Bom dia, caros leitores! Bem-vindos ao Zero a 300, a nossa rica mistura das principais notícias automotivas do Brasil e de todo o mundo. Assim, você não fica destracionando por aí atrás do que é importante. Gire a chave, aperte o cinto e acelere com a gente!
Conheça o novo e-Berlingo
“And if you don’t love me now, You will never love me again; I can still hear you saying: You would never, never, break the chain”
Bom, parece que a corrente finalmente partiu. Não é segredo para ninguém que aqui gostamos muito de vans de entrega baseadas em automóveis vindas da França; mas especialmente do Citroën Berlingo de primeira geração. Este carro é um magnífico amálgama de tradição em vans da Citroën com a cor e a alegria dos anos 1990. Era leve, alegre, prático, versátil, colorido, divertido e uma delícia para dirigir. E não, Kangoo e Dobló não são a mesma coisa. Disse do meu carro verde 2001:
Um romance improvável: o dia em que comprei um Citroën Berlingo
“A experiência ao volante é totalmente maluca. Você se senta alto, bem perto do eixo dianteiro, o centro da roda esquerda aparentemente bem no seu pé. O eixo traseiro está lá longe, no fim do carro, a 2,7 metros de você, praticamente. A posição de dirigir é de cadeira de bar, joelhos a 90°, nada perto do que se chama de esportiva. O volante está em boa posição, porém, mais próximo do paralelo ao torso do que deitado como em Kombi. Na sua frente um vidro quase sem inclinação, enorme, pertinho. A visibilidade para todo lado é exemplar, com tanto vidro grande à toda volta.
Um carro alto, com vidros altos, teto alto. Pneus 175/65 R14. O esperado era que a gente tivesse que tomar cuidado redobrado em curvas. Ledo engano. O Berlingo fazia curvas inacreditavelmente bem para algo tão alto, com tão pouco pneu. Os movimentos da carroceria são extremamente controlados, e com o entre-eixos longo, a estabilidade é excepcional. Pegar a tangência de curva olhando o apex de cima, acertando-o com uma roda bem debaixo de seu pé é incrível, não falha de provocar gargalhadas de satisfação.”
Sempre desconfiei, porém, que as gerações mais modernas do carro, disponíveis na Europa, mas não aqui, não poderiam atingir a experiência sensacional que era o carro de primeira geração. É um daqueles raros pontos de convergência tecnológica e de paixão em seu desenho, que torna certos carros impossíveis de serem melhorados. Agora, mesmo sem andar neles, tenho certeza de que do Berlingo original, só sobrou o nome.
Isso porque a Citroën revelou um novo Berlingo, na Europa. E sim: agora é exclusivamente um veículo elétrico. Chama-se “e-Berlingo”, então, na verdade, nem o nome sobrou. Diria para descansar em paz, se não, veja só, ainda existisse o Berlingo original à venda, na Argentina. Nossos irmãos portenhos ao sul realmente entendem das coisas, quando se fala de carro.
Mas divago, desculpem. A notícia aqui é o novo e-Berlingo, então vamos a ele. O design do novo Berlingo difere do modelo anterior europeu. Embora mantenha uma forma geral reconhecível, a dianteira passou por uma transformação significativa, incorporando um novo para-choque, uma grade revisada e faróis atualizados com uma assinatura luminosa LED de três segmentos distinta. O emblema oval da Citroën ocupa uma posição de destaque no painel frontal.
A energia vem de uma bateria LFP de 50 kW que aciona um motor elétrico de 138 cv. A marca francesa espera poder percorrer até 320 km (200 milhas) no ciclo combinado WLTP, uma melhoria de 20% em relação ao modelo antigo. O carro vem com um carregador de bordo de 7,4 kW, mas pode ser opcional com um carregador trifásico de 11 kW. São necessários 30 minutos para carregar de 0 a 80% em um carregador rápido de 100 kW DC, 7,5 horas para recarregar totalmente em um carregador doméstico de 7,4 kW ou 5 horas com um carregador doméstico de 11 kW.
O carro mede 4403 mm em um entre-eixos de 2785 mm, maior que o carro de primeira geração, mas sem muito ganho de volume interno; o peso, acima de 1800 kg, porém, é uma ordem de magnitude maior: o meu carro 2001, completo com até teto solar de lona elétrico, pesava 1150 kg.
Certamente muito desse aumento de peso não vem só de eletricidade: a antiga versão a gasolina pesava quase 1500 kg. Isolamento do exterior, estrutura mais rígida e tudo mais; a receita básica moderna para carros mais confortáveis e seguros passivamente, mas não necessariamente melhores.
Há uma luz no fim do túnel, porém: parece que em outros mercados fora da Europa, existirão versões a gasolina e diesel. Ainda que devam ser mais interessantes, tenho certeza, infelizmente, que a deliciosa mistura de diversão, leveza e praticidade do original continuará inimitável, e perdida para sempre, quando a Argentina parar finalmente de fazer o carro. O que não deve demorar, infelizmente. Bom, tudo bem: nada é para sempre mesmo. Pelo menos, a praticidade parece intacta. C’est la vie! (MAO)
Mercedes-Benz aluga 300 SL para fazer a Mille Miglia
A Mercedes-Benz Classic está disponibilizando uma rara oportunidade de participar do famoso rali de carros clássicos “1000 Miglia 2024”. É um pacote com três carros 300 SL “Gullwing” originais de sua coleção, disponíveis para serem usados no evento por clientes. Por um preço, claro. Os participantes terão a oportunidade de dirigir os carros no rali ao lado de um piloto profissional. Vale cosplay de Stirling Moss com careca postiça. Se for necessária postiça, quero dizer.
