por mais que a gente tente certas coisas desafiam o avanço tecnologico humano nossa capacidade de reinventarmos novas maneiras de fazer algo veja por exemplo o limpador de para brisa foi inventado muito antes do automovel existir para veiculos de traçao animal e ainda assim e simplesmente insubstituivel se provou eficiente ate para avioes a mercedes benz insatisfeita com o arcaico sistema nos anos 1950 investiu uma quantidade absurda de dinheiro para descobrir uma forma melhor de limpar vidros de realmente util apenas limpadores pantograficos que aumentam a area de varredura sairam deste investimento a empresa descobriu tambem que uma cortina de ar a alta velocidade passando pelo para brisa efetivamente substituiria o limpador com uma miriade de vantagens o unico problema era que para mover este ar era necessario um motor de 300 cv aplicaçoes praticas para esta descoberta ainda eludem os pesquisadores mas e assim que as coisas avançam tentando muitas vezes nao e possivel chegar aonde se desejava mas se aprende muita coisa no caminho; esses aprendizados inuteis certamente vao ter utilidades que ainda nao conhecemos sir henry royce disse que there is no sure way of judging anything except by experiment nao ha outra maneira de julgar algo que nao seja por experimentaçao uma concisa verdade sobre a natureza do conhecimento quem nao tenta mesmo sob risco de um catastrofico visivel e claro fracasso nao sabe nada quem sempre acerta provavelmente so repetiu o que ja se conhece gordon murray sabe disso perfeitamente um entusiasta da inovaçao real aquela que faz o automovel melhor como automovel mesmo e nao uma camara de transporte e privaçao sensorial murray sabe exatamente ate onde ir para resolver desistir desistir afinal de contas e tao necessario quanto tentar insistir no erro e burrice ja dizia o ditado popular se tudo que murray planejou tivesse dado certo o mclaren f1 nao teria 1138 kg de peso teria 1000 kg apenas o objetivo original do projeto uma porcentagem infima de erro claro e compensada por uma potencia maior 627 cv frente aos 550 cv planejados o peso/potencia fica em 1 818 kg/cv para o objetivo original versus 1 815 kg/cv do carro final deu no mesmo murray diz que nao e a mesma coisa um carro de 1 000 kg e melhor que um de 1 138 kg; mas pelo menos um resultado coerente entao nem tudo foi perfeito no projeto do f1 nem tudo veio de uma visao dourada sem erros que apareceu na cabeça de nosso heroi feito uma lampada incandescente na forma de um mclaren nao claro existiram varios problemas e coisas que simplesmente nao funcionaram na verdade sabemos que 138 kg de erros aconteceram no projeto e a historia de hoje fala dos primeiros 18 kg o ferro fundido uma das tecnologias que desafia os engenheiros desde a invençao do freio a disco automotivo pela dunlop nos anos 1950 diz respeito ao material com que se faz os discos desde muito cedo se descobriu que nao era o leve aluminio nem o super versatil aço o melhor material para os discos de freio este era o simples pesado e antigo ferro fundido pesado duro e quebradiço o material de qualquer forma e ate hoje usado em praticamente todos dos veiculos do mundo fora uma infima quantidade de carros exoticos os freios viraram ventilados perfurados e maiores; as pinças cresceram em quantidade de pistoes e açao; servo freios e abs eletronico passaram a atua los; freios de comando remoto eletrico by wire apareceram mas os discos de freio continuam largamente feitos de ferro fundido nenhum outro material parece dar as caracteristicas de rigidez atrito seco e molhado comportamento a quente e durabilidade do que o velho fofo o unico problema dele na verdade e seu peso um dos mais densos metais que existem so podia ser pior se fosse feito de chumbo talvez uranio empobrecido [caption id= attachment_318092 align= aligncenter width= 940 ] ferro fundido o material mais usado [/caption] mas esse probleminha vira um problemao quando se nota que um freio e montado perto da roda normalmente fazendo parte da massa nao suspensa somando se ao peso da roda e do pneu cada grama a mais ali faz o carro precisar de molas mais duras apenas para controlar a inercia dessa massa ao bater em imperfeiçoes na pista um carro nao roda bem com alta massa nao suspensa em relaçao a sua massa suspensa um freio seja ele tambor ou