onde estava voce em 1962 assim perguntava o cartaz do filme american graffiti aqui no brasil chamado inexplicavelmente de loucuras de verao que deus tenha piedade da pobre e atormentada alma de quem perpetrou tal coisa hoje a maioria nao tem resposta para a pergunta; 1962 esta exatamente 58 anos no passado tempo de nossos pais ou avos com minha desculpa aos avos e avos que estao lendo isso e lembram claramente de 1962 o fato e que a maioria de nos nem estava vivo em 1962 entao qualquer nostalgia desse tempo e de algo que nao vivemos mas a pergunta era bem mais presente quando o filme foi lançado em 1973 apenas 11 depois dos eventos mostrados na tela o que nos faz pensar nao seria muito cedo para nostalgia seria como um filme hoje se passando em 2009 ninguem tem nostalgia de 2009 afinal das contas mas o timing nesse caso era praticamente perfeito para atingir o coraçao de toda uma geraçao que viveu esta epoca e catapultar a pelicula para ser nao apenas mais um filme mas um fenomeno cultural praticamente imortal nos 11 anos que se passaram de 1962 ate 1973 o mundo mudou completamente e aquela noite de um grupo de adolescentes de modesto na california parecia entao exatamente o que parece hoje um paraiso de simplicidade e alegria motorizada em um mundo bem menos complexo nos eua onde o filme se passa toda aquela inocencia em breve desapareceria em meio a guerra do vietna a escalada do uso de drogas recreativas o movimento hippie depois do assassinato de kennedy na verdade a america nunca mais foi a mesma em 1973 esse ciclo que apareceu pouco depois de 1962 tinha praticamente se fechado deixando a america e o mundo diferente a guerra acabara janis joplin e jimi hendrix estavam mortos e em breve nixon renunciaria e nem comecei a falar do mundo dos automoveis [caption id= attachment_256047 align= aligncenter width= 999 ] john milner ao volante[/caption] american graffiti criado pelo mesmo george lucas que depois faria star wars e um filme fantastico acompanha um grupo de adolescentes que acabam de se formar no segundo grau naquele tempo exato onde se define como sera o resto de nossas vidas sendo ele todo uma deliciosa alegoria para o crescimento pessoal gente ficaria ali gente partiria para faculdade fora nada mais seria o mesmo e alem de decidir onde estaria dali para frente cada um deles tem que entender e aceitar seu lugar no mundo daniel hernandez disse fala principalmente sobre a transiçao da adolescencia para a idade adulta e o que significa definir e redefinir a si mesmo e um filme sobre o amor romantico sobre temer o que significa e ao mesmo tempo ansiar desesperadamente por ele e um filme sobre nostalgia tanto em suas armadilhas quanto em sua beleza mas e tambem um filme sobre carros os carros neste filme sao tao importantes quanto eram para estes adolescentes de entao o automovel era o centro da vida de todos ali todos eles passavam as noites livres apenas rodando pela cidade neles cruisin’ alguns como o curt de richard dreyfuss passam o tempo todo como passageiros relaxado apenas quando alguem toma o comando mas sempre em movimento sempre dentro de algum carro outros como hot rodder john milner paul le mat sao completamente definidos por seu carro [caption id= attachment_256044 align= aligncenter width= 999 ] curt henderson passageiro [/caption] para os personagens do filme os carros eram simbolos de status um meio de interaçao social e o que permitia encontrar parceiros e fazer sexo exatamente como os telefones para os adolescentes de hoje mas sem a fantastica interaçao com o mundo real que o automovel permite logo no começo do filme todos eles chegam ao mel’s drive in em seus carros que rapidamente nos faz entender quem e quem; os carros sao simbolos claros da personalidade e do lugar de cada um deles no mundo o carro americano que vemos ali tambem mudara e e outra forte fonte de nostalgia ali ate ali 1962 o mundo era dominado pelo carro americano ninguem fazia melhor todos seguiam mas progressivamente dali em diante os europeus e depois os japoneses mudariam isso completamente de 1968 em diante tambem as crescentes ondas de legislaçoes de emissoes e segurança passiva e uma serie de crises de abastecimento de petroleo acabariam com o tipo de carro mostrado no filme e fariam tudo diferente em 1973 era claro que os carros ate 1970 nos eua eram melhores que os atuais e isso so pioraria de novo o filme pega na veia de uma nostalgia precoce mas extremamente duradoura de uma epoca unica os carros entao sao o filme e sao os personagens olhando para eles individualmente podemos entender a incrivel metafora preparada