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Zero a 300

Zero a 300 Especial SEMA 2023!

Bom dia, caros leitores! Bem-vindos ao Zero a 300, a nossa rica mistura das principais notícias automotivas do Brasil e de todo o mundo. Assim, você não fica destracionando por aí atrás do que é importante. Gire a chave, aperte o cinto e acelere com a gente!

Hoje, uma edição especial: é época de SEMA Show nos EUA de novo! Depois de um hiato durante a pandemia, e um evento menor em 2022, a exposição deste ano parece ter voltado à glória anterior. O SEMA, Specialty Equipment Market Association, existe desde 1963, criada pela indústria de modificação, preparação e reposição americana para proteger os direitos de modificação de carros num ambiente que se mostrava cheio de legislação futura; hoje é mais importante que nunca só por isso. O evento, tradicionalmente acontecendo em Las Vegas, este ano abriu ontem, 31 de outubro, e vai até sexta-feira, 3 de novembro.

Neste Zero a 300 especial, vamos falar de alguns carros modificados realmente diferentes e/ou interessantes, que tradicionalmente são o centro do evento. Divirtam-se!

 

O Ringbrothers Paramount

No topo do mundo do Hot Rod existem algumas empresas que, apesar de manter seu ganha-pão em fabricação e venda de peças especiais, tratam o automóvel como obra de arte: criam coisas únicas, sob encomenda, para clientes-mecenas que desejam algo tão especial e diferente que tem que mandar fazer; não existe pronto.

Uma das mais famosas empresas deste tipo é a dos irmãos Ring, Jim e Mike Ring. Que é apropriadamente chamada de Ringbrothers, e opera nua instalação em Spring Green, Wisconsin. Todo SEMA eles mostram algo especial; este ano, duas coisas especiais.

O primeiro é este: um Rolls-Royce Silver Cloud II 1961 chamado de “Paramount”. A empresa chama ele de “the ultimate sleeper”. Debaixo do Rolls aparentemente sedato está um chassi especial sob medida do “The Roadster Shop”, e um V8 Chevrolet moderno, o LT4 de 6,2 litros supercharged com nada menos que 640 cv a 6.400 rpm e 87,8 mkgf a 3.600 rpm.

O Silver Cloud original tinha um arcaico seis em linha com cabeçote em F, 4,9 litros e não mais que 155 cv; este, um Silver Cloud II de 1961, originalmente tinha o primeiro dos V8 de alumínio da empresa, aqui com 6,2 litros e algo em torno de 180 cv. A cilindrada, veja só, é a mesma no carro modificado, mas você pode imaginar o salto que este carro representa.

A transformação de sedato sedã lerdão para um moderno Rolls-Royce secretamente malvadão é sofisticada: A transmissão, por exemplo, é uma automática Bowler Tru-Street reforçada, com 10 velocidades e um cardã de fibra de carbono!

O novo chassi tem suspensão independente nas quatro rodas, coilovers Fox RS SV e freios a disco da Baer nas quatro rodas, que incluem pinças de seis pistões na frente e atrás. Lembre que o original tinha quatro tambores.

Por fora, porém, nada indica que é um carro modificado. O que mudou é discreto: uma nova pintura ‘White as Fluff‘ da BASF, peças cromadas reformadas e rodas personalizadas de 18 polegadas que imitam as do original, com calotas centrais giroscópicas para garantir o emblema da Rolls-Royce permanece sempre em pé. Escondem um contato ao solo condizente com o peso e potência de agora: pneus Falken Azenis medindo 235/60 na frente e 255/55 na traseira.

O interior é particularmente sensacional e foi projetado pela Sean Smith Designs e montado pela Gabe’s Custom Interior. Couro vermelho escuro e foi trazido para o século 21 com instrumentos modernos e um forro do teto estrelado, como o Rolls moderno.

“Mais de 3.400 horas na fabricação, pintura e engenharia foram investidos neste projeto e somos gratos aos nossos parceiros por trabalharem conosco para promover nosso trabalho e nos permitir explorar uma forma inteiramente nova de arte.”- dizem os irmãos Ring. Amém!

 

O Ringbrothers Tusk

“Tusk” é “presa” em inglês, mas é uma palavra reservada para presas realmente enormes e ameaçadoras, como as de elefantes e aquela foca dentuça gigante, o Walrus, que em português é chamada de “Morsa”. Um nome bem escolhido para este sensacional Charger dos Ringbrothers.