disco e melhor se tiver diametro maior ou seja se for mais pesado por isso se desenvolveu os freios inboard fora da roda para se aumentar o diametro deles sem afetar a massa nao suspensa era uma soluçao inteligente mas tinha dois grandes problemas [caption id= attachment_318093 align= aligncenter width= 999 ] lotus 72 freios inboard nas 4 rodas[/caption] o primeiro era resposta; como estava longe da roda o eixo que levava sua força ate elas sempre sofria torçao e esta torçao afetava a resposta do freio claramente tambem era mais um ponto de quebra e complexidade no caso de competiçao principalmente depois o pior problema gerenciamento de temperatura freios afinal de contas funcionam por atrito a pastilha ou sapata no tambor atrita com o disco e dissipa a energia cinetica do carro transformando a principalmente em calor dentro do carro longe do fluxo de ar frio das rodas os freios inboard eram uma fonte infindavel de problemas alem do fade do proprio freio por temperatura tambem esquentavam diferenciais carroceria e outros componentes que antes nao esquentavam nao o lugar ideal para o freio e mesmo a roda por isso se desenvolveram pneus de perfil mais baixo para num mesmo diametro de roda se permitir mais espaço para freios grandes mas o material do freio em si parecia imutavel ate hoje o fofo e o material deles a nao ser que voce compre um supercarro e pague extra pelos carissimos freios carbono ceramicos e esses freios tem origem justamente com um amigo nosso gordon murray himself gordon murray tem uma maneira melhor ate o inicio dos anos 1980 ate a formula 1 o pinaculo da tecnologia automotiva usava freios com discos de ferro fundido nao eram muito diferentes do que se usava em carros de rua [caption id= attachment_318084 align= aligncenter width= 999 ] brabham bt45 freios de carbono[/caption] steve bryan representante da ap racing na f1 ate 2017 disse para a revista motorsport se me lembro bem as pinças costumavam custar cerca de £ 60 cada isso nem compraria um par de pastilhas hoje se voce queria construir um carro naquela epoca era tudo comprado pronto um motor da cosworth uma caixa de cambio da hewland um tanto de honeycomb de aluminio para fazer o chassi freios e uma embreagem de prateleira e pronto no entanto esses sistemas de freio estavam sendo levados ao limite graças ao rapido desenvolvimento aerodinamico de motores e de pneus nos anos 1980 a renault pioneira com turbo sofreu muito com um problema particular com o superaquecimento dos freios muito pelo menor freio motor do v6 de 1 5 litros comparado aos v8 de 3 0 litros some isso a potencia do motor turbo e um carro mais pesado e o problema so aumentava entra em cena gordon murray entao na brabham no meio dos anos 1970 diz ele estava eu no fim de semana lendo uma descriçao tecnica do concorde e percebi uma mençao passageira sobre os freios do trem de pouso descritos como carbono carbono a reportagem dizia que permitiram um ganho de 500 kg em comparaçao aos discos normais de metal arregalei os olhos na hora e levantei as costas para ver se nao tinha lido errado os freios do concorde como os primeiros freios a disco de aviao e automoveis eram feitos pela dunlop murray os contatou e uma reuniao foi marcada o alto coeficiente de atrito do carbono era algo encorajador quanto mais quente ficava mais atrito dava foi iniciado um programa de desenvolvimento visando a formula 1 [caption id= attachment_318089 align= aligncenter width= 999 ] mclaren de formula 1 o freio carbono carbono definitivo[/caption] murray estreia freios de carbono em 1976 na brabham mas foi uma batalha longa e ingrata para chegar a um funcionamento bom somente em 1982 um carro equipado com freios carbono carbono terminou em primeiro lugar em um grande premio nelson piquet num bt49d no gp do brasil embora tenha sido posteriormente desclassificado por ter um carro abaixo do peso foi a mclaren que deu o proximo passo com o fornecedor aeroespacial frances carbon industries que criou discos ventilados auxiliando muito o resfriamento que foram acoplados a um design de pinça interno totalmente novo dali em diante estava claro para onde ia a tecnologia dos freios na f1 murray pioneiro na tecnologia tinha um objetivo pessoal para o seu mclaren de rua depois de ser o primeiro a colocar freios de carbono nas pistas queria