (RN 123) se transformou,de bem ruim para um tapete, só de passar a fronteira. Sempre mão simples, mas um asfalto perfeito e sem movimento algum, a velocidade subiu para 140km/h. Bem mais tranquilo de viajar que no Brasil.

Ruta RN 123

Não almoçamos na fronteira por falta de fome. Decidimos deixar para comer em algum lugar na estrada, o que foi um grande erro. Na Argentina eles dormem logo depois do almoço (a famosa siesta) e quase tudo fecha. É difícil até mesmo pedir informações, porque não há ninguém na rua.

Fomos almoçar somente às 13:30, quase 130 km adentro da Argentina, na cidade de Mercedes. Entramos na pequena cidade procurando um restaurante e encontramos um bem simples e pequeno, porém com um bife de chorizo maravilhoso. É difícil errar pedindo carne vermelha na Argentina. Seguimos viagem e chegamos a Corrientes às 17:00, depois de 11 horas e meia de viagem. Tínhamos reserva no hotel “Turismo Hotel e Cassino”, um lugar muito bom. Aproveitamos a piscina, fomos ao cassino e ao excelente restaurante, onde jantamos um bom bife argentino e fomos dormir, já que o próximo dia seria muito longo.

Rio Paraná

 

Dia 2

Seguimos rumo ao deserto do Atacama, saímos do hotel às 8:30 pela ruta 16 e seu asfalto muito bom. Logo que passa a ponte existe um posto policial. No trajeto até a fronteira com o Chile existem muitos postos policiais onde se costuma pedir propina. Tivemos muita sorte, pois não nos pararam nenhuma vez. Almoçamos em Monte Quemado, depois de 447 km de viagem, num posto de combustível. Tomei um Monster gelado e com um hambúrguer bem bom.

Logo depois desse lugar passamos pela pior parte da estrada, um trecho de 40 km na ruta 16, onde a maioria dos veículos trafega pelo acostamento devido as péssimas condições da estrada. Não existe asfalto, são apenas enormes crateras. Demoramos mais de uma hora pra fazer esse trajeto. Fora esse trecho a estrada é excelente. Seguimos viagem na velocidade sempre de 130-140km/h. Nunca deixávamos o nível do combustível baixar de meio tanque poisa estrada é muito deserta, realmente tem apenas algumas poucas e pequenas cidades com poucos postos de combustível. Aproveitávamos também para trocar quem estava dirigindo e dar uma esticada nas pernas. A paisagem começou a mudar bastante depois que saímos da grande reta e dobramos na ruta 9.

Rio Grande

Chegando em San Salvador de Jujuy a estrada começou a ficar mais sinuosa e a costear o Rio Grande, que no verão é seco. (se lembra que eu disse que neva no inverno? Então esse rio é formado pela neve derretida). Sempre vale a pena parar e tirar umas fotos dos lugares bonitos. Seguimos viagem e paramos num posto de turismo para pedir informação de onde dormir e se era aconselhável seguir viagem, subindo a serra. Nos indicaram dormir em Purmamarca pois era um lugar muito bonito e era perigoso subir a serra de Lipan de noite, já que estava quase escurecendo.

Seguimos a dica e paramos em Purmamarca, estava cheio de gente, dois ou três ônibus de turismo. Tínhamos olhados alguns hotéis para dormir antes da viagem, mas não tínhamos feito reserva, pois não sabíamos até aonde conseguiríamos chegar. Tínhamos um grande problema, a internet do celular não pegava, como saberíamos onde estavam os hotéis que já tínhamos olhado?

Sorte que o sistema multimídia do Compass exibe os hotéis próximos da localização atual. Uma dica: antes da viagem salve no waze ou no maps&me os lugares para pernoitar, para comer etc. Assim você não corre o risco de ficar sem saber para onde ir devido à queda da internet.

