Em 2011 a FIA apresentou uma nova categoria de rali, o Grupo RGT. Como o nome diz, a intenção era colocar carros de turismo para disputar ralis e, desde 2014, não é preciso ter um carro homologado para participar: basta conseguir um passaporte técnico individual, que pode ser concedido a qualquer carro depois de uma vistoria. Foi assim que o britânico Richard Tuthill decidiu comprar um Porsche 911 GT3 Cup, prepará-lo e disputar estágios do WRC com ele. Até agora, deu certo.
Chris Harris foi fazer uma visita ao cara, pegou seu 911 emprestado e deu umas voltas no estágio de Walters Arena, no País de Gales. A conclusão? Não há carro melhor para disputar um rali do que um 911.
A Tuthill Porsche está na ativa desde o início da década de 1980, quando Francis Tuthill abriu uma oficina para preparar os carros da Volkswagen com motor refrigerado a ar, e não demorou para que donos de Porsche 356 e 911 o procurassem. Hoje tocada por um de seus descendentes, Richard, a Tuthill Porsche participa de ralis, restaura 911 antigos e tem até uma academia de pilotagem na neve… com o 911, claro.
Sendo assim, a decisão por um 911 foi natural, e o GT3 RS era a melhor opção, visto que o carro já tem peso aliviado e gaiola de proteção — além de um flat-6 de 3,8 litros e 450 cv. Para adequar-se ao regulamento, porém, a Tuthill Porsche precisou modificar algumas coisas, como a própria gaiola e reforçar a suspensão.
Mas e a mecânica? Bem, a verdade é que o 911 GT3 RS da Tuthill Porsche é menos potente do que quando saiu da fábrica — o regulamento do Grupo RGT determina que os carros tenham uma relação peso/potência de, no mínimo, 3,4 kg/cv. Por isso o motor teve que receber um restritor de ar no coletor de admissão, tendo sua potência reduzida para 360 cv.
O que, como dá para ver no vídeo, a potência a menos não prejudicou em nada o “fator diversão” do carro — na verdade, Harris diz que este foi o carro mais empolgante que ele dirigiu no ano passado (o vídeo foi gravado em dezembro de 2014) — isto vindo do cara que, no ano passado, testou Mercedes-Benz AMG-GT, o Jaguar F-Type R, o McLaren P1 e a LaFerrari. Sim, o 911 GT3 de 360 cv da Tuthill é mais legal que o hipercarro mais comentado dos últimos 12 meses, mesmo 600 cv a menos.
Não é difícil entender: o sistema de escape não tem nenhum tipo de restrição, e o barulho invade a cabine e os ouvidos dos espectadores sem filtros, servindo como uma bela trilha sonora quando se está brigando para segurar a traseira de um Porsche em uma pista de lama, quase sem aderência.
Tuthill garante que nenhum outro carro causa tanta comoção por parte do público quanto um 911 GT3 RS preparado para disputar ralis, e que esta é uma das partes mais legais da experiência toda. Ele também diz que sabe que não vai conseguir nenhum título com ele, mas que isto não é o mais importante — e a gente acredita nele.
Agora, lembra quando dissemos que a Tuthill mantém uma academia de pilotagem na neve? A Below Zero Ice Driving fica na suécia e usa os carros preparados pela Tuthill para ensinar entusiastas técnicas de pilotagem em condições críticas de aderência. E Chris Harris já foi fazer uma visita a eles — em 2013, quando ainda fazia parte do canal /Drive:
Boa tentativa, Harris, mas ainda não temos inveja de você. Nem um pouco. You lucky bastard!