Por Manoel Malafaia
Amigos Flatouters, eu sou o Manoel e é uma honra ter a oportunidade de contar para vocês a aventura de alguns amigos, motos e um dos destinos mais sonhados de dez entre dez gearheads.
Janeiro 2021, todo mundo literalmente de saco cheio de 2020, pandemia parecia na época controlada e indo para o fim (ledo engano) então era o momento perfeito para terminar a viagem iniciada em 2018.
Permitam-me um desvio rápido: Esse relato está prometido desde julho de 2018, mas uma quebra fez mudarmos os planos e concluir de carro alugado (Um Abraço para o Fred que estava em 2018 e não pode ir nessa).
Voltando para 2021, joguei a ideia em um grupo de WhatsApp da turma de moto, imaginando que ninguém aceitaria, e para minha surpresa todos aceitaram.
Para definir a data, os que tinham limitação foram negociar as férias com os respectivos chefes. Data inicial definida e duração 10/05/2021 com sete dias, vamos iniciar os planejamentos…
Planejamento e preparativos
Aqui cabe uma série de ressalvas: viajar de moto requer preparo físico e planejamento dos trajetos. Algumas motos têm autonomia limitada e/ou posição de pilotagem esportiva que interfere no tempo do piloto em cima da moto, e por consequência no tamanho dos trechos entre abastecimentos, isso tudo deve ser considerado.
Por mais “romântico e aventureiro” que possa parecer uma viagem de moto, saindo sem destino…
A realidade é muito mais próxima disso:
Porque a vida adulta é cruel: quando você tem tempo não tem dinheiro, quando você tem dinheiro não tem tempo. Então o planejamento tem que ser muito otimizado em tempo, porque nunca é fácil conseguir sete dias com os amigos em uma vida adulta de alguns coroas quarentões. Detalharei mais abaixo…
E, claro, não podemos esquecer das temperaturas próximas de 0ºC.
Agora que temos o contexto, vamos deixar a música de fundo (aperte o “play” e continue a leitura).
Criei uma planilha no Google Drive e comecei calculando a autonomia das motos:
Os dados de consumo foram informados pelos donos, sendo assim, pude definir que o trecho máximo seria de 250 quilômetros. O ponto de partida seria Vila Velha/ES, com destino a São Joaquim/SC passando pelo rastro da Serpente (apenas o trecho até Curitiba/PR, partindo de Apiaí/SP) e conhecendo Urubici/SC e Urupema/SC).
Com os limites definidos e os objetivos, vamos para o Google Maps. Horas debruçado nos mapas, procurando postos, trajetos e hotéis. No fim, ficou assim:
Aí alguém pode questionar: mas precisa tabelar tudo?
Olha, minha experiência em viagens anteriores é que: o dia está rendendo, chega hora de almoçar, acha que está cedo, fica conversando um pouco mais e quando percebe já se passaram duas horas e você ainda tem 400 quilômetros pela frente, e acaba viajando a noite em estradas desconhecidas, o que não recomendo estando de moto. Mesmo assim, com todo esse planejamento, aconteceu – imagine sem a planilha.
O primeiro dia foi o mais extenso, e foi proposital. Na véspera ninguém dorme, na ansiedade da viagem, então combinamos de sair muito cedo às 05:00 e adiantar o máximo.
Mas o que percebemos logo após o almoço foi: planejar 833 km na frente do computador é mole. Mas vá rodar isso tudo. Começamos o dia em rodovias simples e passando dentro do Rio de Janeiro com medo de assalto e, apesar dos trechos de baixa velocidade média, conseguimos executar o cronograma muito bem.
Mas existe um dado nessa planilha que foi acrescentado apenas naquele primeiro dia, o tempo de deslocamento. Essa informação não foi considerada e se mostrou relevante.
E se você estiver achando muita frescura, vou destacar uma triste realidade, ser quarentão e sedentário não é a mesma coisa de ter 30 ou 20 e ser sedentário os tiozões sofreram na viagem, principalmente os três com motos de posição esportiva. Os detalhes estarão nas considerações finais.
Frio, como se preparar de moto para o frio! Aqui pode parecer complicado mas não é. A dica de ouro: Nada de “equipamento gringo impermeável”. Isso só serve pra te fazer passar calor o ano inteiro e te molhar quando chove. No Brasil é equipamento de cordura de verão (ventilado) e capa de chuva, isso mesmo, capa de chuva igual de motoboy. Com essa dupla e uma segunda pele de inverno, comprada em lojas de materiais esportivos, você enfrenta muito bem as mudanças de temperatura.
