stood alone on a mountain top starin out at the great divide i could go east i could go west it was all up to me to decide bob seger roll me away 1982 todo mundo que assina uma revista eletronica de automoveis como esta ja deve ter sentido isso afinal de contas no centro do que faz alguem amar esta maquina especial esta sempre o anseio de simplesmente ir embora de pegar uma estrada apontando para o por do sol e partir ir adiante apenas para ir adiante mesmo sem destino ou funçao; movimento como terapia mas mais que isso um exercicio puro daquele que e o maior anseio de todos a liberdade onde mais podemos exerce la tao completamente existem dias em que como ja disse bob seger cansamos de ouvir nossa propria voz e de ouvir os outros dizerem o que e certo ou errado nesses momentos tudo que a gente precisa e simplesmente entrar num carro e ir embora ouvindo seger de preferencia por toda a historia da humanidade este anseio existe afinal de contas apesar de sermos uma especie social que precisa interagir para ser feliz por isso mesmo toda nossa vida e baseada em interaçao de manha a noite sete dias por semana 24 horas por dia o barulho incessante de amigos desconhecidos familiares televisao e celular nos assalta de tal forma que desenvolvemos doenças nao causadas por virus e bacterias mas sim por nossa propria mente estafada as vezes precisamos de uma pausa individual e livre longe de obrigaçoes e horarios fisicamente precisamos disso mesmo antes do automovel existir este anseio existia herman melville escreveu moby dick em 1851 mais de trinta anos antes de daimler e benz começarem a vender seus primeiros automoveis mas este anseio pela liberdade aparece ja nas primeiras linhas desta que e uma das maiores obras primas literarias de todos os tempos melville era ele mesmo um andarilho um aventureiro alem de escritor e nao existe pessoa com um pouco de alma que nao sinta uma incomensuravel vontade de sair e ver o mundo la fora deixando tudo para tras ao ler o primeiro capitulo desta obra um livro epico de conotaçoes biblicas uma viagem a um lado negro das obsessoes humanas um questionamento sobre a fronteira entre o bem e o mal fora que e escrito com um dominio magistral da lingua e as vezes de um humor ironico genial e tem todo aquele suspense que nos impede de parar de ler como se nao bastasse e um tratado sobre a pesca de baleia no seculo 19 uma obra prima imortal que começa com um dos melhores começos que ja começaram algo chamai me ismael faz alguns anos nao importa quantos precisamente tendo na bolsa pouco ou nenhum dinheiro e nada que particularmente me interessasse na terra achei que devia velejar um pouco e ver a parte de agua do mundo e uma maneira que tenho de afastar o tedio e regular a circulaçao sempre que começo a ficar rigido e austero; sempre que e um escuro e umido novembro em minha alma; sempre que me vejo parar involuntariamente em frente a casas funerarias e a seguir todos os cortejos funebres que encontro; e especialmente quando minha hipocondria toma tal dominio sobre mim que e preciso um solido principio moral para me impedir de sair deliberadamente as ruas socando as pessoas entao acho que esta na hora de ir para o mar o mais depressa possivel e o meu substituto para a pistola carregada com um floreio filosofico catao se atira sobre a espada; eu calmamente subo a bordo do navio nao ha nada de surpreendente nisso quase todos os homens qualquer que seja sua classe uma vez ou outra compartilham comigo praticamente os mesmos sentimentos para com o oceano eu ando sentindo muita falta disso alguns anos atras nao importa quantos precisamente eu costumava pegar a estrada sozinho toda semana a empresa em que trabalhava ficava a 300 km do aeroporto mais proximo e portanto viajava muito de carro lembro me perfeitamente da sensaçao de liberdade que me invadia completamente quando ao redor do meio dia depois de muita correria para colocar as coisas nos trilhos antes de um periodo de ausencia no escritorio saia para a estrada pegava a chave do carro com a secretaria descia as escadas e encontrava o carrinho la me esperando um carro simples nao importa qual qualquer um nos da esse tipo de liberdade chegando ao carro abria o porta malas e ajeitava a mochila do micro e a malinha de roupas sentava me ao volante baixava o banco o maximo possivel puxava o volante mais proximo possivel e acertava a posiçao dos espelhos ja ali sentado arrumando a posiçao de dirigir me sentia melhor mais tranquilo e isolado do mundo la fora e da correria do mundo de tarefas e responsabilidades que vinham me perseguindo como uma avalanche aparentemente sem parar desde bem desde a ultima viagem todo mundo sabe que a