O GPS do Compass mostrou alguns hotéis na cidade e um deles era o que havíamos visto antes da viagem. . Decidimos ficar nele, hotel Hosteria Boutique Puma Huasi. Por sorte ele ainda tinha vagas, então descarregamos algumas roupas no hotel e saímos a pé pra conhecer a cidade (se faz tudo a pé em Purmamarca, pois a cidade tem meia-dúzia de ruas, todas muito apertadas). A cidade é muito bonita e vale a pena reservar algumas horas para conhecê-la. Jantamos no restaurante El Mesón, um dos melhores restaurantes da viagem, com certeza o mais chique, e fomos dormir.

 

Dia 3

Cerro das 7 colores

Acordamos 7:30 e fomos passear rapidamente por Purmamarca para ver o “Cerro das 7 colores”. Tomamos um café no hotel que iniciava às 8:00, carregamos o carro e partimos com minha mãe dirigindo. É possível fazer uma trilha de duas horas por cima do cerro, não fizemos, mas achamos interessante.

O Google Maps indica seis horas e meia de Purmamarca até San Pedro de Atacama, andamos uma meia hora e paramos bem no começo da Serra de Lipan para tirar uma foto na estrada. Ali pedi a direção de volta porque sabia que a estrada seria bem divertida (cheia de curvas). Muito importante dar uma olhada no mapa como é a estrada, eu tinha visto no aplicativo waze que tinham muitas curvas, mas nunca pensei que seria uma subida tão íngreme como era. Passados 5 minutos a luz do “check engine” ligou e o carro perdeu a força, mas continuamos subindo a serra, porém a temperatura do líquido de arrefecimento começou a subir. O trajeto continuava muito íngreme, piorando a cada curva. O carro não conseguia ganhar velocidade pra entrar mais ar dentro do motor, paramos num dos pontos mais altos pra tirar fotos e ver se o carro dava uma esfriada. Este problema continuou por muitos quilômetros, subidas íngremes e pequenas descidas. Nas descidas o motor resfriava, mas logo vinha outra subida. Por sorte a serra acabou e a temperatura voltou ao normal.

Serra de Lipan

Seguimos viagem já andando no plano, porém o “check engine” continuava ligado, deixando o carro sem força e limitado a 3.500 rpm — ele chega a 4.500 rpm. Fomos ultrapassados por vários carros menores e motores mais fracos.

Andando mais um pouco chegamos a “Salinas Grandes”, um deserto de sal gigante (pensei estar em Boniville), uma pequena parada para fotos. Faltava pouco para chegar à fronteira Chile/Argentina. Almoçamos e abastecemos em um posto de combustívela 200 metros da fronteira, nesse posto tinha internet e alguns lanches.

Depois de 257 km chegamos à fronteira Argentina/Chile, em Paso de Jama, às 11:30 (verifique o horário em que a fronteira está aberta, varia de estação pra estação). Demoramos quase uma hora para fazer os tramites fronteiriços. São três guichês: saída da Argentina, entrada no Chile e controle de alimentos (preste muita atenção, pois os chilenos são muito mal organizados e têm poucas informações sobre como proceder para ingressar no Chile. Eles se preocupam muito com o controle de alimentos, não leve nenhum alimento natural, apenas alimentos processados). Logo depois eles revistaram todo o carro, e só então nos liberaram para seguir viagem.Faltavam 155 km até San Pedro do Atacama, e o carro continuava em modo de segurança, esquentando e ainda faltava atravessar a Cordilheira dos Andes. 

Rota dos Salares

Andamos um bom tempo no plano, e depois chegamos à Cordilheira. A temperatura baixou e havia bastante gelo ao lado da pista decorrente de uma nevasca ocorrida alguns dias antes, infelizmente (ou felizmente), não pegamos nada de neve. Começamos a subir, mas o carro estava sem força alguma e esquentando demais, não conseguíamos manter a velocidade e quanto mais subíamos, mais íngreme ficava, mais o carro esquentava, mais devagar ficávamos. O líquido de arrefecimento chegou a 120ºC, então começamos a descer, pegar velocidade, ar gelado no motor e a temperatura voltou ao normal. A descida é muito íngreme e muito perigosa, há varias cruzes ao lado da via, alguns automóveis batidos, vários refúgios para quem fica sem freio, realmente não é um lugar para ir despreparado. Mesmo com todos os problemas do carro chegamos ao Atacama às 15:30. 

