no inicio do ano no museu nacional do automovel de turim na italia foi inaugurada uma nova exposiçao a mostra se chama marcello gandini hidden genius e e dedicada a toda a obra de gandini como designer automotivo a ideia e celebrar a genialidade oculta do projetista que de acordo com os organizadores da exposiçao tende a ser encoberta pela beleza pura e sem filtro de seus carros a exposiçao foi aberta no dia 24 de janeiro e segue ate o dia 26 de maio o que e uma excelente noticia para os leitores que porventura morem na europa e uma excelente oportunidade para ver de perto alguns dos carros conceito e esportivos classicos mais importantes da historia mas nao e exatamente animadora para quem nao pretende ir para a italia nos proximos tres meses so que voce nao precisa se preocupar inspirados pela mostra decidimos fazer a nossa propria e contar a historia de marcelo gandini atraves de seus carros tanto os conceituais e produzidos em serie gandini desenhou mais de 50 carros mas nos tentamos selecionar aqui os mais marcantes e esta e apenas a primeira parte mas antes um pouco de historia marcello gandini nasceu em turim no dia 26 de agosto de 1938 no mesmo ano em que giorgetto giugiaro outro importantissimo designer italiano e os dois estabeleceram uma saudavel rivalidade nos anos 1960 marcello gandini era filho de um maestro mas preferiu a arte de desenhar automoveis a arte de reger uma orquestra fora isto nao se sabe muito mais a respeito de sua juventude morando desde 1980 em sua casa estudio em uma area rural relativamente afastada de turim gandini e um homem muito reservado e discreto aos 80 anos de idade o designer continua mais atraido pela ideia de deixar seu trabalho falar por ele do que dar entrevistas ou declaraçoes o que e bem sabido no entanto e que gandini tinha 24 ou 25 anos de idade quando em 1963 bateu na porta do estudio bertone em busca de um emprego com uma pasta cheia de desenhos e rascunhos debaixo do braço [caption id= attachment_216108 align= aligncenter width= 1600 ] nuccio bertone e marcello gandini por volta de 1976[/caption] na epoca nuccio bertone gostou do que o jovem rapaz lhe apresentava ao contrario de giorgetto giugiaro que era a estrela da casa e nao foi muito com a cara de gandini opondo se fortemente a sua contrataçao quando giugiaro deixou a bertone em 1966 nuccio nao hesitou em lhe dar o emprego gandini foi o diretor de design da bertone por 14 anos lamborghini miura o lamborghini miura foi o primeiro projeto de marcello gandini a ganhar as ruas em 1966 todos nos conhecemos as formas sensuais do miura com sua dianteira baixa seu para brisa inclinado os farois escamoteaveis rodeados por filetes que lembravam cilios as rodas campagnolo as entradas de ar atras nas colunas b enfim um classico ele tambem e considerado o precursor dos superesportivos modernos por ser o primeiro carro produzido em serie com um motor potente atras dos bancos dianteiros na epoca do lançamento em 1966 um v12 de 3 9 litros e 350 cv montado na transversal carroceria baixa e preço elevado o que nem todo mundo sabe e que o lamborghini miura e motivo de desavença entre giorgetto giugiaro e marcello gandini em 1996 em depoimento a revista classic & sports car giugiaro foi bem direto e declarou gandini pegou meus rascunhos e terminou o carro 70% do design sao meus gandini nega a historia veementemente e diz que tudo nao passa de um mal entendido em 2009 durante uma entrevista ao site automotive news europe ele deu o assunto por encerrado dizendo eu fiz o miura e fiz sozinho em apenas tres meses qualquer suposta influencia de giugiaro no carro e simplesmente falsa essa ma interpretaçao da historia surgiu quando o carro foi apresentado em 1966 coincidentemente justo quando gandini assumiu o lugar de giugiaro na bertone confesso que sempre achei o miura completamente distinto dos projetos seguintes de gandini mas mantenhamos a disputa entre os dois senhores em todo caso e fato que as linhas retas e cheias de cortes abruptos pelas quais ele e conhecido so foram vistas em publico pela primeira vez dois anos depois em 1968 com o projeto seguinte do estudio bertone alfa romeo carabo se o lamborghini miura e visto como o pioneiro dos supercarros por suas proporçoes e seu conjunto mecanico e do alfa romeo carabo a primazia do perfil retilineo em cunha dianteira baixa uma divisao muito discreta entre as linhas do capo e do para brisa e uma traseira alta terminada em um corte abrupto feito sobre o belissimo alfa romeo 33 stradale o carabo dividia com ele o motor v8 de dois litros e 230 cv e a transmissao manual de seis marchas fornecida pela colotti mas por fora era um automovel completamente diferente em vez das formas elegantes e arredondadas do alfa 