vida de um pai de familia moderno nao tem muito tempo reservado para si mesmo mesmo em fins de semana mas ali confortavelmente ajustado ao volante com o ar condicionado ja refrescando o ambiente e com aquele silencio repentino somente quebrado sutilmente pelo suave murmurar do motor em marcha lenta pensava que tinha apenas a estrada agora como compromisso so no dia seguinte a 500 km dali depois de um tranquilo cafe da manha no hotel novamente teria que trabalhar somente ali a correria infinita voltaria mas antes disso ate ali so existia eu o carro e a estrada la fora me esperando eu quase podia ouvi la me chamar baixinho passando tranquilamente pela portaria o guarda perguntava simpatico viajando de novo seu marco despedia me do guarda que do retrovisor percebia ficar me olhando longamente certamente ali preso aquela portaria e aquela rotina interminavel e massacrante ele tambem desejava a estrada profundamente somos todos como ismael mas poucos de nos conseguem realmente ir ao mar quando a necessidade aparece mas antes disso mesmo antes de ismael ir ao mar existia este anseio e universal e presente em todos nos desde a pre historia no inicio se quisessemos ir a algum lugar simplesmente nos levantavamos e iamos andando eramos na verdade uma raça nomade se locomovendo para onde estava a melhor caça pesca e colheita incessantemente por dezenas de milhares de anos ate que aprendemos a cultivar o solo e por consequencia firmar residencia coisa de dez mil anos atras com a residencia vieram os vizinhos e as familias o que foi suficiente para fazer aparecer tambem a cachaça ate hoje sair de casa a pe e ir a algum lugar sozinho e um prazer primal basico para todos nos andar para onde quisermos ainda e a maior das liberdades e algo preservado por costume leis e religioes desde a aurora da humanidade ou pelo menos deveria ser crimes contra a liberdade parecem que cada vez ficam mais comuns hoje e impossivel sumir sem saberem onde estamos; o mesmo fantastico computador portatil que tanto ajuda nossa vida e tambem algema eletronica que permitem nos encontrar onde quer que estejamos as vezes tenho saudade do tempo em que ao sair do escritorio no fim do dia eu desaparecia para o mundo; nao existia maneira de me encontrar a nao ser que eu mesmo assim desejasse andar era limitado porem a velocidade e baixa e por consequencia o alcance e pequeno ande por mais de quinze minutos e voce ja começa a se cansar e a suar como forma de libertar o homem de suas amarras geograficas era algo que nao ajudava muito o espirito humano quer ir mais longe quer se libertar de suas limitaçoes queria ser maior e mais forte do que era e isso nos impeliu a fazer algo que nenhuma outra especie na terra tinha feito domesticar animais mais fortes para andarmos em cima deles domar cavalos foi algo incrivel revolucionario sao animais magnificos os cavalos e nos levavam muito mais rapido e mais longe do que antes conseguiamos com as nossas pernas nao eram asas ainda mas nos colocando bem acima do chao a velocidades incriveis a sensaçao era parecida com um voo rasante os cavalos elevaram nosso prazer de se locomover e as distancias possiveis a outro patamar por milhares de anos foram uma magica extensao para nossas pernas nossas botas aladas magicas como meio de transporte porem tambem eram limitados afinal de contas o cavalo tambem se cansa e o homem em cima dele tambem tem tolerancia limitada de tempo em sela alem disso os cavalos sao seres vivos de personalidade forte por mais que nos fossem servis nunca teriamos o completo dominio sobre eles se conseguiamos eram por raros momentos de sinergia que vinham da longa exposiçao de um ao outro ate que fosse atingido um nirvana especial descrito pelos arqueiros montados japoneses como jinba ittai ser uno com seu cavalo mas a realidade diaria era de milhares de pessoas que nao tinham afinidade nenhuma com o animal e os usavam de maneira irresponsavel inepta e muitas vezes cruel um convivio marcado pela recalcitrancia raiva mutua e muitos tombos e bosta as ruas das grandes cidades eram revestidas diariamente por uma grossa camada de excrementos equinos uma lama fetida e espessa quando o tempo era umido e uma poeira pouco sanitaria que permeava tudo quando o calor secava as ruas o automovel quando apareceu foi uma bençao de limpeza e ar fresco mesmo sem nenhum controle antipoluiçao do escape fumaça e ruim mas bosta e muito pior e nao se deve desprezar a dificuldade que era para iniciar qualquer jornada de cavalo um imenso tempo era gasto preparando selas e arreios antes de partir e depois de chegar e os cavalos tinham que ser presos e cuidados em estabulos e alimentados diariamente para nao