Se você tem memória acima da média, provavelmente vai lembrar de um Alfa Romeo 155 V6 Ti, carro de corrida usado na DTM, pilotado por um cara chamado Marco Gramenzi em uma subida de montanha no interior da Itália. O carro era movido por um V6 de 2,5 litros capaz de girar a quase 12.000 rpm e entregar até 500 cv. E Gramenzi também não pilotava mal, claro.
Agora ele está de volta, novamente com um Alfa Romeo, porém algo bem mais ousado: um 4C com um motor V8 Zytek, normalmente usado pelos monopostos de Fórmula 3000, capaz de girar a até 9.000 rpm. E se você acha pouco, é porque ainda não o viu em ação, e nem ouviu seu ronco. Isto vai mudar agora.
O local também nos é familar: trata-se, mais uma vez, de Verzegnis, a pequena comuna no norte da Itália onde moram menos de 1.000 pessoas e todos os anos acontece a Subida de Montanha de Verzegnis. O evento faz parte do calendário oficial da Copa Internacional de Subida de Montanha da FIA (International Hillclimb Cup, ou IHCC), uma de nossas categorias favoritas. E não por acaso – olha o nível dos carros que correm lá!
O Alfa Romeo 4C de Marco Gramenzi foi construído para a temporada de 2017 do Campeonato Italiano de Subida de Montanha pela oficina italiana Pichio Racing, especializada na fabricação de carros de corrida. E, na verdade, conservou do Alfa Romeo 4C apenas parte do monobloco de fibra de carbono e seus elementos estéticos: todo o resto foi feito sob medida em meados de 2016 e, na primeira vez em que o carro foi filmado, em outubro, o mesmo teve seu quatro-cilindros de 1,75 litro preparado para entregar cerca de 600 cv a 8.200 rpm, e montado na longitudinal. A suspensão era do tipo pushrod e as rodas, de 13 polegadas – características comuns a diferentes monopostos. Além disso, o entre-eixos foi ampliado em cerca de 30 cm, melhorando a distribuição de peso do Alfinha.
Agora, mais de seis meses depois, o bólido está quase irreconhecível. Quer dizer, ainda parece um Alfa Romeo 4C, mas não o mesmo 4C. Isto porque Marco procurou o ex-engenheiro da Fórmula 1 Giuseppe Angiulli, que também foi responsável por desenvolver o protótipo esporte Riley & Scott Mk3, bem sucedido em competições americanas como a IMSA; e o Maserati Gran Turismo que começou a competir na categoria GT3 em 2013.
Não estamos falando de alguém inexperiente e, por esta razão, não vamos questionar a decisão dele em substituir um quatro-cilindros turbo de 600 cv por um V8 naturalmente aspirado de cerca de 470 cv. Até porque o Alfa de Marco Gramenzi pesa por volta de 700 kg – sim, o bicho é leve.
Estamos falando de um motor V8 de 90° com comando duplo nos cabeçotes e quatro válvulas por cilindro, feito todo de alumínio especialmente para corridas, substituindo um quatro-cilindros de rua preparado. Vá dizer que você também não trocaria?
Além disso, embora tenha ficado menos potente, o carro recebeu alterações no projeto de suspensão, na caixa de direção, no conjunto aerodinâmico e rodas maiores, de 18 polegadas, tudo coordenado por Angiulli. Talvez a melhora na capacidade dinâmica do carro (e a confiabilidade mecânica) compense a redução de cerca de 150 cv na potência.
Vale lembrar que Marco inscreveu seu 4C no Verzegnis 2017 apenas para usar a competição como campo de testes para o carro. Ele ainda deverá passar por alguns ajustes antes de começar a competir para valer. Enquanto isto, porque não damos uma olhada nos outros carros que subiram a ladeira?