Outra coisa que não posso deixar de citar e que aconteceu durante o planejamento: definam as regras antes, combinem tudo e exponham as preocupações. Melhor uma pequena discussão antes que uma briga durante a viagem. E isso é muito importante. Façam de tudo para evitar desentendimentos durante a viagem.
Ainda durante o planejamento, fui acompanhando as notícias da região, e já estávamos de olho na manutenção que a Serra do Rio do Rastro está passando. Percebemos que saindo na segunda-feira, pegaríamos três dias de serra fechada (o bloqueio acontece durante os dias úteis da semana entre 07:00 e 18:00) então alteramos o dia da saída para quarta, para assim termos a possibilidade de passarmos pela estrada.
Na véspera
Então a viagem “começou”, a planilha estava feita e eu fiz minhas reservas no dia 22 de março. Divulgamos a viagem para toda turma, e mais cinco toparam, seria uma viagem de 10 motos, mas…
Soldados foram caindo pelo caminho e, dois dias antes da viagem, restaram cinco motos, que agora serão as apresentados:
Eu, com 39 anos, 1,83 m, 93 kg semi-sedentário de Yamaha Fazer 600 S ano 2009, Denilson, com 39 anos, meio em forma, de Yamaha Fazer 600 S ano 2007, Delano, de 42 anos, totalmente sedentário com um ganho de 10 quilos na pandemia, de Triumph Speed Triple ano 2015, Paulo, com 37 anos, em forma, de Yamaha Tracer 09 ano 2020, e Eduardo, 49, sedentário, de Yamaha XT 1200Z Super Ténéré ano 2015.
A Ténéré 1200 é, disparada, a melhor opção para longos trechos. A Tracer é o meio-termo, as duas Fazer tem posição de naked esportiva, mas com guidão um pouco menos baixo e bolha, como faz toda diferença ter bolha na moto. Já a Speed Triple foi a mais puxada.
Foi importante fazer um paralelo entre o condicionamento físico, idade e motos, porque algumas das “aventuras” a seguir foram influenciadas por essas combinações.
Começa a viagem
Primeiro dia
Partimos em três (eu, Denilson e Paulo) de Vila Velha/ES às 05:00 da quarta-feira dia 12/05/2021, e encontramos o Delano às 05:30 em Guarapari/ES, 40 quilômetros à frente. Os quatro seguimos com destino a São José dos Campos/SP, com 833 quilômetros planejados para o dia.
Pistas simples no Espírito Santo, percorridos sem nada a destacar, após Campos do Goytacazes/RJ começam as duplicações e a velocidade média sobe, mas não posso deixar de destacar a tensão de passar em quatro motos grandes dentro do Rio de Janeiro/RJ, apesar da nova alça que liga a Rio-Niterói com a Linha Vermelha ter ajudado muito.
Entramos na Dutra e chegamos ao primeiro pedágio (o combinado é uma pessoa pagar o pedágio de todos, para otimizar o tempo), ao sair do pedágio o cabo de acelerador do Denilson fica “solto” parecendo que arrebentou, a moto continua andando mas com aceleração limitada. Ficamos preocupados com uma possível parada no caminho, mas seguimos para ver até onde iria.
Chegamos ao hotel às 17:40 com as motos já abastecidas e correntes lubrificadas, prontas para o segundo dia.
Segundo dia
O segundo dia começa com o “terror” do motociclista: chuva.
Terror nada, só a chatice de colocar as capas de chuva mesmo. Partimos com um pouco de atraso, aquela famosa enrolada para ver se passa a chuva para tentar não vestir os equipamentos, mas não teve salvação.
O destino no segundo dia era o Rastro da Serpente. Era, porque a moto vermelha, do Denilson, novamente não queria trabalhar. Parando no primeiro pedágio a atendente avisou: “Está saindo fumaça da sua moto”. Já rolou aquele “desespero”, mas pagamos o pedágio e encostamos logo à frente. Identificamos um vazamento de óleo e ficamos na dúvida se seria um vazamento pelo filtro ou até o retentor do eixo, o que seria menos provável.
Olhamos, não encontramos nada, apertamos o filtro novamente e decidimos seguir. Saímos da Dutra sentido Campinas/SP a luz do óleo acendeu, Denilson desligou a moto na hora e encostamos novamente.
