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Zero a 300

O Aston Martin dos Ringbrothers | O Meyers Manx LFG | Dois novos “F1” de Murray e mais!

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Octavia: o Aston Martin dos Ringbrothers

Este fim de semana ocorreu a famosa Monterrey Car Week na península californiana homônima. Originalmente havia apenas o Concurso de Elegância de Pebble Beach, mas o treco se expandiu muito e hoje é uma verdadeira festa de quatro dias ao redor do automóvel. Não é mais só de carro antigo de primeira linha, a festa: hoje em dia é onde fabricantes e restomodders apresentam suas novas e criativas formas de separar os bilionários de seu rico dinheirinho.

Os Ringbrothers são um pouco diferentes; ou pelo menos eram. Sua origem é modificando carros americanos, ainda que de uma forma, bem, que não fica feia em Pebble Beach. Mas para ornar com o famoso gramado fortemente europeu em espírito, este ano os irmãos do Wisconsin trouxeram um… Aston Martin restomod.

Os Ringbrothers trabalham sob encomenda; cada carro é uma criação única. Então este carro é mais uma declaração do que é possível, para os bilionários presentes no evento. É criado para chamar atenção ao fato que com dinheiro, tudo é possível para os dois famosos irmãos hot-rodders.

O mais maluco é que o carro, baseado num DBS V8 1971, parece um… Mustang 2025. Na verdade, a gente fica coçando o topo da cabeça em dúvida. Não é mais fácil e barato comprar um Dark Horse zero km e salpicar logotipos Aston? Mais ainda: o que há de errado num Aston Martin V8 original? Não é assim que ainda não existam carros desse tipo modernos, e nas concessionárias Ford. Quando o DBS era novo o Mustang tinha eixo rígido traseiro, V8 OHV, e chassi separado; hoje é V8 DOHC em alumínio, monobloco, suspensões independentes… Tudo bem, parei, vá; não vamos entender a lógica desse povo, e sim encarar o carro como o que é: arte.

Do carro original, pouco sobra. Os Ringbrothers chamam o seu DBS de “Octavia”, e é realmente impressionante. Com a ajuda do designer Gary Ragle, existe praticamente uma carroceria nova, que aumentou a distância entre-eixos em 76 mm, alargou as bitolas em 200 mm e alongou a traseira em mais 250 mm.

Por baixo da carroceria, um chassi separado; é o costume da empresa com seus carros americanos dos anos 1960, mas que é estranho aqui. É criado pelo The Roadster Shop com suspensão traseira totalmente independente. A suspensão tem coilovers da Fox Racing nos quatro cantos, enquanto as rodas HRE, revestidas com pneus Michelin Pilot Sport Cup 2, escondem enormes freios Brembo de 350 mm.

Sob o capô, surpresa: o motor do Mustang 2025. É um Coyote V-8 de 5,0 litros construído pela Wegner Motorsports, equipado com um supercharger Harrop de 2,65 litros, resultando em 805 cv. Sacrilégio? Não vamos julgar algo que não podemos entender.

Em colaboração com a Gemini Technology Systems, a carroceria personalizada em fibra de carbono levou 3.900 horas para ser projetada em CAD, seguidas de outras 8.200 horas de desenvolvimento. O acabamento é feito na cor Prata Double-0 com detalhes em Verde Oliva Nuclear.

Por dentro, a cabine apresenta uma mistura de couro caramelo, acabamento em fibra de carbono, detalhes em aço inoxidável impressos em 3D e uma generosa porção de emblemas “Octavia” por toda parte. É algo que pelo menos, não é mesmice; diferente, ele é. (MAO)


Meyers Manx LFG: Buggy para 2025

A Meyers Manx revivida vai bem obrigado; sua linha de bugues que segue a tradição do primeiro criado por Bruce Meyers, é um sucesso.  Agora, está dando um interessante passo adiante: um carro novo. E olha só: inteligentemente surfando a onda da porschemania californiana, é criado junto com a famosa oficina de restomod Porsche inglesa, a Tuthill Porsche.

É o Meyers Manx LFG: um novo e futurista buggy com carroceria de fibra de carbono desenhada por Freeman Thomas (Audi TT e do Volkswagen New Beetle), motor Porsche arrefecido a ar traseiro, e tração nas quatro rodas.

Aparentemente, todo o catálogo de motores da Tuthill está disponível para o carro, inclusive o incrível e girador motor do Tuthill 911K. O câmbio é sequencial de seis velocidades e com três diferenciais blocantes. Há dois coilovers ajustáveis em cada canto e pneus BF Goodrich todo-terreno.

O LFG tem também, ora veja só, uma novidade em Buggy: um cockpit fechado com ar-condicionado. Mas você pode removê-lo em dois minutos para a clássica experiência de Buggy ao ar livre. Dentro, há uma alavanca de freio de estacionamento no estilo de rali; o carro promete ser um balde de diversão.