É um Dodge Charger 1969, mas te pago uma se achar nele alguma peça fabricada em 1969, fora do número de chassi. O motor é o já famoso, mas novíssimo V8 “Hellephant” Hemi, um motor “Hellcat” supercharged especialíssimo de 6,2 litros que pode ser comprado pronto, na caixa, direto da Mopar.

O Charger é também baseado em um chassi personalizado da “The Roadster Shop” com suspensão independente nas quatro rodas e coilovers Fox RS SV. As rodas dianteiras avançaram cinco centímetros para frente, e as bitolas são extremamente alargadas; é outro carro debaixo do antigo, praticamente.

A Mopar construiu apenas 100 exemplares do Hellephant, cada um produzindo 1.000 cv e nada menos que 131 mkgf de torque. Vem aqui com uma transmissão manual de seis velocidades Bowler Tremec T-56 Magnum com um eixo de transmissão de fibra de carbono da série QA1 REV e um diferencial traseiro Strange Engineering Ford de 9 polegadas. Os freios a disco ventilados nas quatro rodas tem pinças de seis pistões Baer Extreme 6S.

O exterior ainda parece o inimitável carro original, mas não há um painel externo que não tenha sido modificado e melhorado de alguma forma. A pintura é o mais profundo, brilhante e escuro preto que você já viu, e é chamado “Black to the Future”. Contrasta com detalhes vermelhos e dourados, incluindo as maravilhosas rodas da HRE sob medida. Uma obra de arte móvel. (MAO)

 

Um Jaguar E-type com motor Toyota

Este carro grita “SEMA” mais alto que todos os outros aqui: num lugar cheio de coisa malucamente louca, para se destacar, o cara tem que criar coisas verdadeiramente inusitadas. Que tal um Jaguar E-type com um Toyota 2JZ-GTE e câmbio de cinco marchas de BMW M3 E36?

Construído pela DevSpeed Motorsports para SEMA 2023, este E-Type foi radicalmente transformado, e está no estande da Eneos, a maior empresa petrolífera do Japão e fornecedora de óleo de motor e fluidos de transmissão. É baseado num XKE 2+2 de 1969, e sim, está equipado com um motor 2JZ-GTE retirado de um Toyota Supra, equipado com um turbocompressor Borg Warner EFR 8474, e uma caixa manual ZF de cinco marchas emprestada de um BMW M3 E36.

Os freios dianteiros foram retirados de um Chevrolet Corvette (C5) 2003, enquanto os traseiros foram fornecidos por um BMW Série 5 E60. As rodas são Rotiform de duas peças e 17 polegadas, com pneus Bridgestone Potenza 225/45 R17 dianteiros e 255/40 R17 traseiros. Suspensão traseira e subchassi vem também do mesmo BMW E60 que doou os freios traseiros.

Para dar espaço para esses pneus maiores, os para-lamas alargados foram projetados e impressos em 3D, e depois com base nisso fabricados em fibra de carbono e montados no carro. O tema é de Jaguar de corrida, com santantônio e exterior sem para-choques. Mesmo sendo baseado na versão de entre-eixos maior, a 2+2. Sacrilégio ou obra divina?

 

Toyota FJ Bruiser

Por essa os brasileiros não esperavam: um Bandeirante do Inferno. Feito pela própria Toyota para o SEMA, chama-se “FJ Bruiser”. É uma picape LandCruiser FJ45 de 1966 (o nosso Bandeirante), mas uma que recebeu um V8 saído de carro de NASCAR, e rodas gigantes.

A equipe por trás da construção começou fabricando um chassi tubular exclusivo, integrado à gaiola de proteção. O carro tem dois eixos rígidos Currie, mas com suspensões off-road de braços articulados, completa com amortecedores Fox e molas Eibach. Uma caixa de transferência Advanced Adapter Atlas leva a força para as quatro rodas.

O motor é uma versão modificada do usado pela Toyota na NASCAR: um V8 OHV de 358 polegadas cúbicas (5,9 litros) da Toyota Racing Development. A Toyota não divulgou o que mudou no motor para este FJ, mas o motor dá cerca de 725 cv em competição, aspirado. A transmissão é automática da Rancho Drivetrain Engineering, com três velocidades.