Ficamos pensando: o que fazer? Chamar o Guincho da Rodovia? Ele só tira você da beira da estrada. Vamos chamar o guincho do seguro então. Entra no app, descreve tudo e envia. Enquanto isso liga na seguradora para confirmar. Enquanto estava na ligação, encosta um guincho, ele estava nas proximidades e viu o chamado no app, foi mais rápido que a ligação.
Foi o melhor lugar possível para acontecer um problema, as melhores rodovias do país, perto de grandes centros e ainda no início do dia. O problema: filtro de óleo.
Não sabemos como, mas o o-ring do filtro se soltou depois de 1.200 quilômetros rodados desde a última troca de óleo.O filtro é de um lote e marca conhecidos, por acaso três das cinco motos estavam com filtro do mesmo lote. O serviço foi realizado por mim mesmo e o dono, com o maior cuidado, já para viagem.
Mas o resumo do prejuízo: uma troca de óleo e filtro por R$ 220, o cabo do acelerador corrigido (apenas soltou do guia) e moto lavada para seguir viagem às 11:00. Vejam bem, o dia começa com uma moto parada com luz de óleo acesa e tudo resolvido em três horas por R$ 220. Prontos para seguir viagem? Melhor impossível!
Infelizmente tivemos que retirar o Rastro da Serpente do roteiro, mas foi uma pequena perda depois de tudo que aconteceu, e estávamos muito felizes por seguir viagem todos.
Pela Régis Bittencourt pilotamos até Curitiba, tudo correu sem percalços e o único destaque fica para a péssima entrada da Cidade que está em obras a pelo menos 5 anos (que eu presenciei) ficamos 30 minutos para percorrer 8 quilômetros de moto!
Mas o hotel e a churrascaria fizeram esquecer essa chateação com louvor! Infinitas gargalhadas regadas a cerveja e churrasco, e isso foi só o fim do segundo dia.
Terceiro dia
No café da manhã, uma grata surpresa, duas meninas motociclistas de Campinas/SP estavam em Curitiba/PR, chegaram pelo Rastro da Serpente e iriam descer pela Serra da Graciosa com destino a Morretes/PR. É tão difícil ver meninas gearheads, motociclistas então foi digno de nota.
Encontramos o Eduardo que apesar de ser de Vitória/ES está trabalhando em Manaus/AM e chegou na noite anterior, pegou a moto que já estava preparada e estava no posto na saída da cidade.
Começamos o dia sob uma leve garoa, que sumiu já na descida de Curitiba/PR. Com destino a Lauro Muller/SC, pelas excelentes estradas do litoral Sul, chegamos no bloqueio ao pé da Serra do Rio do Rastro às 17:00.
Sim: bloqueio! Como citado acima, a estrada está passando por manutenção já há um ano, e fica liberada das 18:00 às 07:00. Apesar de não ser tão bonita à noite (está sem iluminação provisoriamente) tivemos o benefício de subir sozinhos. Fomos os primeiros da fila e não estava aberta para carros naquela hora — eles são liberados a partir das 19:00.
Você está imaginando que subimos acelerando?
Essa estrada não é para isso. Cotovelos, variação de grip (asfalto / concreto) água atravessando, sujeira de obras e baixa luminosidade. Não recomendo fazer graça nessas condições. Então após uma calma subida, chegamos ao principal objetivo!
Depois das fotos, partimos para São Joaquim/SC onde passaríamos a noite. Mas não sem mais um “causo”.
A Soma de cansaço, sedentarismo e frio (fazia 6ºC) fez o Delano errar uma curva para direita, indo para a contra-mão, pouco antes de dois caminhões que vinham no sentido oposto. Nada aconteceu além do susto e a calça suja, mas fica o alerta: longas viagens de moto demandam preparo físico e equipamento adequado. Ele estava passando frio e apenas a sorte nos salvou de uma acidente sério.
Como bons amigos que somos, passado o susto a curva foi batizada de: Serra do Delano Cagado
Aquecidos e descansados, encerramos o dia com vinho e pizza:
Quarto Dia
Começamos o dia com 4ºC no termômetro. Na programação era o dia mais e leve, menos quilômetros e muitos lugares. Depois de três dias seguidos de viagem, acabamos esticando o café da manhã e já saímos tarde.
