Need for Speed Heat, lançado no último dia 8 de novembro, vem sendo elogiado entre os críticos de games como um bem-vindo retorno da franquia à boa forma. Desenvolvido pela Ghost Games, subsidiária da Electronic Arts que cuida dos NFS desde Rivals (2013), Heat tem a mesma proposta de Need for Speed (2015), juntando elementos clássicos dos títulos passados – em especial Underground, Underground 2, Most Wanted e Carbon – para entregar uma experiência familiar, porém com tempero moderno. A diferença é que, pelo que andam dizendo, Heat de fato consegue ter sucesso nesta missão, diferentemente de seus sucessores imediatos.
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No caso, um mundo aberto na forma de Palm City, uma cidade claramente inspirada em Miami; e um interessante sistema de competições que consiste em provas sancionadas, em circuitos fechados, durante o dia; e corridas ilegais e perseguições à noite.
Diferentemente de Need for Speed (2015), Heat permite pausas durante uma corrida, e não exige conexão à internet o tempo todo, o que é um plus. E, ao contrário de Payback (2017), seu antecessor imediato, o game não tem uma história forçada, quase vergonhosa – e nem um sistema de upgrades baseado em um sistema de cupons aleatórios, algo que era extremamente irritante no título anterior. Qualquer carro pode ser modificado para qualquer tipo de competição, ou seja, eles não estão separados por categorias.
Este ponto é extremamente importante, porque a customização tem um papel importantíssimo em NFS desde o começo dos anos 2000, quando o primeiro Underground foi lançado. A experiência precisa ser prazerosa, não um martírio de incertezas.
Não é por acaso que o hero car do game é um projeto bem radical: um Polestar 1 com pintura amarela, kit widebody e uma gigantesca asa traseira. Para quem curte este tipo de tuning, é um prato cheio – e, convenhamos, as linhas originais ajudam bastante. O Polestar 1 é um carro muito bonito – um cupê de perfil baixo e musculoso, com linhas limpas e harmônicas, livre (do jeito certo) da poluição visual que se costuma ver em muitos designs atuais.
Sendo assim, o Polestar 1 foi um excelente ponto de partida para o designer Khyzyl Saleem. Se você é do tipo que curte tuning virtual, tão popular na Internet, há chances de você já ter visto alguns de seus trabalhos. Seus projetos são marcados pela ousadia e pela estilização extrema, com rodas extremamente largas, para-lamas enormes e mudanças radicais na carroceria.
Para o Polestar 1, porém, Khyzyl apostou em um visual mais verossímil, que lembra um pouco os body kits de empresas japonesas, como a Rocket Bunny e a Liberty Walk.
A versão real do carro é um projeto de Daniel Covarrubias, colaborador do site Speedhunters e dono da customizadora Sekrit Studios, cujo forte é mesmo este tipo de projeto. Eles trabalharam em parceria com a EA Games e com a Polestar – a divisão da Volvo Cars que começou como preparadora oficial e tornou-se agora a marca especializada em carros híbridos e elétricos. As entregas só vão começar no início do ano que vem – serão feitos 500 exemplares –, mas o envolvimento da própria fabricante ajuda a explicar como eles conseguiram colocar um exemplar nas mãos com tanta antecedência.
A ideia inicial era expor o Polestar 1 customizado no SEMA Show 2019 – o que, como sabemos, acabou não acontecendo. Isto dava à Sekrit Studios exatos 30 dias para realizar todas as modificações, do início ao fim. O carro foi entregue quase totalmente desmontado à empresa, que só tinha as medidas da carroceria graças ao trabalho de Khyzyl, e contava apenas com os arquivos em CAD de suas peças como ponto de partida.
No fim das contas, porém, a moldagem das peças de fibra de carbono do kit (que não aparece nas fotos) – os arcos dos para-lamas, o splitter frontal e a asa traseira dupla – “no olhômetro”, adaptando as formas estilizadas das primeiras renderizações às formas do Polestar 1 de verdade.
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A asa traseira dupla, aliás, é um toque bem interessante que, de acordo com Khyzyl, foi inspirada pelo primeiro protótipo do Pagani Zonda. Como o carro foi criado para o mundo virtual – e, no caso do build real, para promoção do game – a preocupação com funcionalidade ficou em segundo plano. Na missão de chamar a atenção, porém, a peça é 100% eficaz.
A suspensão usa um sistema pneumático para ajustar a altura de rodagem, com amortecedores modificados projetados originalmente para o sedã S90 – que, de acordo com a Sekrit Studio, puderam ser instalados facilmente, sem necessidade de adaptações. As rodas são da Rotiform, calçadas com pneus Toyo.
A esta altura, você deve estar se perguntando sobre as modificações no powertrain – considerando que NFS Heat até permite que se faça engine swaps entre os carros. A questão é que, por ter sido enviado da Suécia para os EUA com bastante pressa, problemas na alfândega exigiram que o conjunto híbrido fosse removido.
De todo modo, originalmente o Polestar 1 já conta com 620 cv e 101,9 kgfm de torque (!) vindos de um motor 2.0 dual charged (com turbo e compressor de polia), mais dois motores elétricos no eixo traseiro. A transmissão automática de oito marchas leva a força para as rodas dianteiras, enquanto as traseiras têm transmissão direta. O resultado é um carro capaz de ir de zero a 100 km/h nos quatro segundos baixos – o que significa que, mesmo totalmente stock, o Polestar 1 de Need for Speed será bem rápido quando o motor for instalado novamente.