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Carros Antigos

Oito carros de 1992 que podem ser importados em 2022 – e seus preços em dólar e real

Entre 1976 e 1990 o Brasil manteve suas fronteiras fechadas aos produtos importados, uma medida protecionista estúpida, que criou uma indústria postiça que sequer conseguia atender as demandas do público brasileiro, quanto mais sobreviver à concorrência das multinacionais estrangeiras. O resultado foi uma hipervalorização de produtos de qualidade duvidosa, uma proliferação de fabriquetas de fundo de quintal sem muita noção administrativa e um período sombrio em nossa história econômica. Ou o negócio era fabricado aqui, ou você trazia de fora numa cota pessoal, ou ficava sem.

Em 1990 o então novo presidente percebeu o retrocesso que isso causava à economia e finalmente derrubou as trancas das alfândegas e reabriu nossos portos, aeroportos e postos aduaneiros aos produtos importados. Os carros, claro, vieram junto dos eletrônicos e todo tipo de produto fabricado no exterior.

A proibição fez com que praticamente todos os carros interessantes produzidos entre 1976 e 1990 ficassem do lado de fora do país. Quem quisesse, tinha que arranjar um esquema com uma embaixada na época. Ou então, mais recentemente, esperar os carros completarem 30 anos para que fossem classificados como veículos de coleção, a única forma de se importar um veículo usado permanentemente.

Para nós entusiastas, isso significava que a cada ano uma lista enorme de carros altamente desejáveis passavam a ser liberados para cruzar as barreiras alfandegárias brasileiras e rodar sobre este solo pela primeira vez. Foi assim com o Lamborghini Countach, a Ferrari Testarossa, o Porsche 930 e o DeLorean DMC12.

Mas em 2020 esse cenário ficou um pouco diferente. Porque os carros que completaram 30 anos em 2020 foram produzidos em 1990. E em 1990 o Brasil já estava aberto a eles.

Isso significa que muitos carros desejáveis vieram ao Brasil na época quando novos. Ferrari 512M e 456GT, Porsche 964 e 993, Lamborghini Diablo, Jaguar XJ220 e Bugatti EB110, para citar alguns. Porém alguns deles não foram trazidos oficialmente; apenas exemplares avulsos, importados de forma independente por pessoas e empresas que faziam muita questão de ter aqueles modelos. Foi assim com o Mustang até 2017, ou com o Camaro até 2010.

Por isso, como já aconteceu no ano passado, nossa lista de ano novo será um pouco diferente: vamos trazer apenas carros que não vieram oficialmente ao Brasil em seu tempo de zero-quilômetro ou então que até vieram oficialmente, mas em números extremamente baixos.

Antes de continuar, ainda, considerei que alguns carros foram lançados em 1992, mas seus primeiros exemplares foram produzidos em 1994. Como a legislação considera o ano de fabricação do veículo, eles terão que esperar mais um ano para entrar no Brasil.

Vamos começar a lista com o mais simpático deles, o…

Autozam AZ-1/Suzuki Cara

Embora a maioria destes esportivos em miniatura tenham sido fabricados em 1993 e 1994, a produção começou oficialmente em outubro de 1992, o que significa que os primeiros exemplares do Autozam AZ-1 e do Suzuki Cara já podem ser importados para o Brasil.

Por terem 30 anos, eles estão imunes à proibição do licenciamento de carros com o volante no lado direito, então podem ser trazidos, emplacados e dirigidos livremente pelas ruas brasileiras — o que deve ser um tanto inconveniente, é verdade; mas quem se importa quando se está ao volante de um AZ-1?

O esportivo foi projetado e construído pela Suzuki a pedido da Mazda, que o vendeu sob sua divisão Autozam — uma daquelas submarcas que os japoneses inventaram quando tinham dinheiro sobrando no fim dos anos 1980. Era um cupê com as dimensões de acordo com a legislação dos kei cars, equipado com um motor 0,65 turbo de 63 cv e apenas 720 kg. A sacada é que o motor era instalado na parte traseira do carro, que tinha chassi tubular. Com um câmbio manual de cinco marchas, ele arrancava do zero aos 100 km/h em 10,4 segundos e chegava aos 140 km/h.