fugirem ou simplesmente morrerem de frio calor ou inaniçao nada de deixar seu veiculo tres dias estacionado porque na volta ia encontrar apenas um festim de urubus ou na melhor das hipoteses um cavalo extremamente mal humorado que nunca mais te perdoaria… antes do automovel por um breve espaço de tempo existiu tambem a bicicleta a bicicleta de segurança de 1876 foi uma das grandes invençoes da humanidade leve pratica e pessoal tornava o transporte individual bem mais facil e sem maiores preparaçoes; era so montar na bicicleta e sair pedalando ate seu destino a bicicleta estava sempre pronta mesmo depois de semanas sem uso e podia ser guardada em qualquer canto da casa mas como o cavalo era limitada em velocidade e alcance o automovel foi entao uma incrivel revoluçao ali ja existia o transporte coletivo mas este e algo diferente do que falamos aqui serve apenas a sociedade nao ao individuo; sao sistemas de transporte de pessoas que neles sao reduzidos a gado algo opressor e sombrio uma triste pausa na vida para chegar a algum lugar que queremos ir dentro dele as pessoas agem como drones descerebrados desligando o cerebro e olhando desoladamente para o vazio seja ele se desenrolando pela janela ou em telinhas eletronicas diversas ele tira as redeas da vida da gente pelo tempo em que estamos la e somos apenas gado ali descerebradas entidades baseadas em carbono sendo deslocadas de ca para la o transporte publico e extremamente util mas tambem extremamente triste e esta e a ameaça representada pelo carro autonomo e uma transformaçao da ferramenta de liberdade pessoal que o automovel representa num transporte coletivo individualizado nele de novo seremos drones descerebrados impotentes a merce total da maquina seus caminhos velocidade e intençao na verdade pior nao seremos donos de nada apenas passageiros de alguma companhia que decidira o que podemos fazer ou nao onde podemos ir e quando o fim da agencia pessoal o ser humano como passageiro e nao protagonista de sua vida mandar um carro autonomo andar sem destino para que se vamos ficar olhando o mundo por tela de qualquer forma melhor ficarmos parados em casa duma vez e tudo isso por que motivo segurança ninguem gosta de ver um ente querido ferido ou morto claro e preocupar se com segurança e importantissimo nao ha duvida nenhuma disso mas nao a ponto de paralisar se tudo em nome dela medo e o assassino da mente disse frank herbert e ben franklin foi mais alem aqueles que abrem mao da liberdade para comprar um pouco de segurança nao merecem liberdade nem segurança eu tenho pavor de pular de paraquedas nunca faria isso se o aviao nao estiver caindo mas nem por isso acho que a atividade tem que ser proibida ou mesmo que meus filhos nao possam ser entusiastas dela; segurança devia estar mais na esfera do pessoal sim acidentes de transito nao sao problemas pessoais e sim coletivos mas a obsessao com eles nao vai nos levar a nenhum lugar bom sinceramente um mundo totalmente seguro nao e desejavel infelizmente tragedias sao parte integrante da vida assim como a felicidade e nao se pode elimina las; apenas se deve aprender a supera las e um fino balanço devemos nos preocupar com segurança sempre mas nao abandonar todo o resto em funçao dela o angu nao pode desandar para usar uma velha analogia carioca e o carro autonomo e um angu empedrado que nao da para engolir nao nao queremos sacrificar nossa liberdade por este tipo de segurança e nao estamos sozinhos um movimento tem tomado força nos paises de primeiro mundo a este respeito mkeel hagerty dono de uma seguradora de carros classicos e expoente neste movimento termina seu livro never stop driving uma declaraçao de amor para a direçao humana que vale a pena ser lido de uma forma que acredito fechar bem este assunto diz ele liberdade como dizem nao e de graça tendemos a obter e manter os direitos em que insistimos em ter com isso em mente vou deixar voce com este chamado a açao cabe a nos preservar e proteger nosso passado automotivo coletivo tambem cabe a nos criar uma visao para o futuro em que os carros que amamos dirigir possam compartilhar a estrada com os carros que dirigem sozinhos a melhor maneira de fazermos isso e nos unirmos como uma comunidade afinal somos muitos se nos manifestarmos coletiva e individualmente um futuro promissor estara garantido compartilhe sua paixao com as geraçoes mais jovens e outras pessoas para manter o amor vivo consertem o carro da familia juntos ensine seus filhos e os filhos dos vizinhos a dirigir carros manuais leve os a exposiçoes de automoveis corridas e museus mas acima de tudo saia e dirija e nunca nunca pare
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