o primeiro deles foi na minha aurora como dono de um veiculo automotor apaga isso foi antes e uma historia de uma pessoa muito diferente vivendo numa epoca muito diferente me lembro perfeitamente daquele ano porem mil novecentos e oitenta e sete foi o ano em que eu tirei minha carteira de motorista logo no começo do ano ja vivia aquela angustia louca de alguem que pela vida toda esteve preso ao vil transporte publico mas que logo seria liberto como todo mundo la fora com seus carros particulares ao pegar onibus todo dia de manha no ponto olhava os carros passando com a inveja longa e sem raiva dos resignados a sua realidade eu era um passageiro nao um motorista nao o protagonista da minha historia; apenas a assistia passar da janela embaçada do 999 que vinha de charitas e me desenbarcava na cinelandia esperava ansiosamente aquele magico dia em que acordaria uma pessoa diferente do dia anterior um adulto um maior de idade e com este dia o tao esperado documento um pedaço de papel timbrado que me tornaria uma pessoa finalmente completa a carta de motorista que eu daria um jeito de ter um carro meu todo mundo sabia nao era comum um moleque da minha idade ter um carro so seu entao e nem era a intençao da minha familia abrir um precedente deste tipo mas era inevitavel hoje sendo um pai eu mesmo imagino como devia ser chato e preocupante um moleque assim tao obstinado por algo tao fixado em somente automoveis mas o fato e que tinha a promessa de que quando a hora chegasse meu pai me ajudaria dentro do razoavel a comprar um carro razoavel aqui leia se algo barato e eu sabia exatamente o que queria um opala seis cilindros nada me dissuadiria disso nao me lembro de ninguem nem tentar o que deve dizer algo de quao decidido era aquele moleque me ajudava muito um argumento logico era um carro usado que valia praticamente nada entao por causa do consumo de combustivel alto em uma epoca em que isso era um pecado mortal em 1987 porem nao existia buscas por palavras chave em computadores na verdade computadores pessoais eram rarissimos a nao ser que o console atari 2600 conte como um computador tirando as lojas locais de carros usados a unica boa fonte era o jornal de domingo onde saia um caderno de classificados mais gordo com anuncios de monte todos sem fotos claro e pequenininhos com pouca informaçao alem do ano descriçao do carro e um telefone se voce queria saber algo a mais que isso tinha que ligar e ir ve lo pessoalmente um trabalho bem frustrante as vezes ainda mais para mim que tinha que pegar o maldito onibus mas um dia a sorte sorriu para mim bem no meu caminho para o ponto de onibus num cruzamento movimentado alguem tinha estacionado um carro com placas de vende se hoje parece uma historia da carochinha dificil ate mesmo para eu mesmo acreditar olhando de hoje mas e verdade um mustang mach1 1972 vermelho com faixas pretas aparentemente original e em bom estado a placa dizia o ano o motor o preço e um telefone nao me lembro do valor exato pedido pelo carro obviamente nem sei qual era a moeda vigente entao cruzeiro cruzado o que valha mas me lembro que embora fosse duas vezes o que eu e meu pai tinhamos combinado ainda assim era objetivamente muito barato coisa de metade do preço de um fusca zero se me lembro bem algo que imagino proximo de uns trinta mil reais hoje lembrem naquela epoca ninguem queria carro velho e menos ainda um que bebesse muito combustivel dodges e galaxies valiam literalmente nada e opala que ainda se conseguia vender tinha quatro cilindros o mustang tinha apenas 15 anos de idade mas era um carro extremamente dificil de se vender entao mas era absolutamente maravilhoso para um moleque de 18 anos imaginei me imediatamente acelerando o 351 cleveland em direçao ao por do sol eternamente a promessa de uma vida de sonho a pouquissimo tempo atras possivel apenas dentro das paginas de revistas americanas lembro me perfeitamente de cada detalhe dele de seu vidro traseiro quase horizontal ao farol direito com o vidro trincado e o fogo do desejo por aquilo fervendo dentro de mim mas e claro que nao consegui comprar meu pai na verdade se divertiu bastante com a ideia rindo gostoso por uns bons 10 minutos com ajuda do meu irmao era uma reaçao esperada ate mas nao deixou de ser um momento marcante de sonho despedaçado sem do nem piedade mais tarde certamente depois de interferencia materna meu pai apareceu no quarto para explicar logicamente sua decisao aquele carro nao era para mim era para alguem que fosse cuidar dele e nao enfia lo num poste dez segundos depois de pegar a chave o que tinha um forte gosto de verdade por mais amargo que fosse mas o carro continuou la no mesmo lugar por tanto tempo que me parecia uma eternidade; todo dia no meu caminho ate o ponto como uma lembrança de