Ainda no estacionamento da pousada, vimos que a Tracer do Paulo estava com pneu um pouco baixo, paramos no posto para calibrar e identificamos um vazamento. Todo dia uma novidade? Calma, o dia estava só começando…
Agora era hora de ir para Urubici/SC pegar os ingressos para acesso a área militar do Cindacta/Morro da Igreja e Pedra Furada. Mas o que seria uma viagem sem os amigos? Chegando no Vilarejo de Pericó, ainda em São Joaquim/SC, o Delano erra uma curva e cai.
Já pensei: “Pronto! Acabou a viagem, ele está machucado, a moto não anda.” Mas, incrivelmente, nada aconteceu! Apenas arranhou o slider da moto, alavanca do freio traseiro e spoiler. O piloto? um arranhão na mão, calça suja e orgulho ferido.
Como nada de grave aconteceu, imediatamente batizamos o local de: Serra do Delano Deitado. Uma amizade pode ser refeita, mas o momento de uma piada jamais será recuperado!
Enviei para o Google Maps a atração turística, vamos esperar se eles aprovam e publicam para que possa ser facilmente encontrada. Passada a zoeira, fica o aprendizado, segundo o próprio Delano Deitado (agora em pé): “Fui economizar no pneu e saiu bem mais caro.”
O passeio no ICMBio é bem concorrido, tem que ficar de olho no site e fazer o cadastro com uma semana de antecedência. Como aconteceu muita coisa antes, atrasamos a chegada para retirar o ingresso e também a entrada no parque, mas foi muito bom. Ficamos praticamente sozinhos no local, e a vista é surpreendente.
Próximo destino, Serra do Corvo Branco.
A ideia inicial aqui, era ir até a entrada da Serra, mas o Eduardo esteve aqui um mês antes com a namorada e desceu com garupa, é uma estrada bem inclinada e alterna entre asfalto precário e cascalho solto. Bom, se ele desceu com a garupa, por que nós não vamos?
O Paulo que estava de Tracer, tem 1,60 m de altura, mas ele é um profissional circense, equilibrava a moto com apenas a ponta de um dos pés. A moto patinava no cascalho, rabeava, mas ele não deixou cair. Ao contrário de outros, como veremos à frente…
São aproximadamente 14 quilômetros imperdíveis (ida e volta) de estrada de terra:
Não é um caminho para iniciantes, mas está longe de ser complexo ou impossível. Indo devagar, é bem tranquila. Recomendo a todos.
O terceiro local do dia era a Serra do Rio do Rastro sob a luz do dia, mas o tempo já estava apertado. Saímos do Corvo Branco, com destino a Urubici e, depois, a Lauro Muller. Já no asfalto, foi a vez do Denilson. Palavras dele: “Avistei uma bicicleta com uma vassoura, virei para trás para olhar e, quando percebi, já estava fora da rodovia, do acostamento, lá no mato.”
Usando sua moto de arado e preparando o terreno para plantio. Ninguém sabe como, mas saiu ileso e voltou para a rodovia, mais uma para o dia! O momento não foi registrado, mas fica aqui uma imagem semelhante:
Acabamos chegando tarde e pegamos o tempo virando e anoitecendo. Mas faz parte da experiência, o nevoeiro pesado.
Quinto dia
Começamos o retorno com essa vista de São Joaquim/SC, com destino a Curitiba/PR:
Mas ainda tinha mais…
Acho que podemos afirmar que demos muita sorte com o clima.
Realmente a estrada, a vista, o clima são indescritíveis, vale a pena e é real e verdadeiro tudo o que dizem sobre a estrada. Sendo um domingo estava cheio, comboio de carros, motos e todo tipo de veículo (até quadriciclos voltando de alguma competição na região). Espaços disputados, tudo lotado, mas não reduziu em nada a experiência, valeu a pena cada momento. E, sem nenhum contratempo, chegamos a Curitiba no final do dia.
Aqui tem um detalhe legal: o Eduardo não estava na foto, pois sua filha de 12 anos iria com a gente para Vitória/ES. Esperamos ter mais uma gearhead no futuro.
Sexto dia
Saímos de Curitiba com garoa, mas o tempo abriu em seguida. Agora, com uma nova integrante na turma: Duda, 12 anos.
Em São Paulo, decidimos passar pela Marginal, e nunca vi uma sinalização tão confusa!
Não pode Expressa (O que é Expressa? E quem não é de São Paulo?), não pode horário XX, não pode direita, não pode esquerda, sobe velocidade, desce velocidade. Tudo foi feito para você errar — e, lógico, tem um radar bem escondido em cada canto.
