It’s a long way to the top! E assim começa o quinto post do #PC34 e não, não explodiu! como nunca parei na rua por quebras, tirando algumas semanas atrás devido a quebra do cárter por um descuido de minha esposa. Quem tem carro um pouco baixo sofre neste país.
Se continuou até aqui aprecie as informações e seja bem vindo ao Time Bomb.
Este post deve obrigatoriamente ser ouvido com este som de fundo
Dirigindo pela estrada indo para um show
Antes um desabafo. Está cada vez mais chato dirigir por ai e não é por causa dos radares, mas pela falta de educação no trânsito. Sinceramente não sinto mais prazer em dirigir meus carros, porque sempre fico esperando quando será a próxima bordoada na traseira, falta de respeito mútuo, e muito mais. Eu não sou o certinho e nunca serei, mas tenho a consciência de que andar a 100 km/h à 20 cm da traseira do carro da frente uma hora não acabará bem, ou disputar vagas próximas a entrada de um estabelecimento como se fosse um evento de destruction derby, e isso é praticado por pessoas “cultas”. É, que nível chegamos. Donos do mundo e filhos dele! Parabéns, vocês são demais!
Vamos continuar com o PC#34, depois de toda aquela manutenção que já foi detalhada nos posts anteriores e com o carro funcionando e rodando diariamente começaram aparecer alguns problemas. Primeiro a bomba de combustível. A solução foi adquirir uma bomba interna da dinâmica de 12 Bar que alimenta até uns 450 cv.
Logo depois comecei ter diversos problemas com o ar-condicionado e com o sistema de arrefecimento — este último por sua vez sempre negligenciado por 99,9% dos motoristas. Acabando de trocar a válvula termostática nada mais normal que começar a estourar as mangueiras. Depois de trocar quase que todas tive a sorte de estourar o radiador, lógico que não esperava por essa. Nas autorizadas Fiat eles custam um absurdo (é uma peça usada somente pelo Marea Turbo). A solução foi desenvolver um de alumínio e mesmo com quase o dobro da espessura coube no já apertado cofre do Marea Turbo (num upgrade de turbina precisa trocar os ventiladores pelo modelo slim).
Bomba Dinâmica 12 Bar in tank e radiador em Aluminio da MasterCooler com os eletro fans
O ar-condicionado foi um caso à parte. Para consertá-lo precisei desmontar o painel de instrumentos e o câmbio, sem contar as outras miudezas.
O Vício Oculto
Quando se fala em Marea a primeira reação é o famoso mimimi da bomba. É ele não é nenhum Toyota Corolla e nem foi desenvolvido pra parecer com tal.
Mas uma coisa é fácil explicar, maus profissionais não podem nunca colocar a mão neste carro. Uma única manutenção mal executada no Marea pode gerar diversos problemas ocultos e foi devido a este vicio que o ar-condicionado do Time Bomb parou de funcionar. Antes fosse só o ar-condicionado.
Há uns três anos solicitei a um “amigo” com uma baita oficina em São Caetano do Sul/SP para trocar a embreagem do Time Bomb. Como eu já estava aqui na Bahia não pude acompanhar ou executar o serviço. Mão-de-obra deste serviço: R$ 650, preço praticado por bons profissionais levando em consideração o quão trabalhoso é o serviço.
Depois de gastar algo em torno dos R$ 3.000 entre mão-de-obra (do qual houve um reajuste inexplicável), passe no volante do motor e peças — já que se troca os atuadores do pedal e embreagem — espera-se pelo menos que a embreagem esteja uma manteiga. Sim, ela estava: mas eu não esperava ficar sem freio ao pisar no pedal — eu não, minha esposa grávida. A primeira coisa é ligar ao mecânico e perguntar se ele mexeu no freio ou fez a sangria corretamente. Diz ele que nada foi feito e a sangria foi executada corretamente.
Puto com o aumento da mão-de-obra, não enviei meu carro ao “amigo”. Em vez disso solicitei a um outro “amigo” que verificasse o freio e assim ele detectou que o servo-freio havia sofrido um belo impacto e acabou desalinhado, o que fez com que o freio não fosse acionado com a força necessária. Provavelmente a pancada foi na hora da instalação do câmbio. Problema corrigido,ótimo. Mão-de-obra paga, peças ok e tudo funcionando.
E então o carro seguiu para casa, na Bahia e começaram os problemas com o ar-condicionado. Foi ali que tudo se encaixou e começou a fazer sentido: quebra do atuador do pedal da embreagem e ar-condicionado com vazamento da carga total em menos de um mês. Tudo por causa de um serviço mal executado que detalho abaixo.
A linha de acionamento da embreagem é de metal e a linha do ar-condicionado de alumínio. As duas roçando uma na outra ao longo de quase três anos fez com que a linha de alumínio rompesse, me deixando sem ar-condicionado. Já o atuador quebrou pois estava fora do eixo, trabalhando em ângulo devido à montagem fora de posição. Por que estava fora? Simples: se você possui dois pontos fixos de ancoragem, estes devem ser posicionados em seus devidos lugares e só depois de colocar a tubulação em seus clipes de fixação é que você deve torqueá-los nos atuadores. Como isso não foi feito o eixo de acionamento acabou quebrando.
1ª e 2ª foto – Haste e comparando os atuadores da embreagem (pedal), 3ª foto – tubulação montada erroneamente, 4ª foto – tubulação posicionada corretamente e 5ª foto – tubulação do ar condicionado já com a solda e reparem a distância entre a tubulação.