33 o carabo era muito mais agressivo futurista e retilineo e ele tambem foi o primeiro carro desenhado por gandini a contar com as hoje famosas portas tesoura que se abriam para cima e para a frente e se tornaram outra de suas marcas estilisticas o alfa romeo carabo foi apresentado no salao de paris de 1968 e costuma ser apontado como o antecessor direto do lamborghini countach isto posto existiu outro carro entre o carabo e o countach que inegavelmente tambem influenciou o sucessor do miura e ele e o proximo item da nossa lista lancia stratos zero talvez por causa da boa recepçao do publico em paris ao alfa romeo carabo pouco tempo depois a lancia encomendou a marcello gandini um conceito semelhante porem ainda mais ousado seu nome era lancia stratos zero e ele levava aquela historia de cunha ainda mais longe enquanto o alfa romeo carabo ainda tinha uma separaçao visivel entre a linha do capo e a linha do teto no teto a silhueta do carro realmente consistia em uma linha ininterrupta isto resultava em um carro absurdamente baixo apenas 84 cm de altura consequentemente as portas tradicionais deram lugar a um para brisa basculante e o acesso ao interior era feito pela frente e como o alfa romeo carabo o lancia stratos zero era 100% funcional com estrutura tubular e carroceria de fibra de vidro ele herdava do belo lancia fulvia coupe o motor v4 de de 1 6 litro 1 584 cm³ com dois carburadores solex de 45 mm e 115 cv este ficava instalado sob uma tampa prateada triangular que se abria para o lado e era acoplado a um cambio manual de cinco marchas a suspensao usava um arranjo mcpherson na dianteira e braços triangulares sobrepostos na traseira e havia freios a disco nas quatro rodas embora fosse uma verdadeira viagem estilistica o lancia stratos zero tinha uma importante missao promover uma boa relaçao entre lancia e o estudio bertone que a fabricante italiana planejava contratar para desenvolver seu novo carro de rali sim estamos falando do lancia stratos ainda que tivesse o mesmo nome do conceito e utilizasse tecnicas de construçao semelhantes o stratos tinha um visual radicalmente diferente suas proporçoes eram mais mundo real com um teto mais alto entre eixos mais curto e portas de verdade ele tambem tinha atras dos bancos dianteiros um motor v6 ferrari de 2 4 litros que na versao de rua lançada em 1973 tinha 190 cv o carro de rali que tambem estreou em 73 chegava aos 278 cv na versao de 12 valvulas e aos 325 cv na versao de 24 valvulas o lancia stratos e amplamente saudado como um dos automoveis mais bonitos ja feitos suas proporçoes musculosas e robustas harmonizavam muito bem com as dimensoes relativamente compactas mas ha um aspecto mais interessante do stratos nao costuma ser muito comentado alem do desenho do carro gandini foi o responsavel por todos outros elementos do carro as dimensoes gerais o modo de construçao e o designer contribuiu ate mesmo para o arranjo da suspensao https //www youtube com/watch v=dbfzayu6sq8 e ele fez um bom trabalho o lancia stratos foi campeao do wrc tres vezes seguidas entre 1974 e 1976 e automaticamente tornou se um icone lamborghini lp500 countach enfim chegamos ao countach talvez o trabalho mais conhecido de marcello gandini o sucessor do miura pode ser visto com o um amalgama das caracteristicas vistas no alfa romeo carabo as portas tesoura e as proporçoes gerais da carroceria e no lancia stratos zero em especial o corte irregular das caixas de roda traseiras o countach foi apresentado pela primeira vez em 1971 sob a alcunha lamborghini lp500 no salao de genebra o carro ja era bem parecido com o que se veria no modelo de produçao a ser lançado em 1974 mas trazia algumas diferenças importantes um motor v12 de cinco litros e 440 cv que na versao de produçao foi substituido por um v12 de 3 9 litros e 375 cv alem disso era construido sobre uma estrutura de aço do tipo spaceframe mais pesada do que o chassi tubular utilizado na versao final visualmente ele nao tinha os dutos naca nas laterais e nem os respiros ao lado do compartimento do motor o prototipo foi utilizado nas primeiras sessoes de testes realizadas pela lamborghini e tambem para fins de homologaçao do carro de rua o countach foi lançado em 1974 e veio a se tornar a nova cara da lamborghini influenciando diretamente todos os modelos que a marca lançou depois dele era o que faltava para que marcello gandini se tornasse um dos projetistas automotivos mais respeitados do planeta na decada de 1970 apesar disto e amplamente aceito que o lamborghini countach so assumiu seu verdadeiro potencial a partir de 1980 quando o projeto original de gandini foi alterado por sugestao de walter wolf recebendo para lamas alargados para choques mais volumosos e