uma realidade melhor e possivel tao perto mas ainda assim longe o suficiente para que eu nao alcançar o opala ss mas a busca continuava e por isso estava eu numa tarde chuvosa de 1987 indo ao longinquo e desagradavel bairro do meier no rio de janeiro um primo mais velho dirigindo a marajo da minha mae ninguem sairia da aprazivel niteroi para o meier sem um motivo muito bom; o meu era um carro obviamente um que fora descoberto obviamente num daqueles anuncios realmente pequenos de jornal que dizia opala ss 4100 74 apenas isso e o telefone de contato no telefone a pessoa nao quis me passar o preço pedido nem muito detalhe mas insistiu que o carro estava otimo e que precisava ve lo o que voces tem que lembrar aqui e que opala ss 74 nao foi sempre um raro objeto de desejo como e hoje como ja disse ninguem queria ouvir falar de seis cilindros e carro velho era somente isso algo velho e desinteressante ja existiam carros de coleçao claro mas era coisa de milionario entediado apenas mas a promessa de que o carro era bom me era suficiente; era rarissimo achar um opala 74 em bom estado e portanto esperava apenas que ele fosse usavel e barato principalmente barato na verdade chegando ao endereço descemos do carro e entramos numa oficina logo que cheguei pude ve lo la no fundo e meu batimento cardiaco imediatamente aumentou era um ss mesmo totalmente original verde metalico e praticamente perfeito em todos os sentidos quase nao consegui falar direito com o sujeito que estava vendendo o carro imediatamente pasmo por ver algo tao incrivel ali tao proximo o vendedor estava visivelmente preocupado com a visita daqueles dois moleques imberbes mas logo percebeu que eu pelo menos entendia quao aquilo era especial mesmo em 1987 o ss estava simplesmente novo quase zero km a pintura verde metalico brilhava as faixas pretas perfeitas todos os logos no lugar tudo perfeito mas o melhor eram as rodas e pneus rodas de ss com os firestone wide oval diagonais originais que tinham ate pelinhos ainda na lateral mas estavam la e nunca ate entao tinha visto diagonais tao largos ao virar a chave depois de umas bombadas no acelerador pegou de estalo caiu naquela marcha lenta que parece desligado mas se acelerava vinha aquele swoooorrrrrrrrsssshhhh caracteristico ao mesmo tempo em que o carro balançava de um lado para o outro parece que o dono faleceu pouco depois de ter comprado o carro e a esposa so resolveu vende lo mais de 10 anos depois o dono da oficina conhecido da familia estava fazendo isso para ela tinha pouco mais de cinco mil quilometros no hodometro pelo que me lembro o preço era salgado mas so para aquela epoca apenas um pouco menos do que pediam naquele mustang mach 1 minha carreira de comprador de automoveis nem bem começara e duas vezes em seguida estava inventando novas e criativas maneiras para gastar dinheiro que nao tinha obviamente tambem perdi aquele opala ss pelos mesmos motivos que perdi o mustang segundo o patrio poder eu iria certamente destrui lo contra um poste alguns segundos depois de receber a chave e era um carro devia ser preservado nao acabar nas maos de um moleque fiquei extremamente chateado por isso mas me resignei logo acabei achando um opala cupe 1980 meio feinho mas mecanicamente saudavel barato exatamente no preço que combinamos e com um legitimo 250 s acoplado a uma caixa manual de quatro velocidades com ele provei ao meu pai que estava completamente errado o carro so veio a falecer um ano inteiro depois depois de capotar algumas vezes na via anchieta entre sao paulo e sao bernardo do campo e veja bem capotando sem nenhum poste por perto a ha a moto alguns anos depois era o feliz proprietario de um chevette 1992 azul comprado quase novo de um amigo do meu tio e estava de novo respondendo a um anuncio de jornal desta vez apenas acompanhando um amigo que procurava uma moto grande para festejar a nossa formatura na fei e seu novo emprego de engenheiro ele sabia o que queria uma yamaha v max mas achei um anuncio no jornal bem mais interessante e por coincidencia perto da casa do meu amigo o anuncio dizia apenas kawasaki z1300 1982 perfeito estado eu sabia muito bem o que era aquilo seis cilindros em linha a terceira moto de produçao com esta configuraçao exotica depois da benelli sei que fez o motor de quatro cilindros em linha da cb500 ganhar dois cilindros e 750 cm³ de 1974 e da fantastica honda cbx 1100 de 1979 a kawa era gigantesca refrigerada a agua e tinha transmissao por carda deslocamento generoso de 1 3 litro 120 cv uma moto classica e ja lendaria era um sonho para mim nunca imaginei achar uma no brasil incentivado basicamente pelo meu entusiasmo apenas moderadamente animado com a ideia meu amigo foi la ver ela comigo a moto era perfeita enormemente gigantesca e estava nova