nos dois ultimos capitulos do papo de garagem falamos sobre o fluxo de cabeçotes e sobre os fundamentos da preparaçao desses componentes agora chegou a hora de falar dos cilindros dos motores que podem ser considerados a continuaçao das camaras de combustao tudo pronto ai a coroa e os aneis o topo dos pistoes e os aneis de segmento tambem fazem parte da camara de combustao como o piso que complementa o ornamento de uma aboboda o ajuste dos pistoes e aneis influenciam diretamente a eficiencia da combustao vamos começar falando dos pistoes e sua influencia na camara pistoes concavos amplificam o efeito de induçao gerado pelo sistema de escape durante o overlap quer saber mais leia aqui mas tambem modificam a taxa de compressao da camara pois a concavidade adiciona volume a camara de combustao entao para alcançar o volume menor e necessario reduzir a altura da camara com ajuda de uma plaina pistoes planos sao neutros tanto na questao de influencia no fluxo quanto na variaçao da taxa de compressao estatica a depender do perfil de comando altura da camara de combustao e diametro das valvulas e necessario usinar cavas na cabeça do pistao o intuito dessa modificaçao e evitar o choque entre as valvulas e o pistao pistoes convexos possuem um domo que adentra a camara por essa caracteristica eles reduzem os efeitos da induçao e elevam a taxa de compressao estatica do motor as cavas para valvulas e vela sao obrigatorias no caso destes pistoes seu desenho tambem pode causar variaçao na queima leia mais aqui todas essas caracteristicas devem ser levadas em conta durante a escolha como ja dissemos um bom motor se faz com boas peças e profissionais mas um otimo motor e feito por pequenos detalhes e muito esmero em cada fase de montagem um avanço no design dos pistoes saos os gas ports pequenos orificios que direcionam uma parte dos gases de expansao para tras do primeiro anel de compressao isso cria uma força adicional para a vedaçao durante a fase mais critica do ciclo os orificios podem ser axiais distribuidos na coroa do pistao ou radiais distribuidos pela parte superior da canaleta do primeiro anel a força so e exercida quando realmente e necessario entao pistoes equipados com gas ports permitem a utilizaçao de aneis com menor tensao radial por conta disso temos a reduçao das perdas por atrito isso nos leva ao segundo elemento deste topico os aneis de segmento todo o trabalho que tivemos ate agora para trazer a mistura para dentro dos cilindros na maior quantidade possivel pode ser desperdiçado no primeiro terço do curso de expansao a pressao dentro do cilindro e a mais alta de todo o ciclo nesse periodo podemos ter os gases escapando por entre os aneis assentamento deficiente folgas fora da especificaçao ou mesmo o alinhamento incorreto dos aneis pode causar essas perdas a maioria dos motores utiliza tres aneis por cilindro dois deles para vedaçao e um para controle de lubrificaçao mas ha casos onde encontramos apenas dois aneis finos como uma fatia de presunto tudo em favor da performance extrema em motores oem alem da vedaçao deve se levar em conta a durabilidade dos aneis pois ter um motor fumando com menos de 100 mil quilometros nao e uma ideia que agrade qualquer cliente ou fabricante mas quando o foco e o desempenho a durabilidade perde sua relevancia de acordo com as prioridades do projeto de acordo com a caracteristica do projeto ha um composto que melhor atende as necessidades vamos ver os materiais abaixo ferro fundido; sao utilizados em motores mais antigos que tambem possuem camisas de cilindro em ferro fundido de alto carbono apresentam bom deslizamento e vedaçao mas apresentam indices altos de tensao superficial ferro nodular; apresenta maior tensao radial que os aneis em ferro fundido motores sobrealimentados ao extremo normalmente utilizam aneis nesse material aço carbono e inoxidavel; sao utilizados na fabricaçao de aneis com menor tensao radial motores naturalmente aspirados de alto desempenho tem grandes ganhos com esse tipo de anel os aneis recebem ainda revestimentos para protege los da oxidaçao aumentar a dureza superficial e/ou reduzir o coeficiente de atrito os processos de revestimento mais usados sao nitretaçao o metal tem sua temperatura elevada em uma atmosfera de nitrogenio saturado assim o gas se liga ao metal formando uma camada superficial de alta dureza cromo duro num processo eletroquimico o acido cromico e reduzido em cromo metalico e adere a superficie do metal pela diferença entre cargas formando uma camada de alta dureza