era muito cedo quando saimos de sao paulo eu no passageiro capota baixada mesmo com aquele friozinho de uma manha de sabado batiamos um papo bom e divertido colocando a conversa em dia eu e meu compadre um papo cheio de profanidades e risadas enquanto cruzavamos a cidade ainda dormindo em direçao a estrada e bem la na frente mais adiante aguas de lindoia que esperavamos alcançar antes da multidao que sempre aparece la durante o famoso encontro anual de carros antigos da cidade mas agora o foco era sair de sao paulo o mais rapido possivel o som do v6 ecoava em toda banca de jornal em todo tunel em todo e qualquer lugar que pudesse e passava atraves da gente ate tocar no fundo nossa atormentada alma entusiasta como um chamado a açao ao ataque os farois da alfa verde limao iluminavam o chao o painel iluminava nossas caras e o sol que ainda nao tinha aparecido deixava apenas um dos lados do ceu claro ao começar a subir o viaduto que da na rodovia dos bandeirantes o papo da uma parada e meu amigo se lembra de ter preparado algo especial cara trouxe um cd que acho que voce vai gostar e estica a mao para ligar o som de cara aparece a introduçao da musica babba o’riley do the who uma hipnotizante se repetitiva balada em sintetizador imediatamente aumento o volume ao chegar no topo do viaduto o v6 a este ponto ja gritando e o vento fazendo um barulho danado a bateria e a guitarra interrompem o repetitivo mantra da introduçao numa explosao de som e ritmo ao mesmo tempo em que enxergamos o sol aparecendo finalmente the exodus is here indeed um nova alfa romeo uma das realidades alternativas interessantes de se imaginar e o que teria acontecido se a ford na febre de compra de marcas europeias que caracterizou os ultimos anos de vida de henry ford ii tivesse comprado a alfa romeo em 1986 a ford fez uma oferta quando o governo italiano colocou a venda mas a fiat ofereceu mais dinheiro e uma garantia de manutençao de empregos italianos que acabou por ganhar o leilao pela segunda vez em sua vida ford perde para agnelli ao contrario da ferrari nos anos 1960 porem nenhuma vingança foi necessaria; henry ford ii ja nao precisava mais provar nada a ninguem [caption id= attachment_259231 align= aligncenter width= 999 ] 164 um novo alfa[/caption] a fiat com isso consolida se como praticamente o unico fabricante de automoveis da italia desconta se aqui as minusculas exceçoes maserati que alguns anos depois tambem seria comprada e a lamborghini que hoje e parte do grupo vw a alfa romeo como contamos aqui vinha numa grande decadencia e chega em 1986 praticamente ao fundo do poço o primeiro alfa romeo lançado depois da compra pela fiat foi o 164 de 1987 um carro ja em desenvolvimento quando a fiat chegou o 164 apesar disso tinha muito em comum com o fiat chroma a lancia thema e ate o saab 9000 era fruto de um acordo de compartilhamento de plataformas entre as quatro empresas todas elas vendiam poucos carros grandes e por isso compartilhar uma plataforma comum dividiria custos de desenvolvimento o que era vantajoso para todos a fiat concentrou se primeiro nos maiores problemas da alfa romeo qualidade e proteçao da carroceria contra corrosao o 164 ja era um grande progresso aqui o que a julgar pela fama dos carros mostra em que buraco estavam antes pelo menos nao enferrujava mais em menos de um ano de uso o que se segue e inevitavel os alfa romeo passariam a compartilhar plataformas com a fiat hoje nao vemos isso como um problema mas na epoca nao foi bem recebido pelo publico e critica e facil esquecer que a fiat foi uma pioneira aqui e com isso pegou o grosso da rejeiçao a esta pratica bem de frente nao ajudava que o primeiro carro da alfa a compartilhar plataforma fiat o 155 de 1992 baseado na plataforma do fiat tipo nao era um bom exemplo para a pratica [caption id= attachment_259233 align= aligncenter width= 640 ] o primeiro 155 1992[/caption] alem da rejeiçao a plataforma fiat existia a rejeiçao a mudança para traçao dianteira no caso do 155 o 75 que o 155 substituiu era um sofisticado carro de traçao traseira com transeixo suspensao de dion e freios inboard atras e apesar dos motores ainda serem totalmente alfa romeo inclusive com os twin spark 8 valvulas e v6 2 5 o carro era considerado muito proximo ao dirigir dos tipo e tempra mas o novo ceo paolo cantarella conhecia automoveis e estava determinado a mudar isso a fase 2 do 155 lançada em 1995 mostra isso claramente primeiro pela coragem de abandonar finalmente o motor alfa romeo de quatro cilindros em linha apesar de ser uma tradiçao da marca era um desenho ultrapassado dos anos 1950 e nao fazia sentido algum a fiat manter dois quatro em linha parecidissimos em produçao mas para diferenciar as marcas a alfa romeo aparece com um cabeçote de duas valvulas por cilindro twin spark para o motor fiat depois determina uma mudança grande na suspensao e direçao do 155 com o objetivo de melhorar o comportamento e diferencia lo mais dos fiat [caption id= attachment_259234 align= aligncenter width= 999 ] 155 fase 2 bem melhor [/caption] com uma carroceria de para lamas largos o carro se transforma colin goodwin da car inglesa diz em fevereiro de 1994 o 155 anterior ficou em ultimo