Vulcão Licancabur

Na entrada da cidade tem um posto policial e uma fronteira provisória utilizada quando a estrada fecha por causa da neve. Com reserva no hotel “Jardin Atacama” um dos poucos hotéis do centro com estacionamento, fomos fazer o check in. Em seguida fomos passear pela cidade e confirmar nossos passeios na agência de turismo.

Compramos os passeios com a agência “Araya Atacama”, com bastante antecedência realizando parte do pagamento no Brasil. Os passeios foram excelentes, os guias competentes, pontuais e as comidas oferecidas maravilhosas.

Vale muito a pena contratar os passeios com alguma agência, pois você não precisa se preocupar com as entradas dos parques além é claro de usufruir dos conhecimentos dos guias que explicam toda a história do lugar. Nesta primeira noite em San Pedro fomos jantar no restaurante Adobe, para comemorar nossa viagem cheia de emoções, o melhor do Atacama,na nossa opinião. Depois do jantar dormir foi a melhor opção para descansar, pois no dia seguinte iniciaríamos os passeios guiados.

 

Dia 4

Acordamos, tomamos café no hotel (muito bom por sinal) e fomos para um dos passeios mais legais “Lagunas Escondidas”. Um conjunto de sete lagoas (só se pode tomar banho na primeira e na última) de cor transparente com alta concentração de sal, a extensão depende basicamente das chuvas, com uma média de 5 m de diâmetro, segundo os locais as mais profundas chegariam a 6 m. Apenas a primeira e a última são habilitadas (com restrições) para o público, enquanto as outras cinco são protegidas. E graças a isso eles mantêm sua beleza particular. 

Lagunas escondidas

Você pode ir por conta nesse passeio se quiser se aventurar,v( o caminho ate lá é muito ruim) tem que pagar 8.000 pesos chilenos (CLP) por pessoa para entrar e só aceitam dinheiro. Após tomar banho nas lagoas à agência serviu uma comida muito boa, ceviche, sanduíches, ovos, espumante, vinho, sucos, frutas, bolos, entre outras coisas. Tudo muito bom, bem servido, nem precisamos almoçar esse dia. Aproveitamos que o passeio acabou logo após o meio dia para procurar um mecânico e tentar arrumar o carro.Por sorte tinha um mecânico atrás da borracharia da cidade, e ele tinha scanner para apagar os erros que causaram o check engine.Deixamos o carro lá pois parecia estar vazando a pressurização. 

Nosso segundo passeio do dia foi o “Valle de La Luna e Valle de La Muerte”dois lugares incríveis, realmente inimagináveis. Um bom preparo físico é fundamental para realizar este passeio, pois além de estar no deserto, se caminha muito. É recomendado levar água em todos os passeios, pois o ar é muito seco, a gente fica com muita sede. No fim dos passeios os guias nos serviram um lanche muito bom que já foi nosso jantar, para finalizar a noite tivemos o Tour Astronômico para ver a lua e as estrelas. Demos azar que a Lua estava cheia, assim deixando a noite mais iluminada e escondendo varias estrelas. Mas com certeza valeu muito a pena, Não deixe de fazer esse tour mesmo que não esteja na época apropriada.

 

Dia 5

Saímos às 8:00 para fazer um trekking no Canion de Guatin, passeio muito legal pra quem gosta de caminhar. São aproximadamente 5 km, passando por um desfiladeiro repleto de cactos, um riozinho, uma paisagem linda de subidas e descidas. Novamente almoçamoscom o grupo, a comida foi oferecida pela agência em um acampamento montado ao lado da van no meio do deserto.

Após esta caminhada voltamos à oficina ver como estava o carro; erros apagados, porém o mecânico disse que estava vazando ar na pressurização do intercoller e que tinha um furo na mangueira de admissão da turbina. A boa e velha fita type e vários enforca gatos foram usados para tentar resolver os problemas. Demos uma volta teste no carro e o problema desapareceu.