dfv deposiçao fisica por vapor conhecida la fora por pvd physical vapor deposition este metodo consiste da condensaçao de vapores metalicos sobre a peça substrato varios revestimentos podem ser aplicados por esta tecnica os mais comuns para aneis de segmento sao o nitreto de cromo que aumenta a dureza e reduz o coeficiente de atrito e o carbonitreto de titanio que apresenta as mesmas propriedades de dureza e reduçao de atrito mais num nivel mais elevado uma dica aqui verifique com muito cuidado os aneis de melhor aplicaçao no seu caso aneis de menor tensao geram menores perdas friccionais por exemplo um anel em ferro nodular chega a gerar mais de 10 kgf/cm² de pressao de contato o valor de pressao media cai para valores entre 3 e 4 quilogramas força mas multiplique isso pelo numero de cilindros e voce vera o rombo por onde seus cavalos estao fugindo uma combinaçao entre aneis de baixa tensao revestimento de baixo atrito e gas ports pode resgatar ate 10% dos pocotos que estavam presos pelo atrito ajustando as pontas aneis que compoem kits de reposiçao oem ja tem suas dimensoes devidamente ajustadas mas quando partimos para a preparaçao e importante medir e ajustar o gap de forma correta pois se a folga excessiva causa perdas de pressao a falta da mesma folga gera danos muitas vezes catastroficos riscos nas paredes do cilindros e quebra das canaletas sao apenas exemplos do que pode acontecer entao para evitar que isso ocorra leiam o passo a passo abaixo instale o anel no cilindro e garanta que ele esteja horizontalmente alinhado antes da mediçao para isso pode ser utilizada uma ferramenta propria ou mesmo um dos pistoes que esteja com um anel instalado para servir de batente assim voce consegue deslizar o anel a ser ajustado para a posiçao correta meça a folga usando um calibre de folgas a partir dai anote qual a medida atual e quanto material precisa ser retirado para alcançar o valor recomendado pelo fabricante dos aneis e sempre interessante que os aneis que serao usados para um determinado cilindro sejam medidos neste cilindro pois as pequenas diferenças dimensionais causadas pela usinagem podem deixar os aneis fora da medida se feitas apenas em um cilindro detalhes sempre eles para desbastar as pontas dos aneis utilize um disco proprio para desbaste de metais atençao ao sentido de giro do disco o desbaste acontecer de fora para dentro nas extremidades do anel com isso voce garante que a camada de proteçao na face de contato do anel nao corra risco de se desprender atençao tambem ao paralelismo das extremidades voce deve desbastar uma por vez se voce desbastar as duas pontas ao tempo pressionando as contra o disco voce perdera o controle de paralelismo e tambem da quantidade de material retirado meça e desbaste um pouco meça de novo ate se aproximar da meta entao desbaste com mais cuidado ainda como diz o velho ditado meça duas vezes e corte uma nao tem coisa pior que errar e perder uma peça de alto custo quando tiver terminado o ajuste passe uma lixa fina 1000 mas extremidades somente para retirar as rebarbas que ficam do desbaste lubrifique bem os aneis e os monte nos devidos pistoes de preferencia use um alicate proprio procure nao torcer os aneis pois as deformaçoes muitas vezes nao sao visiveis mas prejudicam a vedaçao os segredos do brunimento cada tipo de anel pede uma determinada rugosidade de brunimento o desgaste controlado da superficie cria micro canais que armazenam o lubrificante os valores sao determinados por uma serie de medidas a principal delas e a rugosidade media ra medida em micrometros μm na literatura americana encontramos a rugosidade medida em micropolegadas μ se quisermos fazer a conversao 1 μm = 39 4 μ por exemplo para aneis tratados com molibdenio e espessura de 2 5 mm a recomendaçao e de uma superficie com acabamento de 0 5 a 0 63 μm ra para alcançar este acabamento sao utilizadas pedras granulaçao #280 aneis de ferro fundido com 2 mm de espessura e tratados com cromo podem trabalhar em superficies mais rugosas com acabamento entre 0 75 e 0 91 μm ra neste caso utilizamos pedras de brunimento #220 os angulos de cruzamento e horizontais tambem sao determinados pelo fabricante dos aneis um cruzamento muito fechado gera a retençao excessiva de lubrificante nas paredes alem de causar a rotaçao excessiva dos aneis e com isso o desgaste das faces em contato com o pistao ja angulos mais abertos causam a rapida migraçao do oleo o que torna a lubrificaçao insuficiente para os aneis e gera desgaste prematuro tanto destes quanto da