Este Land Cruiser pode andar em “crawl” a 19 km/h na marcha mais baixa, bem como andar no deserto a calmos 265 km/h na marcha mais alta a 7.000 rpm, segundo a Toyota. Os pneus são BF Goodrich Krawler T/A KX de 42 polegadas, positivamente fixados em rodas Beadlock de 20 polegadas que podem subir até a altura da metade do para-brisa no batente superior.

O mais maluco é uma lagarta, como a esteira de um tanque, por baixo do carro, que substitui os skid-plates. Se o carro para com a parte de baixo apoiada no morro, aperte um botão e a lagarta tira você desta situação.

 

O Toyota Tacoma X-Runner Concept

Aqui no Brasil é uma moda que nunca realmente pegou; por algum motivo picape aqui tem que ser alta, no estilo off-road. Mas nos EUA, dos anos 1980 até 2000, as sport-compact-pickups eram uma febre. Baixas, modificadas e com motores mais fortes, era uma maneira dos jovens terem um carro esporte, com tração traseira e câmbio manual, sem gastar uma fortuna em carros esporte de verdade.

A Toyota, sempre um dos protagonistas da espécie no seu auge, está revivendo essa ideia com o Tacoma X-Runner Concept que trouxe para o SEMA Show. Permite à empresa ver se há algum interesse do consumidor em reviver uma picape esportiva. Tomara que sim!

A picape é realmente baixa, e as bitolas são alargadas em nada menos que 3 polegadas. O sistema de suspensão é o a ar de um Tundra, e as rodas são de fibra de carbono de 21 polegadas. Há também um conjunto de amortecedores Bilstein com reservatórios remotos.

O motor ajuda no tema: é um potente V6 biturbo de 3,4 litros com 421 cv e 66 mkgf. Para efeito de comparação, o motor mais potente disponível no Tacoma hoje é o turboalimentado de quatro cilindros de 2,4 litros com assistência híbrida, com 326 cv. Para lidar com a força extra, a Toyota instalou o eixo traseiro de um Tundra, incluindo um diferencial com blocante eletrônico. Sim, é tração traseira apenas, mas automático agora, negando um dos grandes atrativos dos sport-trucks originais.

O X-Runner original

O Tacoma X-Runner já existiu no passado, fazendo a gente imaginar que uma volta é realmente possível. O anterior, corrente de 2005 a 2014, tinha também suspensão rebaixada, um kit de carroceria esportivo e um capô diferente. O V6 de 4,0 litros produzia 236 cv e era acoplado a uma caixa manual de seis marchas que acionava as rodas traseiras, com diferencial limited slip mecânico. A TRD até ofereceu um supercharger disponível nas concessionárias como acessório original, que aumentava a potência do motor para 300 cv. Sei não, me parece até mais legal que essa nova… Mas enfim: volta, X-Runner!

 

Ford mostra kit Supercharger de fábrica para Mustang: 800cv!

A Ford mostrou um interessante kit para seu V8 no SEMA, que deve ser grande sucesso no Mustang.

O kit vem com um supercharger do tipo duplo-parafuso Lysholm, que desloca 3 litros, disponível para o Mustang equipado de fábrica com um V8 de 5,0 litros. O kit também inclui um novo intercooler, novos injetores de combustível, um sistema de bypass de ar para o intercooler integrado, um corpo de borboleta de 92 mm, um sistema duplo de admissão de ar de 120 mm e filtros duplos de alto fluxo. O kit serve em carros com transmissão manual e automática.

O fabricante afirma que o novo kit vem com garantia de três anos/36.000 milhas. Ele estará à venda no início do próximo ano. Nenhum detalhe de preço está disponível no momento, mas a marca promete “pelo menos 800 cavalos” para o Mustang GT normal. Uau.

Muitas novidades além dessas devem ainda aparecer, conforme a feira acontece em Las Vegas. Uma incrível celebração da liberdade de se fazer a sua própria manutenção, e modificação, no seu próprio carro. Algo que é hoje um direito seriamente ameaçado, e um que conta, hoje, quase somente com a SEMA para ser protegido. Cadê a nossa SEMA brasileira? Já está mais que na hora de nos juntarmos para, também, protegermos aqui este direito tão importante.