Viram como um único serviço mal executado gerou um vicio oculto que causou três grandes problemas graves? Foram os freios, atuadores, e ar-condicionado de uma vez só.
Trabalho mal executado, trabalho em dobro!
Corrigir o erro foi um trabalho a parte. Agora o problema e a quem confiar a manutenção? Sem encontrar mão de obra qualificada parti eu mesmo para a solução.
Aproveitei que havia um pequeno vazamento no retentor do volante e no diferencial para retirar o câmbio, pois só assim consegue-se retirar a tubulação do ar-condicionado — acredite tudo sozinho, no braço!
Sai o agreagado dianteiro, sai caixa da direção (aproveitei pra trocar os axiais e terminais e trocar o óleo), semieixos, para depois retirar o câmbio e a tubulação.
Com a tubulação na mão levei tudo para soldar, retirei o volante do motor e troquei o retentor do eixo virabrequim e a tampa do eixo de contrabalanço. Depois de todo o serviço feito foi hora de trocar os retentores da caixa seca e do diferencial do câmbio, e tentar sanar o pequeno vazamento… que consegui aumentar! Pelo menos fui eu quem fez e sei que foi trocado e montado corretamente. Consertei o vazamento aumentando o torque especificado.
Subchassi e agregado; eixo do virabrequim e contrabalanço aguardando retentores, caixa seca e vazamentos, novos retentores para o diferencial e o cambio limpo e montado.
Reinstalar o câmbio (pausa pra respirar) foi um caso à parte. Perdi praticamente um dia inteiro sem conseguir instalar o câmbio, porque toda hora eu tirava a embreagem do eixo e não conseguia encaixar a alavanca de acionamento no rolamento. Para quem não sabe/conhece, a embreagem do Marea Turbo é invertida, o que dificulta a montagem quando a reinstalação se dá com um kit usado. No novo é mais fácil, pois você coloca o rolamento na alavanca do eixo piloto.
Desisti, parei, abri uma cerveja estupidamente gelada e fiquei só observando incrédulo aquele câmbio pesado pra caraca e o espaço de no máximo 20 mm com tudo que o cerca. Por que será que o carro tem má fama né? Assim consegui entender como conseguiram bater no servo-freio.
No outro dia pela manhã instalei o câmbio de primeira, nem eu acreditei! Uma dica pra quem for fazer este serviço no Marea Turbo é posicionar o rolamento com os encaixes levemente em ângulos e para alinhar a embreagem caso você não possua um eixo piloto de ferro (esqueça aquele de plástico da King Tony) utilize um prolongador e enrole fita crepe nele de forma que ele centralize tudo.
Ferramenta própria (pino guia) para instalar/centralizar embreagem #SQN no Marea Turbo, a solução sobre a ferramenta, e a embreagem instalada com o rolamento levemente rotacionado.
Tudo no lugar, sangria ok, carga no ar-condicionado e obrigado por gelar! O feliz proprietário de uma Marea Weekend Turbo preto volcano em Salvador/BA (onde quase não chove e faz calor) agradece.
O ar-condicionado e o sistema de arrefecimento são uma novela longa, e que de vez em quando resolve dar algum problema. No momento é um relê que ora funciona, ora não. Já troquei o mesmo umas seis vezes, e assim caminha a humanidade e a Time Bomb.
Futuro incerto (certo)
Pra finalizar este tópico quero dividir uma infelicidade e felicidade que me aconteceu. Lembram do desabafo? Ainfelicidade é que fui acertado na traseira e isso desalinhou as duas portas do lado passageiro sem contar toda a traseira. Estruturalmente nada foi afetado o carro foi levado para verificação do chassis e tudo ok.
Uma semana depois aquaplanei numa “rodovia que havia na poça” isso tudo numa curva, perdi a traseira corrigi e dei motor e perdi de vez no sentido contrario isso devido a quebra de relevo da curva, sem contar todas as adversidades como areia na pista, calibragem alta dos pneus e os mesmos com uns 30% de vida, rodopiei uns 315° e ataquei o canteiro em 45° o carro decolou e foi deslizando inclinando até quase capotar e parar totalmente.
A rodada foi parecida com essa do Golf, porém a chicotada foi tão violenta que o giro continuou forçando pra dentro da curva. Eu aumentei a bitola do carro o que fez ele ficar muito mais arisco nas escapadas (explicarei isso no próximo post).
Felicidade, foi ver que eu estava bem e o Time Bomb ótimo (acho que se inspirou no Volvo 850 R do especial África de Top Gear), inicialmente eu ri, então agradeci, engatei a ré e na base da sorte e técnica off-road (risos) retirei o carro do meio do mato.
A colisão afetou os parachoques, lanternas, tampa traseira, portas laterais lado passageiro, que inclusive desmontei para fazer uma analise mais a fundo, e para limpar o interior do carro que estava todo mofado por não estar vedando a água. Essas duas últimas fotos são logo depois de aquaplanar e rodar, reparem como a pista está suja, ao fundo consegue-se ver aonde sai com o carro.
Agora porque “futuro incerto”? É que seguradora do cara está me dando uma canseira, fazendo algumas ofertas de conserto que beiram o ridículo. A média ficou em “Y” e eles me ofereceram a metade de “Y”, o que me fez abrir um chamado junto ao SAC, depois na ouvidoria da mesma. Caso não cheguemos a uma conciliação, terei de acionar a SUSEP.
Por enquanto é isso, pessoal. Para o próximo tópico entrarei em detalhes da fabricação das rodas e de toda a suspensão e soluções possíveis para melhorar ainda mais o rendimento em curvas.
Por Rodrigo Sublime, Project Cars #34