Agora… o maior problema não é a importação em si, mas encontrar um destes para trazer. Foram feitos apenas 5.454 exemplares (4.923 da Autozam e 531 Suzuki) e muitos deles foram levados aos EUA e Canadá a partir de 2017, quando completaram 25 anos — que é o prazo para importar veículos usados não adequados à especificação americana. Os canadenses, aliás, se especializaram em converter a direção dos AZ-1 para o lado esquerdo do carro.

Como já se tornaram colecionáveis no maior mercado de clássicos do planeta, eles já estão valorizados há cinco anos ou mais. No Japão eles custam entre US$ 13.000 e US$ 30.000 com transporte incluído, o que significa que você terá de desembolsar entre R$ 160.000 e R$ 350.000 para ter um desse.

 

Alfa Romeo 155 Q4

Sim, ele veio oficialmente ao Brasil. Mas quantos V6 e quantos turbo Q4 foram trazidos? Pois é…

Se você quiser um destes com o lendário Busso de seis cilindros e seus coletores reluzentes, tem de fazer um swap pelo 3.0 do 164 ou importar um V6 de onde encontrar um. Ou então, convencer os colecionadores que conseguiram comprar os exemplares trazidos ao Brasil a te vender o xodó deles. Boa sorte.

Mas o foco aqui nem é o 155 V6 — afinal, é mais fácil fazer o swap do que importar o carro ou convencer um alfista a vender seu Alfa raro. O foco é o Alfa 155 Q4, o lancia Delta HF Integrale em versão sedã. Ele não tem a sonoridade do V6 italiano, mas quem se importa quando se tem um conjunto derivado do 2.0 turbo do Delta (sim o Fiat Twin Cam) com 190 cv direcionados às quatro rodas por uma caixa manual de cinco marchas? Pedigree do Grupo A com a versatilidade, beleza e elegância do Alfa Romeo 155? Onde eu assino?

Aqui, Leo: neste cheque de 20.000 euros, mais frete e impostos. É este o preço de um Alfa Romeo 155 Q4 na Itália, onde ele foi mais popular. Enquanto um exemplar V6 dos primeiros anos, que tinha um 2.5 de 12 válvulas e 166 cv custa 5.000 euros, o Q4 custa quatro vezes mais, dependendo do estado. Em conversão direta um Q4 custa R$ 130.000. No mundo real, não espere que ele custe menos de R$ 350.000 colocado aqui dentro, com placa preta e tanque cheio de benzina premium.

 

Dodge Viper RT/10 SR I

Se você é daqueles que falam que os carros modernos têm frescuras demais, aqui está sua chance de bancar sua opinião: o Dodge Viper original já pode ser trazido para o Brasil. Como você deve saber, esta primeira geração não tinha ar-condicionado, maçanetas ou fechaduras e muito menos um teto (você não vai ousar chamar de teto um pedaço de lona de um metro quadrado, vai?). Ele era (e ainda é) um chassi tubular com um V10 na frente e um monte de fibra de vidro por cima e só.

O V10, claro, é injetado e tem o dedo da Lamborghini — por isso ele não é a bigorna usada nas picapes Ram da época e funciona bem no esportivo, entregando 400 cv às rodas traseiras por meio do câmbio T56 de seis marchas da Borg-Warner. Isso era suficiente para levá-lo do zero aos 100 km/h em 4,5 segundos (se você não acabasse com os pneus tentando fazer isso) e à máxima de 266 km/h.

E quanto custa para andar de Viper RT/10 SR I no Brasil? Bem… o carro já valorizou lá fora. Nos EUA um modelo dos primeiros anos, com quilometragem condizente (cerca de 50.000 -70.000 km) irá te custar, no mínimo, US$ 40.000.

Quanto menos rodado, claro, mais caro. Os exemplares com menos de 5.000 milhas passam dos US$ 60.000 e podem bater nos US$ 100.000 à medida em que o odômetro se aproxima do zero — o que coloca o Viper na casa dos R$ 450.000 a R$ 1.100.000.