Se eu fosse refazer a viagem levaria um scanner para apagar os erros, afinal é quase impossível não acender o “check engine” quando se vai a quase 5000 metros de altitude. Jantamos no restaurante El Toconar, com duas amigas brasileiras que conhecemos nos passeios. Pedi uma carne, se você gosta de churrasco é quase impossível errar no cardápio pedindo carne na Argentina ou no Chile.

Oficina na cidade de San Pedro de Atacama

 

Dia 6

Acordamos muito cedo, a agência nos buscou às 7:00h para irmos as “Lagunas Altiplanicas”. (lugar onde da pra ir sem guia, estrada boa e lugar muito bonito). O café da manhã foi servido na beira da estrada com uma paisagem deslumbrante. Fizemos muitas fotos neste lindo lugar. Depois continuamos o passeio até o Parque Nacional Los Flamencos, visitamos a Laguna Miscanti onde almoçamos desfrutando da exuberante paisagem. Passamos por onde cruza o Trópico de Capricórnio. Lat 23 graus 26’ 16” na ruta 23. Para finalizar o dia jantamos um risoto de camarão no restaurante La Estaka.

Lagunas Altiplanicas

 

Dia 7

Tinhamos programado à Rota dos Salares, mas já tínhamos passado por ela na viagem de ida para o Atacama, então decidimos trocar esse passeio por um trekking até o cume do Cerro Toco.

Subida ao Cerro Toco

Pagamos R$ 1.200 por pessoa, pela subida com guia particular. Não é aconselhado fazer esse passeio nos primeiros dias por causa da aclimatação e nem se você não é praticante de atividade física, pois é realmente muito difícil, o cume está a 5.640 metros de altitude. O guia dirige até aproximadamente 3.700 quando estaciona a camionete e preparo os equipamentos necessários para a subida.

Colocamos capacetes e nos preparamos para a caminhada. Seguimos em fila, lentamente. Não conseguimos chegar ao topo, faltaram alguns metros. Passei muito mal, dor de cabeça, tontura, falta de ar e vontade de vomitar. Desci praticamente o tempo todo de braços com o guia, quase não conseguia caminhar, parecia estar bêbado. Minha mãe ficou muito chateadade não irmos até o topo. De volta ao hotel, descansamos um pouco e fomos almoçar. Escolhemos o restaurante “Las Delicias de Carmem”, bem perto do nosso hotel, parecia um lugar bem barato. Era simples, porém caro, pratos muito bem servidos, poderíamos terpedido um prato só e dividido. Fiquei deitado a tarde toda com dor de cabeça por causa da subida ao Cerro Toco.

No fim do dia fomos jantar na “La Franchuteria” um lugar tipo uma cafeteria, muito charmoso, mesas na rua, tudo feito artesanalmente. O dono é um francês, o espaço fecha às 20:00. Várias pessoas e agências vão lá para buscar pães frescos para servir nos passeios. Cada um jantou uma pizza e tomou um suco de laranja.

Geisers del Tatio

Dia 8

Saímos às 5h da manhã, ainda estava escuro para ir aos Geisers del Tatio. O objetivo é chegar ao parque ao amanhecer, horário que iniciam as explosões de água. A temperatura da água é de 85 graus Celsius e ao final do passeio é permitido tomar banho em uma piscina térmica de água natural. Esse passeio da pra fazer sem guia, mas tem que pagar a entrada do parque. No fim entramos na piscina natural com uma temperatura de 40 graus, do lado de fora estava uns 5 graus.

Leve roupa de banho e um roupão para sair da água. A agência de turismo ofereceu um maravilhoso café da manhã, com direito à omelete, feito na hora e muitas outras delicias. Voltamos próximos da hora do almoço. Escolhemos o restaurante “Pizzeria El Charrua” um restaurante com uma cara bem simples, poucas mesas e uma comida maravilhosa. Nós comemos massa com camarão e estava uma delicia.Após o almoço fomos fazer outro passeio, dessa vez na “Laguna Cejar”, uma lagoa tipo as do primeiro dia, alta quantidade de sal que fazia a gente boiar, entretanto não era tão bonita, cor mais escura, muito maior e tinha muito mais gente.

