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O Bianco-Lorraine – MAO Drives

O primeiro personagem desta história aqui é o indefectível Ottorino “Toni” Bianco, o italiano que veio jovem para o Brasil e se tornou o maior carrozzieri deste país. Contamos a história dele quando fizemos uma entrevista com ele em sua casa, em 2020.

Uma tarde com Toni Bianco | Flatout Entrevista

O Toni é o criador do incrível Furia: um carro de corrida de motor central-traseiro que é simplesmente, junto com o Puma 1500 GT de Rino Malzoni, talvez o mais belo carro já criado no Brasil, para brasileiros. O Furia teve várias encarnações nas pistas, mas o que lembramos dele é seu estilo voluptuoso, com área frontal pequena e paralamas altos e voluptuosos.

Furia: seis carros, uma lenda

Quando a carreira do Furia nas pistas acabou, Toni pragmaticamente pegou este desenho sensacional e adaptou num chassi de VW Brasília; era o que havia disponível na época para este tipo de coisa. O resultado, chamou com seu próprio sobrenome: era o Bianco. Foi um relativo sucesso. O Bianco é maravilhoso, lindo. Mas para muitos, o chassi de Brasília não é suficiente; para outros, simplesmente não há espaço dentro dele. Uma oportunidade perdida, parece.

Bianco: carro de corrida pacificado

Muito tempo depois, mais um personagem aparece. Um engenheiro da Embraer nos anos 1980 e 1990, o Eduardo José Garcez, de São José dos Campos, São Paulo. O Garcez pretendia produzir esse novo carro, apenas baseado no Bianco estilisticamente, um ponto de partida. Era uma época difícil, lembre-se: fazer um carro do nada era uma tarefa quase impossível. O Garcez não conseguiu produzir seu Bianco-Lorraine; mas criou um carro que, efetivamente, resolvia os problemas do Bianco: mais motor, mais estabilidade, mais espaço interno.

É o Bianco-Lorraine. É um carro único, com um novo chassi-plataforma de chapa de aço, e um motor VW AP de 2 litros, preparado com dois Webers, e transeixo manual de Santana, em posição central-traseira. Na frente, a suspensão é independente de Opala, mas com direção de pinhão e cremalheira do Escort. A suspensão traseira é a McPherson dianteira do Santana; freios são discos de Opala na frente, de Kadett dianteiros atrás. O criador dizia que pesava 900 kg, 47% na frente, 53% atrás.


Mas aí, mais um personagem aparece nesta história. Adilson Nicoletti viu este carro numa revista na época, e ficou doido; acabou hoje, coisa de 30 anos depois, o dono e restaurador do único Bianco-Lorraine que existe, depois da morte do criador. Ele foi mais adiante do que o Garcez: reduziu o tamanho do painel de instrumentos, colocou um banco concha fino, mais baixo e mais para trás, e abriu espaço para que, finalmente, meu desengonçado corpo de 1,92 metros de altura coubesse dentro.

Bem, na pinta né? Não sobra muito espaço dentro dele comigo instalado no posto do motorista. Mas eu consegui dirigir o carro. Mais que isso, em pouco tempo, parecia que estava vestindo-o como roupa fosse.

O carro é uma volta ao Furia, mas numa versão mais moderna e de rua. Uma sensacional reedição dos incríveis carros italianos de corrida com motor central dos anos 1960, feito aqui no Brasil. Parece um Ferrari Dino 206 SP de corrida, circa 1965.

Eu nunca pensei que dirigiria um Bianco, mas agora o fiz. E você vem comigo nessa, em mais um MAO Drives.

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