O preço não foi revelado ainda, mas é claro que não é para qualquer um, com essa especificação. A empresa planeja fabricar 100 unidades, e o primeiro passeio de carro para os proprietários está marcado para 2027, o 50º aniversário da vitória de Meyers Manx na Baja 1000. Se você tem os meios… (MAO)


Dois novos “Mclaren F1” de Gordon Murray

Como prometido, a Gordon Murray Automotive mostrou mais dois carros especiais no Monterrey Car Week. Os dois são inspirados no Mclaren F1 de Murray: são o S1 LM e o Le Mans GTR. Ambos serão limitados em poucas unidades, e criados pela nova subsidiária “Special Vehicles” da empresa.

GMA T.50 S1 LM

Baseando-se na estrutura do T.50, a GMA descreve o S1 LM como tendo “uma configuração hardcore voltada para as pistas” que “presta homenagem à beleza atemporal do design original de Murray, vencedor de Le Mans”. Assim, tem uma série de detalhes de estilo que remetem a o F1 GTR. A McLaren devia processar?

O S1 LM é basicamente criado para pista, de acordo com a GMA, com uma suspensão nova e mais rígida e um motor solidamente montado. Como todos os carros de rua da GMA, o S1 LM terá o mesmo V-12 aspirado do T.50 do qual deriva, mas aqui aumentado de 3,9 litros para 4,3 litros, dando 690 cv. O transeixo é o mesmo manual de seis velocidades do T.50, também.

Olha só como essas coisas estão francamente ridículas hoje em dia: A GMA planeja fabricar apenas cinco exemplares do S1 LM, “por um preço não divulgado”. Não foi divulgado porque não precisa divulgar: todos os cinco já foram comprados por um único cliente. Inacreditável.

Le Mans GTR

Mas não é só ele: há também o Le Mans GTR, também baseado no T.50. Limitado a apenas 24 unidades (uma para cada hora da corrida que lhe empresta o nome) “ele presta homenagem à vitória do McLaren F1 GTR em 1995”. Ué, mas o outro carro que acabamos de descrever também não homenageia a vitória do F1 GTR? Está perguntando demais. Há dinheiro aqui para ser faturado, fica quieto, meu.

O Le Mans GTR usa o motor e a caixa de câmbio do T.50, mas a GMA afirma que “quase” todo o resto foi alterado. Mas parece que o que mudou mesmo é só o design, sinceramente. A empresa cita inspiração vinda para ela dos “Matra-Simca MS660, o Porsche 917 e o Alfa Romeo Tipo 33/3”.

A bitola é mais larga, com pneus Michelin Sport Cup 2 maiores, apoiados por uma suspensão mais rígida e leve. A GMA afirma ter criado uma nova maneira de fixar o motor firmemente ao chassi sem os problemas de ruído e vibração normalmente associados a isso, mas não deu mais detalhes sobre a tecnologia.

Atenção especial foi dada ao som do V-12, com um escapamento duplo ajustado para proporcionar uma trilha sonora “profunda e equilibrada”. Apesar de ser muito mais radical do que o T.50 normal, o interior do Le Mans GTR ainda é bem habitável, diz a empresa. O painel de instrumentos, o estofamento do assento e as pedais foram revisados ou trocados por novos componentes.

Gostou? Pena, pois também já acabou. Todos os 24 exemplares do Le Mans GTR já foram vendidos. E de novo, não sabemos o preço; mas não importa: os dois novos GMA são certamente bem mais caros que o T.50 “normal”, que certamente virou coisa de pobre agora né? O T.50, também já esgotado e produzido em 100 unidades (e mais 25 da versão Niki Lauda), custava a partir de US$ 3,5 milhões cada um. Tanto dinheiro! Bom, pelo menos Gordon Murray merece todo ele. (MAO)


O vencedor do Pebble Beach Concours d’Elegance 2025

Mas toda esta Car Week existe por causa não desses lançamentos malucos, e sim para premiar o mais incrível carro clássico do ano, no famoso concurso na praia das pedrinhas, o Pebble Beach Concours d’Elegance. O evento, que acontece anualmente desde 1950 no Pebble Beach Golf Links, é amplamente considerado a competição máxima do tipo Concours d’Elegance em todo o mundo.

Este ano, o vencedor foi um Hispano-Suiza H6C Nieuport-Astra Torpedo de 1924. Mas é mais conhecido como o “Tulipwood Torpedo”: talvez o mais famoso de todos os Hispano-Suiza. O carro pertence a Penny e Lee Anderson, de Naples, Flórida, que o compraram há três anos no leilão da Sotheby’s em Pebble Beach.

O carro foi criado originalmente a pedido de André Dubonnet, um ás da aviação de caça na Primeira Guerra Mundial e herdeiro milionário francês.O Tulipwood foi construído sobre o famoso chassi Hispano Suiza H6C, com um seis em linha OHC que era um verdadeiro monstro, e o tornava um dos carros mais velozes de seu tempo: 7980 cm³, taxa de 6:1 e 144 cv a 2500 rpm, e, pasme, 50 mkgf a 1600 rpm.