Após o banho na laguna, tomamos banho para remover o sal, lá mesmo (tem chuveiros). Na sequência fomos a “Laguna Tebiquinche”.Caminhamos uma meia hora com o guia explicando o lugar que foi um dos mais bonitos e com um por do sol magnífico. A agência serviu um jantar em quanto esperávamos a noite cair, após anoitecer fomos ao hotel, tínhamos que dormir cedo, pois voltaríamos para Porto Alegre no dia seguinte.

Entardecer na Laguna Tebiquinche

 

Dia 9 

Saindo de San Pedro de Atacama

Acordamos cedo e as 7:00 já tínhamos saído do hotel, decidimos não passar uns dias em Salta pois nosso cachorro adoeceu e queríamos vê-lo o quanto antes. Subimos a Cordilheira dos Andes e nenhum problema com o carro, cuidando para não andar com giro muito baixo para não forçar o motor. Como era muito cedo chegamos a pegar -2 graus marcando no termômetro do carro, logo a “checkengine” acendeu, mas não perdemos potência alguma.

Vimos um acidente de uma cegonha capotada, realmente essa estrada não é brincadeira. Passamos pela Cordilheirados Andes sem problemas, desfrutando da estrada e das paisagens deslumbrantes.Chegamos na fronteira Chile/Argentina. Dessa vez foi muito rápido, nem meia hora e já nos liberaram, paramos no posto de combustível do lado da fronteira pra abastecer e pegar uma internet as 09:30.

Seguimos Rumo a Costa de Lipan, porém o carro entrava em modo de emergência de vez em quando, ai a gente parava o carro, desligava, forçava a mangueira de pressurização da turbina, ligava e o modo de emergência desativava, fiz isso umas cinco vezes. Eu chegava a estar com mal estar de tanto nervosismo pensando que não conseguiríamos passar pela Costa de Lipan e para piorar tinham varias nuvens pretas no céu.

Minha mãe estava dirigindo, Compass aguentando fortemente a subida da serra, mas um pouco antes de chegar ao topo começou a chover muito e uma cerração horrível, não dava pra enxergar a próxima curva numa serra que é 10 vezes maior que a Serra do Rio do Rastro.

Eu cambiava as marchas na alavanca e olhava o mapa pra dizer a minha mãe pra que lado era a próxima curva, graças a Deus passamos por onde estava a tempestade e ai foi só alegria e curtir a paisagem. A idéia era almoçar em Purmamarca, mas passamos antes do horário de almoço então seguimos, pararíamos para almoçar quando sentíssemos fome. Almoçamos em algo que parecia um mini mercado, infelizmente não lembro o nome, demoraram 30 minutos para fritar dois pasteis, só tomaram nosso tempo e os pasteis estavam bem ruins.

Após comer o pior pastel da vida pisei fundo o pedal da direita, afinal já tínhamos parados pra tirar fotos dos lugares bonitos na ida. Descemos outro serra bem grande, ficando relativamente perto do nível do mar e nada do “check engine” apagar. No meio da tarde paramos para abastecer e quando o carro ligou, nenhum erro no painel, então o 4×4 e o piloto automático voltaram ao normal. Varias vezes cruzamos por trilhos de trem na estrada, tem que ficar ligado, pois nem sempre tem avisos, teve um trilho de trem que só fui ver em cima de hora, tive que frear forte para não passar muito rápido sobre os trilhos. Fim da tarde, passamos pela parte da ruta 16 que é sóburacos e que a maioria dos carros anda pelo acostamento.