em nosso comparativo de sedas esportivos atras ate do renault 19 16s agora o novo 155 e um carro que todos os entusiastas presos na velha opçao da bmw serie 3 devem olhar com carinho e sensacional ao volante muito da melhoria do 155 vem na verdade de um projeto que seria lançado tambem em 1995 e corria em paralelo derivado tambem da plataforma tipo due fiat tipo mas bastante alterada um novo spider e um novo gtv um novo alfa romeo spider parece incrivel mas quando o 155 e lançado em 1992 o alfa romeo spider ainda era o mesmo carro lançado em 1966 derivado do giulia tipo 105 de 1962 um verdadeiro dinossauro algo que ficou sem substituto um pouco por causa da excelencia e avanço tecnologico do projeto original mas muito tambem porque a alfa romeo sempre mais sem grana que uber em tempos de covid 19 nunca teve dinheiro para investir num sucessor cantarella resolve acabar com esta situaçao francamente vergonhosa e ao mesmo tempo mostrar ao mundo para onde ia a marca no futuro e que o compartilhamento de plataformas nao era a morte da personalidade sim o novo spider cuja versao cupe seria a nova gtv iriam logicamente derivar da plataforma fiat tipo due tambem o desenho da carroceria ficou a cargo de enrico fumia na pininfarina a ideia era uma continuidade no desenho de sucesso do 164 tambem desenhado por fumia o entre eixos e bitolas seriam inalterados em relaçao ao 155/tipo era na verdade um projeto que corria a bastante tempo o cx do gtv 0 33 foi medido no tunel da pininfarina em 1989 o spyder tinha cx de 0 38 cantarella segurou o projeto quando se tornou ceo apesar da carroceria pronta o retorno a respeito do 155 mostrava que algo a mais precisava ser feito deu carta branca ao respeitado engenheiro chefe do projeto bruno cena para fazer um comportamento de suspensao sem compromissos alem de muito trabalho para melhorar a precisao e o feedback da direçao e melhorar a geometria da suspensao dianteira uma mudança radical tambem e especificada o spider/gtv teria uma suspensao traseira multilink com algum grau de esterçamento na roda interna em compressao a suspensao nova foi inteligentemente montada num subchassis que entao podia ser montado nos pontos de fixaçao originais do 155 cantarella queria esperar tambem o novo motor de quatro cilindros twin spark bem mais moderno era um motor agora com bloco em ferro fundido cabeçote em aluminio duplo comando de valvulas no cabeçote com quatro valvulas por cilindro numa camera tipo telhado pentroof e duas velas por cilindro com taxa de 10;1 83 x 91 mm para 1970 cm3 dava 150 cv a 6200 rpm eixo contra rotativo ajudava a diminuir a vibraçao e o corte ocorria somente a 7300 rpm o famoso v6 busso tambem seria oferecido em versao de tres litros e 200 cv depois apareceria a nova versao dohc de 24 valvulas e 220 cv na europa primeiro na gtv e depois nas spider a partir de 2000 agora com cambio de seis marchas la existia tambem numa versao de 2 litros com turbo do v6 com 200 cv a carroceria toda galvanizada e com proteçoes plasticas na parte de dentro do para lama e feita para durar para sempre sem corrosao parte do enorme esforço do grupo fiat neste campo nos anos 1990 o capo era enorme tipo clamshell que cobria o farol e as portas nao tinham moldura para o vidro mesmo na gtv o interior tinha painel exclusivo e bancos muito bons com lateral pronunciada a suspensao traseira complexa fazia pequeno o porta malas mas nada que incomodasse muito em carros esporte os carros foram extremamente bem recebidos em seu lançamento uma junçao de comportamento brilhante na direçao esportiva direçao comunicativa e motores entusiasmados o estilo sempre sera controverso existem os que amam e os que o odeiam mas as vendas nunca atingiram o esperado era uma junçao principalmente do ja mencionado estilo controverso mas tambem um pouco a respeito do desempenho pesando sempre mais de 1300 kg eram carros pesados para seu tamanho somado a isso e nao ha outra maneira de dizer isso o spider era extremamente flexivel o numero impressiona o gtv e 64% mais rigido em torçao o spider visivelmente movimenta o painel em relaçao aos bancos confiabilidade ainda baixa mesmo que melhor que no passado nao deve ter ajudado tambem assim como um certo preconceito dos fas da marca para com traçao dianteira e componentes fiat viveu bastante tempo porem de novo meio por falta de substituto; recebe um facelift em 2003 e e substituido pelo brera em 2005 aqui no brasil foi vendido por pouco tempo vindo para ca apenas na versao spider v6 12v com cambio manual ou automatico nunca experimentamos o gtv um carro que pelo menos resolve teoricamente um dos problemas cronicos o de rigidez torsional mas mesmo assim e um carro que hoje parece ate mais interessante que entao numa epoca onde motores como o dele acoplados a cambio manual se tornou raro mesmo em roadsters de dois lugares e acreditem quando digo que um v6 como aquele cheio de brio e força e uma voz de baritono afinado cobre um monte de pecados ainda mais se dirigido com vontade pela noite de sao paulo numa manha de sabado a caminho de nada a nao ser um dia divertido com amigos algo que uma hora dessas voltamos a fazer
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