ser o primeiro nas ruas tambem os freios do mclaren f1 hoje em dia a tecnologia de freios de carbono e ate comum nas ruas sao freios carissimos e raros por isso claro mas existem sao do tipo carbono ceramicos diferentes dos usados na f1 os discos de freio de ceramica foram desenvolvidos pela primeira vez na decada de 1980 para a industria de locomotivas em trens de alta velocidade os freios a disco carbono ceramicos sao feitos de fibra de carbono misturada com um aglutinante epoxi e silicio os discos sao fabricados adicionando esta mistura em um molde de aço insertos de aço sao adicionadas radialmente ao redor do molde para criar aberturas no disco esta mistura de epoxi carbono e entao prensada no molde que e colocado em um forno para ligar o epoxi e as fibras de carbono depois disso o silicio e adicionado ao nucleo central do disco ele e colocado de volta em um forno onde todo o oxigenio e removido o silicio derrete e e entao puxado para o carbono criando carboneto de silicio extremamente duro algumas operaçoes de usinagem de pos produçao sao realizadas usando discos abrasivos diamantados o produto finalizado recebe entao um revestimento final para resistir a oxidaçao mas essa tecnologia nao existia ha 30 anos atras na epoca do mclaren f1 junto com a brembo italiana que estudava trazer o sistema da formula 1 para as ruas o que a mclaren e murray tentaram foi colocar o sistema carbono carbono da f1 no supercarro de rua o engenheiro harold dermott nos tentamos de verdade mas ha uma diferença critica entre a carro de rua e carros de corrida carros de rua absolutamente nao funcionam em esforço maximo por quase 100 por cento do tempo nao importa o que fizessemos no sistema de pedal de freio nunca conseguimos aquecer os freios de carbono com rapidez suficiente para fornecer um bite adequado no transito na cidade ou mesmo apenas saindo de sua garagem pela manha sempre que voltavamos de uma sessao de teste de freio gordon estava la ansioso pelo resultado entao eram caras tristes desconversando ou mesmo analisando os dados se voce pudesse aquecer os freios e mante los aquecidos eles eram fantasticos mas em condiçoes normais nao podiamos ver uma maneira de contornar isso a coisa obvia a fazer era encaixar os melhores freios convencionais disponiveis e pronto a mera ideia de gerar um overboost inicial era anatema as ideias de murray afinal de contas ele detesta nao so o abs mas mesmo o servofreio e um absurdo em sua cabeça qualquer coisa que interfira na sensibilidade direta do freio hidraulico estraga o carro na opiniao de murray diz ele ambos os sistemas mascaram a sensaçao do pedal de freio a instruçao que recebi nao era apenas para produzir o melhor carro esportivo do mundo mas acima de tudo o melhor carro para se dirigir manipulaçao artificial do input do motorista destruiria todo o conceito sem um servo a pressao do pedal foi minimizada pela especificaçao de discos de grande diametro a brembo finalmente atendeu aos requisitos da mclaren com discos perfurados e ventilados internamente 332 mm de diametro na frente e traseiros de 305 mm as passagens de ar internas dos discos ajudaram a resfria los as perfuraçoes cruzadas ajudaram a limpar a poeira das pastilhas das superficies de trabalho e melhoraram a sensaçao importante do pedal do freio as pinças de corrida com pistoes opostos e quatro cilindros foram primorosamente usinadas em aluminio solido para economizar peso e oferecer maior rigidez do que pinças convencionais que sao montadas a partir de metades parafusadas quanto mais rigida a pinça menos movimento perdido no pedal de novo a sensaçao no pedal determinando o desenho do sistema no fim mais um sistema interessante nos testes aerodinamicos se mostrou necessario que um pequeno aerofolio levantasse em frenagens para mover o centro de pressao aerodinamico onde devia com a frente baixando alguem teve a ideia genial de aproveitar isso para refrigerar os freios traseiros justamente quando seria solicitados ao maximo janelas aproveitava a pressao gerada pelo aerofolio para levar ar fresco aos freios no fim o fracasso em usar freios de formula 1 fez o objetivo de peso final do carro mudar agora era 1018 kg ainda doi lembrar diz murray um fracasso claro e com eles que o mundo anda para frente
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