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Car Culture

Sim, isto é um Jaguar E-Type 1966 com motor Toyota 1JZ feito para andar de lado

Fabricado entre 1961 e 1975 Jaguar E-Type é um dos maiores clássicos de todos os tempos. Também é considerado um dos carros mais bonitos de todos os tempos – o próprio Enzo Ferrari já disse isto uma vez. E, de fato, poucos carros são tão belos quanto um E-Type impecável.

Suas linhas sinuosas, seu capô longo e sua cabine recuada formam um conjunto estético realmente primoroso, e a combinação de beleza, excelente dinâmica, bom desempenho e preço competitivo ajudaram a tornar o E-Type um ícone entre os esportivos britânicos. Tanto que, se um E-Type novo custava £2.200 quando novo (o equivalente a cerca de £ 40.000, ou R$ 170.000, em valores atualizados), hoje em dia um exemplar não custa menos que £ 60 mil (R$ 250 mil). Os melhores, mais de £ 250 mil (mais de R$ 1 milhão, pura e simplesmente).

O E-Type não é um carro tão raro assim: durante seus 14 anos de produção, mais de 70.000 exemplares foram feitos. Parte deles virou carro de corrida (como se pode ver todo ano no Goodwood Revival) e muitos permanecem na ativa, conduzidos nos fim de semana por gentleman drivers. No entanto, sua importância histórica não apenas entre os esportivos britânicos, mas entre os maiores clássicos do planeta, faz com que muitos enxerguem um Jaguar E-Type modificado como uma gigantesca heresia.

O que dizer, então, de um E-Type 1966 com motor 1JZ, com turbo e quase 500 cv, feito para drift? Bem, pelo menos são seis cilindros em linha…

O carro pertence aos irmãos Charlie e Nick Seward, de Yeovil, uma pequena cidade no sul da Inglaterra. A ideia surgiu por acaso: há alguns anos Nick vendeu seu Nissan Silvia S15 e, na negocioção, além do dinheiro veio também um motor 1JZ. O seis-em-linha DOHC de 24 válvulas e 2,5 litros era usado no Supra de terceira geração (aquele quadrado, que era um dos primeiros carros que você comprava no Gran Turismo) e também em outros modelos da Toyota, sempre montado em posição longitudinal, enviando a potência para as rodas de trás. Sua versão mais potente era o 1JZ-GTE, com turbo, 280 cv a 6.200 rpm e 37 mkgf de torque a 4.800 rpm. A versão naturalmente aspirada entregava 170 cv, o que também não é nada mau. Então, com o motor nas mãos, Charlie e Nick decidiram colocá-lo em algum carro.

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O motor original deste E-Type era um seis-em-linha de 4,2 litros e 265 cv — sim, o clássico 4.2 da Jag. No entanto, não havia mais motor. Na verdade, não havia mais nada: o carro estava guardado no celeiro do avô dos irmãos Seward, apodrecendo havia décadas. Só restou o monobloco, bastante enferrujado, que depois de uma sessão de jateamento foi reduzido às seções dianteira e traseira. O assoalho corroído não resistiu.

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Charlie é dono de uma oficina de restauração em Yeovil, a Charlie’s Classic and Custom. Como o nome diz, sua especialidade são restaurações de clássicos de alto nível e carros antigos customizados. Sendo assim, Charlie bem que poderia ter restaurado o Jaguar do seu avô mas, depois de muito considerar, ele e Nick decidiram fazer algo diferente e colocaram o 1JZ no E-Type.

Por sorte, a Jaguar mantém um abrangente programa de restauração para seus clássicos. Você pode mandar seu carro para a Jaguar Heritage e deixar que eles façam todo o serviço ou adquirir as peças necessárias para fazer a restauração por conta própria. Charlie escolheu a segunda opção e comprou os painéis do assoalho, as saias laterais, as portas e demais componentes da carroceria, reconstruindo o carro em sua oficina.

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Sendo um carro de drift, porém, o E-Type recebeu algumas modificações importantes. O motor foi instalado em um subchassi de cromo-molibdênio feito sob medida, que também serve como suporte para a nova suspensão de braços triangulares sobrepostos. Os para-lamas dianteiros e traseiros foram alargados – aliás, todo o conjunto traseiro de suspensão, diferencial e freios veio do BMW M5 E60 (sim, aquele com motor V10).

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O motor foi preparado com um turbocompressor GReddy T67, com toda a tubulação feita sob medida. Do outro lado, fica o radiador PWR. O motor é movido a metanol, e alimentado por um sistema de injeção AIS com módulo programável Syvecs GP6. O resultado são nada menos que 480 cv e 67,7 mkgf de torque, que são enviados para o eixo traseiro por uma caixa manual de cinco marchas vinda de um BMW 330d E46. E, vamos falar a verdade: além de tudo, o cofre ficou bem bonito!

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O interior é totalmente racer, com exceção da capa original do painel, que retém parte dos instrumentos e comandos originais. No mais, há um volante de competição OMP, bancos de alumínio Kirkey, cintos de cinco pontos Schroth e alavanca de engate rápido Drift Parts. Uma gaiola de proteção completa, homologada para competição, encaixa-se perfeitamente ao interior do carro, garantindo a segurança do piloto e a rigidez do carro. E, como podemos ver, isto é necessário.

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Estas fotos mostram o primeiro shakedown do carro, no circuito de Castle Combe, no Reino Unido. Aconteceu na semana passada – ou seja, o projeto acaba de ser concluído. É claro que faltam alguns ajustes finos, como em todo project car.

Talvez você jamais perdoe os caras por terem descaracterizado tanto um Jaguar E-Type. A gente ainda não chegou a um veredicto, na verdade – é bom ver a recuperação do carro, claro, e o trabalho parece muito bem feito. Mas não será heresia demais? Vamos deixar que vocês decidam.

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