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Car Culture

Jay Kay: a coleção de carros absurda do vocalista do Jamiroquai

Quando o assunto são coleções de carros de artistas famosos, boa parte de nós tende a pensar nos rockstars de antigamente – afinal, os caras que viveram os anos 1960 e 1970 e viram todos aqueles carros sendo lançados obviamente têm o melhor gosto para carros, não é?

Isto até pode ser verdade – vide as coleções incríveis de James Hetfield, do Metallica; Billy Gibbons, do ZZ Top; ou Sammy Hagar e Eddie Van Halen, do… Van Halen. Mas engana-se quem pensa que apenas membros bandas de hard rock e heavy metal curtem bons automóveis. Claro, guitarras distorcidas e bateria galopante combinam maravilhosamente com motores nervosos e belas curvas na carroceria, mas o entusiasmo pelos carros ignora completamente preferências musicais.

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Um dos melhores exemplos disso é Jay Kay, o vocalista do Jamiroquai. A banda londrina está na estrada desde 1992 e, em quase três décadas de existência, conseguiu o mérito de trazer as estruturas musicais sofisticadas e os arranjos complexos do acid jazz e do funk para o domínio do pop mainstream – com direito a altas doses de psicodelia. E o frontman possui aquela que, sem qualquer exagero, é uma das coleções de automóveis mais fodásticas do planeta.

E Jay tem uma relação interessante com eles – algo raro no meio dos colecionadores: ele usa os carros com bastante frequência e, quando acha que já foi o bastante, os vende para que outras pessoas possam curti-los – e ainda faturar algum troco por cima. Nada de acumular preciosidades em uma garagem climatizada, como um dragão sobre uma pilha de ouro e joias.

Um bom exemplo é sua Ferrari LaFerrari verde – que, aliás, merece créditos só por trocar o Rosso Corsa por uma cor incomum e chamativa. Apelidada “Kermit” por causa do famosos sapo dos Muppets (chamado “Caco” no Brasil) o carro foi uma das atrações do Goodwood Festival of Speed de 2014, quando ainda era um lançamento. Em 2019, ele colocou o carro à venda – cinco anos é um bom período para aproveitar um hipercarro híbrido de quase 1.000 cv, não?

Aliás, as Ferrari são os carros favoritos de Jay Kay – e uma ótima maneira de medir o nível de sua coleção. Outra Ferrari famosa que ele teve foi uma 250 GT Lusso 1964, chassi 4519. O carro, como seu nome dizia, vinha originalmente com um V12 de três litros (250 cm³ por cilindro) – mas, na década de 1990, um dos donos anteriores decidiu dar a ela o V12 de quatro litros das Ferrari 330 (que, de acordo, tinha 330 cm³ por cilindro). Só se tem notícia de outro exemplar da 250 GT Lusso com este upgrade – e era o carro de uso pessoal do próprio Enzo Ferrari. Jay Kay comprou o carro na segunda metade dos anos 2000 e o vendeu em 2015, através de uma concessionária do Reino Unido.

Outra Ferrari de Jay Kay foi a 330 GT Vignale. Originalmente um cupê encomendado em 1963 por ninguém menos que Luigi Chinetti, ela recebeu uma nova carroceria shooting brake em 1967 – a pedido de seu filho, Luigi Chinetti Jr. O carro foi comprado em 2011 por Jay Kay, que o vendeu em 2017.

Jay Kay também teve uma Ferrari 275 GTB cinza – que ele comprou em 2010 com presente de aniversário ao completar 40 anos, pouco antes de os preços destes carros aumentarem exponencialmente. Um exemplar parecidíssimo aparece no clipe de “Cloud 9”, single do álbum Automaton, lançado em 2017.

Jay Kay também teve uma Ferrari F12tdf – a sucessora da Berlinetta – na cor cinza “Grigio Ferro”, que foi vendida em 2019 e deu lugar a uma GTC4Lusso que, quando nova, era da mesma cor. Não demorou muito, porém, para que o cantor mandasse mudar sua cor para um chamativo tom de roxo. Um detalhe interessante: não se trata de pintura e nem de envelomapento tradicional, mas sim de um procedimento chamado TopazSkin – uma espécie de envelopamento líquido que atua como filme protetor (PPF) e tem a capacidade de “regenerar” pequenos riscos e arranhões, além de ser facilmente removível.

Uma curiosidade: as Ferrari que aparecem no vídeo de “Cosmic Girl” – um dos singles do álbum Travelling Without Moving, de 1996 – não são de Jay. A F355, cujo motorista não aparece, não teve seu proprietário revelado – mas, conforme o próprio cantor explicou em mais de uma ocasião, é a “Cosmic Girl” a que a letra se refere. A F40 vermelha pertence a ninguém menos que Nick Mason, o baterista do Pink Floyd, que também conduz o carro no clipe. Mas o Lamborghini Diablo SE30 roxo sim pertencia a Jay Kay.

