Bom pessoal, depois de um tempo de pausa por questões de trabalho, estamos de volta com a saga do nipônico. Continuando da parte em que voltava para a casa e escutei o barulho metálico. Cheguei em casa e realmente o barulho era o que eu mais temia: o motor estava rajando. Girou bronzina…
Agora como isso aconteceu se o óleo estava no nível? Pensei que pudesse ter sido falha da bomba ou algo assim. Na hora da desmontagem, a surpresa: o pescador de óleo estava amassado, estrangulado. Devido ao acidente, o cárter deu uma pequena amassada e prensou o pescado. Eu não percebi por já estar um pouco amassado antes, e isso fez com que a lubrificação ficasse comprometida e por consequência… “adiós” bronzinas.
Aí então, nos restou fazer o rebuild completo do motor , pois já estava a fumando em alta , quando o vtec abria . Essa parte sim, a brincadeira começou a ficar seria , e cara. Resolvi levar o carro para meu Mecânico de confiança , em Florianópolis , há 80km de distancia , que há tempos trabalha com Hondas mais antigos , Mário rodrigues , muito recomendado pelos donos de VTi que conhecia na época. Lá ele iria retirar o motor, e novamente de guincho voltaria para fazer a pintura , pois na época eu trabalhava em uma oficina de funilaria e pintura , o que facilitaria um pouco.
Usei todas as juntas originais novas, comprei outro virabrequim medida standard, o que estava no carro teria que ir para medida 0,50 e eu decidi não usar virabrequim retificado por não confiar. Pistões novos NPR 81,50, anéis Hastings, retífica de bloco, plaina de cabeçote, bombas novas originais de óleo e de água, correia dentada Gates Racing, entre muitas outras coisas.
Nessa altura do campeonato, tendo que fazê-lo por completo e fora do cofre, surgiu a ideia de pintar o carro inteiro de uma cor que realmente me enchesse os olhos, que me agradasse. Algo diferente. Mas qual cor?
Pensei em três opções: captiva blue…
… carnival yellow…
… e championship white, dos Type R.
Por pouco não foi o captiva blue, que veio originalmente em alguns raros VTi pro Brasil, mas já existiam alguns bem modificados, então parti pra outra .
A eleita então foi a Carnival yellow, código Y53. Esse tom saiu apenas nos eg6 japoneses de 92 a 93, em tiragem limitada, e vendidos apenas para o mercado interno ,mas ficou famoso no mundo todo por ser uma das cores que a Spoon Sports escolheu para ser show car deles na época.
A Spoon
O santo graal dos Hondinhas aftermarket , uma preparadora japonesa não oficial , que prepara desde Hondinhas pequenos, como os kei Car, Honda beat, Honda today, até os NSX, s2000, tanto para a rua quanto para a pista. Nesse quesito então, temos dois lados: a Spoon Sports, e a Mugen, que é a preparadora oficial da Honda, fazendo vários componentes estéticos e de performance, mas no caso da minha carroceria, acho os componentes visuais da Spoon muito mais harmônicos com o desenho do carro .
Aqui abaixo, uma foto do modelo em questão, com o spoiler dianteiro, retrovisores menores, spoiler traseiro “estilo bico de pato”, fora as rodas feitas pela Desmond Regamaster e vendidas pela Spoon como SW388.
Essas rodas são raríssimas em qualquer parte do mundo, mas as réplicas são mais facilmente encontradas, feitas pela Rota wheels, modelo slipstream. Essas rodas são levíssimas — pesam em torno de 4 kg com 15 polegadas e podem variar a tala. Nas 15″ geralmente é 6.5 . Fora o peso elas esteticamente fecham como uma luva nos Hondinhas antigos.
Paralelamente à pintura então, decidi ir atrás dessas peças para fazer não uma réplica perfeita, mas um Civic muito semelhante à esse. Acontece que essas peças se forem originais feitas pela Spoon , facilmente ultrapassariam o valor do carro em duas ou três peças, então recorremos às réplicas.
Para achar essas peças, são dois caminhos: ou você conhece o pessoal que vende peças usadas e espera aparecer as peças à venda, ou traz de fora via ebay.
A maioria das peças consegui comprar aqui no Brasil entre um e outro conhecido que ia se desfazendo dos carros e vendiam elas separadamente. O spoiler dianteiro,”front lip” eu trouxe de fora. Como o dólar estava barato na época, compensou muito trazer, saiu em torno de R$ 220 e ele é feito de PU, e não de fibra de carbono como o da Spoon:
Mais tarde , consegui o spoiler traseiro “bico de pato” , esse sim de fibra de carbono, ainda sim uma réplica, mas muito bem feita por sinal.
Comprei também o teto solar de vidro que só vieram nos Si hatch 92-95 e nos Coupe EX/EXS 92-95, pois o original do VTI é de lata. O teto foi plug and play, apenas a forração que muda por causa da cortina, mas como decidi não usar interior também , pra mim foi indiferente.
A funilaria então foi se arrastando por longos nove meses, quando começamos a lixar o carro, descobri varias repinturas, a julgar pelas camadas na tinta (foram sete no mínimo), uma avaria na lateral esquerda em algum momento de sua jornada. nada grave, mas quando desmontei o interior pude observar as marcas de “spotter” na lata pelo lado interno.
Nesse meio tempo , comprei mais alguns itens :
Troquei os bancos de couro dele que estavam horríveis pelos originais de tecido do VTi 94/95 , muito difíceis de achar em bom estado também, vieram de ônibus do Espírito Santo pra cá:
Desmontei a suspensão para começar a montar as buchas de PU, que são muito mais firmes e duram mais que as originais, o único incomodo são os rangidos que ela faz durante o uso. Essas buchas são nacionais, da AJ, de São Paulo, ótima qualidade.
Comprei também um jogo de molas: as Tein S Tech, molas progressivas de Cromo Molibdêniom — baixam bastante o carro e são firmes para uso em estradas.
Nesse período, fabriquei uma barra chamada “fender bar”, que deixa a mini frente mais rígida, mas sem travá-la 100%. A mudança ficou bem perceptível depois de rodar com o carro.
No lado esquerdo meu carro, no lado direito a “inspiração “, da ultra Racing
São sete pontos de soldagem — reparem que ela não eh soldada na carroceria, e sim nas dobradiças de porta, porque se travar tudo 100% provavelmente haverá sobrecarga e quebra nas soldas com o passar do tempo.
Instalei também o short shifter para encurtar o tempo das trocas de marcha , esse comprei do ebay , um modelo DC Sports, que foi muito copiado depois e feitas várias e várias réplicas chinesas de qualidade duvidosa .
Na foto aparece uma manopla de bola de golfe que furei pra colocar , mas como não gostei muito do resultado visual , troquei ela logo depois:
Para não ficar a pé nesse meio tempo — afinal foi quase um ano e meio sem carro — tive que comprar um daily, eis então que apareceu o segundo Hondinha, ou melhor, a segunda: uma CG Today 125 ano 1994, com 80.000 km originais.
Na próxima conto pra vocês como ficou a pintura , montagem do motor , mais alguns upgrades, e se realmente o bicho roncou ! Abraços pessoal !