Jantamos um hambúrguer e um Monster no mesmo posto que tínhamos almoçado na ida, fica na cidade de Monte Quemado. A noite começou a cair e nós não sabíamos onde iriamos dormir, nossa ideia era ir até a cidade de Presidencia Roque Sáenz Peña, mas não conseguimos chegar lá, é muito difícil de dirigir de noite na ruta16 pois a vegetação do lado da pista é muito alta e tem muitos animais que cruzam a estrada, ficando muito arriscado de atropelar um animal. Eram 21:00, noite fechada, estávamos muito cansados, já estávamos 14 horas viajando então decidimos parar na cidade Pampa de los Guanacos.

Primeiramente fomos ao hotel chamado Mis Abuelos, único hotel arquivado no gps do carro, já que nossos celulares não pegavam internet. Infelizmente estava lotado e nos disseram que tinha outro hotel no fim da rua. Fomos ate o Hotel Del Bosque, ficamos felizes que tinha vaga, pagamos sem nem olhar o quarto, entrando no quarto era simplesmente o pior hotel que já fiquei na vida. Hotel muito sujo, lençol sujo e fedendo a cigarro, chuveiro não funcionava e a água da pia tinha cheiro de esgoto. 

 

Dia 10

Amanhecer na Argentina

As 5:00 já estávamos na estrada para conseguir chegar em Porto Alegre até o fim do dia. Tem poucas coisas mais bonitas pra quem gosta de viajar que um amanhecer na estrada,é simplesmente de arrepiar. Passamos por mais postos policiais e eles continuavam sem parar a gente, acho que por serum mulher no volante e/ou brasileiros, pois eles paravam muitos argentinos.

Passamos por Corrientes às 9:00, depois passamos por uma das melhores partes da estrada, tudo plano, um tapete e nenhuma viva alma. Os poucos carros que tinham na estrada nos passavam a mais de 160km/h, esses argentinos são muito loucos mesmo, não duvide deles.

Já quase na fronteira, em Libres, ficamos procurando algumas encomendas, mas como era domingo estava quase tudo fechado, só paramos num mercado para comprar alguns alfajores.Passamos pela alfândega e quando estávamos saindo uma policial brasileira nos parou, olhou o banco de trás, pediu para abrir o porta malas, questionou sobre compras e respondemos que só tínhamos trazido um imã de geladeira do Chile. Essa foi a única vez que fomos parados pela polícia a viagem inteira. Almoçamos em Uruguaiana num restaurante dentro de um posto SIM, comida não era muito boa, mas deu pra matar a fome. Saímos do posto umas 14:00 e ainda faltavam 8 horas de viagem. Como a maioria das estradas do Rio |Grande do Sul, a BR 290 também está cheia de buracos, menos mal que a Compass não se importa muito com isso, conseguimos manter um ritmo bom e o tempo de chegada ia diminuindo cada vez mais. Ao anoitecer a estrada ficava cada vez mais cheia e minha paciência cada vez menor, odeio dirigir em estrada que não conheço de noite ainda mais cheia de domingueiros. 

Chegamos a Porto Alegre as 21:00 mas ainda faltava atravessar a cidade inteira e jantar, passamos no drive true do Mcdonalds e as 21:25 chegamos em casa. Um total de 4.678 km rodados, 56 horas 25 minutos de carro ligado, 13.1 km/l de média e muitas historias pra contar. Uma das melhores viagens que já fiz na vida, com certeza valeu muito a pena e eu pretendo fazer de novo.

Mas também nem tudo são flores, lembram que não ficamos uns dias em Salta, pois nosso cachorro tinha adoecido. Pois então, acho que toda a correria da viagem de volta valeu a pena, chegamos domingo de noite e nosso cachorro Tim Tim faleceu na sexta-feira da mesma semana. Foi muito bom ter passado toda a última semana na vida dele dando o máximo de carinho possível. 

Por fim, se eu posso dar uma dica maior é: VÁ, não importa pra onde, a estrada importa mais do que a chegada. Com certeza a viagem pro Atacama indo de avião perde no mínimo a metade da diversão e garanto que varias outras viagens são assim também. Se voce leu até aqui, muito obrigado e es pero que até breve, pois pós covid vamos para Santiago de carro. Podem me procurar e perguntar alguma dúvida no insta @abarthrs .

Fim da viagem, já em casa