por lucas para seu incrivel filme impala 1958 steve bolander e terry the toad fields ron howard e hoje famoso como diretor e pai da estonteante ruiva bryce dallas howard mas no filme de 1973 ele e o adolescente steve bolander em sua ultima noite na cidade antes de partir para a faculdade seu carro e invejavel para todos um seminovo impala 1958 cupe branco com listas decorativas logotipos deletados lanternas traseiras de cadillac rodas sem calotas e a dianteira ligeiramente rebaixada para o stance correto o carro segundo o script teria um small block v8 de 327cid 5 4 litros e tres carburadores stromberg duplos sabemos disso porque toad diz em certo ponto [caption id= attachment_256048 align= aligncenter width= 600 ] the toad e sua carruagem uma noite apenas [/caption] o 327 era um motor novo no ano de 1962 e portanto nao disponivel nos 1958 quando novos o que denota um swap denota tambem a posiçao social e personalidade do personagem de howard um garoto conhecido e admirado na cidade com um carro legal pacas pronto para grandes coisas na vida o carro usado nas filmagens porem tinha na realidade um big block w original de 348 cid 5 7 litros com um carburador quadruplo e cambio de tres marchas na coluna so recebendo um motor como o do script quando reformado recentemente mas o mais legal aqui e o que acontece com o nerd terry the toad fields charles martin smith e este carro o atrapalhado toad chega ao drive in em sua vespa o que o coloca la embaixo na ordem social de entao mas ao conseguir passar a noite com o carro de steve bolander vive aventuras como um dos cool kids consegue uma linda garota para acompanha lo compra bebida alcoolica entra em brigas e tem uma noite cansativa e louca mas que acaba bem o automovel como um meio indispensavel de viver citroen 2cv curt henderson este carro e um viajante do tempo aqui muito antes de qualquer delorean e um modelo 1967 o personagem de richard dreyfuss curt henderson e a alma do filme como seu amigo steve bolander e sua ultima noite em modesto mas ele nao esta tao certo disso tem duvidas sobre o futuro nos fazendo acompanhar seu drama adolescente o 2cv azul com que chega ao drive in mostra que ele nao se importa com status mas sabe quem e um carro pratico simples mas como seu dono sem vergonha de ser assim como ja disse curt prefere ser dirigido por ai e e do banco de tras do carro da irma que ve o unicornio que persegue pelo resto da noite a loira no thunderbird branco somente no fim do filme quando finalmente decide o que fara da vida agora que figurativamente o personagem volta a dirigir seu carro tomando as redeas de sua vida uma metafora genial ford thunderbird 1956 a loira uma jovem e linda suzane sommers ao volante de um thunderbird 1956 branco sussurra eu te amo para um estupefato curt no banco de tras de um edsel o resto do filme faz ele a perseguir como um mitico unicornio inatingivel o thunderbird e outra metafora perfeita para isso raro belo veloz apenas dois lugares e um v8 y block de 312 cid 5 1 litros inatingivel para o jovem curt como a loira que o dirigia de novo daniel hernandez diz o porque porque era lindo baixo comprido e elegante mas radiando energia o thunderbird parece rapido mesmo parado e dificil de ver nas ruas mesmo em 1962 uma joia cara e rara e facil ver por que a mulher ideal de curt o conduziria edsel corsair 1958 laurie ao contrario de seu namorado steve bolander a sua namorada e irma de curt laurie cindy williams e uma pessoa bem menos preocupada com sua imagem o que se reflete perfeitamente em seu carro um edsel seda [caption id= attachment_256056 align= aligncenter width= 999 ] steve laurie e o edsel[/caption] o edsel como sabemos e a tentativa frustrada da ford em criar uma divisao de semi luxo como a buick da gm o carro com uma grade esquisita foi um fracasso completo e em 1962 quando se passa o filme a marca nao existe mais se tornando um simbolo de fracasso total mercury cupe 1951 lead sled the pharaos em certo ponto curt e obrigado a acompanhar a noite de uma gangue local the pharaos o carro deles tambem e emblematico nao um carro de corrida mas outro hot rod com uma missao bem especifica ter uma cara malvada e assustadora como desejam ser os membros da gangue o supervisor de transporte do filme henry travers viu pela primeira vez o cupe mercury 51 em sua forma original num estacionamento perto da cidade de sonoma no norte da california tinha as mesmas calotas e pneus que apareceram no filme no entanto depois que foi comprado ele foi levado para a oficina de close e orlandi onde foi preparado para de uma forma bem rapida e sem cuidado