uma obscena asa traseira fixa que bloqueava toda a visao do vigia traseiro se o countach original era uma grande demonstraçao de ousadia o modelo dos anos 80 era uma voadora no peito com os dois pes e voce pode ler tudo sobre ele aqui lamborghini marzal o sucesso do miura e do countach garantiu que marcello gandini se tornasse o designer favorito da lamborghini ja em 1967 por exemplo a marca encomendou a ele um conceito de quatro lugares e configuraçao 2+2 um desafio interessante pois a ideia era que o carro tivesse formato de cunha e motor central traseiro o resultado apareceu no salao de genebra daquele ano o lamborghini marzal o conceito tinha atras dos bancos traseiros um seis em linha com tres carburadores que era na pratica metade de um v12 do miura sim o marzal era 100% funcional o porta malas ficava na frente e o motor ficava sob uma cobertura com varias entradas de ar hexagonais o carro era gigantesco com um capo longo para brisa extremamente inclinado e portas quase totalmente feitas de vidro deixando as pernas dos ocupantes a vista de quem estivesse fora do carro embora fosse tecnicamente viavel o marzal foi considerado ousado demais para uma marca jovem e ainda instavel financeiramente como era a lamborghini na segunda metade dos anos 60 mas de certo modo suas formas gerais acabaram ganhando as ruas em 1968 com o lamborghini espada o espada era bem mais convencional com motor v12 na dianteira em posiçao longitudinal; e um porta malas atras bem mais mundano mas tambem muito mais barato e rapido na produçao em serie e definitivamente era mais pratico para o motorista e os demais ocupantes iniciando se a decada de 1970 a lamborghini colocou no mercado modelos mais compactos e acessiveis como o jarama cupe 2+2 que tambem usava um motor v12 porem tinha formas mais harmonicas que o espada; e o urraco primeiro lamborghini com motor v8 posicionado abaixo do countach na linha mais ou menos como ocorre com o huracan e o aventador nos dias de hoje [caption id= attachment_212749 align= aligncenter width= 1000 ] lamborghini jarama[/caption] [caption id= attachment_200361 align= aligncenter width= 1024 ] lamborghini urraco[/caption] mas a lamborghini nao foi a unica companhia que contratou os serviços de marcello gandini naquela epoca na verdade o projetista da bertone estava com a agenda sempre cheia alfa romeo montreal em 1967 a alfa romeo foi a expo 67 em montreal no canada com um cupe conceitual baseado no alfa giulia com motor 1 6 na epoca muitos carros conceito nao tinham nome oficial e por isso o modelo ficou conhecido simplesmente como montreal o carro foi assinado por marcello gandini que na epoca havia acabado de ser contratado pela bertone as linhas gerais do carro eram as de um cupe relativamente tradicional com traseira fastback curta e capo longo com proporçoes muito harmonicas diga se gandini como ja dissemos ainda nao tinha desenvolvido seu estilo retilineo e preciso na decada de 1960 e isto ficava evidente no montreal que tinha formas mais fluidas e organicas por outro lado dois detalhes se destacavam os farois quadruplos parcialmente cobertos por persianas individuais recortadas no capo; e os respiros na coluna b/c formados por sete fendas horizontais empilhadas eram toques de ousadia que realmente definiam a personalidade do carro e como outros conceitos de gandini o montreal era funcional com o mesmo quatro cilindros de 1 6 litro do giulia o conceito foi tao bem recebido que a alfa romeo tratou de desenvolver sua versao de produçao que chegou ao mercado em 1970 e claro fez questao de manter as marcas estilisticas criadas por gandini so foram feitas pequenas alteraçoes as persianas ja nao eram individuais e sim uma para cada par de farois; e as entradas de ar nas laterais eram seis de cada lado e nao sete fora isto mais uma vez as linhas originalmente criadas por gandini foram preservadas melhor ainda no lugar do quatro cilindros 1 6 o montreal de rua tinha um v8 de 2 5 litros com 200 cv e injeçao mecanica — um motor derivado do alfa romeo 33 stradale porem com algumas diferenças como o virabrequim de plano cruzado e o carter umido
SEJA UM MEMBRO DA
FAMÍLIA FLATOUT!
Ao ser um assinante, você ganha acesso irrestrito a um conteúdo verdadeiro e aprofundado. Nada de jornalismo genérico e sensacionalista. Vale a pena? Clique aqui e confira os testemunhos dos assinantes, amostras livres e os benefícios extras que você poderá desfrutar ao ser um FlatOuter!
PARA LER MAIS, CADASTRE-SE OU ASSINE O FLATOUT E TENHA ACESSO LIVRE A TODO CONTEÚDO DO SITE!
JÁ POSSUI CADASTRO OU É ASSINANTE DO FLATOUT?
Este é um conteúdo restrito: pode ser uma matéria só para assinantes, pode ser porque você já atingiu o limite de matérias gratuitas neste mês.