Mas o que chama atenção no Tulipwood é sua deslumbrante carroceria de mogno, inspirada em barcos, projetada por Henri Chasseriaux e construída pela Nieuport-Astra. Composta por dezenas de peças de madeira de 1/8 de polegada de espessura fixadas sobre nervuras de 20 mm com milhares de rebites de alumínio, a carroceria era extremamente leve e pesava apenas 73 kg. Essa combinação ajudou Dubonnet a conquistar o sexto lugar na Targa Florio de 1924 e o quinto lugar na Coppa Florio do mesmo ano, com este mesmo carro. Sim, de madeira!

É provavelmente o Hispano-Suiza mais famoso da história. Durante as décadas de 1950 e 1960, o carro foi destaque em diversas revistas, incluindo a Automobile Quarterly, e apareceu em eventos da CCCA. Também esteve em exposição no Museu Henry Ford em 1965 e no Salão do Automóvel de Nova York em 1969. Na década de 1980, o Tulipwood passou a integrar a Coleção Blackhawk. Agora, está de volta, restaurado, exatamente como era quando Dubonnet o recebeu. Sensacional!

Como acontece com qualquer coisa centenária feita de madeira, a restauração foi uma tarefa gigantesca. Segundo a RM, a empresa que o restaurou a pedido dos Anderson, o projeto exigiu mais de 12.000 horas e quase dois anos de pesquisa e restauração com especificações rigorosas. Grande parte do mogno estava intacta, e a RM conseguiu madeira centenária para a restauração.

Os Andersons compraram este Hispano-Suiza no leilão da RM Sotheby’s de 2022 em Pebble Beach e o restauraram visando justamente ganhar o prêmio máximo no evento. Agora, o plano funcionou. Parabéns a eles, e vida longa ao maravilhoso Hispano Tulipwood; agora, um vencedor de Peeble Beach. (MAO)


Ferrari F50 “brasileira” é premiada em Monterey

O The Quail, A Motorsports Gathering é um dos eventos mais exclusivos da Monterey Car Week. Realizado desde 2003 no Quail Lodge, em Carmel, ele reúne carros clássicos, esportivos históricos e lançamentos de fabricantes em um ambiente intimista, com ingressos limitados e atmosfera de luxo. Mais descontraído que o tradicional Pebble Beach Concours, o The Quail virou palco privilegiado para estreias de supercarros e encontros entre colecionadores e entusiastas.

Na edição deste ano, além das classes tradicionais do evento, também vimos a comemoração dos 30 anos da Ferrari F50 e, pela primeira vez, vimos um carro “brasileiro” participando do evento: a Ferrari F50 P2/3 que hoje está no Museu CARDE, em Campos do Jordão/SP, participou da celebração e conquistou o prêmio “Best of Class”.

É a mesma Ferrari na qual pegamos uma carona em 2017 e, no ano seguinte, dissecamos em detalhes no Brazil Classics Show, em Araxá. Trata-se do segundo dos três protótipos pré-série que a Ferrari produziu em 1995, que ficou sob os cuidados da Pininfarina em seu estande no Salão de Genebra em 1995. Ele também foi usado em algumas fotos de divulgação e apareceu na página 19 da edição número 2 da revista japonesa Scuderia.

O carro foi comprado originalmente pelo empresário sino-brasileiro Lawrence Pih nos anos 1990 e trocou de mãos algumas vezes antes de integrar o acervo do Museu CARDE, no início desta década. Recentemente, ela passou por uma restauração completa e detalhada, realizada pela oficina Eurocar, de Blumenau/SC, e embarcou para a Califórnia, onde está neste momento, para a Monterey Car Week.

Além da Ferrari F50 do CARDE, o The Quail também concedeu o prêmio máximo do evento a uma Ferrari F50 — também um exemplar “fora-de-série”, mas da raríssima versão GT1. A F50 GT1 foi desenvolvida pela Ferrari em parceria com a Michelotto e a Dallara visando competir na Classe GT1, mas acabou cancelada depois que a FIA permitiu a homologação de carros que não eram tão feitos em série como parecia — caso do 911 GT1, que era, na prática, um 962 modificado. Com isso, foram feitos apenas três exemplares, dos quais apenas o primeiro foi feito totalmente na fábrica da Ferrari. É o carro que ganhou o prêmio “Best of Show”.

A inclusão da Ferrari F50 como uma classe especial no The Quail e sua premiação como “Best of Show” também indicamque, finalmente, o modelo está recebendo o reconhecimento que não teve em seus tempos de produção — tanto que, mesmo sendo uma das mais raras da série (atrás apenas da 288GTO), ela levou 25 anos para começar sua curva de valorização. Conversando com um dos proprietários anteriores, ainda a bordo do carro, ele próprio me contou que a compra da F50 foi um investimento especulativo já visando uma valorização futura, algo que deve ter se concretizado, considerando que o carro foi vendido.

No início do ano, mencionamos a F50 como um dos carros que passou ser elegível a importação neste ano, e mencionamos que, “nos últimos cinco anos, o menor valor pago por uma F50 foi US$ 2.100.000, mas o preço médio das F50 gira na casa dos US$ 4.000.000”. Nesta semana, na Monterey Car Week, uma F50 amarela que pertenceu a Ralph Lauren, foi arrematada por US$ 9.245.000, estabelecendo um novo recorde para o modelo. (Leo Contesini)