teto extremamente rebaixado farois embutidos grade modificada a ideia era fazer um custom que eram modificados em aparencia de forma completa mas com pouca ou nenhuma preparaçao na mecanica aparencia e o que interessava e no filme ainda era pior nem vidros laterais o carro tinha chevrolet bel air 1955 bob falfa bob falfa e o primeiro trabalho com alguma fama de harrison ford com um chapeu de cauboi e atitude agressiva falfa e um forasteiro que veio a modesto desafiar o carro mais rapido do vale o deuce coupe de john milner o carro e praticamente o personagem aqui harrison ford praticamente um coadjuvante um classico hot rod serio de competiçao de rua tinha pneus semi slick traseiros paralamas cortados frente de fibra de vidro basculante interior depenado e santantonio debaixo do capo um big block chevrolet que girava alto com um barulho assustador nao era a primeira vez que aparecia em filme e o mesmo carro que protagoniza o filme two lane blacktop de 1971 na realidade tres chevys 1955 pretos foram usados em american grafitti dois dos quais tambem foram usados em two lane blacktop o primeiro deles usado para fotos externas nos dois filmes e dirigido por harrison ford em american graffiti tinha um capo de fibra de vidro e um v8 chevrolet big block 427cid 7 litros preparado acoplado a uma transmissao m 22 muncie de quatro marchas e eixo traseiro olds de relaçao bem curta para arrancada ford aparentemente teve dificuldade em dirigir o chevrolet bravo e manual nas filmagens o segundo carro usado para os stunts nos dois filmes e usado na famosa cena de corrida ao nascer do sol ao fim de american graffiti tinha um v8 maior 454 cid 7 4 litros e transmissao automatica gm th 400 o terceiro carro aquele que spoiler capota e explode ao fim da mesma corrida ao nascer do sol era outro 55 de configuraçao desconhecida mas com um poste de madeira atras do motorista para protege lo o chevy 1955 de bob falfa e um monstro todo o poder e musculo e simbolizava pelo filme todo um possivel fim do reinado do cupe ford de john milner ford 1932 deuce coupe hot rod john milner john milner o personagem de paul le mat e talvez o mais melancolico do filme um hot rodder que tinha o carro mais rapido do vale e agora regularmente desafiado vitima de sua fama sabe que e uma questao de tempo para aparecer alguem mais rapido que ele algo simbolizado claramente pelo ’55 de falfa sabe tambem que tudo mudaria seus amigos iam embora ou embarcariam em uma vida adulta e responsavel seus maiores dias estavam no passado o carro simboliza isso um velho carro de corrida como seu dono que ainda anda orgulhoso de sua posiçao mas que sabe que logo tudo mudaria o carro e o centro da historia para george lucas que o especifica exatamente como eram coisas deste tipo em 1962 um leve e barato cupe ford antigo com um v8 chevrolet small block bravo teto rebaixado carroceria rebaixada no chassi suspensao rebaixada e retrabalhada sem capo e apenas o minimo de paralamas para permanecer legal nas ruas ao finalmente aceitar o desafio de falfa em uma cena muito legal milner vai a um posto de gasolina acertar o carro e abrir o escapamento tipo lake henry travers gerente de transporte do filme foi quem supervisionou a construçao do carro sob especificaçao de lucas em todos os detalhes inclusive a tinta amarelo canario o v8 era outro viajante do tempo aqui um 327cid 5 4 litros de 1966 com cabeçote de corvette com injeçao mas equipado aqui com tres rochester 2gc duplos e tampas de valvulas cromadas cambio t10 de quatro marchas e eixo traseiro de chevrolet 57 com relaçao curta completavam a configuraçao a placa do carro thx 138 era um easter egg de lucas uma alusao a seu primeiro filme a ficçao cientifica thx 1138 este carro resume completamente a cultura da epoca e um dos mais facilmente identificaveis carros da historia do cinema a pintura amarela brilhante e o motor exposto sao iconicos como tudo no carro especificado bem direitinho por george lucas o deuce coupe 32 e bruto violento simples mas construido com somente um objetivo em mente ser mais rapido do que qualquer outra maquina mas como a vida de todos ali e o mundo que conheciam fadado a desaparecer um dia ultrapassado e deixado de lado por um mundo que sempre muda e anda para frente o verdadeiro coraçao do filme american grafitti e um sonho nostalgico que mesmo hoje tanto tempo depois nao falha em provocar profundos suspiros de saudade de uma epoca que efetivamente ninguem aqui viveu mas que graças a magia do cinema podemos reviver tao perfeitamente neste filme sensacional
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