camisa do cilindro a maioria dos fabricantes de aneis para motores oem recomendam angulos de cruzamento a 45° e verticais entre 22° e 32° mas se estivermos falando sobre motores preparados principalmente se o foco for o maximo de performance outras medidas entram na equaçao valores de rpk reduced peak height altura media dos picos rvk reduced valey height profundidade media dos vales e rz amplitude media entre pico e vale em cinco amostras esses parametros dao uma visao muito mais clara de como esta a parede do cilindro e sua area de deslizamento areas de deslizamento muito lisas fazem o motor ficar mais solto mas sao um pressagio de quebra areas muito rugosas geram maiores perdas parasitas o atrito causado pelos aneis pode representar ate um quarto do total de perdas mecanicas no motor as informaçoes de rugosidade sao amostradas com um instrumento chamado rugosimetro alguns modelos mais avançados $$$$ alem de apresentar os dados geram um grafico chamado de curva de abbott firestone que representa visualmente o perfil da amostra porque eu estou falando tudo isso continue lendo e voce vai entender a imagem acima representa a superficie do cilindro assim que sai do brunimento vejam quantos picos existem no perfil imagine os aneis enfrentando os a cada subida e descida complicado nao e por conta destes picos que os motores devem ser amaciados assim que sao montados para assentar os aneis voce ja deve ter ouvido quanto mais picos houverem maior o tempo para a conformaçao das paredes e maior o desgaste inicial dos aneis por isso e importante ter uma visao mais completa do perfil dos cilindros vou deixar aqui mais algumas dicas para quem esta indo fundo no diy ou mesmo para quem tem intimidade com o preparador que esta montando o seu projeto assim que receber o bloco lave o mas lave bem mesmo agua morna com sabao uma escova de nylon dura e maos a obra faça uma limpeza criteriosa para retirar qualquer limalha ou grao que tenha sobrado apos isso lubrifique bem o bloco para protege lo da oxidaçao outro ponto importante e facilitar a vida dos aneis na fase de assentamento quando o tempo e as intemperies desgastam cadeias de montanhas formam se planaltos e platos nos vamos agir como as intemperies reduzindo a altura dos picos para criar os platos que servem como area de deslizamento ha escovas de acabamento proprias para o serviço e dificil encontra las no brasil mas o investimento vale use bastante oleo desengripante e uma parafusadeira ou furadeira para realizar o movimento rotativo movimente a escova para dentro e para fora do cilindro dez vezes use uma toalha absorsiva e mais desengripante para retirar o excesso de solidos repita a operaçao ao menos mais uma vez [youtube id= kiowdbesg2q width= 620 height= 350 ] apos o trabalho com as buchas abrasivas siga o mesmo procedimento de lavagem que eu citei para o recebimento do bloco a imagem acima mostra o resultado do trabalho com a escova abrasiva os platos aumentam a area de deslizamento para os aneis reduzindo o desgaste causado pelo assentamento assim voce garante sempre o melhor para o seu projeto ganhe nos detalhes [youtube id= bza1gqoctok width= 620 height= 350 ] uma ferramenta pouco utilizada por aqui mas essencial para uma boa usinagem e a placa de torque ela simula as cargas que causam deformaçao no bloco durante a montagem para operaçao os prisioneiros e junta do cabeçote usados para este processo devem seguir as mesmas especificaçoes determinadas pelo fabricante usinar o bloco nessa condiçao corrige deformidades ocultas o video acima mostra a usinagem do bloco da kawasaki h2 vejam que mesmo a sequencia de aperto e respeitada para garantir que tudo seja exatamente igual ao processo de montagem do motor indo um passo alem o bloco deve ser aquecido a sua temperatura de trabalho aproximadamente 90 °c para que a deformaçao causada pela expansao tambem seja alcançada assim os cilindros estarao com o alinhamento mais proximo do ideal durante a sua operaçao este processo e chamado de usinagem a quente essas pequenas correçoes garantem a melhor selagem para o cilindro com isso temos menor pressao e temperatura na regiao do carter menor consumo de lubrificante e menores perdas mecanicas e perdas por bombeamento e todo esse conjunto disponibiliza mais alguns cavalos para serem colocados no chao spoilers no proximo papo vamos começar uma serie longa sobre combustivel alimentaçao por carburadores injeçao de combustivel o basico sobre ajustes e mais entao ate la
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