A “1000 Miglia”, acontece em um trecho de mil milhas (dã) em estradas de Bréscia a Roma e vice-versa, apresentando uma frota de automóveis notáveis, somente os elegíveis para a prova original, que acabou depois da prova de 1957. O pacote da Mercedes tem um preço de 150 mil euros, ou nada menos que R$ 789.000 no câmbio de hoje. Antes dos impostos!
Proporciona aos participantes a experiência completa: inclui o privilégio de conduzir um dos três carros 300 SL disponíveis, um piloto de corrida como co-piloto, apoio organizacional e técnico e um fim de semana de test drive dedicado em Estugarda para preparação. O rali “1000 Miglia” está agendado para 11 a 15 de junho de 2024.
Hoje em dia todo mundo parece que está focado em “experiência”, e não em ter coisas. Tudo bem. Mas me parece que existem vários carros elegíveis para o evento que podem ser comprados por muito menos que isso. Assim você não teria somente a experiência da Mille Miglia histórica, mas muitas outras além dela, com o seu carro.
Mas ainda assim, não seriam num 300 SL, tá. Se é isso que você deseja, é realmente uma oportunidade. Mas cada vez mais, esse tipo de coisa parece menos uma experiência de verdade, e mais compra de likes no Instagram. A Mercedes fez muito disso, levar gente para fazer o evento em carros seus: mas antes era gente famosa, que vinha convidada apenas. Descobriu, claramente, que pode fazer algum com isso também. Tudo bem, né? Só tenho dó dos “pilotos de corrida como co-pilotos”. Esses, precisarão de nervos de aço. (MAO)
Ford reduz volume de produção da F-150 elétrica
A taxa de crescimento da adoção de veículos elétricos nos EUA está numa espécie de calmaria. Em vista disso, a Ford está planejando reduzir a produção do F-150 Lightning no próximo ano, diz a Car and Driver americana, baseada em um memorando de planejamento interno, obtido e divulgado pela Automotive News.
Isso se baseia no fato da Ford dizer aos fornecedores que esperassem um volume médio de cerca de 1.600 carros por semana em seu Rouge Electric Vehicle Center em Dearborn, Michigan, a partir de janeiro. Esse número representa metade dos 3.200 Lightnings que a Ford esperava produzir anteriormente, com o objetivo final de construir 150.000 unidades por ano.
A revista informou que a redução ocorrerá no momento em que a Ford tentar atender às “mudanças na demanda do mercado”. Para esse fim, a empresa disse em comunicado na segunda-feira que “continuará a adequar a produção à demanda dos clientes”.
Em outubro passado, a Ford suspendeu temporariamente um dos três turnos da fábrica Lightning, uma mudança que afetou cerca de 700 trabalhadores. A mudança ocorreu logo depois que o fabricante adicionou um terceiro turno à linha de produção Lightning.
Apesar da desaceleração da produção, a Ford está conseguindo vender os F-150 Lightnings relativamente bem este ano. A empresa vendeu 20.365 deles até novembro deste ano, um aumento de 54% em relação ao ano passado. Também alcançou o maior mês de vendas até agora, vendendo 4.393 unidades em novembro. Porém, para colocar esses números em perspectiva, o fabricante vendeu 190.477 picapes no total somente no terceiro trimestre de 2023. (MAO)
Hyundai promete tecnologia de animé dos anos 1960, real
Grande novidade: o Speed Racer já tinha isso em seu carro de corrida, o Mach V, desde os anos 1960. Bom, talvez demore mesmo para o mundo alcançar o intelecto genial do engenheiro, empresário, ex-lutador e pai de Chimpanzé nas horas vagas, Pops Racer.
A inovação é a seguinte: a Hyundai e Kia revelaram pneus integrados em correntes de neve. O conceito usa uma “liga com memória de forma” para implantar e retrair correntes com o apertar de um botão. Sério.
O vídeo mostra como esse recurso pode funcionar. No modo de condução normal, o pneu é dividido em seis, como uma torta fatiada, separadas por finos elos de corrente. Quando o motorista pressiona o botão apropriado, o modo corrente para neve será ativado. Nesse ponto, uma corrente elétrica é alimentada à liga com memória de forma. Isso estende o elo da corrente que fornecerá ao pneu uma aderência semelhante à de uma corrente de neve.
Para retornar ao modo de condução normal, o motorista simplesmente aperta o botão novamente. Então, a corrente elétrica para de fluir e o elo da corrente se retrai.
“Esta inovação, que esperamos ser introduzida nos veículos Hyundai e Kia algum dia, reflete o nosso compromisso em transformar tecnologias avançadas em soluções do mundo real que beneficiem os clientes”, disse Joon Mo Park, Chefe da Equipa de Desenvolvimento Avançado de Chassis. Uma patente para esta tecnologia foi registrada na Coreia do Sul e nos Estados Unidos. Novos desenvolvimentos, testes e revisões regulatórias devem ocorrer antes que esta tecnologia seja introduzida nos carros de produção, segundo a empresa.
Sim, muitas dúvidas aqui. A real possibilidade parece para lá de remota, bem como a qualidade desse pneu fatiado. Uma patente, algo teoricamente possível, mas que, sinceramente, parece longe da realidade. Isso, é claro, se a gente não ficou sabendo que a Hyundai comprou a Racer Motors, meio desaparecida desde os sucessos do seu Mach V em corridas nos anos 1960.
Se for verdade, esperamos outras patentes. Macacos automáticos que ajudam o carro pular obstáculos, serras retráteis para derrubar florestas, pássaro-drone-robô-espião, entre outras. Go Huyndai go? Tá, parei. (MAO)