 

Panoz Roadster

Se há um exemplo pragmático de que “poder” é algo relativo, este exemplo é o Panoz Roadster. O carro é uma mistura de Seven com Cobra, feito por Dan Panoz no início dos anos 1990 usando como base um chassi tubular de aço inoxidável coberto por chapas de alumínio e embalado pelo conjunto motriz do Mustang — isto é: um V8 de cinco litros combinado a um câmbio manual de cinco marchas.

O carro é um dos raros esportivos artesanais americanos e, embora seu chassi fosse soldado à mão com solda TIG, muitos de seus componentes mecânicos — incluindo as partes da suspensão — foram feitos por usinagem CNC, o que significa que você terá de fabricar algumas peças de reposição caso queira comprar um deste.

Mas tudo bem, porque este carro é reservado apenas àqueles que não precisam se preocupar com os preços. Um exemplar do Roadster custa entre US$ 20.000 e US$ 35.000, dependendo do estado de conservação. É um preço razoavelmente baixo — mais baixo que o do Alfa Rome Q4, por exemplo.

O problema é que, ainda que você possa pagar um destes — que deverá chegar ao Brasil por entre R$ 230.000 e R$ 370.000 —, você não pode comprar um destes se não encontrar um destes. E esta é a parte mais difícil, porque foram feitos apenas 44 exemplares entre 1992 e 1995. Boa sorte, mais uma vez.

 

TVR Chimaera

Se você quer um exótico purista e radical e não consegue encontrar um Viper nem um Panoz Roadster, considere um TVR Chimaera. Além de ser mais comum e mais barato que a dupla americana, ele tem ar-condicionado, vidros elétricos e um pouco mais de conforto para curtir as estradas de serra e rodovias brasileiras.

Foram feitos mais de 5.000 deles entre 1992 e 2003, e os mais baratos partem das 14.000 libras, o que equivale a US$ 18.000, aproximadamente. Isso significa que por uns R$ 250.000 você traz um destes. E o que você recebe? Um roadster com chassi tipo backbone, suspensão independente nas quatro rodas, com braços triangulares assimétricos, e um V8 de 4 litros derivado dos Rover 3.5, com 243 cv, combinado ao câmbio de cinco marchas também fornecido pela Rover.

Não será um carro exatamente barato de se manter, mas ao menos será exclusivo e divertido enquanto funcionar. Porque ele vai de zero a 100 km/h em cinco segundos e chega aos 245 km/h.

 

A trindade noventista

Sim, prezados FlatOuters. 2022 é o ano em que algum brasileiro endinheirado finalmente poderá importar o Bugatti EB110, ou o Jaguar XJ220, ou o McLaren F1 — ou os três de uma só vez. Sinceramente, não vejo motivo para ter um destes no Brasil — fosse eu o multimilionário/bilionário em questão, teria em uma das minhas casas na Europa ou EUA simplesmente por uma questão econômica, como você verá mais adiante.

O mais raro deles, claro, é o McLaren F1. Apenas 106 deles foram fabricados, e seus preços já começaram a subir no início dos anos 2010. Os McLaren F1 eram os mais caros nos anos 1990 — eles custavam perto do milhão de dólares e até 2011 um desses trocava de mão por US$ 2.000.000 ou R$ 3.000.000.

Hoje nenhum deles sairá da garagem por menos de oito dígitos — atualmente os valores giram entre US$ 15.000.000 e US$ 21.000.000, o que significa que um desses não custará menos de R$ 190.000.000. Sim: cento e noventa milhões de reais. Ou você pode usar seu domicílio europeu ou americano e comprá-lo por R$ 90.000.000 — um belo desconto de R$ 100.000.000.

Depois vem o Bugatti EB110, do qual temos um exemplar no Brasil, trazido nos anos 1990 por Alcides Diniz (que também teve outros carros da época como o Lister Storm, o CLK GTR e o XJ220). Foram feitos 139 deles, e eles costumam trocar de mãos por entre US$ 600.000 e US$ 1.000.000 — algo entre R$ 7.500.000 e R$ 12.000.000 — bem mais barato que o F1.

Por último, tem o Jaguar XJ220, que teve 282 unidades produzidas e hoje costuma ser vendido por, no mínimo, US$ 400.000, chegando a US$ 600.000 — estamos falando aqui de R$ 4.800.000 a R$ 7.000.000, uma pechincha perto dos outros dois.


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