Graças ao medo de perder a carteira, comprei um suporte de celular para moto e o Waze guiou (à medida do possível) até a saída. Mas foi, sem dúvidas, o momento mais tenso de toda a viagem.
Sétimo e último dia
A Ténéré 1200 resolve chamar atenção. Um raio da roda traseira se soltou e foi devidamente descartado. Será substituído ao final da viagem.
Mas o último dia não terminou sem histórias, uma “cancelada” de pedágio no capacete e um tombo de moto parada ficam registrados para posteridade pelo Delano.
Como disse acima, o Paulo de moto alta e com 1,60 não fez feio, e o Delano caiu com moto baixa e parado! Amigos não perdoam, ele está sofrendo ainda.
Considerações e aprendizados
Preparo físico e idade
Ficou claro, para mim, que viajar de moto depois dos 35, sem estar com preparo físico em dia ou com uma moto mais apropriada, não é mais fácil como antigamente.
O tiozão aqui sofreu na moto baixo, e em defesa do Delano que tem cinco parafusos na perna de acidentes anteriores, ele foi um guerreiro. Entendemos por que os coroas viajam de BMW GS 1200, banco largo, total proteção aerodinâmica, altas velocidades por longos períodos, tudo favorece a moto (menos as multas).
Entre Campos dos Goytacazes/RJ e Tubarão/SC as estradas são todas duplicadas e com boa velocidade, arrisco dizer que concluímos 4.300 km sem multas, mas respeitamos bastante os limites nas estradas duplicadas.
No último trecho de Campos até Vitória, foi pista simples e lenta, muito trânsito de caminhões e obras de duplicação, só não foi pior porque conhecemos bem o percurso, mas após sete dias na estrada e 4.000 quilômetros, foi bem sofrido. Chegamos todos inteiros, por volta das 19:00. A viagem foi um sucesso!
Veículo e equipamento
Na planilha de preparação, tinha uma aba de checklist de equipamentos, meu primeiro aprendizado foi que esqueci de luva de inverno, confiando em polaina de guidão, não foi suficiente nos 6ºC de São Joaquim/SC.
O aprendizado do Delano foi: Economizar o pneu dianteiro resultou em tombo bobo, mas que poderia ser sério.
Não brinque com o frio na moto, demos sorte de não pegar chuva, mas esses 6ºC em chuva seriam muito mais difíceis. Evite ao máximo terminar o dia viajando a noite, saia mais cedo. Pilotar o dia inteiro e rodar o último trecho, cansado e no escuro não é uma boa decisão. Aconteceu com a gente e eu não recomendo.
Preparo físico: não importa o que você fazia antes dos 35/40, a idade é cruel! Aprenda isso logo, mais tarde será pior ainda. Se você não chegou, se prepare para chegar bem. Se, assim como eu, já chegou ou está passando, recupere o tempo perdido. Tenho planos para viagens ainda maiores, e elas só vão acontecer se eu estiver no peso e em forma. Você aproveita o caminho, o destino, acorda bem disposto e tudo fica melhor.
É amigos, é foda envelhecer. Escrevo para vocês, um semana após chegar, e ainda estou me recuperando.
O caminho, ele importa…
Por que o caminho? Já pensou quanto tempo e dinheiro nós dedicamos a algum bem material? Isso te trouxe a experiência que desejava?
Estou perguntando isso, porque, às vezes, despejamos muitas expectativas em coisas, e perdemos o caminho, a experiência. Eu não lembro de rir tanto em um espaço tão curto de tempo, e sabe de uma coisa? A viagem não ficou cara. Veja o previsto e realizado:
Se você for em uma moto menor, ou de carro dividindo a gasolina com amigos, procurar hotéis mais em conta e economizar na alimentação, pode facilmente fazer essa viagem com R$ 1.500.
Então, deixo aqui o meu convite, façam suas aventuras, conheçam os lugares que desejam, aproveitem o caminho que é tão importante quanto o destino. A vida passa, passa rápido, o tiozão aqui de 39 demorou muito mais que imaginou para fazer essa viagem, e percebeu que o relógio está correndo. Que o tempo, aquele cruel perseguidor, não para.
Próximos destinos? Eu ouvi Ushuaia? Quando irei? Quantos dias precisarei? Será que fica muito caro?
Ainda não sei essas respostas, mas espero que não demore muito para descobrir. E desejo a todos muitos quilômetros de gargalhadas e incontáveis histórias para suas vidas.
Um abraço dos tiozões do trecho!