zero perfeita linda gigante um paquiderme esquecido esperando um dono entusiasmado mas o meu amigo vendo aquela aparencia de moto comum e aquele tamanho todo desanimou e me disse que a v max era mil vezes mais bonita refreei o desejo de atropela lo repetidas vezes com mais de 300 kg de kawasaki de seis cilindros e comecei a maquinar meios de comprar eu mesmo aquela moto maravilhosa olhei longamente para meu chevette novinho e pensei em passa lo nos cobres mas tal pensamento durou 15 segundos porque me lembrei do apartamento financiado do meu casamento que aconteceria em breve e do fato de que o chevette ou ao menos parte dele estava fadado a virar uma viagem de lua de mel outro amigo que estava conosco tinha acabado de vender sua honda cbx 750 por motivos parecidos com os meus e ficou imediatamente apaixonado pelo monstrengo de seis cilindros em linha eu e ele por algum tempo entretemos a ideia de comprar a moto em parceria mas tambem nao foi possivel querer infelizmente nao e poder por mais que os gurus de autoajuda digam o contrario o envemo em 1998 estava de novo em uma fase de mudança; minha primeira filha estava para nascer por isso vendemos os dois carros de casa para comprar um tempra zero km e eu de novo me vi pegando onibus fretado para ir trabalhar mas realmente nao conseguiria passar muito tempo assim com o bonus anual da empresa onde trabalhava planejei dar entrada em um carro zero bem barato la pelo meio do ano era uma situaçao temporaria apenas mas a mente do entusiasta sem carro e o parquinho de diversao da lasanha ridiculamente inapropriada para a situaçao atual a historia se repete no caminho do ponto aparece numa loja de usados um envemo super 90 prata eu sempre fui apaixonado pelo porsche 356 mas como sabia que seria muito dificil ter um sempre estive de olho nessas replicas incrivelmente bem feitas pela envemo de 1980 a 1982 o envemo estava perfeito e nao resisti dar uma volta e entreter a ideia de compra lo e nao um carro zero km 1 0 qualquer apesar de caro era possivel custava menos que o mais barato carro de entao o mille; algo equivalente a 30 40 mil reais hoje choro de pensar isso hoje o motor era um 1 7 litros ardido com carburaçao dupla e comando mais bravo e o carro andava gostoso e nervoso como um 356 deve fazer o interior era genial como sempre sonhei num carro desses hoje epoca em que os 356 de verdade sao joias para milionarios com preços impublicaveis os super 90 passam facil dos tres digitos em preço e sim eu recusei um a coisa de 30k recusei porque nao imaginava que valorizariam pensei que era muito dinheiro para uma brasilia travestida que poderia comprar um fusca bem mais barato e fazer ele mais veloz pensei todas as coisas idiotas que os idiotas pensam quando fazem suas idiotices eu fui um idiota a janela do super 90 se fechava para mim completamente ali essa e a mais doida porque eu podia ter um se quisesse mas quem imaginava eu ia valer alguma coisa esta replica certamente ninguem naquela epoca anos depois fiz uma oferta a um amigo que tinha um super 90 abandonado a mais de 15 anos numa garagem de predio nao aceitou mesmo eu mostrando o quanto gastaria para coloca lo de pe novamente ele achou que ia coloca lo para andar ele mesmo um dia isto faz seis anos e o carro continua la incrivel notar como estes carros e esta moto ficaram marcados em minha memoria de forma mais indelevel do que todos os outros como amores perdidos e casos mal resolvidos apenas a promessa do prazer e diversao da alegria ficou em minha memoria nunca tive acidentes com eles nenhum motor explodiu nenhum perdeu a graça e ficou comum com o tempo apenas a promessa da perfeiçao de minha vida com eles ficou ninguem fez sexo com ela como eu fiz na minha mente eu me lembro exatamente da sensaçao de sentar naquele opala ss tanto tempo atras sinto o banco o cheiro o ronronar do motor me lembro do exato peso daquele magnifico paquiderme de seis cilindros e duas rodas que vi em 1994 me lembro do vidro traseiro horizontal do mustang e o urro imaginario do 351 cleveland ao chegar ao cume da montanha que me levaria para longe de niteroi lembro da imagem de passear com minha esposa e filha ela aboletada nos banquinho traseiro do super 90 nada e tao lindo como a esperança de algo diferente e novo em nossa vida outros carros me escaparam e muitos outros ainda vao escapar mas estes ficaram para sempre marcados na memoria talvez seja porque aconteceram em momentos especiais onde uma fase da vida acabava e outra começava mas certamente porque ficaram congelados no campo da imaginaçao sem nem um pouquinho de realidade para estraga los congelados para sempre como o que poderia ter sido para sempre perfeitos como um final de filme felizes para sempre
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