O vocalista explicou durante uma entrevista a Jeremy Clarkson, no Top Gear, que o Diablo teve seu para-brisa trincado.  É por isso que ele está com os olhos cerrados no clipe: as filmagens foram feitas em uma estrada na Espanha – mais precisamente, no parque nacional de Cabo de Gata-Níjar – e levaria uns dois dias para que a Lamborghini mandasse outro vidro para substituí-lo. Então a equipe simplesmente arrancou o vidro para a gravação, e Jay Kay dirigiu seu carro o tempo todo com vento no rosto.

O clipe de “Cosmic Girl”, na verdade, é considerado uma das várias razões para que o Lamborghini Diablo seja hoje considerado um ícone da década de 1990.

Ainda sobre esportivos italianos: Jay Kay também teve um Lancia Delta Integrale vermelho – um Evoluzione II Sedici, variante mais rara do especial de homologação para o Grupo B, produzido apenas em 1993. Jay investiu cerca de US$ 11.000 só na recuperação do motor, que havia fritado os pistões, só para vendê-lo pela Silverstone Auctions em 2017.

Mas Jay Kay também é fã de carros fabricados em outros países, obviamente. Entre os Porsche, há um Carrera 2.7 RS laranja (o primeiro Porsche com spoiler traseiro duck tail), um exemplar roxo do mesmo modelo, um Porsche 911 Targa da geração 991 e um Carrera GT na cor prata.

Entre os alemães, ele também teve um BMW 850CSi – o super grand tourer com motor V12 dianteiro da Baviera. Com 5,6 litros de deslocamento e 381 cv, seus números podem não ser tão impressionantes hoje em dia. Mas em 1990, quando o carro foi lançado, não havia BMW mais potente e avançado.

A BMW também esteve representada na garagem de Jay Kay através de alguns clássicos. Seus mais conhecidos são um BMW 2002 conversível feito pela Bauer, um BMW M3 E30 1987 com o qual o músico competiu no Rali Isla Mallorca em maio deste ano (pouco antes de a pandemia tomar proporções globais e alarmantes) e um BMW 3.0 CSL 1972 branco – carro que foi encontrado abandonado em uma garagem, todo empoeirado, e foi restaurado pelo próprio Jay.

Também vale mencionar o Alpina B9 de Jay Kay – um dos 18 sedãs baseados no BMW Série 5 E28 que a preparadora/fabricante fez em 1983, com motor seis-em-linha de 3,5 litros e câmbio manual. Este carro foi comprado em 2011 e vendido em maio deste ano, junto com o M3 E30 e o 3.0 CSL.

Mas nem só de BMW vive o homem. A Mercedes-Benz também está representada na coleção de Jay Kay – e muito bem. Se liga nesta perua:

Trata-se de nada menos que uma 280 TE, perua com motor seis-em-linha de 2,8 litros e 185 cv. Só seria melhor se o câmbio fosse manual. Este exemplar, bem como um 300SL Roadster W198 (que não tem as portas asa-de-gaivota, claro), já foi vendido há alguns anos.

Jay Kay também tem um 300SL mais recente, da geração R107. Este carro, na veradade está à venda no ebay neste exato momento por £ 47.990 – ou pouco mais de R$ 330.000. O anúncio diz que o cantor ficou com o carro por oito anos e que este exemplar em especial é um dos raros exemplos com ar-condicionado de fábrica.

A trinca alemã não estaria completa sem alguns Audi. A marca das quatro argolas está muito bem representada na garagem de Jay Kay – ele tem um Audi Sport Quattro, um Audi 80 Coupé e uma RS4 Avant da geração passada.

Agora, se você acha que o cantor britânico não tem carros fabricados no Reino Unido, saiba que está enganado. Como bom inglês, ele colocou um Aston Martin DB6 Volante 1961 em sua garagem há alguns anos.

No mesmo leilão, aliás, Jay também vendeu outros carros interessantíssimos: um Volvo 850R Sportwagon, perua sueca com motor cinco-cilindros de 2,3 litros, turbo e 240 cv; e um Ford Mustang GT 1967 customizado como tributo ao carro de Bullitt. Este inclui a clássica pintura verde Highland Green e um V8 de 390 pol³ debaixo do capô.

No total, Jay Kay já amealhou mais de 100 carros em sua coleção, que está sempre girando – e, na verdade, tornou-se uma espécie de “renda complementar”. Depois de curtir bastante cada um dos carros entre um álbum e outro e nos intervalos entre as turnês, ele os vende para comprar novos automóveis e repetir o ciclo novamente.

Esse definitivamente é dos nossos.